SONETOS DO SOL E DA LUA
Por Joaquim A. Rocha
// continuação de 9/09/2023
O
ANJO
(150)
Percorria
os céus, o universo,
Aquele
ser puro e cristalino,
Corpo
esguio, cara de menino,
Tal
como na medalha seu anverso.
O
seu encanto era incontroverso,
Quer
fosse Gabriel ou Rosalino;
Seu
olhar sorridente, angelino,
Amansava
o homem mais perverso.
Mas
certo dia o nosso anjinho
Ficou
louco por uma rapariga;
Desceu
à terra como passarinho…
Bailou
e cantou na festa da espiga,
Bebeu
bagaço, dez malgas de vinho…
Depois
dormiu com a nova amiga.
(151)
Numa
manhã de leve nevoeiro,
Caim,
roído de ódio e inveja,
Leva
ao campo, onde ninguém veja,
Abel,
pastor, seu irmão verdadeiro.
Para
Abel foi o dia derradeiro,
Não
por tragar caroço de cereja,
Por
beber muito vinho ou cerveja,
Ferido
por granada de morteiro.
Caim,
num ímpeto de raiva e ira,
Sem
temer o castigo de Javé,
A
vida de seu jovem irmão tira
Num
gesto de maldade e má-fé.
Lá ao longe ouvem-se sons de lira,
Eva
chorando seu casto bebé.
// continua...
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