OS NOVOS LUSÍADAS
(tentativa de continuação de Os Lusíadas, de Camões)
Por Joaquim A. Rocha
(continuação)...
PRÓLOGO
27
Para
me ajudarem nesta tarefa;
Pois
sozinho, serei um zé-ninguém,
No
meio da multidão, da catrefa…
Duvido
se chamarei mais alguém
Pra
servir de cadilho, de sanefa.
Ai,
se eu tivesse o apoio do Olimpo,
Pra
este poema eu tornar limpo!
28
Pedirei
ajuda aos bons poetas,
Escritores
daquém e além mar;
A
todos os deuses, aos mil profetas,
À
natureza, astros, ao luar...
Tirarei
manuscritos das gavetas,
Lançá-los-ei
aos ventos, ao puro ar!
Porém,
peço-vos, ninguém me apresse,
Antes
que Hermes ouça minha prece.
29
Eu
só quero ter arte, o talento,
Pra
vos dar uma obra acabada;
Passarei
mil noites de sofrimento
Deitar-me-ei
quase de madrugada.
Não
haverá mais arrependimento,
Tédio,
uma grande estopada…
Tudo
isto farei com gozo, prazer,
Preferindo
o trabalho ao lazer.
30
Resistirei
à fome, ao cansaço,
Pedirei
a Hércules sua força,
-
(Que se torne ele madraço) - …
Um cérebro veloz como a corça,
Um
tronco mais forte do que o aço,
Pois
o querer na luta se reforça...
E
jamais o ser humano se esqueça:
Só
deve criticar quem o mereça.
31
Vai
causar assombro, admiração,
Esta
esfarrapada epopeia;
Nasceu
dum sonho, duma ilusão,
De
uma estranhíssima ideia…
Pelo
feito não vos peço perdão,
Os
sonhos não se prendem na cadeia.
Podem não valer dez réis estes versos,
Mas
são puros, altivos, não perversos.
32
Peço-vos,
não façam comparações:
Virgílio
escreveu a «Eneida»,
«Os
Lusíadas» são obra de Camões;
«Os Gatos» são de Fialho d’Almeida,
Omitindo
mil outras criações
Inspiradas
por Tétis a “Nereida”…
Lembro-vos
só a «Divina Comédia»,
O
Dante a brincar com a tragédia.
Muito bem, parabéns!
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