SONETOS DO SOL E DA LUA
Por Joaquim A. Rocha
// continuação de 16/06/2023.
DIA NÃO
(145)
Nasci
numa manhã triste, cinzenta,
Entre
pinheiros, rios e regatos…
Aspergiram
na mona água benta,
Dormi
entre pintos, porcos e gatos.
Nunca
tive uma vida ternurenta,
Só
já em adulto usei sapatos…
Ameaçaram-me
com prisão nojenta,
Por
roubar dez pinhas, lenha e matos.
Aos
vinte mandaram-me para a guerra,
Como
se eu fora carne pra canhão…
Levaram-me
pra bem longe da terra,
Alimentado
só a caldo e pão.
Pagaram
com moeda chica perra,
Três anos de sangue e solidão.
(146)
Naquela
cama triste de hospital,
Esperando
uma milagrosa cura,
Fugindo
da parca, da sepultura,
O
doente espera vencer o mal.
O
esforço da medicina é colossal,
Médicos
não se cansam na procura…
Querem
evitar o fim, a rutura,
Matar
a besta, seu olhar letal.
Jorra
pelos brancos lençóis o sangue,
Litros
de soro percorrem as veias;
O
pobre paciente está exangue…
Ao
longe já cantam belas sereias,
Embriagadas
com haxixe, bangue,
Esperando,
sedentas, lautas ceias.
// continua...
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