OS NOVOS LUSÍADAS
(tentativa de continuação de «Os Lusíadas» de Camões)
Por Joaquim A. Rocha
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Vai
pra Coimbra a Universidade,
Contrataram
distintos professores,
Pois
o saber não tem tempo e idade,
Apenas
curiosos e cultores.
Nasceu
por mercê novas faculdades,
Estatutos
novos, muitos doutores.
Pra
que nas terras não surja a inveja
Prometem-se
outras pra Faro e Beja.
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Vêm
do estrangeiro sábios mestres,
Ensinar
aos lusos novas ciências,
Não
vêm doutro planeta, são terrestres,
Mas
no lauto saber são excelências,
E
no comportamento são pedestres,
As
vaidades neles são excrescências.
Ensinam
também novas técnicas e artes
Para
que aqui conste e noutras partes.
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E
pra que nada falte a este país
Vem
de Roma a Companhia de Jesus;
Trazem
na bagagem projetos de raiz,
O
ensino gratuito, muita cruz;
Pregam
na capela, igreja matriz,
Onde
haja pouca ou muita luz.
Destaca-se
São Francisco Xavier,
Divulga
o seu credo a quem quiser.
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Nóbrega
e Anchieta vão para o Brasil,
A
fim de divulgar a sua fé,
Convertem
índios, cem ou mil,
Brancos,
que por ali andam a pé;
Nos
seus bolsos apenas um ceitil,
Caminham
a favor, contra a maré.
Outro
grande herói, Leonardo Nunes,
Nunca
deixou os hereges impunes!
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Dom
João, para manter o império,
Devido
às gigantescas despesas,
Lançando
aos céus duro vitupério,
Prometendo
mundos, novas proezas,
Deixa
em África cair fortalezas,
E
tudo o mais que é pra nós mistério.
Ganha-se
na China a bela Macau,
Em
São Tomé produz-se o cacau.
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