FERREIRA DA SILVA (...)
// CONTINUAÇÃO DE 3/09/2023.
Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 1524,
de 23/8/1964: «EMPRÉSTIMO
MUNICIPAL. // Por despacho recente
de Sua Excelência o Ministro das Finanças, foi autorizada a Câmara Municipal
deste concelho a contratar com a CGDCP o empréstimo de quatrocentos e cinquenta
contos de réis destinado ao abastecimento de águas e rede de esgotos da nossa
Vila. Finalmente a nossa Câmara terá à sua disposição uma verba relativamente
volumosa para iniciar as obras daqueles importantes e urgentes melhoramentos,
pelos quais nos vimos batendo com denodo e com fé e que consideramos
fundamentais à saúde da população. O montante do empréstimo concedido,
aumentado da verba de trezentos contos de réis, oferecida por S. Ex.ª o
Ministro das Obras Públicas na sua última visita ao nosso concelho, elevado ao
dobro pela comparticipação oficial, atingirá o valor de mil e quinhentos
contos, verba que permitirá ordenar os trabalhos e a execução das obras em
grande extensão. O resto virá por acréscimo do produto de dádivas e
comparticipações sucessivas na medida em que estes grandes melhoramentos se
concretizem nos seus elementos essenciais de execução. Não há que recear quanto
à falta de verba para o acabamento total desta obra importantíssima, visto que
outras autarquias se viram em idênticos embaraços e que saibamos nenhuma delas
deixou de as completar. Torna-se preciso, isso sim, iniciar imediatamente as
obras e dar-lhe andamento consecutivo até ao esgotamento total da verba arrecadada,
certos de que o empreendimento não ficará a meio e acabará por se concretizar
objetivamente em toda a sua conceção e projeto. Não é de mais relembrar o que
tantas vezes temos dito e de novo insistimos quanto à atualização do estudo e
projeto elaborado em tempos e existente no arquivo municipal relativo ao
saneamento da Vila. É natural ou mais propriamente, é quase certo, que o estudo
e projeto referidos tenham de sofrer alterações, mais ou menos profundas,
quanto à conceção, localização, custo, programa de trabalhos e prazo de
realização. Por isto mesmo nós lembramos e voltamos a insistir, pela
necessidade de chamar os técnicos a fim de que, novamente, se pronunciem sobre
os trabalhos de gabinete e externos correspondente adaptação aos locais de
execução. Temos de considerar que na rua do Rio do Porto já existe uma conduta central
de despejo a qual terá de ser prolongada até às câmaras de decantação e
acética, a construir em sítio apropriado do regato; os ramais individuais das
casas de habitação e de uma forma geral dos prédios urbanos da citada rua terão
de obedecer à situação da conduta existente e à circunstância desta vir a ser
um nó do coletor dos despejos das moradias implantado desde a estrada e do
bairro do Rio do Porto. O nosso propósito neste caso, como no de tantos outros,
é incitar as autoridades responsáveis a andarem depressa, a abandonar o
imobilismo que tanto tem prejudicado a nossa terra e os seus interesses, que
lhes cumpre respeitar e defender. Não devemos ficar à espera de milagres; há
que agir e agir, enérgica e diligentemente, em ordem a resolver os pequenos
problemas iniciais dos melhoramentos a realizar: elaboração técnica de estudos
e projetos, sua aprovação pelas estações (deve ser repartições) oficiais
competentes, sua discussão e aclaração quanto à localização e programa de
trabalhos, prazos de execução, resistência, qualidade e caraterísticas dos
materiais a empregar, mapa das redes, locais de visita e ligação, etc. Há um
sem número de estudos prévios a fazer antes do início dos trabalhos e, por
agora, é a eles que nos queremos referir e pretendemos ver efetuados. Sem a sua
resolução não é possível começar as obras, e tudo quanto represente
retardamento refletir-se-á na execução, acabamento e concretização do
saneamento e consequentemente na eliminação dos asquerosos cheiros e emanações
pestilentas das ruas da Vila.» // F.S.
*
Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 1525, de 6/9/1964: «CORTEJO ETNOGRÁFICO.
// Enquadrado na castiça e tradicional festa da Senhora da Agonia realizou-se
na linda princesa do Lima, capital do nosso distrito, o cortejo etnográfico do
povo das bacias hidrográficas dos rios Lima e Minho. As festas de Viana sempre
se impuseram pela grandiosidade, afluência de forasteiros e caráter
estritamente minhoto, e no seu enquadramento destacam-se a tourada (!),
representação etnográfica e festa do traje, que constituem grandes atrativos e
brilhantes números do respetivo programa. Neste ano alguns dos números do seu
cartaz decorreram com o habitual brilhantismo, especialmente a Festa do Traje,
espetáculo sensacional e único, só possível em Viana, e do fogo-de-artifício,
variado, feérico e numeroso, a projetar-se nas águas remansosas do rio Lima. O
certame da Festa do Traje realizado a meio da tarde com extraordinária
concorrência de (forasteiros), nacionais e estrangeiros, recebeu uma grande
ovação de apreço e justificada admiração, à medida que as freguesias desfilavam
chamadas por ordem alfabética de nomes. Bem merecidos foram os aplausos da
assistência perante a riqueza, policromia e colorido do traje à (…), com as
modalidades introduzidas nas diferentes aldeias em obediência aos atos em que
são representados – mordomas, noivas e trabalhos rurais. Este número das
festas, possivelmente o mais belo e sumptuoso, é sempre um acontecimento
atraente e causador de admiração geral, tanto quanto ao traje como quanto à
exposição de objetos de ouro: cordões, medalhas e outras joias de valor real,
ostentadas galhardamente pelas lindas moçoilas em seus bustos constelados. A
serenata e fogo-de-artifício no rio Lima constituiu um número de grande atração
pelo seu ineditismo e pela profusão, beleza e artifício das suas peças,
colorido, e efeitos de luz sobretudo, nos numerosos bouquets queimados e da
apoteose final. Não diremos o mesmo quanto ao cortejo etnográfico que continua
a merecer os nossos reparos quanto à abertura carnavalesca dos gigantones,
cabeçudos, Zés Pereiras, e gaitas-de-foles, mais próprios de números das
caraterísticas folionas do carnaval do que de uma representação séria e curiosa
das atividades do povo do distrito. Na verdade, a abertura do cortejo provoca a
mais desagradável impressão e reduz o interesse que deveria merecer,
justamente, a vasta e admirável representação etnográfica da linda e afanosa
região de entre Lima e Minho. Depois de um carro da cidade, representativo de
uma nau dos velhos e gloriosos navegadores (com canhões indevidamente colocados
abaixo da linha de flutuação) seguiram-se vários carros representativos das
atividades rurais das freguesias, servidos por figurantes que bastas vezes
usaram de propósitos e atitudes apalhaçadas que reputamos menos próprias da
austeridade de um cortejo etnográfico mas que, no fim e ao cabo, estiveram em
perfeita correspondência e ao nível da censurável abertura carnavalesca dos
gigantones e cabeçudos. Após os carros, entremeados por bandas de música,
seguiam representações de costumes e trajes das freguesias representadas,
oferecendo um motivo curioso e dando uma nota muito interessante e agradável.
Desejaríamos que os nossos ligeiros comentários chegassem aos ouvidos dos
promotores de futuros cortejos etnográficos a fim de eliminar tudo quanto nele
constitui ramboiada e folia carnavalesca e de substituí-las por representações
sérias e dignas de serem mostradas e admiradas pela assistência.» // F.S.
*
Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 1526, de 13/9/1964: «PERIGO DE
INCÊNDIO. // Sob o título Soldados da Paz dissemos em artigo de fundo no número
1488 deste semanário, de 20 de Outubro, do ano findo: “O que neste concelho
está a passar-se em matéria de prevenção e extinção de perigo de incêndio
revela uma imprevidência criminosa, da qual só daremos conta quando tivermos de
enfrentar um sinistro sério e extenso. Será, então, tarde; não conseguiremos
debelar o inevitável”. O problema da prevenção e extinção de incêndios continua
na ordem do dia a apresentar-se como uma ameaça terrível sobre as propriedades
urbanas melgacenses, completamente expostas ao perigo de fogo, sem
possibilidades de auxílio e de meios técnicos quanto à sua extinção. Neste
capítulo das necessidades preventivas de Melgaço, estamos em piores condições
do que as existentes há meio século pois que, naquele recuado período, não
havia meios técnicos mas não faltava dedicação e heroísmo em caso de sinistro
ou de incêndio declarado. Os tempos eram outros, os prédios primavam pela
construção em sólidas paredes de alvenaria exterior e interiormente, e os
perigos de incêndio restringiam-se ao chão das lareiras e de simples combustão
na fuligem das chaminés. Os melgacenses mais enraizados ao seu cortiço, e não
contaminados pela corrente emigratória, acorriam prontamente, à compita, para
debelar os sinistros, num admirável espírito de compreensão, de solidariedade e
de humanidade. Presentemente os utensílios domésticos de transporte de água não
constituem meios eficientes para debelar e extinguir fogos; os prédios estão
mais sujeitos em virtude das matérias comburentes das tintas e plásticos, dos
perigos de curtos-circuitos e outros, e do êxodo resultante da emigração, que
arrastou para longe a população ativa e válida ou criou hábitos egoístas e
sedentários, em que a solidariedade e a humanidade parecem não ter lugar. Temos
um edifício que, ao que se diz, é a sede social dos BVM mas que na realidade
está adaptado à realização de bailaricos, exposições e a garagem de
particulares. Bombeiros voluntários de Melgaço?! // Onde estão os bombeiros?!
Porventura alguém trata ou já tratou da organização de um corpo ativo
que reacenda a chama da ética do bombeiro, criando-lhe o espírito de
sacrifício, de abnegação e humanidade? Não! Em Melgaço não há bombeiros e, como
não há bombeiros, é evidente que não há material de ataque a incêndios; não há
escadas, não há manga, não há bombas, não há… nada! É, ou não, isto, verdade?! Imaginemos
um incêndio na vila, de certo vulto, em prédio apalaçado ou de andar nobre. Na
primeira fase do incêndio, e na melhor das hipóteses, assistiremos à gritaria
barulhenta de algumas mulheres de boa vontade que, a par de impressionantes
gritos de socorro, se prestam a ser aguadeiras, transportando diligentemente a
água em cântaros e em baldes de uso doméstico. Quem despeja os baldes nos
andares superiores sem meios de acesso? O fogo continua a destruir edifícios e
recheios até que alguém se lembre de pedir, telefonicamente, auxílio aos
soldados da paz da vizinha vila de Monção. Os monçanenses acorrem com o seu
material e quando chegam ficam paralisados perante as ruínas fumegantes que um
percurso de 24 quilómetros, demoras e paliativos não puderam evitar! Limitam-se
a auxiliar a remoção do triste rescaldo da destruição total causada pelo
sinistro que um pequeno corpo de bombeiros local poderia evitar. Ainda há dias
no lugar dos Bouços, da freguesia de Prado, ardeu totalmente um edifício
pertencente ao guarda-rios Manuel Augusto Gonçalves, cujo incêndio foi
provocado por uma caseira ocupada na imprudente desinfeção de um poleiro de
galináceos por meio do fogo! Salvo o gado, não se recuperou mais nada! Arderam
todos os cereais, vinho e outros produtos da colheita. O edifício era de andar
e a água não chegou à parte superior. Entretanto, da muralha da avenida que
circunda a vila, grande multidão assistiu, curiosa, ao desenvolvimento do fogo!
Lembra-nos o episódio do incêndio da velha Roma, provocado propositadamente
pelos escravos do feroz tirano que passou à história com o nome de Nero, para
que este sanguinário imperador (matricida?), assassino cruel, e ao que consta
marido de todas as mulheres e mulher de todos os maridos, pudesse deleitar-se
com o espetáculo inédito, e imponente, de ver uma cidade transformada em
braseiro e os seus habitantes em fuga louca com medo de serem calcinados.» //
F.S.
*
Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 1527, de 20/9/1964: «ESTRADAS
SECUNDÁRIAS. // A par das estradas nacionais, cuja retificação e conservação
estão a cargo da Junta Autónoma das Estradas ou de (…) de menor importância e
classificação, sob a imediata fiscalização dos mesmos Serviços Públicos, muitas
outras estradas de menor categoria, ou secundárias, estão a cargo e sob a
fiscalização e conservação das Câmaras Municipais, Juntas de Freguesia,
Comissões de Turismo, etc. // Como é evidente, os organismos oficiais que
superintendem nas estradas, têm por dever vigiar a sua conservação e de
prevenir tudo quanto seja necessário a fim de assegurar, em boas condições, o
trânsito rodoviário e os fins para que foram construídas. No nosso concelho foi
construída uma pitoresca e útil estrada que liga a estância termal do Peso e a
E.N. Monção-Melgaço, o Posto Fiscal de São Marcos e a margem do Rio Minho,
mesmo em frente à estação ferroviária espanhola de Arbo. Ali funciona uma barca
destinada ao tráfego entre as duas margens do Minho: nacional e espanhola. O
trânsito de passageiros por aquela barca é relativamente importante, tanto da
parte de visitantes que desejam conhecer a curiosa povoação de Arbo, como dos
nossos conterrâneos que, vindos de França, se aproveitam do caminho-de-ferro
para regressarem definitiva ou transitoriamente a Melgaço, sua terra natal. O
tráfego rodoviário pela referida estrada, sobretudo nos meses de Julho a
Novembro, é muito intensivo e a estrada, ao que nos informam, está
completamente deteriorada, tornando incómodo, se não impossível, o trânsito de
automóvel, e de outros veículos motorizados, ou não, e até de peões! Esta
estrada tem um troço de cerca de duzentos metros, desde a margem do rio até ao
quartel da Guarda-Fiscal de São Marcos, que está a cargo da Direção Geral dos
Serviços Hidráulicos e que se encontra muito bem conservada e com pavimento a
paralelepípedos; a partir deste troço, o que se segue até à estrada nacional,
cerca de oitocentos metros, pertence e está sob a fiscalização e conservação da
Junta de Turismo da Estância Hidrológica das Águas Mineromedicinais do Peso, e
é precisamente este troço que se encontra completamente deteriorado, tornando
impossível o trânsito. Porque será que a Comissão de Turismo local não
providencia quanto à reparação desta estrada, sob a sua fiscalização e
responsabilidade, deixando-a chegar ao estado lastimoso atual a ponto de se
tornar intransitável?! A Comissão de Turismo do Peso tem receitas próprias cuja
cobrança faz regularmente, constituídas por percentagens sobre o produto das
contas dos hotéis, pensões e casas de pasto da estância, alugueres de
imobiliários, etc., que se destinam a melhorar, aformosear e a revestir de
condições aceitáveis e agradáveis todo o recinto da estância hidrológica, com
exceção do que constitui domínio particular da Empresa, bem como da zona que
legalmente foi atribuída ao seu cuidado, embelezamento e fiscalização. Acresce
que, quando por deficiência ou irregularidade da cobrança das receitas que lhe
compete fiscalizar e receber nos prazos estabelecidos, o Secretariado Nacional
de Informação (SNI), quando solicitado a tempo, no período de organização do
seu orçamento, costuma prover a insuficiência das receitas das comissões de
turismo por meio de subsídios substanciais. Claro é que, os subsídios, terão de
ser pedidos e devidamente justificados, em momento oportuno, em relatório
minucioso e esclarecedor das obras a realizar pelas comissões locais de
turismo, no qual se destacarão, com o indispensável relevo, as dificuldades
financeiras destes organismos, os motivos e razões do facto e do mais que
convirá e se torne necessário esclarecer, a fim de facilitar uma boa apreciação
da urgência e necessidade dos melhoramentos que, totalmente, não possam ser
custeados pelas dotações orçamentais da Comissão. Não sabem isto os membros da
atual Comissão de Turismo local?! Ou enveredaram pelos princípios nada
recomendáveis da confraria do “não te rales”? E que fazem às receitas?! Têm
prestado contas das cobranças? E justificado a sua irregularidade? E, bem assim
documentado, devidamente, as despesas distribuídas por capítulos e ordem de
prioridade? Que faz a Comissão de Turismo? Ignora o que se passa na estrada sob
a sua responsabilidade? Se não querem servir com dedicação e amor, não será
preferível passar os respetivos poderes a melhores mãos, mais ágeis e
conscienciosas na atuação individual e cumprimento dos deveres que lhes
incumbe?!» // F.S.
*
Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 1528, de 27/9/1964: «SIMPÓSIO
ADMINISTRATIVO. // Em continuação da louvável iniciativa da autoria do ilustre
Governador Civil, Dr. Alfredo Eduardo Pinto, celebrou-se no salão nobre da
Câmara Municipal deste concelho um colóquio dos presidentes das Câmaras
Municipais do nosso distrito com a assistência da imprensa do norte do país,
diária e hebdomadária. Estas reuniões periódicas (esta foi a 5.ª realizada) da
iniciativa do 1.º magistrado do distrito, têm sido efetuadas com excelentes
resultados nas sedes dos municípios, a convite dos respetivos presidentes, em
dias previamente fixados, e visam ao contacto das autoridades administrativas
em ordem a uma troca geral de impressões sobre os problemas mais instantes do
concelho anfitrião e, por acréscimo, sobre os assuntos mais urgentes e mais
prementes no quadro do progresso dos municípios e do engrandecimento das terras
do distrito. A par destas úteis sessões de trabalhos municipalistas visam
também a contribuir para um melhor conhecimento pessoal entre os presidentes
das Câmaras do distrito e destes com o Governador Civil, bem como a apertar os
laços de união e amizade entre as autoridades responsáveis pela administração
municipal, em saudável espírito de confraternização e de admirável desejo de
bem servir. Não há dúvida que estes colóquios constituem uma louvável novidade,
lançada pelo dinâmico e bairrista Dr. Alfredo Pinto, de modo a viver os
problemas dos concelhos do distrito e a discuti-los, com plena e total
liberdade de opiniões e conceitos realizadores. Doutrinariamente estas reuniões
assentam em uma base de pura democracia, pela livre expressão dos diálogos e do
movimento de opiniões, dentro da tolerância, da ordem, do estudo e do espírito
de bem servir dos comparticipantes e ainda da unidade entre o chefe do distrito
e dos seus imediatos colaboradores. E para que as conclusões não fiquem
encerradas em uma caixa de marfim, inacessíveis ao conhecimento e apreciação do
povo do Alto Minho, nelas, conclusões, interessado, a assistência dos representantes
da imprensa garante, com toda a verdade e seriedade, a publicidade da discussão
e da estrutura dos temas apresentados e das soluções preconizadas. Neste 5.º
colóquio, sob a presidência do ilustre chefe do distrito, ladeado pelos
presidentes das câmaras de Melgaço e Viana do Castelo, professor Manuel José Rodrigues
e Dr. Sequeira de Campos, também estiveram presentes os presidentes das câmaras
de Monção, Valença, Cerveira, Caminha, Ponte do Lima, Arcos, [Ponte da Barca] e
Paredes de Coura, senhores Joaquim Santiago, Dr. Matos Lima, Guilherme Romeu,
Francisco Presa, Dr. Vieira de Araújo, José Carneiro Borges, Dr. António
Gonçalves Correia, e José Joaquim Gomes de Almeida; a imprensa esteve
representada pelos jornais Comércio do Porto, Primeiro de Janeiro, Jornal de
Notícias, Diário de Notícias, Notícias de Viana, Aurora do Lima, Povo da Barca,
Notícias dos Arcos, A Voz de Melgaço e Notícias de Melgaço, e pelos jornalistas
Severino Costa, José de Freitas, António Paço, Maurício Teixeira, reverendo
Alberto Faria, Mário Pinto, reverendo Carlos Vaz, e Ferreira da Silva. //
Aberta a sessão, o senhor presidente Dr. Alfredo Pinto salientou a vantagem
destas reuniões de camaradagem, de confraternização e de amizade, agradeceu a
colaboração que lhe foi dada na homenagem promovida à chegada a Lisboa do
Venerando Chefe do Estado, de regresso da viagem triunfal à nossa província
ultramarina de Moçambique, e a assistência ao jantar que lhe foi oferecido no
Hotel de Santa Luzia, em comemoração do 1.º aniversário da investidura do seu
cargo, saudou a imprensa e convidou os presentes a usar da palavra e a exporem os
problemas mais instantes, em especial do concelho de Melgaço. Abriu-se debate
sobre os estudos turísticos elaborados há tempos por uma Comissão e entregues
superiormente, tendo prestado largos esclarecimentos o senhor Presidente Dr.
Alfredo Pinto, e o senhor Dr. Matos Lima, presidente da Câmara de Valença que
também ventilou o caso do horário de abertura e encerramento da fronteira o qual,
durante todo o ano, deveria confinar-se ao período desde as oito horas do dia
anterior às duas horas do dia seguinte. O presidente da nossa Câmara, senhor
Manuel Rodrigues, tratou da eletrificação rural do nosso concelho e das taxas
excessivas do Grémio da Lavoura por virtude da correção dos rendimentos
coletáveis da propriedade rústica, nos termos do novo código da contribuição
predial, base da incidência das referidas taxas; do problema das estradas e
caminhos municipais, escolas, abastecimento de água potável e de rega,
saneamento, pavimentações e arruamentos, edifícios públicos projetados e outros
assuntos de oportuna realização. Todos os assuntos foram demoradamente
apreciados e sobre eles o ilustre Governador Civil tomou apontamento para,
dentro do possível, e do razoável escalonamento, os encomendar nas instâncias
oficiais competentes. Encerrado o colóquio, a todos os participantes e
assistentes foi oferecido pela Câmara de Melgaço, no Hotel Ranhada, da estância
hidrológica do Peso, um bem servido almoço que decorreu com animação, tendo o
senhor Dr. Alfredo Pinto renovado e completado muitas das suas afirmações,
incitando os presidentes das câmaras, seus colaboradores, a insistirem nos seus
patrióticos esforços no sentido de realizarem os melhoramentos estudados e
planeados, em ordem ao progresso e engrandecimento dos seus respetivos
concelhos; saudou de novo a imprensa e agradeceu o auxílio que lhe foi dado
para bem desempenhar o seu difícil cargo, e terminou por saudar Sua Excelência
o senhor Ministro do Interior e dar-lhe, telegraficamente, notícia do êxito
desta reunião. Em agradecimento e retribuição dos brindes do senhor Governador
Civil, agradeceram, pelos participantes do colóquio, o presidente anfitrião,
senhor Manuel José Rodrigues, e pela imprensa o diretor do nosso jornal. Terminado
o almoço, os participantes do colóquio e a imprensa percorreram a estrada
Calçada-Fiães-Carpinteira, e visitaram o novo edifício escolar, os velhos Paços
do Concelho e outros locais e edifícios que requerem conhecimento do seu atual
estado. Concluindo: registamos com prazer o interesse e o valor destas
reuniões, pelos resultados práticos a que conduzem e pelo seu espírito realista
e salutarmente objetivo e democrático.» // F.S.
*
Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 1529, de
11/10/1964: «O CINCO DE OUTUBRO. // Vão passados 54 anos sobre a data do
movimento glorioso da implantação da República em Portugal. Movimento popular,
idealista, (…) e patriótico, transbordou numa onda incontida de entusiasmo e de
fé ardente, apeando, quase sem luta, um regime com sete séculos de existência,
desacreditado pelos seus maus servidores, (…), de há muito ultrapassado por
novas doutrinas e outras crenças. Revolução política que depôs o insustentável
e velho trono dos Braganças, o sentimento profundo que a estruturou e tornou
possível foi, sobretudo, um (…) social e uma inquietação popular, idênticas às
que precederam as grandes revoluções mundiais que a história regista. A
conquista das liberdades institucionais políticas essenciais à condição humana
do povo, a férrea pressão exercida pelos poderes do Estado, com todas as
violências que comprometem ou (…) e a demência própria de quem, tendo perdido a
autoridade moral e a força material, pretende impor-se de qualquer maneira,
forçando o impossível, levaram ao arranque heroico dos combatentes da Rotunda,
à eclosão do movimento revolucionário do 5 de Outubro de 1910 e consequente
impulso popular que proclamou a República. Enquanto nós nos ufanamos de sermos
dos primeiros na Europa a abraçar as instituições republicanas, só depois da
1.ª Grande Guerra mundial os regimes monárquicos europeus soçobraram, uns atrás
dos outros, qual castelo de cartas de jogar e, atualmente, salvo alguns países
de feição governativa acentuadamente socialista e verdadeiramente democrática:
Suécia, Noruega, Dinamarca, Holanda, Inglaterra, Bélgica e Grécia, todos os
restantes se regem pelo figurino das instituições republicanas, de liberal e
pura democracia. A carta política europeia revela aquelas seis monarquias para
vinte e cinco repúblicas! Esta simples anotação ensina que os povos situados
geograficamente dentro das nossas coordenadas adotaram, desembaraçadamente, os
regimes republicanos e democráticos como sendo os melhores, os mais justos, os
mais liberais, os mais humanos, e os mais sérios sistemas políticos de
governação. Em Portugal, os dirigentes republicanos vindos da propaganda,
mesclados das meias tintas odiosas da praga dos adesivos, politicamente quase
analfabetos, cheios de boa-fé e amor fraternal, confiados, bondosos, tolerantes
e humanitários, não pensaram na defesa das instituições republicanas
proclamadas pelo povo e, num imprudente espírito de paz e de conciliação geral,
não se aperceberam do enfraquecimento do poder que impediu o avanço progressivo
da República e gerou as tragédias cruciantes a eles próprios devidas e, por
eles, amargamente vividas. Vale a pena recordar algumas: conspirações e
incursões monárquicas, campanhas religiosas, propaganda caluniosa dos
organismos económicos e dos seus jornais, insurreições armadas, movimentos de
Pimenta de Castro, Sidónio Pais, Juntas Militares, Monsanto, monarquia do
norte, 18 de Abril e outros, perturbadores da ordem pública, do não cumprimento
dos nossos deveres na comunidade europeia, do esforço financeiro para o
equilíbrio orçamental e regularização das contas públicas e da defesa da
integridade dos nossos domínios ultramarinos, pela intervenção armada nos
campos de batalha de Angola, Moçambique e da Flandres, ao lado da nossa fiel aliada
– Inglaterra – contra a barbárie e desacatos do boche. As forças reacionárias,
animadas por sucessivas amnistias gerais que a generosidade republicana
decretou, sem pensar um só momento no perigo do passado recente e criminoso,
dos atentados armados e ataques políticos contra as instituições continuaram a
poluir e a enganar a Nação, por via das suas organizações e de odiosas
campanhas, pela palavra e pela escrita, de infames insinuações, em ordem ao
descrédito e às difamações dos homens e República, em que o dinheiro e a
traição desempenharam papel primacial. Pois, passados cinquenta e quatro anos,
os homens que serviram a República, em altos ou pequenos cargos, sentem-se
orgulhosos de terem, leal e honestamente, cumprido o seu dever, de mãos limpas,
sem atos vergonhosos ou indignos, fortes no seu querer e fiéis às suas
convicções. Em contraste, os monárquicos, sobretudo os ultras, neste longo
intervalo, mostraram que a monarquia não os interessa como regime, mas sim pelo
estômago. Não lhes perturbem a digestão. Viva a República.»
// F.S.
*
Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 1530, de 18/10/1964: «MAIS COMBOIOS E
MELHORES HORÁRIOS. // «O distinto jornalista Cruz Cerqueira (CECE), (…) e bom
amigo de quem escreve estas linhas, na sua habitual crónica sobre as
necessidades e justos anseios do nosso distrito, publicou no considerado diário
do Porto, O Primeiro de Janeiro, de 27 de Setembro último, um interessante e
(…) estudo sobre as ligações ferroviárias da linha do Alto Minho, número de
comboios e respetivos horários. No seu elucidativo artigo refere que, não
obstante a densidade populacional e valor económico, a (…) do Alto Minho, desde
o limite do distrito (…) de Barroselas à estação término de Monção com, apenas,
cerca de oitenta quilómetros e que, não se compreende, nem se justifica, o
abandono do projeto de prosseguir de Monção a Melgaço com o caminho-de-ferro,
servindo rica região produtiva, com estâncias termais e propícia ao turismo. Acrescentamos
que, além da estância termal (…) do Peso, existe entre os dois concelhos, quase
a meio caminho um do outro, uma rica e abundante nascente de águas minerais na
freguesia de Valadares, vizinha da estrada nacional, com variedades
terapêuticas excecionais e aconselhadas no tratamento das doenças renais, da
bexiga (…) e outras, consideradas únicas no género e na matéria de resultados
excelentes. A exploração destas águas magníficas, de agradável bebida, leves,
gasosas e de grandes virtudes (…), praticamente está abandonada! Por outro
lado, como já referimos em um outro lugar, a (…) é ladeada de vinhedos e
milharais, de tufos de verdura e de pomares, de onde sobressaem numerosos
casais, floridos e alegres lugarejos, afogados (?) em vegetação luxuriante e
projetados sobre mancha verde escura dos pinhais. A partir da junção das águas
do rio Mouro com as do Minho os nossos olhos podem contemplar, maravilhados, um
rosário de ermidas, oragos e casas solarengas, apalaçadas ou acasteladas, e
classificadas monumentos nacionais, igrejas românicas, solares de estilo
barroco por toda a parte e edifícios de bela arquitetura, mostrando
reminiscências medievais, manuelinas e renascentistas. O prolongamento da linha
férrea pela ribeira do Minho, servindo uma região de grande densidade
populacional, atualmente próspera e economicamente independente, mercê da
canalização de fartos cabedais dos emigrantes, de privilegiados horizontes e
lindos panoramas turísticos, em ordem a propiciar, atrair e satisfazer
turistas; e viria, de futuro, a ligar por caminho-de-ferro o país vizinho,
entroncando-a com a linha Vigo-Ourense-Medina-Madrid. // A economia do troço
ferroviário por construir (Monção-Melgaço), é importante e asseguraria largo
tráfego pois que as águas de Valadares e do Peso, os produtos
agrícola-pecuários, sobretudo o excelente vinho da região, em qualidade e
quantidade, do melhor que a província produz, a par de numerosos passageiros
permanentemente em trânsito, justifica plenamente o custo da construção. Por
várias vezes e em outros artigos temos ventilado este momentoso assunto que,
agora, Cruz Cerqueira, pela sua pena brilhante, subscreve com denodo e
conhecimento perfeito encarnando a aspiração máxima dos melgacenses. Será de
perguntar, novamente, se a gente de Melgaço, autoridades, funcionários,
comerciantes, proprietários, etc., nados ou residentes, unidos na mesma fé e
aquecidos pela chama do mesmo impulso, resolve ou não a organizar-se e a
representar, coletivamente, junto do poder central, a justa aspiração de
prosseguir na construção da linha férrea até à sede do concelho. Ouvimos por
mais de uma vez a desculpa de que o caminho-de-ferro está ultrapassado, ao
contrário do que pensamos e do que CECE escreve com justeza e verdade quando
afirma: “que a importância total de
deterioração das estradas pelas viaturas automóveis ligeiras e pesadas, o custo
dos combustíveis e o valor do prejuízo de desgaste de material dos mesmos
veículos, daria, nas zonas a que deveria estender-se a rede ferroviária para a
construção de novas linhas.” E as receitas da camionagem garantiriam a
exploração; “a linha férrea da Ribeira do
Minho torna-se preferida à estrada por muitos turistas, alguns dos quais deixam
os seus automóveis para seguir no comboio, porque têm assim ensejo de melhor
apreciar as belezas da paisagem.” Não há dúvida que as viagens por
caminho-de-ferro são mais cómodas, menos sujeitas a acidentes de viação, mais
propícias a apreciar a paisagem, mais baratas e que em melhores condições de
segurança, de ordem e de peso, transporta bagagens e mercadorias: é tudo uma
questão de estudo e regularização de horários. O que está é que não pode
continuar quanto ao serviço ferroviário do Minho: poucos comboios, material
insuficiente e obsoleto, horários mal estudados ou inconvenientes, velocidades
incontroladas e consequentes atrasos nos percursos, etc. // Assim mesmo, oxalá
Melgaço pudesse queixar-se desses males que, como é evidente, serão
regularizados. A propósito cabe aqui fazer uma reclamação referente à chegada e
distribuição do correio, cuja entrega aos destinatários é feita entre as 16 e
17 horas e nesta quadra, pelo escuro da noite! Poderá isto continuar? Este
assunto, porém, ficará para ser tratado com mais demora e apreciado em toda a
sua extensão e defeitos. Não encerraremos estes ligeiros comentários sem
agradecer a CECE a sua achega na campa do prosseguimento da linha férrea do
Alto Minho, em que Melgaço está empenhado e de em nome de todos os melgacenses
lhe apresentar as homenagens de seu grande apreço e do seu melhor e mais vivo
agradecimento.» // F.S.
*
Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 1531, de 25/10/1964: «NOVO EDIFÍCIO
ESCOLAR. // Não há em Melgaço uma única pessoa, consciente, que não estivesse
convencida da inauguração da abertura à população escolar da vila, no começo do
atual ano letivo, do novo edifício escolar. Afinal as crianças em idade escolar
de ambos os sexos, matriculadas nas classes do ensino primário oficial,
continuam a frequentar as espeluncas onde as aulas são ministradas, com
evidente prejuízo da aplicação dos alunos, da saúde, da higiene, e do ambiente
moral dos pequeninos estudantes e dos respetivos professores. É simplesmente
espantoso que as entidades responsáveis, seja qual for o departamento e
ministério a que pertençam, se conservem abúlicas e indiferentes a tão grande
atentado, verdadeiramente criminoso, à integridade física e moral das
criancinhas melgacenses e dos seus mestres. Não bastará as circunstâncias
deficientes e mais do que deficientes lamentáveis, da forma como o ensino
primário é ministrado, em turmas numericamente exageradas, carecidas de
material didático e mobiliário limpo e decente, com professores miseravelmente
retribuídos, aos quais se exige sempre e mais competência profissional e
sacrifícios que excedem os justos limites do esforço e da resistência humana! Em
todo o mundo civilizado a instrução pública é objeto do mais cuidadoso estudo e
do mais carinhoso interesse da parte dos orientadores e dos dirigentes da
mocidade estudantil, com vista ao devir, ao dia de amanhã, aos homens do futuro
que formarão a pátria, redimida dos erros do passado. As nações progressivas
consideram o capital- instrução como o maior e mais produtivo capital colocado
(dentro?) das sociedades e, por isso, não se poupam a sacrifícios monetários,
nem ao estudo e elaboração de programas racionais e inteligentes, à formação de
um ambiente apropriado e desejável e à escolha de um corpo docente de grande
preparação pedagógica, bem instruído profissionalmente e decentemente pago, em
ordem à execução da alta missão que lhe cabe. Na nossa peregrinação por alguns
países civilizados temos notado, com infinito prazer, o minucioso cuidado que
as crianças merecem aos seus educadores, a admirável organização dos programas,
a quantidade e variedade do material de ensino, a limpeza dos edifícios escolares
e decência do seu mobiliário, dos parques de recreio e de diversões, e o
respeito e consideração de que gozam os professores de qualquer grau de ensino.
Pois, entre nós, aparte a velha pecha de fazermos dos professores personagens
de revista, apresentando-os em papéis ridículos ou deprimentes, num cenário
pífio de carência de tudo quanto o homem necessita para fazer uma vida digna e
suficiente à sua condição, as crianças, os edifícios, os programas, as
facilidades escolares em livros e material de ensino, o mobiliário, os
recreios, o carinho e tudo o mais que serve de atrativo aos alunos, é simples
miragem e hipotética promessa escrita, nunca materializada nem sequer iniciada
nos estabelecimentos de ensino. Veja-se e pasme-se do que está a suceder com o edifício
das novas escolas, implantado nas costas da vila, hermeticamente fechado e
vazio, não obstante terem terminado os trabalhos de construção civil e de
acabamentos há muito e de se encontrar concluído e pronto a funcionar! Não
funciona, porquê?! Porque neste longo período de tempo da construção ninguém se
lembrou, ou lembrou-se tarde, de que as salas escolares, sem mobiliário, não
podem receber e educar os alunos! E como as salas de aula continuam vazias, a
inauguração do edifício foi adiada para as calendas gregas e a mocidade escolar
melgacense foi outra vez recambiada para os chiqueiros, sem luz e sem ar,
autênticas lixeiras, onde provisoriamente se ministra o ensino. Por outro lado,
também se não vê ainda indício ou sinal da rua ou caminho de acesso ao referido
edifício, de sorte que quando for mobilado as crianças manter-se-ão impedidas
de o utilizar por falta de acesso! Com franqueza, isto brada aos céus, é
inadmissível e vergonhoso! O que se passa não pode classificar-se no quadro da
incúria e do desinteresse, é um crime para o qual não pode haver perdão.
Seremos só nós a bradar: “Vox clamantis in deserto.”» (*) // F.S. /// (*) Uma voz clamando no
deserto. // continua...
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