GENTES DE MELGAÇO
(microbiografias)
Por Joaquim A. Rocha
IGREJAS,
José Félix (Geadas).
Filho de Perfeita Augusta, ou Perfeita Cândida, Igrejas. Neto materno de Félix
Igrejas e de Conceição Costas. Nasceu na Vila (!) a 31/3/1902 (*). // A
13/7/1912 fez exame do 1.º grau com o professor António José de Barros, obtendo
a classificação de «ótimo». // A
14/8/1914 fez exame do 2.º grau na escola Conde de Ferreira, ficando aprovado.
// Casou na igreja de SMP em 1923 com Esménia de Nazaré da Silva Cintrão, mais
conhecida por “Amália” (NM n.º 22),
nascida na freguesia de Prado, Melgaço, a 28/2/1901. // Foi o bombeiro voluntário
n.º 25 (10/2/1929). // Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 202, de 23/7/1933: «Deu-se nesta vila o envenenamento de
diversos indivíduos, que felizmente escaparam às garras da morte devido aos
prontos-socorro prestados no hospital da Misericórdia pelo abalizado clínico,
Dr. Cândido da Rocha e Sá, que foi incansável na aplicação dos tratamentos
necessários para combater os terríveis efeitos do veneno. Na sexta-feira, quase
noite, a mulher de José Félix Igrejas, com taberna no Largo Hermenegildo
Solheiro, estava a fritar umas sardinhas quando apareceu Lucrécia Picota que
lhe pediu para envolver as sardinhas em farinha. A criada, Maria de Lurdes
Fernandes, tendo encontrado uma porção de farinha num armário, tratou de envolver
as sardinhas que, depois de fritas, foram vendidas a diversos fregueses que se
sentiram incomodados. Os donos da casa (…) comeram também, assim como dois
filhos menores e a criada, sentindo os mesmos incómodos. De conjectura em conjectura,
calculando que os incómodos que sentiram eram devidos às sardinhas terem-se
estragado com o calor, ou ainda ao azeite com que foram fritas, só muito tarde,
quase meia-noite, é que descobriram que a farinha em que tinham envolvido as
sardinhas estava preparada com arsénico para matar os ratos e que o José Félix,
por esquecimento, tinha deixado numa prateleira da casa. Recorrendo imediatamente
ao Dr. Sá, este distinto clínico fez conduzir todas as pessoas que comeram as
sardinhas para o hospital da Misericórdia onde, durante toda a noite, lhes
prestou o socorro necessário para os salvar. Os envenenados foram, entre
outros: José Félix Igrejas, mulher, dois filhos e criada, Francisco Romão
Esteves, Joaquim Rodrigues, José Joaquim Nunes de Castro, e Manuel José Alves e
mulher.» // A 1/12/1935, domingo, atropelou com a sua camioneta de carga,
indo de Melgaço para o Porto, António de Pinho, de 53 anos de idade, oficial de
diligências na comarca de Caminha, que ia montado na sua bicicleta, o qual teve
morte imediata; o desastre deu-se na estrada do Camarido, entre Caminha e
Moledo, afirmando-se que José Félix não tivera a culpa; contudo, foi detido
pelas autoridades locais, exigindo-lhe a fiança de 8.000$00, que ele prestou,
sendo logo restituído à liberdade (NM 293,
de 8/12/1935). // Era homem de negócios: teve altifalantes
e um Café (que mais tarde pertenceu ao filho, Manuel José) e dedicou-se a
comprar vários produtos no Porto, que depois vendia aos galegos, sobretudo
durante a guerra civil de Espanha (1936-1939). // A 2/1/1939, cerca das duas
horas da manhã, verificou-se um incêndio na sua casa, no Bairro do Carvalho,
Vila de Melgaço; graças aos vizinhos, que acorreram prontamente, as chamas
pouco destruíram. Ainda compareceram no local os bombeiros, mas o fogo já
estava praticamente extinto. Não teve grandes prejuízos, pois a casa estava no
seguro. // Dois dias depois, a 4/1/1939, quando se dirigia para o Porto na sua
caminheta de carga, ao chegar a Barbeita chocou contra outra viatura de carga,
pertencente a Joaquim Pereira, que era na altura o condutor. Felizmente não houve
quaisquer feridos, apenas danos materiais. // Faleceu a 4/7/1992, com 90 anos de idade. // Pai de José, de Manuel José, de
Maria Amália, de Maria da Conceição, de Maria de Lurdes, e de Esménia. /// (*) Aquando do seu
casamento com Esménia de Nazaré o funcionário da Conservatória do Registo Civil
de Melgaço escreveu que ele nascera na freguesia de São Lázaro, concelho de Braga.
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