SONETOS DO SOL E DA LUA
Por Joaquim A. Rocha
ALMA
DE HERÓI
(139)
Tenho
alma de herói e de poeta,
Trago
Camões metido no meu bojo;
Por
ele ainda hoje ando de nojo,
Na
sua obra tracei a minha meta.
Cupido
alvejou-me com sua seta,
Comi
carqueja, feno, muito tojo;
Por
ele andei de cócaras, de rojo,
Segui
às curvas numa longa reta.
Tudo
isto que escrevi era mentira
Se
eu vivesse em pura ilusão,
Chamasse
pechisbeque à safira,
À
urtiga rainha do sertão.
Eu
não confundo cores com olfato,
Em
tudo tem de haver luz e recato.
O MEU LAR
(140)
Residi
numa selva de betão,
Ali
para os lados de Odivelas…
Tudo
se assemelhava a favelas,
Do
Rio de Janeiro ou Paquistão.
Pereceu
ali minha ilusão,
A
minha crença em coisas belas;
As
serenatas à luz das mil velas,
O
meu amor, minha religião!
Fiquei
vazio, isolado, sozinho,
Zangado
com o mundo, com as gentes,
Bebi
jeropiga, litros de vinho,
Afoguei
a dor em aguardentes.
Regressei
cansado ao velho Minho,
Onde
jazo ao lado de descrentes.
// continua...
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