sábado, 18 de abril de 2015

PADRES POLÍTICOS EM MELGAÇO

IV

MAGALHÃES, Francisco Leandro (Padre). Filho de Francisco António Álvares de Magalhães e de Matildes Alves Caldas (*), proprietários, ambos de Riba de Mouro. Nasceu nessa freguesia de Monção a --/--/1859. // Ordenou-se no Seminário de Braga. // Em 1887 tornou-se pároco (reitor) de Alvaredo, substituindo o padre João Manuel Esteves Cordeiro. // Em 1890 foi padrinho de seu sobrinho, Inocêncio Álvares de Magalhães, batizado na igreja de São Paio a 6/1/1890. // De 10/11/1899 a 23/2/1901 foi pároco de Rouças. // Em Abril de 1916 o correspondente do Correio de Melgaço escreveu: «Conhecem o reverendo Francisco Leandro Álvares de Magalhães? Pois quem não conhece esta figura de destaque, já no concelho, já no arciprestado, já no arcebispado até! É o reitor de Alvaredo. A escória tentou feri-lo (…), denunciando-o à autoridade, contrário às instituições. Claro, também, foi uma honra para sua reverência o depoimento testemunhal: - (que haviam de dizer?), mas não perdoamos à autoridade administrativa o haver procedido à inquirição, sem saber quem era o caluniador, esses biltres de má fama e raça que, com baba ultra peçonhenta, tentaram manchar um carácter ilibado: - como político, como pároco, e como homem. Nós já depusemos aqui; mas se houvermos de fazê-lo no tribunal, ou mesmo no inferno, falaremos com igual desassombro: - o reverendo reitor de Alvaredo nem um mícron passa além da baliza que lhe indica o Dever.» // Tudo isto por causa da sua ideologia monárquica, de acordo com os do “Jornal de Melgaço”. Queriam derrubar o regime, mas os republicanos ainda estavam fortes. Nesse ano fez parte de uma lista para governar a Câmara Municipal de Melgaço, como vereador; no topo constava o nome do Dr. António Augusto Durães; ele vinha logo a seguir; as eleições foram a 5/11/1916, mas perdeu-as. Na dita lista constavam os nomes de José Barbosa Martins (substituto) e Matias de Sousa Lobato (substituto para procurador à Junta Geral do Distrito). // Depois do sidonismo vingar (Dezembro de 1917), viu os seus correligionários apoderar-se, por nomeação do Governador Civil, do poder concelhio. Ele próprio foi presidente da Comissão Administrativa, substituindo o padre António Domingues, de Fiães, nessa altura reitor da freguesia de Paderne (ver Jornal de Melgaço n.º 1205, de 4/5/1918, e Jornal de Melgaço n.º 1209, de 8/6/1918). O administrador do concelho era Custódio da Costa Brito, escrivão de direito. // Nesse ano de 1918, servindo de juiz, subscreveu uma sentença, num litígio que a empresa Águas Minerais de Melgaço movia contra a viscondessa do Peso e outros. // Apesar de ser presidente da Comissão Administrativa, pediu trinta dias de licença (ver Jornal de Melgaço n.º 1214, de 13/7/1918). // Morreu a 20/11/1920, numa casa do lugar da Igreja, Alvaredo, com 61 anos de idade. Segundo a imprensa local, no dia anterior à morte ainda jantara «com a melhor das disposições» (Jornal de Melgaço n.º 1312, de 21/11/1920). Teve um grande funeral, segundo o Jornal de Melgaço n.º 1313, de 28/11/1920. Diz-se ali que «passou durante a vida fazendo apenas o bem.» E a prova «vimo-la bem clara no dia do seu funeral, na grande concorrência de clero e povo, coroas, choros e lágrimas que o acompanharam até ao cemitério.» // Era irmão de José Narciso, viúvo, e de Teresa...  
     /// (*) Matildes Alves Caldas era filha de Francisco Alves Caldas e de Teresa Martins de Castro; faleceu a 17/11/1907, na residência paroquial de Alvaredo, com todos os sacramentos, no estado de viúva, com 77 anos de idade, sem testamento, com filhos, e no dia 19 foi sepultada no cemitério de Alvaredo.


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