DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO DE MELGAÇO
Por Joaquim A. Rocha
// continuação...
CRIMES
(1937) - LIMA,
Maximino. Filho de Manuel António de Lima, lavrador, natural da freguesia de
Riba de Mouro, Monção, e de Adelina da Cunha (*), doméstica e lavradeira,
natural do lugar de São Cosme, freguesia da Gave, concelho de Melgaço, onde moravam. Neto paterno de José Manuel
de Lima e de Maria Gonçalves; neto materno de Joaquim Tomás da Cunha e de Maria
Domingues. Nasceu no lugar de São Cosme, freguesia da Gave, a 23/5/1910, e no dia seguinte
foi batizado na igreja paroquial. Padrinhos: Albano Gonçalves, casado, artista (pedreiro, etc.),
e Germana Rosa Gonçalves, solteira, camponesa. // Teve a profissão de lavrador.
// Morreu no lugar de Cousso, freguesia de Cousso, no estado de solteiro, às
quinze horas e trinta minutos do dia 10/10/1937, de morte violenta, em
consequência de uma desordem que houve nesse dia de festa em honra de Santo
António, entre os naturais do lugar de Virtelo e os do lugar da Cela. Ambos os grupos
possuíam armas de fogo! Dispararam vários tiros, matando este jovem, com apenas
vinte e sete anos de idade, e ferindo gravemente José Domingues, este por espancamento.
As autoridades prenderam Bernardino António Domingues, Gilberto Mendes, Augusto
Domingues, Maximino José Esteves, Amadeu Mendes, Justino Esteves, Mário
Rodrigues, Manuel Pires, Adoindo Duque, Henrique Gonçalves, Manuel Afonso,
Hilário Gonçalves Roldão, Américo Rodrigues, Claudino Martins, José Fernandes,
Manuel Martins, e Joaquim Pires, todos dos lugares acima referidos. // Deixou
bens. // Nota: o Maximino pagava a taxa militar, em
virtude de não ter cumprido, por volta dos vinte anos de idade, o serviço nas forças armadas: exército, marinha ou aviação. /// (*) Adelina da Cunha, em
1937, aquando da morte do filho, já tinha falecido.
(1938) - ALVES,
Rosa. // Nasceu na freguesia de Cousso. // Foi julgada e condenada, a 12 de Maio de 1938 «por haver posto, num capoeiro de galinhas, um
recém-nascido, impedindo assim que o infeliz vivesse.»
(1938) Lê-se
no Notícias de Melgaço n.º 399, de 5/6/1938: «Sob
a presidência do meritíssimo juiz de Direito desta comarca, Dr. Alberto Simões
Correia, efetuou-se no dia 21 de Maio último, o final do julgamento do crime de
Cousso desta comarca, que terminou pela condenação de todos os réus em penas
diferentes, conforme a culpabilidade a cada um atribuída.»
SARAIVA, Manuel Joaquim. Filho de
Joaquim Saraiva, lavrador, e de Requelinda Gomes, doméstica. Nasceu no lugar de São
Gregório, Cristóval, por volta de 1926. // Foi empregado no comércio. // Morou
em Cascais e morreu a 30/8/1948 no hospital desse concelho, com fratura do crânio. // Tinha apenas vinte e dois anos de idade e era solteiro.
(1948) - CARDOSO, José. Filho de Álvaro Augusto Cardoso e de
Alexandrina Mendes. Nasceu na freguesia de Cristóval por volta de 1928. // Morreu assassinado pelos
carabineiros no ano de 1948, com apenas vinte anos de idade. Lê-se no Notícias de Melgaço
n.º 880, de 28/11/1948, página 2: «Quando na noite de 18 para 19 do corrente José Cardoso, de vinte anos de
idade, filho de (…), natural e residente no lugar de Carvão, freguesia de
Cristóval, juntamente com outros indivíduos de nacionalidade espanhola,
pretendiam passar, através da fronteira do [rio, ou regato] Trancoso, uma porção de café de
reexportação, foram barbaramente alvejados a tiro pelos carabineiros. Do
tiroteio resultou a morte do infeliz Cardoso e de outro indivíduo de
nacionalidade espanhola, bem como ferimentos graves em dois indivíduos da mesma
nacionalidade. Os cadáveres foram removidos para o cemitério de Padrenda onde,
depois da respetiva autópsia, foram sepultados. E dizer que tantas vezes temos
matado a fome àqueles bárbaros! … que frequentemente os vemos fardados nesta
vila [de Melgaço] com o seu sorriso cínico e hipócrita, de onde levam avultadas taleigas de
géneros alimentícios que tanta falta nos fazem!... E dizer ainda que aqueles
vândalos pertencem a um país que se diz o campeão do catolicismo! Não queremos
fazer mais comentários.» // continua…
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