POEMAS DO VENTO 

Por Joaquim A. Rocha

Padre Costa, de Trancoso (*).

// continuação de 27/10/2022.

MOTE

 

Padres, por inspiração,

Amam deus, a sua cruz;

Mas à noite, na oração,

Só rezam aos jovens cus.

 

GLOSAS

 

Uma criança da aldeia,

Depois da quarta classe,

Numa pobrezinha ceia

Fica entre ação e impasse.

Sabe que vai para os campos

Trabalhar que nem um mouro,

Sabendo que não é touro,

Nem sequer burro de carga;

Era moço, quase anão,

Mas desejava ganhar o pão,

Numa enorme cidade…

Queria ser padre, monge,

Dos campos estar mui longe,

Gozar sua mocidade…

Iria para o Seminário,

Entre a hóstia e rosário,

Tal como o Zé e o Mário,

Padres, por inspiração.

 

Os seus pais, preocupados,

Lembraram-lhe os muitos gados:

Ovelhas, cabras e touros,

Os verdadeiros tesouros,

O mundo da natureza…

Onde a fartura e pobreza

Residiam todo o ano,

Sentados à mesma mesa...

Mas o corpo era sano;

Onde a virtude reinava,

A lavoura tudo dava…

Era justo trabalhar,

Para a terra nos dar

Aquilo que precisamos.

Nós não somos gabirus

Amamos deus, a sua cruz.

 

Temos o tempo contado,

Tudo pode acontecer;

Nascemos para morrer

É o nosso triste fado…

Se houver erva e gado

Nesta terra de deus,

Os cristãos e fariseus

Não passarão aqui fome;

Não apareça lobisome,

Nem o terrível Satanás,

Mais ladrões que Barrabás.

O padre, com seu ferrão,

Aproveita a ocasião,

Mas à noite, na oração.

 

Os seus pais estão de acordo,

Depois de algo ponderar;

Temos de ser melro, tordo,

Ceder, mesmo a resmungar…

Vamos para a frente com isso,

Também foi padre o Carriço,

E o filho do caseiro…

Dizem que era paneleiro,

Fazia panelas de barro;

Autêntico vil escarro,

Mais feias que Belzebu,

Mas que valho eu ou tu?

Não podemos criticar

O que ele gosta ou não,

Uns parecem, outros são,

Cada qual come o que gosta,

No natal come-se a tosta,

Na Páscoa os jerimus;-

Os padres comem a bosta,

E à noite, numa aposta,

Só rezam aos jovens cus.

NOTA: nem todos os padres são pedófilos e aqueles que o foram, ou são, alguns deles estarão agora arrependidos de terem feito tanto mal às crianças; no entanto, o arrependimento só por si não chega - devem ser severamente castigados pelos tribunais e afastados das igrejas.   

(*) Segundo consta, o padre Costa nunca abusou das crianças, era "apenas" mulherengo! Foi pai de imensos filhos, gerados em várias mulheres.