POEMAS DO VENTO
Por Joaquim A. Rocha
Um poeta é um criador de reinos
imaginários, sem originalidade.
O poema é a sua casa.
Através das janelas do poema
ele avista o mundo – não o seu!
E o que vê não lhe agrada.
A sua matéria-prima são os
impulsos primários e prima
pela ausência da vontade imposta.
O reino que cria, verdadeira terra
de ninguém, embora povoada,
serve-lhe de abrigo e de desculpa.
O poeta é sempre um ser culpado!
Não o reconhecer – é doloroso.
E bate com as palavras contra as
paredes graníticas do silêncio
absoluto – esmaga-as sem piedade!
Depois chora, ri e pragueja – pieguice!
Não, o mundo não é bem o seu lugar:
o poema… sim.
O poeta tem a noção da sua timidez,
da sua falta de jeito para o quotidiano.
Ele é um fugitivo, nunca um perseguido!
14/6/1982
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