POEMAS DO VENTO
Por Joaquim A. Rocha
Filosofando
Para além de nós ainda existiremos nós!
Existirá a memória de sempre de um haver
perene, mas findável. As ideias, serão outras ideias; as
relações, outras relações; os valores, outros valores! Mas o sangue será sangue,
mesmo que mude de cor! A vida será ela própria, mesmo com outra designação. Os
espaços, apesar de conquistados, não deixarão de ser espaços. Será a morte a
única ameaça?
Perecerá algum dia?
Que será o conceito
ausência? E o medo? Deixará o homem de
ter medo? Quem pilotará a nau Universo?
Que caminhos se irão percorrer?
Que lutas, que martírios, que mistérios?
E o lugar da filosofia e da poesia? Continuar-se-á a admirar
Platão e Aristóteles? Dante, Cervantes, Camões? E os novos… agora? Chamar-se-á
destino a tudo aquilo que ainda se desconheça? E o azar? E a sorte? Será tudo
matematicamente matemático? E as diferenças? Haverá diferenças?
Que seres povoarão o amanhã? Que será aproveitado? Que risos
sarcásticos exibirão ao falar de nós? Falarão?! Seres risíveis! Nós? Eles? Eles
e nós! Que amor? Que sofrimento? Que angústia? Que apego àquilo a que chamamos
bens materiais? O desespero de saber que partimos, ficando; de saber que
ignoramos, sabendo! Que é o ódio, a indiferença, o rancor, comparado com a
imensidão do imenso?
Que é o tempo, o tédio, a fadiga, comparado com o caminhar?
Nada! Signo sem significado,
podendo tudo significar!
10/3/1982
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