quinta-feira, 29 de setembro de 2022

QUADRAS AO DEUS DARÁ 

Por Joaquim A. Rocha



// continuação de 16/07/2022...

131

 

Nada é como era dantes,

O amor desapareceu

Na barca dos navegantes,

À procura de Nereu.

 

132

 

Vejo ao longe a imagem

De uma deusa sorridente;

Talvez seja uma miragem,

O sonho de um demente.

 

133

 

As figueiras da Peneda

Dão seus figos em Agosto;

E têm uma cor tão leda…

Um sabor que nos dá gosto.

 

134

 

A figueira da Peneda

Não sei que diacho tem;

Entalada entre rochas

Dá figos que sabem bem.


135

 

Dizem que estou tapadão,

Sei que estou, e é por ti;

Perdi a minha razão

No dia em que te vi.

 

136

 

Mil carinhos pra dar tenho,

Tanto amor em mim encerro;

Mas quase nada obtenho

Daqueles a quem eu quero.

 

137

 

Não sei para que nasci,

Por que vim a este mundo;

Onde tudo é frenesi…

Onde o ódio é profundo.

 

138

 

Ando na vida perdido,

Sem carinho, sem um bem;

Ando sem rumo, sem tino,

Não sou nada, nem ninguém.

 

139

 

Transformaste minha vida,

Deste alma a um ser morto;

Diz, deusa bem-parecida,

Que te trouxe a este porto?


140

 

Para uns, a morte é vida,

Para outros a vida é morte;

Tenho a razão confundida,

Talvez seja a minha sorte.

 

141

 

Todos são filhos da morte,

Irmãos no vil sofrimento;

Nesta vida de má sorte

Só se salva o pensamento.

 

142

 

Pensamento, meu ser livre,

És suporte da existência;

Sem ti, tudo era vazio

E falho de inteligência.

 

143

 

Alma minha que traída

Pelo sonho de grandeza,

Tornando-a pequenina

E cheiinha de tristeza.

 

144

 

Neste canto sossegado,

Onde morte não me lembra,

Tenho o peito descansado

E meu cérebro não pensa.


145

 

Ela sabe que eu sei

Que em mim está pensando;

Eu sei que ela já sabe,

Meus olhos a estão fitando.

 

146

 

«Obviamente demito-o»

Disse Humberto Delgado;

Mas Salazar, repito-o,

Mandou-o para o outro lado.

 

147

 

Há quem diga que eu disse

Que te amava em segredo;

Não o creias Clarisse,

Meu coração é rochedo.

 

148

 

Ilusão por que nasceste,

A vida é horrenda e má;

Inda por cima cresceste,

A vida a morte te dá.

 

149

 

As nódoas dessa toalha

São mais limpas do que crês;

Bem mais sujas, a mortalha

Cobre: e tu não as vês!


150

 

As nódoas dessa toalha

São mais limpas do que crês;

Sujas sim – e tu não vês,

Cobre-as aquela mortalha.


// continua...

domingo, 25 de setembro de 2022

GENTES DO CONCELHO DE MELGAÇO

Freguesia de Remoães

Por Joaquim A. Rocha


// continuação de 24/05/2022...


MONTEIRO, Caetano Manuel. Filho legítimo de Agostinho José Monteiro e de Isabel Maria Domingues, da Portela de Remoães. // Morreu a 20 de Maio de 1805, de uma doença designada bexigas. 

 

MONTEIRO, Carlota Teresa. Filha de João António Monteiro e de Luísa Maria Rodrigues, moradores no lugar da Costa, Remoães. Neta paterna de António Monteiro e de Luísa Vaz, de Remoães; neta materna de Estêvão Rodrigues, do Cruzeiro, São João de Sá, Valadares, e de Rosa Soares, da Granja, Alvaredo. Nasceu a 14/11/1821 e foi batizada no dia seguinte. Padrinhos: João Luís Monteiro e sua irmã, Luísa Monteiro, do lugar da Costa, Remoães. // Casou, a 29/7/1852, com Basílio, filho de Joaquim de Puga e de Rosa de Puga, do lugar do Couto, Santa Maria de Arbo, Tui. Testemunhas: padre Luís José Vaz e João Ventura Mendes, solteiro, ambos de Remoães.

 

MONTEIRO, Constança. Filha de Maria Albina Monteiro, costureira, moradora no lugar da Portela de Remoães. Neta materna de Ana Monteiro, lavradeira, do dito lugar. Nasceu na freguesia de Remoães a 6/11/1887 e foi batizada na igreja paroquial a 10 desse mês e ano. Padrinhos: Luís Pinto, solteiro, lavrador, do lugar de Cima de Vila, freguesia de Remoães, e Maria de Sousa -----------, do lugar da Quinta da Torre, Paderne. // Faleceu a 19/11/1888, em casa da mãe, com apenas um ano de vida, e foi sepultada no cemitério local.

 

MONTEIRO, Constantino. Filho de Maria Rita Monteiro, solteira, moradora no lugar da Costa, Remoães. Neto materno de Agostinho José Monteiro e de Isabel Maria Domingues, do dito lugar. Nasceu em Remoães a 13/9/1843 e foi batizado na igreja paroquial a 15 desse mesmo mês e ano. Padrinhos: Manuel Bento Pereira, solteiro, e Maria Luísa, solteira, natural de Paços, nessa altura ambos residentes na casa do padre José Monteiro, sita no lugar da Costa, Remoães. // Tinha 35 anos de idade, era solteiro, lavrador, quando casou na igreja de Remoães, a 13/2/1878, com Mariana Moure, de 23 anos de idade, solteira, camponesa, filha de José António de Francisco [de Moure] e de Maria Joaquina, moradores no lugar de Canle, freguesia de Remoães. Testemunhas: JAM, solteiro, e João Domingues dos Santos, casado, rural. // Com geração.  

 

MONTEIRO, Damiana. Filha de Manuel Monteiro e de Margarida Rodrigues, lavradores. // Nasceu em Remoães por volta de 1787. // Faleceu no estado de solteira, a 7/1/1864, em sua casa do lugar da Costa, Remoães, com 77 anos de idade, e foi sepultada na igreja.

 

MONTEIRO, Eduardo Augusto. Filho de Augusto Cândido Monteiro e de Maria de Jesus Gonçalves Ferraz. Nasceu em Remoães a 20/9/1916 (Correio de Melgaço n.º 222, de 29/10/1916). // Empregado comercial. // A 13/06/1949 emigrou para o Brasil.

 

MONTEIRO, Fausta dos Prazeres. Filha de Constantino Monteiro e de Mariana de Francisco, moradores em Canle, Remoães. N.p. de Maria Rita Monteiro, solteira, da Portela de Remoães; n.m. de António de Francisco Moure e de Maria Joaquina Exposta, lavradores. Nasceu a 20/12/1886 e foi batizada a 26 desse mês. Padrinhos: Bento Manuel Monteiro, casado, da Quinta da Torre, Paderne, e Joaquina da Armada, solteira, de Gondomar, Remoães. // Faleceu a 20/8/1970.

 

MONTEIRO, Florinda de Jesus. Filha de Maria Rita Monteiro, moradora no lugar da Costa, Remoães. Neta materna de Agostinho José Monteiro e de Isabel Maria Domingues, remoalenses. Nasceu a 9/4/1824 e foi batizada dois dias depois. Padrinhos: tio materno, António Luís Monteiro, e Luísa Teresa Monteiro, do dito lugar da Costa.

 

MONTEIRO, Francisco Luís. Filho de Constantino Inácio Monteiro e de Mariana de Francisco Moure, lavradores, residentes no lugar de Canle. N.p. de Maria Rita Monteiro, solteira; n.m. de António de Francisco Moure e de Maria Joaquina Exposta. Nasceu a 9/8/1880 e foi batizado a 13 desse mês e ano. Padrinhos: Luís Esteves, casado, negociante, e Aurélia Mosqueira, solteira. // Casou com Zulmira, nascida em Paderne a 29/9/1882, filha de Júlio Albano Lourenço e de Maria Joaquina Lourenço. // Em 1920, aquando da morte de seu sogro, ele encontrava-se em parte incerta do Brasil (Jornal de Melgaço n.º 1285, de 18/4/1920). // Faleceu na freguesia de Paderne a 24/8/1948. // A sua viúva finou-se também ali a 11/4/1956.     

 

MONTEIRO, Francisco Luís. Filho de -------- Monteiro e de -----------------------. Nasceu em Remoães a --/--/18--. // Em 1913 solicitou à Câmara Municipal de Melgaço um atestado de pobreza (Correio de Melgaço n.º 61, de 10/8/1913).

 

MONTEIRO, Hermando José. Filho de Augusto Cândido Monteiro, natural de Remoães, e de Maria de Jesus Gonçalves Ferraz, natural de Paderne, moradores no lugar de Gondomar. Neto paterno de Albina Monteiro; neto materno de José Bento Gonçalves Ferraz e de Maria do Rosário da Mota Mâncio. Nasceu em Remoães a 2/8/1910 e foi batizado na igreja paroquial a 4 desse mesmo mês e ano. Padrinhos: os seus avós maternos. // Casou na CRCM a 24/11/1932 com Arlinda do Céu da Silva, de 17 anos de idade, natural de Prado, filha de António da Silva e de Ludovina Rosa Dantas. // Morreu na freguesia de Monserrate, Viana do Castelo, a 9/5/1993.   

 

MONTEIRO, Iracema. Filha de Augusto Cândido Monteiro, natural de Remoães, e de Maria de Jesus Gonçalves, natural de Paderne, lavradores, residentes em Remoães. Neta paterna de Maria Albina Monteiro, solteira; neta materna de José Bento Gonçalves e de Maria do Rosário da Mota Mâncio. Nasceu em Remoães a 17/11/1907 e foi batizada na igreja paroquial a 21 desse mesmo mês e ano. Padrinhos: José Joaquim Monteiro, solteiro, e ----------- Rosa Monteiro, solteira. // Casou a 26/11/1936 com Manuel Francisco de Carvalho Marques. // Faleceu na freguesia da vila, SMP, a 11 de Agosto de 1989.   

 

MONTEIRO, Joana. // Faleceu a 21/6/1836, no lugar da Costa, Remoães, e foi sepultada na igreja com doze ofícios de doze sacerdotes cada um.

 

MONTEIRO, Joana Luísa. (*) Filha de Ana Joaquina Monteiro, moradora no lugar da Costa, Remoães. Neta materna de Agostinho José Monteiro e de Isabel Maria Domingues, da Portela de Remoães. Nasceu a 2/3/1838 e foi batizada pelo padre João António de Castro, da Quinta do Paço de Golães, Paderne, termo de Melgaço. Padrinhos: o dito sacerdote e Luísa Teresa Monteiro, solteira, da Portela de Remoães. // Lavradeira. // Casou na igreja da sua freguesia natal, a 4/4/1864, com António Joaquim Ribeiro, de 25 anos de idade, solteiro, do Souto, Prado, filho de Diogo Ribeiro e de Marcelina Luísa Dias, pradenses. Testemunhas: padre JACJ e seu irmão, Manuel José de Castro, lavrador, da Quinta do Paço, Paderne. // Faleceu a 18/12/1873, em sua casa da Portela de Remoães, e foi sepultada na igreja. // Deixou filhos. /// (*) No assento de casamento aparece-nos com o nome de Joana Rosa Monteiro.    

 

MONTEIRO, João. Filho de Constantino Inácio Monteiro e de Mariana de Francisco Moure, lavradores, naturais de Remoães. Nasceu nesta freguesia por volta de 1895. // Morreu no dia 19/4/1901, em casa de seus pais, sita nolugar de Canle, com apenas seis anos e meio de idade, e foi sepultado no cemitério público.  

 

MONTEIRO, João António. Filho de António Monteiro e de Luísa Vaz. // Casou na igreja de Remoães a 28/8/1815, com Luísa Maria, filha de Estêvão Rodrigues e de Rosa Soares. Testemunhas presentes: o padre José Ferreira, Joaquim Marques e padre Miguel José Ferreira. Presidiu à cerimónia o padre encomendado, José Lopes de Araújo.

 

MONTEIRO, João António. // Morreu a 25/12/1840, no estado de casado, no lugar da Portela de Remoães, e foi sepultado na igreja no dia seguinte, com ofício de dez padres, de caridade, por ser pobre.

 

MONTEIRO, João António. Filho de João António Monteiro e de Luísa Maria Rodrigues, moradores no lugar da Costa, Remoães. N.p. de António Monteiro e de Luísa Vaz, do dito lugar; n.m. de Estêvão Rodrigues e de Rosa Soares, do Cruzeiro, São João de Sá, Valadares. Nasceu a 9/12/1828 e foi batizado a (?). Padrinhos: o padre Miguel Vaz Torres, de Remoães, e Maria Luísa, solteira, filha de João Gonçalves e de Margarida Joaquina Gonçalves, do lugar da Igreja, Remoães.

 

MONTEIRO, João Luís. // Faleceu solteiro, a 18/11/1842, no lugar da Costa, Remoães, com falta de juízo, e foi sepultado na igreja com ofício geral de corpo presente.

 

MONTEIRO, João Manuel. Filho de Manuel José Monteiro e de Maria Marques. Nasceu em ------------, a --/--/17--. // Irmão de Manuel José Monteiro. // Sem mais notícias. 

 

MONTEIRO, José António (Padre). Filho de Agostinho José Monteiro e de Isabel Maria Domingues. Nasceu em Remoães por volta de 1798. // Faleceu a 19/2/1868, em sua casa da Costa, Remoães, com cerca de 70 anos de idade, e foi sepultado na igreja. // Deixou testamento.  

 

MONTEIRO, José António. Filho de Maria Monteiro, moradora na Portela de Remoães. Neto materno de Ana Monteiro, costureira. Nasceu a 10/3/1885 e foi batizado no dia seguinte. Padrinhos: José Pinto de Araújo e sua mãe, Maria Joaquina Fernandes, viúva, de Remoães.

 

MONTEIRO, José António. Filho de Constantino Monteiro e de Mariana de Francisco Moure, lavradores, residentes no lugar de Canle. Neto paterno de Glória Rita Monteiro. Nasceu em Remoães a 5/6/1893 e foi batizado na igreja paroquial a 7 desse mesmo mês e ano. Padrinhos: João Domingues dos Santos e sua filha, Maria dos Santos, casados, lavradores, de Remoães. // Morreu a 3/4/1899, com apenas cinco anos de idade, em casa dos pais, e foi sepultado no cemitério da localidade.   

 

MONTEIRO, José Cândido. Filho de Constantino Monteiro e de Mariana Moure, moradores no lugar de Canle. Neto paterno de Maria Rita Monteiro, lavradeira; neto materno de António Francisco Moure e de Maria Joaquina Exposta, camponeses, todos desta freguesia. Nasceu em Remoães a 9 de Agosto de 1895 e foi batizado na igreja paroquial a 15 desse dito mês e ano. Padrinhos: José (ou João) Domingues dos Santos e sua filha Maria dos Santos, casados, lavradores, remoalenses.   

 

MONTEIRO, José Joaquim. Filho de Augusto Cândido Monteiro e de Maria de Jesus Gonçalves Ferraz, lavradores, residentes em Remoães. Neto paterno de Maria Albina Monteiro, costureira, natural de Remoães; neto materno de José Bento Gonçalves Ferraz, sapateiro, e de Maria do Rosário da Mota Manso, moradores no lugar da Portela. Nasceu em Remoães, no lugar da Costa, a 29/3/1898, e foi batizado na igreja paroquial a 3 de Abril desse mesmo ano. Padrinhos: Caetano de Carvalho, solteiro, lavrador, natural de Remoães, e Maria Monteiro, solteira, da Quinta da Torre, freguesia de Paderne, lavradeira, tia do batizando.   

 

MONTEIRO, José Maria. Filho de Agostinho José Monteiro e de Isabel Maria Domingues, moradores na Portela de Remoães. N.p. de Manuel Monteiro e de Catarina Domingues, da Lage; n.m. de Josefa Antónia de Passos. Nasceu a 2/6/1812 e foi batizado três dias depois. Padrinhos: Manuel Durães Monteiro e sua filha Maria. // Morreu a 17/1/1839, solteiro, devido a doença, e foi sepultado na igreja no dia seguinte, com ofício de 10 sacerdotes, por caridade, com missa cantada.

 

MONTEIRO, Luís. Filho de Maria Albina Monteiro, solteira, costureira. Neto materno de Ana Joaquina Monteiro, camponesa, ambas da Portela de Remoães. Nasceu em Remoães a 3/3/1881 e foi batizado na igreja paroquial a sete desse dito mês e ano. Madrinha: Maria Joaquina Fernandes, viúva, de Cima de Vila. // Ingressou na marinha de guerra, atingindo o posto de sargento artilheiro. // Em 1912 veio visitar a família de Remoães (Correio de Melgaço n.º 7). // Casou na 2.ª Conservatória de Lisboa, a 15/9/1915, com Laurinda da Conceição, de 21 anos de idade, da freguesia do Socorro, Lisboa, filha de Manuel Proença Ribeiro e de Maria Eulália da Graça. // Em 1917 seguiu para França, a fim de combater os alemães. // Deve ter abraçado o catolicismo, pois decidiu casar na igreja de Remoães, a 2 de Outubro de 1929, com a sua esposa, agora com 35 anos de idade. // Como o reformaram relativamente novo, veio para Melgaço, onde o nomearam vice-presidente da Câmara Municipal (*), e oficial da legião portuguesa, além de presidente da Comissão de Assistência à Família de Melgaço. // Morreu em Santo Ildefonso, Porto, no hospital, a 13 de Maio de 1956. // A sua viúva faleceu na Póvoa de Lanhoso em 1962 ou 1963 (ver Notícias de Melgaço n.º 1463, de 3/3/1963). // Pai de Maria Luísa, nascida em 1928, professora do ensino básico desde 1952, a qual casou a 8/12/1953 com o Engenheiro Armando, de vinte e oito anos de idade, filho de Américo Rodrigues e de Maria Ferreira Gonçalves, de Póvoa de Lanhoso (esta senhora em Março de 2019 ainda estava viva); de Marcolina, nascida a 3/2/1932, falecendo no dia seguinte; e de Luís, nascido a 20/12/1933. /// (*) O presidente da Câmara Municipal era o Dr. Elísio Pimenta, que deixou o cargo a 21/3/1949, sendo substituído pelo Dr. Carlos Luís da Rocha, notário (ver Notícias de Melgaço n.º 893, de 27/3/1949).       

 

MONTEIRO, Luísa. // Faleceu solteira, a 30/12/1859, no lugar da Costa, Remoães, e foi sepultada na igreja a 1/1/1860, com ofício de corpo presente de assistência de sete sacerdotes.

 

MONTEIRO, Luísa. Filha de Domingos Durães, de Santa Marta, Viana do Castelo, e de Clara Monteiro, de Remoães, lavradores. // Faleceu solteira, em sua casa da Costa, Remoães, a 22/4/1872, com (70 anos?), e foi sepultada na igreja no dia seguinte. // Fizera testamento. // Sem geração.

 

MONTEIRO, Manuel. Filho de João Monteiro e de Margarida Vaz, moradores na freguesia de Remoães. // Lavrador. // Morreu no estado de solteiro, a 10/7/1868, em sua casa do lugar da Costa, Remoães, com 78 anos de idade, e foi sepultado na igreja paroquial.

 

MONTEIRO, Manuel. Filho de Constantino Monteiro e de Mariana Moure, camponeses, moradores no lugar de Canle, freguesia de Remoães. Neto paterno de Maria Rita Monteiro, solteira; neto materno de António Francisco Moure e de Maria Joaquina Exposta, lavradores, remoalenses. Nasceu em Remoães a 24/11/1897 e foi batizado na igreja paroquial a 30 desse mesmo mês e ano. Padrinhos: João Domingues dos Santos e sua filha Maria Domingues dos Santos, casada, rurais, remoalenses.

 

MONTEIRO, Manuel. Filho de Augusto Cândido Monteiro e de Maria de Jesus Gonçalves. Nasceu em Remoães a 7/12/1912 (*) (Correio de Melgaço n.º 28, de 15/12/1912). // Casou com Idalina de Jesus Fontão (1915-1991), natural da freguesia de Paderne. // O casal residiu no lugar do Peso. // Foi funcionário da empresa “Vidago, Melgaço & Pedras Salgadas”, tendo prestado serviço na estância termal do Peso. // Morreu em Alvaredo, em casa de familiares, a 3/10/1990, já aposentado. // O seu corpo e o da esposa estão sepultados no cemitério de Alvaredo. // Pai de Lindalva e sogro de Manuel Ribeiro (Branco), motorista de táxi na praça da Vila de Melgaço; avô de Paulo Ribeiro e de Rui Ribeiro (ver A Voz de Melgaço n.º 927). /// (*) Na sua campa registaram a data de 7/12/1913.

 

MONTEIRO, Manuel Bento. Filho de Constantino Monteiro e de Mariana de Francisco Moure, lavradores. Neto paterno de Maria Rita Monteiro; neto materno de António Francisco Moure e de Maria Joaquina Exposta. Nasceu em Remoães a 28/8/1890 e foi batizado na igreja paroquial a 2 de Setembro desse mesmo ano. Padrinhos: Manuel Bento Monteiro, casado, da Quinta da Torre, Paderne, e Rita Lourenço, solteira, natural de Remoães. // Morreu no dia 27/12/1891, no lugar de Canle, Remoães, em casa de seus pais, com apenas catorze meses de vida (incompletos).

 

MONTEIRO, Manuel Durães. // Morreu no estado de solteiro, a 8/1/1855, no lugar da Costa, freguesia de Remoães, e foi sepultado na igreja paroquial a 10 desse mesmo mês e ano, com ofício de corpo presente de assistência de 25 sacerdotes. Posteriormente fizeram, por sua alma, mais dois ofícios, cada um de assistência de nove padres.     

 

MONTEIRO, Manuel de Jesus. Filho de Constantino Monteiro e de Mariana de Francisco Moure, residentes em Canle. N.p. de Maria Rita Monteiro, solteira, da Portela de Remoães; n.m. de António de Francisco Moure e de Maria Joaquina Exposta, de Canle, todos lavradores. Nasceu a 26/6/1883 e foi batizado na igreja paroquial a 29 desse mês e ano. Padrinhos: Bento Manuel Monteiro, casado, da Quinta da Torre, Paderne, e Aurélia Mosqueira, solteira, moradora em Remoães. // Morreu em casa dos pais, a 9/12/1883, e foi sepultado no cemitério local.

 

MONTEIRO, Manuel José. Filho de Manuel José Monteiro e de Maria Marques. Nasceu no lugar da Lage, Remoães, a --/--/1741. // Foi inscrito na Confraria das Almas de Prado a 6/1/1751, por 240 réis. // Casou no lugar do Buraco, freguesia de Prado, com Maria, filha de Domingos Vaz e de Maria Rodrigues. // Em 1790 já estava viúvo. // Pai de Domingos, de José, e de Manuel.  

 

MONTEIRO, Manuel José. Filho de João António Monteiro e de Luísa Maria Rodrigues, moradores no lugar da Costa, Remoães. Neto paterno de António Monteiro e de Luísa Vaz, de Remoães; neto materno de Estêvão Rodrigues, do Cruzeiro, São João de Sá, Valadares, e de Rosa Soares, da Granja, Alvaredo. Nasceu em Remoães a 5/5/1819 e foi batizado a (?). Padrinhos: padre Miguel Caetano Vaz e Caetana Maria Rodrigues, tia da batizanda, do lugar do Cruzeiro, São João de Sá.

 

MONTEIRO, Manuel Luís. Filho de João António Monteiro e de Luísa Maria Rodrigues, moradores no lugar da Costa, Remoães. Neto paterno de António Monteiro e de Luísa Vaz, de Remoães; neto materno de Estêvão Rodrigues e de Rosa Soares, do concelho de Valadares. Nasceu em Remoães a 18/8/1824 e foi batizado no dia seguinte. Padrinhos: o padre Manuel Afonso, de Cima de Vila, e Teresa Monteiro, do lugar da Folia.    

 

MONTEIRO, Margarida. // Faleceu no estado de viúva, a 31/7/1837, no lugar da Costa, freguesia de Remoães, e foi sepultada na igreja paroquial. Deixou testamento, no qual estipulava que lhe fizessem três ofícios por sua alma, cada um de vinte padres.  

 

MONTEIRO, Maria. // Faleceu solteira, a 31/12/1805, no lugar da Lage, Remoães, e foi sepultada na igreja a 1/1/1806, em túnica de São Francisco.

 

MONTEIRO, Maria. Filha de Manuel Monteiro e de Margarida Monteiro, rurais. // Faleceu solteira, a 22/10/1866, em sua casa da Costa, Remoães, com 78 anos de idade, e foi sepultada na igreja. // Lavradeira. // Não deixou filhos.

 

MONTEIRO, Maria Albina. Filha de Ana Joaquina Monteiro, moradora na Portela de Remoães. Neta materna de Agostinho José Monteiro e de Isabel Domingues. Nasceu em Remoães a 2/1/1852 e foi batizada na igreja paroquial dois dias depois. Padrinhos: o padre Manuel António Gonçalves e Maria Rosa, solteira, do lugar de Lapela, Fiães. // Faleceu no lugar de Canle, Remoães, a 25/1/1940. // Mãe de Constância (1887-1888), de Virgínia Monteiro, casada com João (ou Manuel) Duarte Franco, etc.    

 

MONTEIRO, Maria Albina. Filha de Constantino Monteiro e de Mariana Moure. Neta paterna de Maria Rita Monteiro, solteira; neta materna de António Francisco Moure e de Maria Joaquina Exposta. Nasceu em Remoães a 23/11/1888 e foi batizada na igreja paroquial a 25 desse mesmo mês e ano. Padrinhos: Manuel Bento Monteiro, casado, tio da neófita, e Rita Lourenço, solteira, do lugar do Rego, Remoães. // Casou na CRCM a 13 de Janeiro de 1921 com José Manuel de Oliveira. // Ficou viúva no dia 25 de Janeiro de 1968. // Faleceu na freguesia de Messegães, concelho de Monção, a 23 (?) de Junho de 1970.  

 

MONTEIRO, Maria Benta. Filha de João Monteiro e de Luísa Maria Rodrigues. N.p. de António Monteiro e de Luísa Vaz, de Remoães; n.m. de Estêvão Rodrigues, do Cruzeiro, São João de Sá, Valadares, e de Rosa Soares, da Granja, Alvaredo. Nasceu a 21/3/1817 e foi batizada no dia seguinte. Padrinhos: padre Miguel Vaz (Tozeira?), de Cima de Vila, Remoães, e Ana Maria Rodrigues, do Cruzeiro, São João de Sá, Valadares. // Casou com Joaquim José de Puga.

 

MONTEIRO, Maria Claudina. Filha de Matias José Monteiro e de Rosa Joaquina Marques Gonçalves, moradores na Costa, Remoães; N.p. de Agostinho José Monteiro e de Isabel Domingues, do dito lugar da Costa; n.m. de Manuel José Gonçalves e de Antónia Joaquina Marques, da Cividade, Paderne. Nasceu a 14/1/1826 e foi batizada a 18 desse mês e ano. Padrinhos: padre Luís de Nóvoa, vigário de Cubalhão (Valadares), e Maria Gertrudes Ferreira, do lugar da Costa, Remoães.   

 

MONTEIRO, Maria Elvira. Filha de --------- Monteiro e de --------------------------. Nasceu em -------------, por volta de 1852. // Faleceu no lugar de Canle a --/--/1940, com oitenta e oito anos de idade (NM 481, de 11/2/1940).

 

MONTEIRO, Maria da Glória. Filha de Augusto Cândido Monteiro e de Maria de Jesus Gonçalves Ferraz. Nasceu em Remoães a --/--/1914 (Correio de Melgaço n.º 119, de 6/10/1914). 

 

MONTEIRO, Maria Josefa. Filha de António Monteiro e de Ana Gonçalves, lavradores. Nasceu em Remoães por volta de 1792. // Lavradeira. // Faleceu solteira, a 6/8/1870, em sua casa da Portela, Remoães, com 78 anos de idade, e foi sepultada na igreja no dia seguinte. // Não deixou filhos.

 

MONTEIRO, Maria Luísa. Filha de -------- Monteiro e de ----------------------------. Nasceu na Folia, Remoães, a --/--/17--. // Era mãe de Teresa Maria, casada com Manuel Joaquim Gonçalves, e avó de José Maria Gonçalves, nascido em Alvaredo a 4/2/1833, cujos padrinhos foram José Fernandes e sua irmã, Maria Fernandes, do Cruzeiro, Remoães. 

 

MONTEIRO, Maria Luísa. Filha de -------- Monteiro e de ----------------------------. Nasceu em --------------, a --/--/192-. // Em 1938 fez exame do ensino primário na escola de Remoães, com a professora Luísa Sampaio, ficando aprovada. // (NM 409).

 

MONTEIRO, Maria Rita. Filha de Agostinho José Monteiro e de Isabel Maria Domingues, lavradores, residentes em Remoães. Nasceu nesta freguesia por volta de 1804. // Camponesa. // Faleceu solteira, a 15/4/1876, com 72 anos de idade, em sua casa do lugar da Costa, Remoães, e foi sepultada na igreja local. // Deixou filhos.   

 

MONTEIRO, Maria Teresa. Filha de João António Monteiro e de Luísa Maria Rodrigues, moradores no lugar da Costa, Remoães. Neta paterna de António Monteiro e de Luísa Vaz Torres, do dito lugar; neta materna de Estêvão Rodrigues e de Rosa Soares, do Cruzeiro, São João de Sá, Valadares. Nasceu em Remoães a 10/2/1826 e foi batizada na igreja dois dias depois. Padrinhos: Caetano Maria de Abreu Mosqueira Lira e sua mãe, Maria Teresa Mosqueira Lira, residentes na Vila de Melgaço.    

 

MONTEIRO, Prazeres de Ascensão. Filha de Augusto Cândido Monteiro, natural de Remoães, e de Maria de Jesus Gonçalves, natural de Paderne, moradores no lugar de Gondomar. Neta paterna de Albina Monteiro; neta materna de José Bento Gonçalves Ferraz e de Maria do Rosário da Mota Mâncio. Nasceu em Remoães a 20/3/1909 e foi batizada na igreja paroquial a 23 desse mesmo mês e ano. Padrinhos: João Esteves, solteiro, e Claudina Gonçalves Ferraz, solteira, tia da neófita. // Faleceu na sua freguesia de nascimento a 27/11/1919.   

 

MONTEIRO, Rosa. Filha de Maria Monteiro, costureira, moradora na Portela de Remoães. N.m. de Ana Monteiro. Nasceu a 20/4/1874 e foi batizada a 27 desse mês e ano. Padrinho: Francisco Gonçalves, remoalense.

 

MONTEIRO, Rosa Clara. Filha de Ana Joaquina Monteiro, moradora na Portela de Remoães. N.m. de Agostinho Monteiro e de Isabel Domingues, do dito lugar. Nasceu a 9/12/1841 e foi batizada a 12 desse mês. Padrinhos: Manuel Bernardo Esteves, da Folia, e Rosa Simões, da Corga. // Camponesa. // Faleceu solteira, a 21/4/1872, em sua casa da Portela de Remoães, e foi sepultada na igreja a 23 desse mês e ano. // Não deixou filhos.

 

MONTEIRO, Teresa Luísa. Filha de Maria Luísa Monteiro, moradora na Folia. Neta materna de Miguel Monteiro e de Rosa Esteves, do dito lugar. Nasceu a 7 de Agosto de 1801 e foi batizada pelo padre António Luís Alves, encomendado de São Cosme e Damião, termo de Valadares. Padrinhos: António de Sendim, solteiro, de Felgueiras, Paderne, e Maria José Esteves, de Mós, Penso.     

 

MONTEIRO, Vicência Engrácia. Filha de António Monteiro e de Luísa Vaz, moradores na Portela (e Costa), Remoães. // Faleceu a 2/6/1814 e foi sepultada na igreja no dia seguinte.

 

MONTEIRO, Virgínia de Jesus. Filha de Maria Albina Monteiro, solteira, camponesa, moradora no lugar da Portela de Remoães. Neta materna de Ana Joaquina Monteiro. Nasceu em Remoães a 17/9/1876 e foi batizada na igreja paroquial no dia seguinte. Madrinha: Rosa Fernandes, remoalense. // Costureira. // Casou com João Duarte Franco, 2.º sargento da Guarda-Fiscal, natural de Mafra (ver). // Faleceu a 7/11/1904, no lugar da Portela, Remoães, com todos os sacramentos da igreja católica, no estado de casada, sem testamento, com geração, e foi sepultada no cemitério local.  

 

MONTEIRO, Vitorino Inácio. Filho de Maria Rita Monteiro. Neto materno de Agostinho José Monteiro e de Isabel Maria Domingues. Nasceu em Remoães a 7/4/1828 e foi batizado na igreja paroquial a 12 desse dito mês e ano. Padrinhos: o seu tio materno, António Luís Monteiro, e Maria Luísa Monteiro, solteiros, todos da Portela de Remoães.

 

MORAIS

 

MORAIS, João. Filho de João de Sousa e Castro e de sua mulher, Rita Luísa de Brito e Azevedo «sendo ele pai natural, desta mesma freguesia, e ela, mãe, da freguesia de São Martinho de Vascões, Paredes de Coura.» // Casou na igreja de Remoães a 18/3/1835, com Maria Antónia de Sousa e Castro Morais Sarmento, filha de António de Sousa e Castro, de Remoães, e de Gertrudes Cândida Gomes de Melo Abreu e Lima, de Ferreiros, Amares. Testemunhas presentes: António de Sousa e Castro Pereira de Araújo e António de Sousa Gama, de Prado. // Casou-os o padre frei Francisco Manuel de Santa Ana de Sousa Araújo.   

 

MOSQUEIRA

 

MOSQUEIRA, Caetano Maria de Abreu. Filho de Caetano Maria de Abreu Mosqueira e de Maria José Moreira da Cunha Rego. Neto paterno de Caetano José de Abreu Soares e de Maria Teresa Mosqueira Lira, da Vila de Melgaço; neto materno de José António Moreira e de Ana Tomásia da Cunha Rego, da Vila de Viana. Nasceu a 11/9/1832 e foi batizado na igreja de Remoães pelo padre Manuel Afonso. Padrinhos: José Albano de Abreu Cunha Araújo, por procuração do avô materno do neófito, solteiro, da Casa do Rio do Porto, SMP, e Maria Bernarda Mosqueira Lira, solteira, da Casa de Paraveda, São Cristóvão de Mourentão, bispado de Tui.

 

MOURE

 

MOURE, António Francisco. Filho de Lourenço Trancoso e de Maria Moure, de Cecrinhos, Galiza. Nasceu nesse concelho do bispado de Tui por volta de 1823. // Lavrador. // Faleceu a 2/10/1893, com setenta anos de idade, em sua casa de Canle, Remoães, viúvo de Maria Joaquina, e foi sepultado no cemitério local. // Deixou filhos.  

 

MOURE, Joana. Filha de Maurício Moure e de Isabel de Nóvoa. Nasceu em Cecrinhos, Galiza, por volta de 1798. // Camponesa. // Faleceu no estado de solteira, em sua casa de Canle, Remoães, a 30/4/1868, com cerca de setenta anos de idade, e foi sepultada na igreja. // Não deixou filhos. 

 

MOURE, Maria. Filha de Maurício Moure e de Isabel de Nóvoa, naturais de Cecrinhos, Galiza. // Lavradeira. // Faleceu em sua casa, sita no lugar de Canle, freguesia de Remoães, a 14/10/1866, com setenta anos de idade, no estado de casada com Lourenço Francisco, de São Miguel de Cecrinhos, Galiza, e foi sepultada na igreja de Remoães, concelho de Melgaço, no dia seguinte. // Deixou filhos.  

 

MOURE (ou Moura), Mariana. // Nasceu por volta de 1855. // Faleceu no lugar de Canle, freguesia de Remoães, Melgaço, a --/--/1930, com setenta e cinco anos de idade (Notícias de Melgaço n.º 84, de 2/11/1930).

 

NÓBOA

 

NÓBOA, António. Filho João Soares da Nóboa e de Maria Durães de Abreu. N.p. de Filipe Soares e de Maria Gonçalves da Nóboa; n.m. de Sebastião Durães e de Maria Rodrigues de Abreu. Nasceu em Remoães a --/--/16--. // «Foi familiar do Santo Ofício e grande proprietário.» Devido a ter muitas propriedades, e dispersas, requereu ao rei D. Pedro II (1683-1706) autorização para usar armas de fogo, tendo-lhe sido concedida. // A 24/2/1693 ingressou na Confraria da Santa Casa da Misericórdia de Melgaço, pagando pela entrada a quantia de 400 réis, pois já tinha mais de 25 anos de idade. // Casou a 23/1/1695, na igreja da Misericórdia, Vila, com Margarida, filha do capitão Domingos Gomes de Abreu e de Francisca Coelho. // Faleceu a 29/5/1706. // A sua viúva finou-se a 18/3/1723. // Com geração (ver na Vila).        

 

NÓBOA, Isabel Batista. Filha de João Soares da Nóboa e de Maria Durães de Abreu. Neta paterna de Filipe Soares e de Maria Gonçalves da Nóboa; neta materna de Sebastião Durães e de Maria Rodrigues de Abreu. Nasceu a --/--/16--. // Foi admitida na Confraria das Almas a 1/9/1693, ainda não teria vinte anos de idade, pagando de jóia duzentos réis. // Ingressou como religiosa no convento de São Francisco, em Valença. // Morreu sem geração.  

 

NÓBOA, João. Filho de Filipe Soares e de Maria Gonçalves da Nóboa. N.p. de António Soares e de Maria Gonçalves; n.m. de Álvaro Gonçalves e de Maria Gonçalves da Nóboa. Nasceu em Remoães 18/7/1632. // Casou antes de 1658 com Maria, filha de Sebastião Durães e de Maria Rodrigues de Abreu, naturais de Prado. // O casal devia ter algum dinheiro, pois compraram em 1658 a António Afonso, viúvo, de Remoães, a seu filho Miguel Afonso e esposa, Maria de Freitas, de Rouças, e a Tomé Fernandes, viúvo, genro do referido António Afonso, o “Campo do Fojo”, por 28$000 réis, valor significativo naquela altura. // Em 1667 voltaram a fazer mais compras, desta vez ao morgado do Fecho, capitão Lopo de Castro de Sousa, e esposa, Ana Maria de Sousa. // Faleceu na sua freguesia de nascimento a 15/4/1701. // A sua viúva finou-se na Vila a 6/10/1701. // Com geração.

 

NÓBOA, Maria. Filha de Álvaro Gonçalves (*) e de Maria Gonçalves da Nóboa. Nasceu em Remoães. // Casou na sua freguesia de nascimento a 4/8/1625 com Filipe, filho de António Soares e de Maria Gonçalves, moradores em Remoães. // Com geração (ver em Nóboa). /// (*) Álvaro Gonçalves morreu a 16/12/1625 e a sua viúva a 15/12/1626.

 

NÓBOA, Maria. // Dizia-se familiar dos navegadores deste apelido. // Casou em Remoães, onde morava certamente, nos primeiros anos do século XVII com António Soares, nascido na Vila de Melgaço. // Mãe de António, casado com --------------, filha de António Abreu Novais, sargento-mor, de Remoães.

 

NOVAIS

 

NOVAIS, António Abreu. // Nasceu em Remoães no século XVII. // Cavaleiro professo na Ordem de Cristo, sargento-mor, governador militar da Praça de Melgaço… // Em 1682 foi provedor da Santa Casa da Misericórdia de Melgaço. // Em 1689 nomearam-no vereador mais velho e juiz pela ordenação, na ausência do juiz de fora (Organização Judicial de Melgaço, de Augusto César Esteves, página 124). // Tomou parte activa nas lutas por aqui travadas durante a guerra da sucessão de Espanha. // Uma sua filha casou com António, filho de António Soares e de Maria Nóboa, ao qual D. Pedro II lhe concedeu, a 7/6/1694, alvará para usar clavina de pederneira.    

 

NOVAIS, Matias. // Nasceu em Remoães. // Casou com Margarida Fernandes. // Em 1730 continuavam ambos vivos. // Pai de Diogo, de José, e de Manuel.

 

NOVAIS, Rosa. // Faleceu no estado de viúva, a 31/12/1852, em Cima de Vila, Remoães, subitamente, de moléstia, que a privou de todos os sentidos corporais, e foi sepultada na igreja a 1/1/1853, com ofício de corpo presente de assistência de dez padres. Posteriormente teve mais dois ofícios de assistência de oito sacerdotes cada um.

 

NUNES

 

NUNES, Manuel. Filho de ----------- Nunes e de ---------------------------------------. Nasceu a --/--/1---. // Em 1914 frequentava a escola do sexo masculino de Remoães, tendo por professor José Caetano Gomes; nesse ano, a 2 de Julho, foi fazer exame do 1.º grau (3.ª classe) à escola Conde de Ferreira, Vila, obtendo a classificação de «bem» (Correio de Melgaço n.º 106, de 7/7/1914). // Sem mais notícias. // continua...

 

quarta-feira, 21 de setembro de 2022

POLÉMICA: PROFESSOR CONTRA PADRE  



SOARES, António Joaquim. // Foi professor na escola do ensino primário de Paderne, Melgaço. // A 15/5/1929 escreveu uma carta aberta ao padre “Amigo”, pároco de Paderne (ver Notícias de Melgaço n.º 13, de 19/5/1929, e Notícias de Melgaço n.º 16). Podemos ler: «Carta aberta ao padre Amigo, abade da freguesia de Paderne. Alguns dias depois da minha chegada a esta freguesia entrei na igreja e vi orar Vossa Reverência com gestos e modos tais que me deram a impressão de que observava um libidinoso, prestando culto a Adónis e não a ideia de que via um padre ou um crente encomendar-se a Deus. Pareceu-me ver, por este motivo, que V.R. não seria aquele padre bom que – dotado de amor e de abnegação humana – educa e instrui o povo da sua freguesia. Assim como percebi que V.R. somente poderia conviver com pessoas hipócritas ou que fingiam submeterem-se e obedecerem à sua vontade caprichosa e jesuítica, também conheço que não me perdoa as ideias rasgadamente liberais que sempre e em toda a parte espalho e apregoo, sem outro intuito que não seja o de contribuir para dar satisfação à minha consciência e rasgar novos horizontes ao povo que V.R. tanto empenho tem em embrutecer (...) E, como bom jesuíta que é, vai fazendo uma campanha de infamiazinhas contra mim, quer como cidadão, quer como professor. Eu sei que V.R. vê em mim o seu maior e o seu mais terrível adversário na faina que empreendeu de converter esta freguesia em bando jesuítico, em rebanho que V.R. possa tosquiar sem que ele esboce o mais leve sinal de revolta. Sei também que lhe convinha na freguesia um professor que não educasse, não instruísse, e não republicanizasse. V.R. não estava acostumado a ouvir cantar pela rapaziada o hino nacional, a Portuguesa, a Maria da Fonte, e outros hinos patrióticos, e canções educativas cujo ritmo lhe fere os ouvidos. Teme o ensino e a educação racional que hoje se ministra nas escolas. Desgosta-se ao saber da alegria e satisfação dos petizes quando ouvem exaltar os atos dos nossos santos heróis dotados de bondade, fé cristã e abnegação, que fizeram de Portugal a primeira nação do mundo, e que tanto contribuíram para a emancipação humana! Encoleriza-se ao ouvir dizer o que foi a inquisição e outras quejandas delícias que em outros tempos faziam a felicidade dos povos! V.R. não quer que se diga que a inquisição, cujos membros faziam parte da classe clerical, foi obra de jesuítas, e que a confissão foi imposta por estes? Não gosta de ouvir a verdade, senhor abade? Pois ouça esta: “Fez no dia 31 de Março cento e oito anos que em Portugal foi extinta a inquisição. Só em quatro tribunais matou ela [no país] 6.542 pessoas! Em Lisboa queimou vivos 355 homens e 221 mulheres! Nos cárceres morreram 546 mulheres e 706 homens e sofreram ainda os horrores dos primeiros castigos 6.005 homens e 4.960 mulheres! E, isto, senhor abade, em nome de Deus! V.R. sabe muito bem que na escola de Paderne se ministra educação e instrução, que se formam carateres e vontades. A prova disto dão-na a petizada que vem com satisfação para a aula, saindo cantando. V.R. já não ouve dizer que as crianças que frequentam a escola praticam atos malfazejos pelos caminhos. Já ninguém vem queixar-se à aula que este ou aquele menino fizera qualquer judiaria! Porquê, senhor abade? É que procuro formar o coração das crianças para a prática do bem, do que é belo, do que é justo e sublime, encaminhando-as sobretudo na senda da verdade, da honestidade e do trabalho. E, sempre que tenho oportunidade, e encontro no livro a palavra Deus, explico-lhes assim: “Deus é a suprema e soberana inteligência, é único, eterno, imutável, imaterial, todo-poderoso, soberanamente justo e bom, infinito em todas as suas perfeições”, e não pode ser de outra maneira. Dou-lhes o sentido de todas as palavras. Assim: imaterial quer dizer que difere de tudo quanto chamamos matéria; de outro modo não seria imutável por estar sujeito às transformações da matéria. Deus não tem forma apreciável aos nossos sentidos. As imagens que apresentam Deus sob uma forma de figura de longas barbas, coberto com um manto, são ridículas; têm o inconveniente de rebaixar o Ser Supremo às mesquinhas proporções da humanidade. Daí a emprestar-se-lhe as paixões humanas e a fazer dele um Deus colérico e ciumento não há mais do que um passo. E esforço-me, para que os meus educandos compreendam quem seja Deus e se lhes assemelhem nas suas ações, adquirindo a completa purificação do seu espírito pelo rigoroso cumprimento dos seus deveres para com os pais, para consigo mesmos, para com os velhos, e mais fracos, para com os animais e plantas, ilustrando-os com os conhecimentos de história e das forças da natureza. Atenda, por isto, à diferença que existe entre nós dois na maneira de educar. Eu educo, ensino e instruo; V.R. deseduca, desensina, e animaliza. Qual é, pois, o medo de V.R. à escola? Eu sei. V.R. prevê daqui a quatro anos, não as rixas fratricidas como disse na missa conventual do penúltimo domingo, mas sim a existência de alguns rapazes conscientes de espírito lúcido e esclarecido, bons portugueses, bons republicanos, homens livres, enfim, perfeitos e capazes de elucidar aqueles que tiveram a desdita de não passarem além da doutrina ensinada pelas beatas ao serviço de V.R. Antes V.R. tivesse dito: “Foi publicado um decreto pelo governo da República com força de lei proibindo a saída de Portugal a todo o cidadão maior de catorze anos que não tenha exame da terceira classe das escolas primárias”. Mandai vossos filhos à escola para se instruírem (…) Para que persiste em não (…) e espiritualizar os seus fregueses? Prefere os ignorantes para serem seus escravos, para serem católicos à sua semelhança e maus cristãos como V.R.? Porque lhes não ensina os deveres que os pais têm para com os filhos, a maneira daqueles educarem estes no lar? Os deveres dos filhos, para com os pais, e a forma de respeitar estes? Os deveres, para com os seus semelhantes? O respeito que devem aos velhos e aos mais fracos? O respeito que devem às crianças; os deveres para com os animais – nossos irmãos espirituais –, a estima e o amor que devem ter às plantas, o carinho e cuidado que devem ter com os ninhos das aves e a proteção que lhes devem? Porque lhes não dá algumas instruções sobre higiene e os não elucida sobre os agentes naturais e certos fenómenos para lhes tirar o medo e a superstição? Porque lhes não faz compreender que o mal é obra do homem e não de Deus? Não procure atemorizá-los com o quadro das chamas, nas quais acabam por não acreditar, e que lhes fazem duvidar da bondade de Deus. Mostre-lhes as descobertas da ciência como revelação das leis divinas e não como obra de Satanás. Ensine-lhes, enfim, a ler no livro da natureza, constantemente aberto diante de si, nesse livro inesgotável, onde a sabedoria e a bondade do criador estão escritas em cada página. Então eles compreenderão que Deus, ocupando-se de tudo e tudo prevendo, deve ser soberanamente poderoso. O lavrador, traçando os sulcos, o verá. O infeliz o bendirá em suas aflições, dizendo: “Se sou desgraçado é por minha culpa”. Assim os homens serão sobretudo racionalmente religiosos; muito mais do que acreditassem nas pedras que transpiram sangue, nas imagens que piscam os olhos e derramam lágrimas. Para findar: modifique-se, senhor abade, contemporize e apascente racionalmente as suas ovelhas, se deseja ver-me no seu rebanho. Contribua com a sua inteligência para a unificação das religiões, embora lhe pareça difícil, atendendo às diferenças existentes entre elas, e o antagonismo entre os seus adeptos. Porém, ela se fará em religião, como já tende a fazer-se social, política e comercialmente. Os povos do planeta terra já fraternizam, e não está longe a sua felicidade. Para a frente é que é o caminho do bem.» // Paderne, 15/5/1929. O professor: António Joaquim Soares


    No Notícias de Melgaço n.º 16, de 9/6/1929, escreveu o professor António Joaquim Soares: «Diário do Minho, Paderne, 1/6/1929. A propósito da nossa carta aberta ao reverendo padre “Amigo”, de Paderne, o Diário do Minho de 23/5/1929 publica um artigo abordando a nossa vida particular e íntima. O marujo, autor do artigo, esconde-se atrás do pseudónimo “Particular” e diz que não nos conhece, honrando-nos muito com isso, porque só desejamos ser conhecidos de pessoas de cavalheirismo e de caráter nobre, e não de canalhas como o tal “Particular”, que não tendo outros processos de crítica às nossas afirmações serviu-se de meios adotados por qualquer garoto que não sabe defender-se, ou atacar, senão com insultos. Nós não falamos na vida particular de padres, nem de católicos, mas já que o senhor “Particular” assim o quer, seja feita a sua vontade. Não somos católico, mas sim cristão, e envergonhamo-nos de certos atos praticados pela grande maioria de padres católicos que se dizem diretos representantes de Cristo. Assumimos em todas as ocasiões a responsabilidade que praticamos. Nunca aconselhamos as amantes a encobrir os filhos para que depois desapareçam por qualquer forma, ou conseguir-lhes supostos pais por juntas de bois, ou seu valor. Não exploramos a ignorância e bondade dos nossos semelhantes em proveito próprio, ou de quem quer que seja. Obedecemos somente a ocultas leis fisiológicas, pelas quais miríades de pessoas de bem se deixam dominar. Declare, pois, o senhor “Particular” a sua identidade para lhe expormos tudo claramente, já que assim o provocou e deseja. Alguma coisa lhe tocará, também. Ainda que seja do inferno, lá teremos amigos que nos informarão. Entretanto, com a nossa literatura de cordel lhe iremos tecendo um cabresto e uma cilha para segurar bem aquele grande animal, o jesuitismo, que não o deixa proceder com correção.» 


 Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 16, página 5: «Ex.mo Sr. Professor de Paderne. Por acaso, não sei se feliz ou infelizmente, li há dias no Notícias uma carta aberta ao senhor padre “Amigo”, da autoria de V. Ex.ª // É deveras uma carta original em desvergonha e atrevimento, fruto, como não podia deixar de ser, de uma inteligência desorientada, só própria de boçais qualificados. Francamente, conto já bastantes primaveras e não tinha tido ainda carta ou artigo de jornal que provocasse em mim tão violentos frémitos de indignação, de mistura com (…) estrepitosas gargalhadas, como a carta em questão. É, que, a inteligência humana, feita só para a verdade, não pode sofrer de bom ânimo que o disparate alardeie infrene, que o erro adquira foros de legalidade, que a mentira grosseira passe em julgado e tenha ingénuo acolhimento por parte de muitos simples, cujo espírito é uma tábua rasa, na qual nada está escrito. Por outro lado, a tolice teve sempre a sua graça. Hesitei em escrever, porque à primeira vista pareceu-me que se tratava de uma questão meramente pessoal, mas, refletindo melhor, vi nessa carta uma afronta pública à dignidade e nobre missão do clero católico e um enxovalho blasfemo lançado sobre a Religião Santa de Jesus Cristo. Prescindo das razões particulares e pessoais que determinaram V. Ex.ª a exautorar e a cobrir de hediondos vitupérios o reverendo abade de Paderne, que não tenho a honra de conhecer. A este, peço eu licença para repelir na arena da imprensa uma afronta, que [visando] ofender a consciência dos católicos, considero feita à minha pessoa. É-me impossível reduzir a uma ou a poucas proposições todas as afirmações de caráter doutrinário que V. Ex.ª fez na sua carta. Elas são tantas e tão variadas! De cada uma farei a devida crítica, guiado somente pela verdadeira história e pela luz da ciência sem preconceitos. Verá que o odioso da Inquisição não recai sobre a Igreja; e que não é com uma frase destacada e nua que se resolve uma questão histórica tão delicada e que tem feito correr rios de tinta. Verá como a ação singularmente humanitária da Igreja Católica jamais conheceu eclipses totais; verá que a árvore gigantesca da caridade cristã acariciou com a sua sombra benfazeja as gerações de vinte séculos; verá que a Igreja está distribuindo os seus frutos de bênção e de ternura maternal entre todos os povos do mundo; verá que o seu campo de ação não se acha limitado, senão pelos gelos intransitáveis dos polos; verá que o facho luminoso da verdade, acendido há 1929 anos por Jesus Cristo, não tem cessado de dissipar as trevas do erro e da ignorância; verá que a Igreja Católica não está circunscrita ao concelho de Melgaço, mas que só tem por balizas os confins da Terra. Senhor Professor! V. Ex.ª abriu fogo! Agora tem de esperar o avanço das tropas inimigas. Não o magoe, porém, este vocábulo – inimigas, porque os católicos sabem odiar o erro mas ter caridade para com os que erram. Importa, contudo, que V. Ex.ª expectore tudo quanto sabe e sente contra a Igreja, contra a religião, e contra Deus. Importa saber se V. Ex.ª é protestante, deísta ou ateu encoberto, porque conforme a posição que tomar assim urge dirigir o ataque. // Isto já vai longe e eu não quero abusar da generosidade do diretor deste jornal. Por isso, para já, fica V. Ex.ª intimado a provar-me em que ano foi instituída a Ordem dos Jesuítas, pois que V. Ex.ª lhe atribui a imposição da confissão (sic) quando eu julgava que ela tivesse sido instituída e imposta por Jesus Cristo. Fica intimado a provar-me historicamente qual foi esse concílio célebre em que os jesuítas deliberaram inventar e impor a confissão, ou – se atribui essa invenção a um só jesuíta – quem foi esse homem notável, o seu nome, a sua nacionalidade, o tempo em que viveu, e quais os protestos de todos os que não eram jesuítas, quer padres, quer simples fieis, contra essa imposição odiosa? Sim! Importa conhecer esse homem. A humanidade, por dever de gratidão, tem de erigir uma estátua ao autor de tão proverbial invento, que tantas vezes tem feito chegar o alheio às mãos do legítimo dono, que a tantos tem afastado do caminho asqueroso do vício, que de criminosos tem feito grandes santos. V. Ex.ª, que se apelida de apóstolo do bem, não deixará certamente de tomar interesse nesta empresa, gratíssima aos corações generosos, de tributar a devida homenagem a tão extraordinário benfeitor da humanidade. Importa solicitar do Estado uma emissão de selos para levar a esse efeito a justa glorificação desse grande personagem. Pois quê! Teve o marquês de Pombal essa honra, e… não a há de ter também o inventor da confissão? Portugal deve, pois, importar-se ao mundo, dando esse exemplo de rasgada gratidão. Então as outras nações, envergonhadas de tão longo e injusto silêncio, imitarão também o nobre gesto desta nação, que nos tempos jesuíticos deu cartas ao mundo inteiro. Auxilie-me, senhor professor, auxilie-me nesta empresa. Junte a sua autorizada voz à minha, que é débil; mais tarde, talvez num futuro próximo, receberá V. Ex.ª uma retribuição condigna – uma estátua em sua honra, pois ao que parece já descobriu um meio ou, ao menos, possibilidade de instruir e educar os animais, seus irmãos espirituais (sic). Oh! Então a humanidade receberá um numeroso contingente. No reino animal haverá perfeita camaradagem. Desde o sapo ao homem mais categorizado ouvir-se-á uma só voz: - viva a liberdade! Todos somos irmãos! Mas antes, senhor professor, terá necessariamente de haver conflitos sangrentos, uma conflagração universal e a subversão completa das leis que agora regem os elementos. Coisa estupenda! Espetáculo aterrador, cuja só antevisão me faz gelar o sangue nas artérias. Ver-se-ão então os homens saindo das igrejas, transformados em brutos (como V.Ex.ª pensa) e os jericos e demais camaradas a sair das escolas, entoando com entusiasmo bestial o hino da liberdade animalesca, escrito pelo seu próprio punho perissodatílico. Às armas! Às armas, contra o chicote marchar, marchar! Então iniciará a liberdade o seu período áureo2 de Junho de 1929. Atanásio. 


 A resposta não se fez esperar. Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 17, de 16/6/1929, páginas 5 e 8: «Ao Ex.mo Senhor Atanásio – Quando recebi o Notícias de Melgaço e abri para ler, sedento de sensacionais notícias políticas, deparei com a carta de V. Ex.ª que li como por desfastio, por a ver firmada de um pseudónimo. É, que, detestei sempre os (…) e os embusteiros profissionais. Porém, reli e pasmei que (…) de maus afetos e de (…) engendrada fossem (…) de manejar, também, (…), e a frase, como qualquer afamado fadista maneja a navalha para ferir insensivelmente o seu adversário. Leio, depois, o artigo “A Inquisição” firmado por Vaz de Castro. Atenda V. Ex.ª à diferença de forma, de sentimento e de caráter. A carta de V. Ex.ª, verdadeira peça de estilismo, revela um sentimento e um caráter vulgares, uma inteligência e uma credulidade mórbidas. Vaz de Castro tem uma bagagem cheia de luz, de vida de honestidade e de santa paixão pela verdade. Deixa transparecer um caráter nobre que ilumina e inspira simpatia. Sente-se em Vaz de Castro o sentimento de um cavalheiro de reconsideração admirável, de correção e justificação de princípios. Assim, aprende nele quem aprova o que ele afirma e justifica. A lição também deve ter servido a V. Ex.ª e a qualquer outro pusilânime. Com esta lição fica sem efeito a intimação que V. Ex.ª me faz, para declarar o ano da instituição dos jesuítas, o que não era difícil por estar atestada em qualquer livrinho de história para a instrução primária. V. Ex.ª sabe tão bem – ou melhor do que eu – que a verdade não é monopólio de ninguém e que a maior desgraça da humanidade consiste em não ter vontade própria para a compreender e estimar, assim, os seus adversários. Ainda que sejamos muito inteligentes temos necessidade de que outras inteligências bem mais poderosas trabalhem para nós. Os sábios e os filósofos destruindo ideias, que amamos, trabalham para restabelecer a verdade. V. Ex.ª percebe muito bem que não há sábio, não há escola e que não há igreja que conheça a verdade inteira, porque esta somente se descobre a pouco e pouco. Que importa a V. Ex.ª saber a minha religião? Não é pelas crenças que devemos apreciar os homens; mas sim pela religiosidade do cumprimento dos seus deveres sociais e profissionais. V. Ex.ª não sabe, mas eu explico: há uma maneira única de provar se as nossas crenças são sinceras – é procedermos em conformidade com elas. Há muitos homens e padres (!) que se dizem cristãos e católicos e que praticam todas as formalidades do culto, mas são injustos, odientos, maldizentes, não são caritativos, e exploram o próximo! É sincera a sua crença? Esta, nada prova. Os atos, é que têm significações. Que predicados, morais, encontra V. Ex.ª na maioria dos homens? A hipocrisia e o embuste. E porquê? Porque não receberam uma educação moral e espiritual. Nenhuma doutrina a respeito de Deus, da origem do mundo, da origem e destino do homem, é aceite por todos os que pensamos. A este respeito só podemos fazer suposições. Temos três grandes religiões seguidas pela imensa maioria dos homens: o budismo, o cristianismo e o maometismo. Os princípios e os fins são os mesmos; os meios são diferentes, e os dogmas destas religiões estão em desacordo. Os próprios cristãos dividem-se em protestantes, católicos, ortodoxos, etc. Os crentes de cada um destes grupos hesitam naquilo que devem acreditar. Isto prova que ninguém conhece a verdade. Por esta razão é insensato e criminoso perseguir aqueles que não partilham das nossas crenças. Quem melhor conhecerá do que V. Ex.ª que os homens primitivos foram extraordinariamente ignorantes? E que o progresso se tem realizado durante milhares de anos? Os livros que os sábios de outros tempos escreveram estão cheios de erros e de preconceitos. Nenhuma verdade eles podem conter sobre o que quer que seja, porque os antigos, em relação a nós, eram verdadeiras crianças ignorantes. A marcha do progresso foi extraordinariamente lenta devido aos homens impulsivos, orgulhosos e violentos. Os impulsivos não atendiam aos factos, detestavam as investigações difíceis e fatigava-os as observações minuciosas. Os orgulhosos não empregavam a sua inteligência na descoberta das verdades mais modestas. Preferiam, a estas, as crenças arquitetadas, ao acaso, sem o menor exame, que lhe davam a ilusão de conhecerem, pormenorizadamente, a criação do mundo e a do homem. Os violentos não admitiam que outros pensassem de maneira diferente da sua, e perseguiam os espíritos livres. Estes homens, em todos os tempos, têm reprimido e sufocado as inteligências livres e corajosas, sendo estas que libertaram a humanidade da opressão do mundo material, das sobrevivências e de todas as escravidões. As perseguições estúpidas retardaram, por muitos séculos, o progresso. Ainda hoje viveríamos numa época de trevas se não fosse o trabalho dos homens modestos e meditativos que tentaram ver claro na cerração dos preconceitos e das crenças irrefletidas. Entre estes beneméritos, a quem a humanidade deve todos os seus progressos, podemos relembrar Galileu, o qual descobriu que a Terra girava em volta do sol. E que fizeram os orgulhosos ignorantes, de o seu tempo? Condenaram-no à prisão perpétua. Depois a inquisição obrigou-o, ou tentou obriga-lo, a abjurar esta verdade conhecida por todos, metendo-o numa caldeira de azeite a ferver. Ainda assim, ele morreu dizendo: - É a Terra que gira em volta do sol e não este em volta daquela! Depois, esta confirmação não seria uma grande lição para os intolerantes? Ainda hoje os homens continuam a ser estúpidos e maus para os espíritos investigadores, como prova o assassinato de Ferrer a quem a Espanha, atualmente, está fazendo justiça. Esta minha carta não é, de maneira alguma, a resposta à de V. Ex.ª. Quando lhe responder há de ficar convencido de que V. Ex.ª nenhuma diferença faz, ou fazemos, de qualquer animal, a não ser na razão e no grau de inteligência. Não se despreze, pois, de considerar seu, ou nosso, irmão espiritual o sapo, muito mais útil aos homens do que alguns membros de certa classe. É para lamentar que V. Ex.ª seja um escravo de preconceitos, de hábitos, de tradições e superstições, e revele uma mentalidade atrasada de conhecimentos científico-naturais. V. Ex.ª desculpe-me, mas eu não sei quem é o senhor Atanásio. Desvende-se, primeiramente. Se for padre, conte com a resposta. Eu farei luz e esclarecerei o povo que me ler, embora perca a amizade do clero meu conhecido e amigo. Se não é padre, deixe-me na má-língua com o reverendo “Amigo”, e um tal “Particular”, que também ainda não conheço. E V. Ex.ª para passar o tempo faça uma visita a Cambresse, jante bem e vá fazendo a digestão, cantando o “queremos Deus que seu é rei.» 

 “Atanásio” responde. Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 20, de 7/7/1929: «Ora bolas! Só ontem, 27/6/1929, é que pessoa amiga me fez chegar à mão, num recorte do Notícias de Melgaço, a resposta do ilustre professor de Paderne à minha carta. Não me surpreendeu o teor dessa resposta: uma parangona em estilo de regateira, sem lealdade, sem sentido, e sem coerência – uma autêntica meada de frases, por vezes sem contradição, uma amálgama de divagações confusas e difusas, e de afirmações de caráter histórico [retintamente] falsas. É o que se (…) afinal, dar às de vila diogo. Em certa altura, talvez por lamentável descuido, julgando-se empoleirado na sua cátedra de lente da instrução primária, discursando perante um auditório de estudantes [dos primeiros anos] do ABC (pobres crianças que se veem forçadas a acreditar em tudo quanto lhes querem impingir) [entende] fazer uma preleção complicada sobre religiões, sobre o grau de verdade de cada uma e sobre malogradas tentativas de filósofos dos tempos pré-históricos, dos tempos de intolerância, dos tempos novos e dos novíssimos, na pesquisa da verdade. Pobres cavaleiros da Tábula Redonda que não lograram conquistar a célebre taça! Pobres argonautas [o que padeceram para darem] com o paradeiro do Velo de Oiro! // Verá que não é bem assim, senhor professor. A verdade religiosa só a não descobre quem, como o jacobino Paulo Janet (*), prefere a liberdade do erro à escravidão da verdade. Senhor professor, V.Ex.ª fugiu à questão. Estamos pois desentendidos. Esta é a primeira vez e última vez que lhe respondo. Para o futuro farei de conta que V.Ex.ª nem no número dos possíveis é contado. Terei diante de mim tão-somente os seus erros e é com estes – só com estes – que eu quero “conversar”. Então usarei de um estilo mais suave e mais ameno, por isso, mais didático. Foi com grande surpresa minha que no número do Notícias de Melgaço em que veio publicada a minha carta, vi, e li com agrado sempre crescente um artigo, assinado por Vaz de Castro, sobre a inquisição – que tantos arrepios lhe causa. Ainda bem que esse ilustre articulista, cuja erudição e são raciocínio tanto admiro como V.Ex.ª também admirou (e nisto, só nisto, estamos de acordo), tomou a iniciativa de esclarecer essa questão. Vá, pois, apreciando esses artigos tão judiciosos, e tão cheios de verdade, de Vaz de Castro, e, quando a força esmagadora de seus argumentos lhe causar indigestão ou pesadelo, poderá ler também um ou outro artigo de Atanásio, para desfastio. Como o tempo corre fresco, acho, eu, que basta de aperitivo para hoje. Quanto ao interesse que manifestou em conhecer quem é o senhor Atanásio, tenho só a dizer-lhe que pela minha parte ficará sempre em jejum. Que importa isso para o caso? Porventura julga que os três nomes com que firma os seus artigos dão mais solidez aos princípios que tenta defender, ou mais luz aos argumentos e razões que poderá aduzir? Se assim pensa, engana-se redondamente. Deixe-se de nominalismos e tratemos de realidades cujo conhecimento interesse ao público. Apresente V.Ex.ª suas razões e refute as minhas. É o caso. Quer saber quem é Atanásio? Perdoe-me o glorioso santo e eminente sábio que nos princípios da Igreja reduziu a pó a heresia ariana e cujo nome está vinculado à história como o protótipo da tenacidade e firmeza de caráter que para o não macular tantas vezes sofreu o exílio. Perdoe-me, pois, o grande santo Atanásio por lhe usurpar o venerando nome. É, que, também tentarei ser o martelo de seus preconceitos. Entendeu, senhor professor? Para terminar, devo dizer-lhe que foi muito infeliz com o remate de seu artigo. Não sabia que na mesma estrofe desse entusiástico hino, se canta também: “zombam da fé” os insensatos. Até qualquer dia.» // Viana do Castelo, 28/6/1929. Atanásio. /// (*) Pierre Janet (neurólogo e psicólogo francês – 1859-1947). // Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 21, de 14/7/1929: «AVISO – Para não passar a deixar de trilhar a senda que desejamos, e por motivos muito especiais, damos por terminada a polémica suscitada pelo senhor professor de Paderne. Não manifestamos o nosso juízo sobre a polémica, nem com isso queremos melindrar os polemistas, mas “prius vivere quam philosophare”. 


    Essas polémicas tiveram consequências. Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 25, de 11/8/1929: «No dia 4, no lugar dos Ferreiros, freguesia de Paderne, o professor desta freguesia envolveu-se em desordem com o senhor António Xavier de Figueiredo e Castro, havendo - entre os dois - cena de pugilato; e se não fossem várias pessoas que apareceram no local teria graves consequências. O caso está afeto à administração do concelho para investigar sobre o assunto.» 


 Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 121, de 16/8/1931: «A um correspondente de Melgaço do “Diário do Minho”. Descreveram-no. Estudemo-lo. Não deve vestir à homem, (nem à mulher)... Não deve ser copa de árvore onde os passarinhos possam fazer ninho. E outrossim, não é arbusto, cuja fresca sombra delicie amor de noivos. Quem será, então? Alguma besta? Não compreendemos a descrição – que nos fizeram – deste filho sem pai, que desejamos descobrir. Porém, deve ser algum animal estúrdio que usa coleira, para o diferençar dos semelhantes, odiado desde os séculos avós. Bruto – com letra minúscula –; estúpido “avasiado” de educação; ignorante e mentiroso de profissão. Animal inqualificável, dotado de toda a inferioridade e de toda a mesquinhez de sentimentos. Fiquemos, hoje, por aqui. Esperemos que o correspondente em referência – para nós, completamente desconhecido – venha dizer-nos quem é, e nos explique a inteligência da frase da sua correspondência, que não percebemos por falta de correção e clareza: “Não obstante a moral um pouco avasiada, do magistério, de Paderne, nada apareceu no programa que podesse melindrar a inocência das criancinhas, o que nos causou alguma surpresa.” Vêm aí as noites grandes. Precisamos de um passatempo. Quem no-lo proporcionará? A ver vamos.» Paderne, 15/8/1931. AJS. Diretor das escolas do sexo masculino de Paderne


 A 23/10/1932 foi publicada no Notícias de Melgaço n.º 170 uma carta escrita por si ao administrador do concelho (ver Notícias de Melgaço n.º 180, de 22/1/1933). // Em 1933 transferiram-no para a Vila de Monção (Notícias de Melgaço n.º 302, de 22/10/1933). // continua...