POEMAS DO VENTO
Por Joaquim A. Rocha
Ai quem me dera
Comer na tasca do Chiquera,
Os tremoços da Chaufera,
Bifes tenros do Mascote.
Ai quem me dera
Ir nos braços da Quimera,
No outono ou primavera,
Visitar Vénus ou Marte.
Ai quem me dera
Ter o engenho e arte
De viajar por toda a parte
No dorso duma gaivota.
Ai quem me dera
Ter no colo uma garota,
Bem vestida, ou mesmo rota,
Cantar como a sereia.
Ai quem me dera
Ter sempre vinte anos,
Viver de sonhos e enganos,
Clamar à luz da candeia.
Ai quem me dera
Ter o mundo a meus pés,
Descansar em canapés,
Visitar Adão e Eva.
Ai quem me dera
Afastar de mim a treva,
O raio e o trovão…
Ter alguém que me leva
Para longe da ilusão.
Ai quem me dera
Esvurmar toda a maldade,
Do campo e da cidade,
Em modos de panaceia.
Ai quem me dera
Reerguer a minha aldeia
Entre rochas de granito…
Dormir no silencioso grito,
Acordar sem uma ideia.
A gaivota até fez pose para a fotografia!
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