LEMBRANÇAS AMARGAS
romance
Por Joaquim A. Rocha
// continuação...
XXXIX
O sismo só precisa de um minuto para destruir o que se construiu em séculos
O problema da virgindade nos meios pequenos era ainda gravíssimo nos anos sessenta do século XX. Muitos rapazes “despacharam” as noivas para casa dos pais na noite do casamento! Queriam-nas “puras”, honradas, pois de outro modo seriam apontados a dedo pelo “violador”, ou por outros a quem ele tivesse revelado o segredo. Por outro lado, sentir-se-iam a segunda escolha, o que para eles era deveras humilhante. As raparigas poderiam já ter namorado com outros, mas teriam de estar intactas para o futuro esposo, caso contrário corriam o risco de ficarem casadas sem marido. A Bera tinha cometido esse crime e vai pagá-lo bem caro. Ouçam a notícia:
- Ó Cândido!
- Quem me chama?
- Sou eu, o Golias.
- Parece que vens
fugido à guarda!
- Eh, pá! Corri que nem
uma lebre para te vir dar a notícia.
- Que notícia?!
- Em primeira mão; olha
que ainda poucas pessoas sabem.
- Estás a aguçar-me a
curiosidade. Desembucha.
- É melhor ficares aí
sentado no banquinho.
- É coisa grave?
Aconteceu alguma coisa à minha velhota?
- Não, pá! Não tem nada
a ver com a tua mãe, trata-se de…
- Diz logo; estou a
ficar impaciente.
- Deixa-me tomar
fôlego; um acontecimento destes rouba o ar ao mais pintado.
- Então descansa um
pouco e parla, eu tenho mais o que fazer.
- Pois bem: a Bera está
cá!
- Cá? Aonde?
- Na nossa terra; foi
recambiada a pontapé!
- O que lhe aconteceu?
Conta lá isso por miúdos.
- Escusas de ficar com
essa cor; não morreu ninguém.
- O que aconteceu?
- Bem, segundo me
disseram a Bera não estava virgem, tu afinal tinhas provado a coisa, e nós a
chamar-te bobo, bem nos enganaste!
- Eu?! Nunca fiz nada
com ela, respeitei-a sempre, só uns beijos, uns abraços, umas carícias, nunca
passou disso. Não! Aí deve haver gato! Sabes bem que Deus escreve direito por
linhas tortas.
- Eh, pá! Garantiram-me
que foi por causa disso; ela já tinha pinado com outro e o Artur na noite do
casamento apercebeu-se. O tipo já devia estar de pé atrás, três anos a namorar
contigo…
- Então botou-a fora da
cama e mandou-a para a santa terrinha! Bonito!
- E consta que lhe deu
uma grande surra, o tipo não gostou nada de ser enganado; afinal de contas
vingaste-te bem, aplausos.
- Juro-te, Golias, pela
alma dos meus antepassados, por tudo que me é mais sagrado, que jamais passei
do beijo e do abraço; se isso tivesse acontecido já estava casado com ela. Há
aí um mal- entendido, algo que terá de ser esclarecido; a não ser…
- Que estás a pensar?
- Pode haver outro
metido no assunto. Será que ela?
- Com uma rapariga
assim – vistosa, sorridente, simpática para todos, tudo é possível. Não me
digas…
- O Atílio?
- Talvez. O fulano já
desvirgulou muita catraia; dá-lhes dinheiro para roupa, uns passeios de carro…
E quem lhas arranja…
- Não digas mais. E por
incrível que isso nos pareça nalguns casos os pais delas são coniventes!
- É voz corrente que
eles também recebem algum!
- São autênticas
bestas, uns bêbados perdidos, venderem assim as filhas!
- No caso da Bera…
- Se tu juras que não a
papaste, alguém foi.
- Caramba! E era eu que
ia ficar com ela! Não sei se teria coragem de fazer o que fez o Artur; o mais
certo era calar-me, guardar para mim esse segredo.
- Nem saberias provavelmente
distinguir se ela estava virgem ou não, nunca tiraste o virgo a nenhuma – olha
que não é fácil.
- Eu disso não percebo
nada! Ouvi dizer que elas sangram!
- É verdade. Algumas
até sujam os lençóis com sangue de galinha e o saloio pensa que lhe tirou os
três! No dia seguinte come a ave – não pode ser é de cabidela!
- Quer dizer que não
podemos confiar nas mulheres.
- Eu não quis dizer
isso, ainda há raparigas honestas, respeitadoras, a minha mãe, por exemplo, diz
que só dormiu com o meu pai; foi o primeiro namorado e o único. Mas estes casos
podem-se contar pelos dedos das mãos.
- Meu Deus! E o que vai
ser feito dessa rapariga agora?
- Tu voltas para ela,
casam-se, fazes-lhe meia dúzia de ranhosos, e daqui a uns anos ninguém mais
fala nisso.
- Achas que eu…
- Se não te conhecesse.
- Não; não me vou
rebaixar; eu ainda tenho uma réstia de dignidade, isso é incompatível com o meu
orgulho.
- Se não fores tu, será
outro; com aquele corpo e aquela cara não lhe faltarão pretendentes.
- Não sei, nesta
situação…
- Se tu não a quiseres
não tarda muito está casada ou amigada com outro emigrante, vai para o
estrangeiro e pronto.
- E daqui a uns anos
regressa a Portugal, um bruto carro, roupas espampanantes, dois ou três filhos
a falar francês… Ninguém ousará lembrar-lhe o passado.
- Vês como chegaste lá!
É assim a vida; se ela fosse um canastrão garanto-te que ninguém lhe olhava
para a cara.
- Se fosse feia também
o Artur não ma tinha roubado; e, pelo que me dizem agora, já outros andavam
também com o olho nela. Eu confiava tanto na Bera que nem me apercebia disso.
- Isso é verdade; havia
muitos rapazes de todo o concelho a cobiçá-la, tinham era medo da reação dela,
o Artur arriscou e venceu, não contava era que o tiro lhe saísse pela culatra.
Agora deixa passar uns dias, manda-lhe uns recadinhos pela tia, que é tua amiga
e cliente, umas lágrimas, o arrependimento sincero ou fingido, vai-te jurar
amor eterno, fidelidade, enfim, a reconciliação.
- Saíste-me um bom
malandro, Golias; mas bem no fundo és capaz de ter razão – se não for eu, será
outro. E eu já a conheço, continuo a gostar dela, claro que me sinto magoado «quem não se sente não é de boa gente»,
reza assim o ditado. Enfim, vou pensar. De qualquer modo, mais humilhado do que
tenho sido ao longo destes anos pela minha velhota e agora pela Bera já não
posso ser; toquei na lama, na caca que os outros expeliram. Sem pai, com uma
mãe bêbada, enteado de um bruxo aciganado, engraxador, ladrão de fruta,
aprendiz de tendeiro, vendedor de refrescos na feira, mercador de sonhos…
- E eu? E os outros?
Pensas que somos diferentes? Ao fim-e-ao-cabo somos todos iguais: chafurdamos
todos na mesma pocilga, pagamos na mesma moeda tributo ao amo e senhor, somos
filhos da miséria e da ignorância… Tu, apesar de te queixares, és mais
instruído do que nós, tens altos pensamentos, um grande crânio, nem pareces
desta terra e desta gente! A única vantagem que levo sobre ti é ter um físico
mais avantajado e uns pais dignos e bons.
- Não sei, Golias; às
vezes imagino-me noutra época, noutro país, a residir numa cidade onde todo o
indivíduo é alguém, sem fome, sem carências de espécie alguma, com liberdade
para dizer e escrever o que pensa, com pessoas sérias a ouvir-me com atenção,
sem ironia, sem aquele gozo que ofende, sem aquele sorriso de chacota que nos
atordoa e nos derruba.
- És um lírico, um
sonhador, um verdadeiro poeta. Daqui a cinquenta anos ainda te vou contemplar
nessa posição: a bater sola nesse seixo que trouxeste do rio, e meteres as mãos
nessas botas a cheirar a bosta de gado e a chulé, e a dizeres, com esse teu ar
passivo: «um dia vou mudar de vida!»
- Não sejas cruel, Golias;
permite que eu sonhe, afinal de contas todos nós acabamos por criar um mundo
aparte, no qual somente nós cabemos, um lugar paradisíaco, imaginado, mas
aberto a outrem. É o único privilégio que nos resta.
- Podias ter as portas
escancaradas desse lugar que eu nele não entraria; os meus pés sempre pisaram
chão firme, sei que se quiser melhorar a minha vida terei de sair desta fossa
maldita, dar o litro na terra alheia, não posso passar o resto da minha vida
como ajudante de eletricista, a carregar a escada de um lado para o outro,
depois sobe e desce, nem sequer imaginas o peso que a cabra tem, fios e mais
fios, para ganhar uns miseráveis dez escudos por dia.
- O torrão onde
nascemos, e onde um dia depositaremos os nossos velhos ossos, não tem culpa da
nossa miséria; eu amo estremecidamente este rincão e jamais o renegarei,
aconteça o que acontecer.
- Para mim, a minha
terra é aquela que me dá de comer, de vestir, que me possibilita criar na
abundância os meus filhos e a minha mulher, que me torne homem e não escravo; o
resto é conversa fiada, sonho de poetas como tu.
- Como somos
diferentes, Golias! Eu não defendo a exploração do homem pelo homem, nem
rubrico a doutrina da resignação, mas também não aceito a ganância, a luta pela
riqueza a qualquer preço; a passagem do ser humano por este pequeno planeta é
tão curta!
- É com pessoas como tu
que o mundo está como está: aceitam tudo, mau e bom, não se revoltam, não sabem
dizer não à pobreza.
- Mas, Golias: o que é
que eu posso fazer?!
- Lutar, lutar sempre.
Temos de tentar sair deste lamaçal, deste esterco de vida.
- Para ti a saída está
na emigração…
- É o primeiro passo. O
Atílio, e outros, daqui a pouco não terão quem lhes cultive as quintas; os
padrecas não terão quem os ouça nas igrejas; os carrascos não terão pescoços
para cortar.
- E os emigrantes serão
uma força…
- Terão dinheiro.
- O dinheiro produz o
poder.
- A igualdade.
- Poderão comprar
terras…
- Construir casa…
- Terão direito ao
voto…
- Elegerão os seus
representantes…
- Os seus filhos terão
acesso às escolas secundárias e superiores…
- Sim, às
universidades…
- Enfim, a revolução
sem sangue. E dizes tu que eu sonho!
- Eu falo de coisas
realizáveis.
- Golias: o emigrante é
apenas um trabalhador. Aqui ou em França, no Canadá ou na Argentina, nos
Estados Unidos da América, ou em outro país qualquer o trabalhador por conta de
outrem será sempre explorado. Os poderosos têm uma arma infalível quando o povo
trabalhador começa a dar sinais de ter alguma força financeira: atira-lhe para
cima com a inflação…
- O que é isso?
- Repara: tu tens vinte
contos de réis e com eles podes comprar uma casita. Passados uns meses, e com
uma inflação em flecha, os mesmos vinte contos não te darão para comprar um
casebre. Em meses retiram-te o poder de compra e tu terás de trabalhar mais e mais
para juntar novamente algum. É um ciclo vicioso.
- Quem te disse essas
coisas?
- Tudo isso está
escrito nos livros sobre economia.
- Tu lês de mais!
- Talvez. E para
reforçar a minha ideia digo-te outra coisa: quando os senhores desses países
não precisarem de mão-de-obra de fora, escorraçarão do seu solo todos os
estrangeiros, botá-los-ão no olho da rua.
- Sei de portugueses
que se naturalizaram.
- Meia dúzia. No
conjunto nada significa. E esses terão de fazer vida de francês ou de
americano, conforme o país onde estejam, não poderão morar em bairros de lata
ou casas arruinadas, não poderão vestir as roupas que os naturais deitam fora –
(sabes que
muitos conterrâneos nossos, emigrantes, vão buscar as roupas e o calçado aos
caixotes de lixo? Não sabes, pois não, pergunta-lhes quando vierem passar as
suas férias, eles te contarão toda a verdade); não poderão comprar
nos talhos as miudezas dos animais para com elas fazerem as suas magras
refeições, pelo que seriam logo criticados pelos naturais. Não te iludas,
Golias: quem vive exclusivamente do trabalho não medra nunca!
- És um pessimista, um
bota-abaixo. Eu penso ganhar muito dinheiro na França, ou no Canadá, quando
para lá for. Se não tivesse tomado a decisão de fazer a tropa já tinha nesta
altura uns contos de réis no banco; mas quando tiver o serviço militar cumprido
não estarei aqui nem dois meses, pisgo-me logo, é só tempo de tratar da
papelada. Porque, garanto-te, se todos fossem como tu não haveria progresso – o
mundo inteiro paralisava!
- Se todos agissem como
eu não haveria exploração, ganância, aquela ânsia de grandeza e poderio; não
reparaste como vivem os pássaros e os grilos, e outros animais, sempre em
harmonia. E as árvores? Por acaso reparaste que todos os anos, se o tempo e o
clima as ajudar, dão maçãs, peras, nozes… A ambição desmedida leva ao caos.
- Os humanos não se
comportam todos da mesma maneira.
- Daí os conflitos, as
guerras, o ódio e a inveja.
- Tu queres ser santo!
- Só quero ser o que
sou, nada mais.
Na hora da despedida
até as pedras choram
A hora da partida é sempre tristonha,
chorosa. Eis-me a olhar para o céu, para as árvores, para a minha mesinha de
trabalho, para os meus amores. Será que um dia voltarei ao meu tão amado
rincão? E a Bera? Será que casarei mais tarde com ela? Talvez um dia o saibam.
Ouçam, por favor, e agora já para dar fim à minha história, este pungente
monólogo:
- Minha querida terra,
vou deixar-te; vou envergar a farda do exército português. Não penses, não, que
te abandono; nesta pequena mala de cartão levo o teu cheiro, o teu inebriante
perfume. Jamais deixarei de pensar em ti, de falar de ti; aqui estão as minhas
raízes, os meus sonhos, as minhas lágrimas; aqui nasceu o meu primeiro amor.
Parto quase feliz, pois não conheci eu o meu progenitor, o meu avô, os meus
irmãos espanhóis? Agora já posso dizer que tenho pai, apesar de no bilhete de
identidade constar o contrário - «filho
de pai incógnito.» Que importa: dentro do meu peito está gravado o seu
nome, o afeto inventado, do avô não, esse é seguro, ninguém mo tira, é real, do
pai… quem sabe, um dia, quando regressar da tropa, da guerra (duvido que possa voltar, quem me dera não ir),
ele possa partilhar comigo um pouco desse amor paternal, chamar-me filho (que sensação agradável: «meu filho»), nunca
ouvi esse doce canto: «meu filho!)
Não chores, minha adorada terra; e vós,
árvores e flores, ruas e avenida, pedras da calçada, aves dos campos, vós,
rouxinóis, que com o vosso estrénuo trinar suavizaram o meu viver, não choreis
também; vós, seixos do rio, que me entretínheis as horas de lazer; vós, enfim,
galos de crista vermelha, que com o vosso madrugador canto me servíeis de
relógio; e tu, minha querida oficina – foste confidente, minha amiga, minha
irmã, contigo passei alguns bons e maus momentos, alegrias e tristezas; minhas
formas, sovelas, escovas de macio pelo, martelos – que dizer-vos? Talvez nunca
mais vos acaricie, vos conte as minhas angústias e mágoas; e finalmente vós,
meus conterrâneos, meus irmãos na miséria, que poderei eu transmitir-vos?
Apenas uma promessa: jamais vos esquecerei.
A ti, Bera, anjo e demónio, desejo-te todo
o bem do mundo: a tua culpa é a culpa de nós todos; o teu erro é reflexo deste
tempo, desta frágil sociedade feudal, apodrecida; não sei se me esperarás, essa
incondicional confiança em ti esboroou-se; se me esperares, e se eu sobreviver
às balas mortíferas, juro que te farei esquecer o passado, terás em mim um
marido carinhoso, amante, fiel; procurarei dar-te todo o bem-estar, todo o
conforto a que aspiras e a que tens pleno direito; o mundo não será sempre
ruim, vais ver. Criaremos os nossos pequerruchos, dar-lhe-emos todo o carinho,
estudos, uma carreira – acredita em mim, tem esperança no devir.
E a vós, minha querida mamã, que poderei
eu dizer-vos? Entre nós interpôs-se uma enorme muralha; um fundo poço de águas
envenenadas isolou-nos para todo o sempre; separam-nos abismos profundos,
obstáculos incontornáveis, altas serras, universos e mais universos de
distância. Eu sei! Mas o amor entre filho e mãe, entre aquela que nos trouxe a
este mundo, nos pariu, nos deu a ver e sentir as tristezas e misérias que por
aqui existem, é maior, é mais alto, é mais forte e duradouro do que todos os
abismos, todas as montanhas e serras, todas as distâncias que existem ou se
possam imaginar. Não, mamã, apesar de tudo, apesar dos gigantescos erros, dos
vícios, da fragilidade e da incapacidade para modificar o estado das coisas,
apesar disso tudo, o amor vence, ultrapassa as invencíveis barreiras, galga
todas as nuvens letais.
FIM
*
ÍNDICE
Prólogo
O sol
só brilha quando as nuvens se afastam.
As
virtudes vegetam no sofrimento.
O amor
é como a fruta: quando amadurece cedo de mais apodrece!
As
recordações são como os venenos: ou matam ou purificam!
O saber
é a fonte de todos os sofrimentos.
A
curiosidade é como uma doença: umas vezes cura-se, outras não!
O amor
e uma cabana são coisas do passado.
Recuar
no tempo é como viver duas vezes.
Os
túneis da alma também podem ser iluminados.
A
denúncia virtuosa e a virtude enxovalhada.
As
formigas também descansam.
As
surpresas são o prazer do quotidiano.
Por
aquele lugar da traição uma víbora deslizava.
Hesitei
em dizer-to; agora já sabes!
Em
busca do meu pai perdi o meu rasto.
No
vício chafurdam alma e corpo.
Entre
dois fogos beijei a sereia.
As vias
sinuosas encaminham-se para o cais.
Privilégios
de macho cavalgam sábias fêmeas. Caminhando sereno lambia as chagas de mórbidos
prazeres.
O homem
não nasceu para o trabalho; foi a preguiça que o inventou para ele!
Enquanto
a chuva cai o carrasco aguarda, impaciente, o condenado.
Na
alcateia o lobo uiva e a presa geme.
Todos
os passos do condenado o conduzem ao patíbulo.
Na toca
do lobo a raposa ri e dança.
Entre o
óbvio e o obscuro cresce a quimera.
Nas
rotundas escabrosas também há encontros.
Ele
imaginou a realidade e saiu do lodaçal.
Aliada
de Satanás por sentença do Homem.
A
religião é mel para os que dela se alimentam.
Falha o
alvo, acerta-se na nuvem!
Depois
do naufrágio qualquer tábua serve.
Correr
não adianta: a forca espera!
Nem
sempre é princípio o fim.
Nas
entranhas do animal coabitam o bem e o mal.
Não busques,
se não queres encontrar.
O
regresso às origens por ínvios processos.
Com
palavras também se constrói o futuro.
O sismo
só precisa de um minuto para destruir o que se construiu em séculos.
Na hora
da despedida até as pedras choram.
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