sábado, 11 de abril de 2015





Há p’ra aí uma tal «raça»
Que leva o dia a mendigar;
Mas que gente, que desgraça,
Não querem é trabalhar.

Mas que horda sem vergonha,
Passam o dia a pedir;
No coração têm peçonha,
Têm ódio no seu sentir.

Pede a Dolores e a Zita,
Estendidas pelo chão;
É uma malta parasita,
Não sabe ganhar o pão.

Seus filhos não vão à escola,
Fogem de todo o saber;
Preferem a vil esmola,
Só gostam é do lazer.

É gente má e matreira,
Olha-nos com azedume;
Roubam a nossa carteira,
O cigarro e o lume.

Vendem uns panos na feira,
Sem nenhuma qualidade;
Seja no Minho ou na Beira,
 Na vila ou na cidade.

 Outrora andavam a pé,
Percorrendo mil caminhos;
Armavam sempre banzé,
Aquecidos pelos vinhos.

Roubavam porcos, galinhas,
Ovos, roupas e fumeiro;
Amedrontavam velhinhas,
Fugiam dos carabineiros.

Mentem com desfaçatez,
Brincam com a autoridade;
Se convém, é português,
E pertence à cristandade.

Fervem por tudo e por nada,
Andam sempre em zaragatas;
Têm sempre a faca afiada,
E garras como as gatas.

Têm a pele avermelhada,
Como o índio americano;
Uma língua só falada
Por esse povo asiano.

Cantam-lhe algumas canções,
Os cantores das galés;
Mas se há aproximações,
Fogem logo a sete pés.

Por que existe uma tal «raça»
Ninguém o sabe em verdade;
Talvez um deus, por chalaça,
A criasse por maldade.

Quem os criou realmente,
Ninguém o pode dizer;
Talvez Javé, descontente,
Os criasse sem saber.

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