OS NOVOS LUSÍADAS
(tentativa de continuação de Os Lusíadas de Camões)
Por Joaquim A. Rocha
21
Tinha
na minha mente castigar
Os
sanguessugas desta linda pátria,
Os
vis parasitas, sempre a louvar,
A
comer à lauta da teta mátria.
Mas
as pernas dobram, falta o ar,
A
longa energia foi prà via láctea.
Porém farei das tripas coração,
Para
que não criem falsa ilusão.
22
Esquece,
velho e digno Camões,
As
nereidas e as lindas ninfas do Tejo.
Os
grandes feitos, as vãs ilusões,
Que
tudo isso eu hoje já não vejo.
Dos
céus mandam-nos enormes tufões
Pragas de mosquito e percevejo.
E
pra que eu possa cantar o país
Devo
arrancar o mal pela raiz.
23
Os
rios estão sujos, poluídos,
Os
mares já não tem a azul cor;
Os
belos bosques foram destruídos,
As
florestas choram, de medo e dor.
Os
animais fogem esbaforidos,
Os
humanos não amam Zeus nem Thor.
Já
ninguém aqui tem amor à vida,
Pois
sentem que a pátria está perdida.
24
A
besta fez do Estado a coutada,
Onde
caça a pomba e a perdiz;
O
incauto é sua presa amada,
E
este povo, inerte, nada diz.
Tudo
e todos são alvos da cilada,
Ninguém
escapa às armas subtis.
E
tu Camões, que esta terra cantaste,
O
teu saber e arte em vão gastaste.
25
Porém,
nem tudo estará perdido,
No
ar restam sementes de esperança;
Algum
povo não se deu por vencido,
E
luta por justiça e bonança;
Tendo
por si a seta de Cupido,
A
inocência de Sancho Pança.
De
Vénus há de vir ajuda grande
E
tudo mais que o coração mande.
26
Este
planeta, único e belo,
Voltará
um dia ao seu normal.
Cairá
a muralha, o castelo,
O
sacrário, o vil pedestal.
Thor
trará de novo o seu martelo,
Acabará
por fim com todo o mal.
E
o povo, o eterno sacrificado,
Será
dos deuses novamente amado.
Gostei muito da capa parabéns pelo bom trabalho.
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