POEMAS DO VENTO
Por Joaquim A. Rocha
VINTE E CINCO DE ABRIL
Esse dia inesquecível abriu as portas a uma variedade de democracia que ainda não se conhecera em Portugal. Na 1.ª República (1910-1926) tentou-se criar uma sociedade aberta, pró socialista, mas devido a uma série de conflitos entre partidos políticos, a entrada na guerra (1914-1918), entre outras coisas, nada se conseguiu de concreto; desse tempo restaram algumas leis importantes: separação da igreja e do estado, o divórcio, etc. Graças a esse fracasso surgiu em 1926 a ditadura militar e posteriormente o estado novo, cujo chefe, Salazar, era simpatizante do fascismo italiano, de Mussolini, e do nacional socialismo alemão, de Hitler. Em 25 de Abril de 1974 os militares, Otelo Saraiva de Carvalho, entre outros oficiais, puseram fim a esse regime e à terrível guerra colonial. Para o nosso país, demasiado atrasado, com mais de 50% de analfabetos, o novo regime político foi bom, mas, como em tudo, trouxe com ele um senão: o capitalismo de tipo americano. Poder-se-ia desenvolver este tema, mas o meu objetivo hoje é apenas apresentar um humilde poema escrito há muitos anos. Ei-lo:
Vinte e cinco de Abril
sinónimo de liberdade
esperança de melhores dias
amálgama de fé e ingenuidade
condenação em massa do regime corporativista.
A rua, essa rua inundada de corpos,
de vontades, de ânimos, de creres!
Essa rua, cadinho da revolução,
essa rua que foi ilusão,
a rua do povo, enfim!
Castelos, figuras, sonhos:
tudo caiu… na rua!
Mussolini, Hitler, Salazar, Franco,
e quejandos, foram espezinhados!
Doutrinas, estruturas
(aparentemente sólidas)
caíram. Para sempre?!
Vinte e cinco de Abril: um dia
igual a um sonho/realidade!
Vinte e cinco de Abril
que prevalece em espírito
e não falece a vontade de luta!
Rasgaste outros horizontes,
fizeste nascer rios e fontes
que correm ainda e correrão sempre!
Vinte e cinco de Abril
dos militares as armas
do povo a vontade
de onde nasce a unidade
que nada destruirá!
A semente foi lançada
a mente a fecundou
e formosa madrugada
a revolução d’Abril gerou!
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