DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO DE MELGAÇO
Concebido e organizado por Joaquim A. Rocha
escritores melgacenses
- SOARES, Aldomar Rodrigues (Mário de Prado). Filho de Emília dos Prazeres [Rodrigues], solteira, doméstica, do lugar do Cerdedo, Prado, e de Luís
Cândido Soares, solteiro, lavrador, do lugar do Buraco,
Prado, onde morava. Neto paterno de Florêncio Soares (Pata), lavrador, da Vila,
e de Ludovina Rosa Alves, do lugar do Buraco, Prado, onde moravam; neto materno
de Vitória da Purificação Fernandes, doméstica, de Prado. Bisneto pela parte
paterna de Maria Teresa de Magalhães. Nasceu no lugar do Cerdedo, Prado, a
10/9/1913, tendo por parteira Joana Rosa Gomes, do lugar da Breia, e foi batizado a 3 de
Outubro desse ano. Padrinhos: Abílio Augusto Domingues e Felicidade Pinheiro. Testemunhas do seu registo na Conservatória do Registo Civil de Melgaço:
António da Silva Cintrão, casado, lavrador, Isidoro Artur do Paço, cocheiro, ambos
moradores na Vila, e Manuel José Ferreira, solteiro, lavrador, de Sante, Paderne.
(A declaração de nascimento foi feita
pelos seus pais, os quais declararam reconhecê-lo como seu filho para todos os
efeitos legais). Todos assinaram, à exceção da mãe do Aldomar, por não
saber. // A 17/11/1918 foi admitido na Confraria das Almas de Prado. //
Aprendeu as primeiras letras na escola do Pombal com o professor José Caetano
Gomes, transitando em seguida para a escola da Vila, cuja professora era Ana Cândida
Magalhães de Barros. Dali mudou-se para a escola de Rouças, tendo por professor
Rodolfo Augusto Esteves, sendo por este proposto a exame em 1925. Frequentou
também o ensino particular, recebendo aulas de Agostinho Fernandes de Barros.
// Fez a 1.ª comunhão na igreja de SMP a 30/5/1922. // Entre 1925 e 1927 foi
aprendiz de serralheiro na oficina de Manuel Pereira, mais conhecido por
“Manuel dos Ovos”, que nesse ano de 1927 encerrou a oficina a fim de emigrar
para o Brasil. // Aprendeu música com Mestre Morais em 1928 e 1929, tocando
clarinete e depois saxofone. Fez parte do “Orfeão Melgacense.“ // Residiu
sucessivamente nos lugares de Cerdedo, Ferreiros, e Buraco, da freguesia de
Prado, e na freguesia da Vila: Carvalhiças, Galvão, Corujeiras, e de novo em
Galvão, até Janeiro de 1930, data em que emigrou para a Galiza, onde residiu em
Mandelos e Eira, lugares da freguesia de Cecrinhos; depois em Quintela, e
finalmente em Berducido de Redondela. Emigrou para França a 8/8/1930,
fixando-se em Toulouse, onde se encontrava seu pai, regressando a Portugal a 5/8/1935. // Assentou praça na
Escola Prática de Engenharia, em Tancos, a 3/3/1936, ficando com o n.º 90,
tendo sido colocado na 1.ª Companhia (Transmissões),
onde – a 22/5/1936 – fez exame do 1.º curso de habilitação das escolas
regimentais. A 8/7/1937 fez exame do 2.º curso, e em 16 do mesmo mês e ano foi
promovido a 2.º cabo; a 26/1/1938 foi promovido a 1.º cabo. A 15/6/1940 fez
exame do 3.º curso, obtendo 12,5 valores. Passou à disponibilidade a 1/2/1941,
sendo nessa data promovido a furriel miliciano. // Alistou-se na Polícia de
Segurança Pública de Lisboa a 4/2/1941 (Notícias
de Melgaço n.º 530). // Casou na 4.ª Conservatória do
Registo Civil de Lisboa a 25/11/1943 com Aurora Augusta, também de Prado, filha
de José Faustino e de Maria Francisca Domingues, ficando a residir na Rua
Maestro António Taborda, 68-1.º; casaram na igreja de Prado a 28/2/1952, tendo
sido celebrantes os padres Justino Domingues, pároco da Vila, e Firmino Augusto
Gonçalves, pároco de Prado. // Adoeceu com meningite a 16/12/1946, do que lhe
havia de resultar surdez total e paralisia do flanco direito. Foi tratado no
hospital Curry Cabral, Rego, Lisboa. Lê-se no “Notícias de Melgaço n.º 815, de
27/4/1947: «do hospital Curry Cabral,
onde sentia umas ligeiras melhoras, transitou para o Serviço II do
hospital de Santo António dos Capuchos.» // Devido à doença, foi dispensado
da PSP, a 7/7/1947, regressando a Melgaço a 18/7/1947, passando a residir
sucessivamente em Galvão, freguesia da Vila, Serra e Rego, freguesia de Prado.
// Entrou no hospital de Santo António do Porto a 19/4/1955, do qual regressou
a 17 de Maio desse ano. // Faleceu na sua casa, em Prado, na noite de 6 para
7/9/1962. // A sua viúva finou-se a 23/6/1999, com 81 anos de idade, em Queluz,
em casa da filha (A Voz de Melgaço n.º 1118).
// Pai de dois filhos: Carlos Alberto, nascido em Lisboa em 1944, e Maria Luísa,
nascida em Prado alguns anos depois. // Colaborara em “A Voz de Melgaço” desde
o primeiro número, onde deixou escritos de grande interesse histórico; alguns
desses artigos foram reunidos pelo padre Júlio Vaz, e editados em livro em 1996
com o título “Padre Júlio Vaz Apresenta Mário”. Também deixou alguns poemas,
revelando-nos o seu sentir face às coisas que o atormentavam. Soube, como
poucos, suportar a dor, a adversidade, transformando a desgraça em hino à
capacidade de realização. Este homem, com a sua imensa vontade e talento, teria
sido tudo, desde que as oportunidades surgissem; mas como nasceu pobre, e os
poderosos a estes fecham sempre a porta, o “Mário” só furou até onde pôde,
mesmo assim legou-nos mais, muito mais, do que lhe seria exigido. Outros, ricos
e anafados, na hora da morte só deixam os cofres abarrotados de notas de banco.
Ele deixou-nos a sua obra, embora incompleta e imperfeita, como todas as obras.
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