POEMAS DO VENTO
Por Joaquim A. Rocha
// continuação de 21/08/2022...
MOTE
Estava
escarrapachado
Em cima de
uma figueira;
Comia um
figo melado,
Ouvindo
canção brejeira.
GLOSAS
Eram onze da
manhã
Apeteceu-me
comer figos.
Ao jantar
comia espigos
Com um rojão
na sertã.
Eu não sou
rei ou rajá
Sou somente
um letrado
Que vive desencantado…
Viste-me
pescar uma truta
E numa
árvore de fruta
Estava
escarrapachado.
Simpatizaste comigo
Com minha
alegre figura;
Prenhe de
amor e ternura…
Viste de
longe meu umbigo,
Tornaste-te
meu testigo
Sentaste-te
à minha beira,
Estava o sol
na derradeira…
Fiquei ali
por mercê,
Sem rádio
nem T.V.,
Em
cima de uma figueira.
Vamos ficar sempre
ali
Sentados num
frágil galho;
Ao frio,
chuva, orvalho,
Sofrendo
tudo por ti.
Tenho sono,
não dormi…
Eis-me assim
enamorado
Sendo
solteiro, casado…
A fome
aperta, não minto,
Bebia um
copo do tinto
Comia
um figo melado.
Eis a sorte
que me espera,
Se nesta
árvore ficar;
O meu corpo
vai mirrar,
Resto
esfomeada fera…
Vai-se
embora primavera,
Acabou-se a
brincadeira;
Eu quero a
vida inteira,
Nada fazer,
ser feliz,
Voar como a
perdiz,
Ouvindo
canção brejeira.
// continua...
Sem comentários:
Enviar um comentário