quinta-feira, 9 de abril de 2015

AQUELA CASA



   
     Aquela casa: velha, seca, fria, distante... Isolada na serra desdentada, como rocha ali nascida! As suas telhas, outrora olhando a paisagem  com sobranceria, dormem, agora, naquele chão lamacento. Algumas, as mais resistentes, ainda restam; porém, mutiladas, como soldados após a grande guerra.
     Aquela casa! Da sua chaminé, agora lúgubre, moribunda, tinham saído carradas de fumo, lembrando uma fábrica a laborar vinte e quatro horas por dia.
     Aquela casa! Vazia, despida daquele conforto humano que a caraterizava, lembra o túmulo do viandante que pereceu na sua vitalícia viagem e foi sepultado ali, na montanha!
     Junto à sua campa irreal, humilde, improvisada, pequeno morro de terra, vê-se uma estranha cruz de metal, tombada, cheia de ferrugem, e uma grosseira tábua de madeira, onde se lê com dificuldade: «Aqui jaz um desconhecido

     Na parede dessa casa, ora abandonada, vou escrever: «Aqui jaz a minha casa

1 comentário: