quarta-feira, 15 de abril de 2015

PADRES POLÍTICOS EM MELGAÇO

    Tal como há médicos escritores, padres e frades cantores, também houve e há em todo o lado sacerdotes políticos. Até os papas são chefes de Estado; um deles, de origem  polaca, salvo erro, gravou, há uns anos atrás, um disco! Quanto a mim, não é por aí que vem o mal ao mundo. E outra coisa: até à década de sessenta do século XX havia em Melgaço presbíteros a mais: cada freguesia tinha dois ou três. Depois, com a extraordinária emigração, foram rareando, e hoje, 2015, há um pároco para três freguesias!  

I

DOMINGUES, Manuel José (Padre). Filho de João Manuel Domingues e de Maria Rodrigues, ela de Várzea Travessa e ele de Covelo, onde moravam. Neto paterno de Manuel Luís Domingues e de Ana Afonso; neto materno de José Bernardo Rodrigues e de Maria Domingues. Nasceu em Castro Laboreiro a 29/1/1875 e foi batizado no dia seguinte. Padrinhos: José Domingues e sua mulher, Rosa Rodrigues. // Foi pároco de Lordelo, Cubalhão, Gondar (Cerveira), e de Remoães. Na Vila de Melgaço esteve de 25/6/1903 até finais de 1917 (*) Foi-lhe concedida a pensão eclesiástica anual de 300$000 réis (ver Correio de Melgaço n.º 85, de 1/2/1914, e Jornal de Melgaço n.º 1020, de 5/2/1914). // Em 1908 acompanhou José Leite de Vasconcelos a Castro Laboreiro, a fim do grande investigador tomar «algumas notas etnográficas e dialectológicas…» Iam montados em mulas, conduzidas por «duas robustas mocetonas». Seguiram por Fiães. // Nesse ano de 1908 foi vogal substituto da Comissão Administrativa Municipal de Melgaço. // Embora de ideologia monárquico-liberal, aderiu à república em 1910. // Era uma pessoa dinâmica: fundou a Associação Artística Melgacense «pela qual muito se bateu, e que outros não saberiam aguentar.» Fundou, com outros, um Externato, em que alguns alunos foram preparados para os exames dos primeiros anos do Curso Geral dos Liceus. // Em 1913, na festa da Ascenção de Jesus, realizada na Orada, SMP, provocou uma desordem (ver Correio de Melgaço n.º 48, de 4/5/1913). // Chegou a fazer parte da Comissão Camarária (Jornal de Melgaço n.º 1237, de 9/3/1919). // Lê-se no dito Jornal de Melgaço, n.º 1256, de 27/7/1919: «a expensas de alguns devotos, celebra missa na capela da Senhora da Orada, aos domingos e dias santificados, o nosso amigo reverendo abade Manuel José Domingues que, de Sua Excelentíssima Reverendíssima, novamente obteve ordem para celebrar.» // Por razões políticas (e talvez religiosas – veja-se o conflito com o padre Francisco António Gonçalves, pároco de Prado) deixou de exercer o sacerdócio e tornou-se aspirante de Finanças. No Notícias de Melgaço n.º 68, de 13/7/1930, lê-se: «para efeitos da redução do quadro do funcionalismo da Direcção Geral das Contribuições e Impostos foi transferido para o concelho de Monção (…) o padre Manuel José Domingues, aspirante de Finanças». // Foi publicado no Diário do Governo a sua aposentação voluntária (Notícias de Melgaço n.º 201, de 16/7/1933). // Os seus escritos no Notícias de Melgaço davam sempre que falar. Por exemplo: quando morre Maria Angélica Esteves. Ver também “Um general em Melgaço» (Notícias de Melgaço n.º 162, de 28/8/1932). // Faleceu na Orada, SMP, a 1/3/1952, realizando-se o funeral no dia 3 do dito mês e ano. // Era tio do professor (e antigo presidente da Câmara) Abílio Domingues, entre outros.

     /// (*) No Jornal de Melgaço n.º 1255, de 20/7/1919, página 2, diz-se que ele era, nessa altura, abade da Vila de Melgaço!   

1 comentário:

  1. Acho muito interessante a história desse senhor padre, vi sua foto em Penso.

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