MELGAÇO: PADRES, MONGES E FRADES
// continuação...
AFONSO,
Manuel (Padre). // A 11/4/1790, na igreja de SMP, serviu de testemunha no
batismo de Vitória Joaquina Pinto, nascida a 7 desse mês e ano. // Em 1805, e
ainda em 1817, era encomendado na freguesia de Remoães, morava em Cima de Vila.
// A 28/6/1805, na igreja de Remoães, batizou Maria Luísa, nascida a 20 desse
mês e ano, filha de Francisco Luís Gonçalves e de Rosa Novais, moradores no
lugar de Cima de Vila, Remoães. // A 19/8/1824, na igreja de Remoães, foi
padrinho de Manuel Luís Monteiro, nascido no dia anterior, filho de João
António Monteiro e de Luísa Maria Rodrigues, residentes no lugar da Costa,
Remoães. A madrinha era Teresa Monteiro, do lugar da Folia. // Em 1832, na
igreja de Remoães, batizou Caetano Maria, nascido a 11/9/1832, filho de Caetano
Maria de Abreu Mosqueira e de Maria José Moreira da Cunha Rego.
AFONSO,
Manuel José (Padre). Filho de ------------ Afonso e de ------------ Rodrigues.
Nasceu em Fiães a 13/7/1916. // Depois da 4.ª classe ingressou no Seminário;
foi ordenado sacerdote em 1940. A seguir foi nomeado pároco da Gavieira e
capelão do Santuário da Peneda, onde viveu cinquenta e cinco anos. // Tinha um
irmão, o padre João, professor do ensino primário, que deu aulas na escola
oficial da A-de-Dela, Fiães. // Ficou conhecido por “Padre Zé da Peneda”. // (Ver "A Voz de Melgaço" n.º 1031, de 15/6/1995).
AFONSO,
Sebastião (Padre). Nasceu na Vila de Melgaço em finais do século XVI. // Em
1618 e 1619 foi escrivão da Santa Casa da Misericórdia de Melgaço. Em 1634 foi
provedor. Nesse ano de 1634 instituiu o vínculo da Pigarra, encabeçado na
capela da Senhora do Amparo da Matriz, que fundou pela mesma altura. // Deve
ter falecido em finais de 1635. // Nota: apesar de ser eclesiástico
deixou um filho, António Alves, o qual casou com Maria Gomes.
ALMEIDA, Artur Ascensão
(Padre). Filho de Manuel António de Almeida e de Francisca Cerqueira. Nasceu em
Monção a --/--/1875. // Foi nomeado pároco encomendado da freguesia de Penso, concelho de Melgaço, a
16/6/1916, onde se manteve até 17/6/1956.
Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 6, de
24/3/1929: «Conforme tínhamos noticiado, realizou-se no
passado domingo, nesta vila, a procissão de Passos que há mais de trinta anos
deixara de realizar-se. Foi uma festa imponente a que assistiram milhares de
pessoas quer deste concelho, quer de Espanha e de outras localidades. O
figurado das capelas, que é antiquíssimo, pertence à SCMM e data de 1641.
Viram-se inúmeras figuras decorativas, todas elas ricamente vestidas, o que
dava à procissão um realce deslumbrante. O vestuário foi fornecido pela
acreditada casa do senhor Virgílio de Campos Marques, da Póvoa de Varzim, que
aqui veio expressamente para aquele fim. Como também foi anunciado,
incorporou-se, na mesma, o corpo ativo dos BVM e respetiva banda, assim como o
clero e grande número de irmãos da Santa Casa. A banda, sob a regência do
senhor Morais, executou um reportório adequado, que mais uma vez confirmou os
justos e merecidos créditos de que goza. A imagem do Senhor dos Passos, uma das
mais expressivas que conhecemos, era custodiada pela guarda romana, o que
produziu um grande efeito. Os sermões, a cargo do distinto orador senhor padre
Artur de Ascensão Almeida, agradaram muito. Tudo correu na melhor ordem, sem a
mais pequena nota discordante, prova evidente do grau de civilização e da fé
religiosa deste povo.»
Em virtude do médico Esteves ter feito uma dura crítica à Comissão Administrativa, o padre Artur Almeida respondeu-lhe. Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 16, de 9/6/1929: «Resposta ao senhor Dr. António Esteves. Só agora que se desfez a sombra do anonimato e apareceu alguém, ainda que forçado, a assumir a responsabilidade dos seus atos, é que venho defender-me pessoalmente da calúnia com que pretendeu ferir-me, acusando-me de querer ir a Sevilha à custa do município. Quem havia de dizer que Sevilha, terra das lindas trovas e das canções de amor, havia de originar em Melgaço um tal barulho. Eu vou relatar o facto que produziu esta desafinação: - Um meu parente, chegado há pouco do Brasil, convidou-me para um passeio à exposição de Sevilha. Aceitei e ficou combinado realizar-se na melhor oportunidade. Dias depois, em uma sessão camarária, é lido um ofício, convidando a Câmara a representar-se num congresso municipalista internacional, que devia reunir-se nessa cidade. Ofereci-me para desempenhar esse cargo, dizendo que tencionava lá ir, e como delegado teria o direito de assistir ao congresso. Não sendo pois a Câmara que me propôs, mas eu que me ofereci, é evidente que estava resolvido a viajar à minha custa. Como dá a entender na sua declaração do último número deste jornal, o discutido subsídio ressalta à vista na forma como foi redigida a deliberação camarária – que a Câmara me fornecesse o que precisasse. // Todos os homens desapaixonados, que têm os olhos limpos da poeira da má-fé, veem que estas palavras, ditadas despreocupadamente, sem nunca pensarmos que seriam autopsiadas com o seu estilete de médico, não se referem a nenhum subsídio pecuniário, mas tão-somente a documentos que me acreditassem, como enviado desta Câmara. Não pedi tal subsídio, nem nunca a Câmara pensou em dar-mo, nem eu o queria. De onde vem, pois, a sua reincidência infeliz, insistindo num facto que muito bem sabe não ser verdadeiro? É o velho conceito de Voltaire, que diz: - menti, menti sempre, que da mentira alguma coisa fica. // É um adversário: nunca nenhum de nós o atacou na sua honra. Não lhe negamos o direito de lutar e até de triunfar, mas com as armas da correção e da lealdade. V. Ex.ª quer subir. Na sua idade, e com a sua posição, é natural e justa essa aspiração. Não serei eu quem ponha obstáculos aos voos da sua ambição. Mas, não doutor, isso não é subir. É descer…» // Padre Artur d’Almeida.
Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 21, de
14/7/1929, referindo-se à festa de São Bento, em Fiães, a qual se realizara no
dia 11/7/1929: «A parte religiosa nada
deixou a desejar: missa solene, com exposição do S.S., e sermão pelo conhecido
orador padre Artur de A. Almeida, que produziu uma brilhante oração, pondo em
relevo, não só a vida do santo, como factos que dizem respeito ao histórico
mosteiro de Fiães.»
O
correspondente em Rouças do Notícias de Melgaço, após a festa de Santa Marinha,
realizada a 18/7/1929, diz dele: «Foi orador o reverendo Artur, cuja
eloquência arrebatou o numerosíssimo auditório, elevando-o às paragens das
regiões celestes.»
Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 48, de
2/2/1930: «Não foi debalde que o senhor padre AAA, reverendo abade desta
freguesia, apelou para os seus paroquianos pedindo-lhes o seu concurso
financeiro para a construção de uma residência paroquial, pois já começaram a
chegar as listas com os donativos. A pedido, vamos principiar hoje a dar à
publicidade os nomes das pessoas que já as enviaram, assim como as respetivas
importâncias…»
Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 53, de
9/3/1930: «Penso, 28/2/1930. Por
iniciativa do senhor abade foi organizada uma comissão constituída pelas
meninas Maria Noémia Pereira da Rocha, Olímpia Fernandes Pereira, Adélia
Fernandes, Darcília Esteves, Lucrécia Pereira Domingues, Maria da Conceição
Alves Solha, Lénia Esteves, Esmeralda Domingues, Deolinda da Nazaré Almeida,
Ana Rosa Pereira, Merciana Pereira, Esmeralda Ferreira Santos, Perfeita
Rodrigues, Glória Esteves Cordeiro, Maria Amélia Fernandes, Prazeres Fernandes
e Emília Fernandes, a qual tem por fim angariar prendas para uma tômbola, que
será inaugurada por ocasião da festa da Senhora da Cabeça. O produto líquido
desta tômbola reverterá a favor das obras para a construção de uma residência
paroquial.»
Em Maio de 1930 encontrava-se retido em
casa com um forte ataque de gripe (Notícias de Melgaço n.º 63, de 1/6/1930).
Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 64, de
8/6/1930: «Consta-nos que se encontra
bastante doente o reverendo Artur de Almeida, pároco da freguesia de Penso e
vice-presidente da Câmara Municipal deste concelho. Desejamos-lhe rápidas
melhoras.»
Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 102, de
22/3/1931: «Quinta-feira Mor. Está determinado que neste
dia, de tarde, haja exposição do SS na capela da Misericórdia; e, pouco depois
do escurecer, procissão do Ecce Homo, na forma dos anos anteriores, com sermão,
depois do seu recolhimento, pelo distinto orador, senhor padre Artur de
Ascensão Almeida.»
Foi vereador da Câmara Municipal de
Melgaço e vogal do concelho municipal, tendo em 1934 pedido a exoneração (Notícias de Melgaço n.º
249, de 21/10/1934).
Não sei se foi aceite, pois em Novembro de 1937 era novamente vogal, além de
vice-presidente da União Nacional concelhia, e «um emérito orador sagrado». // Em 1931 foi com amigos visitar a
cidade de Vigo (Notícias
de Melgaço n.º 120, de 9/8/1931).
No Notícias de Melgaço n.º 153, de
12/6/1932, lê-se a «Carta ao Senhor Capitão
Carvalho: Meu Ilustre amigo – aqui me tem às suas ordens. Sou eu o
correspondente de “A Voz”, que tanto desejava conhecer. Em primeiro lugar, em
presença da sua imponente (!), magnífica, opulenta de serviços e bem-fazer, irradiando
a luz da glória, que se esconde (!) famosa e linda muito ao (!) longe, do lugar
da Carreira, da freguesia de São Paio, (------) de nossas colónias, cumpre-me
saudá-lo em posição de sentido, com o verso do nosso épico: “Ditosa pátria que
tal filho…” // O meu capitão conhece Moliére? É compatriota daquele seu amigo
Larousse, onde …………… procurar a serra de Pemidelo (!). É também autor de uma
farsa que se intitula “Médico à Força.” O seu protagonista, que nunca estudou
medicina e que um dia foi obrigado a fazer a síndrome de uma doença; encravado,
saiu-se da dificuldade, recitando um ……….. macarrónico, que tenho pena não ter
presente na memória para reproduzir aqui ……….. com ênfase: “E aqui está a razão
por que o menino está doente.” A sua resposta às perguntas da Câmara, enchendo
colunas de prosa (…), sem dizer nada sobre o assunto que se discutia, fez-me
lembrar o meliante do tal médico à ……. do glorioso comediógrafo francês. V.
Ex.ª no seu artigo tem ……… admiráveis, resultante talvez dos seus conhecimentos
de estratégia militar. Diz, por exemplo, que não era obrigado a responder à
Câmara, visto o seu artigo se dirigir ao correspondente de “A Voz”. Faz-me
lembrar o seguinte caso: um homem muito conhecido, cujo nome me não lembra,
passou por uma rua de Lisboa e parou em frente de uma mercearia, onde estava, à
porta, em exposição, uma barrica de manteiga. Por distração, cuspiu nela. O
marçano avança para o sujeito, increpando-o ferozmente pela porcaria. - Perdão,
lhe diz ele. Julgava que eram azeitonas. E retirou-se serenamente, enquanto o
marçano, embasbacado, ficou a pensar nas razões que o homem teria para poder
cuspir se fossem azeitonas. Também eu fiquei igualmente pasmado a meditar nos
motivos que teria o meu capitão para poder, imponentemente, lançar suspeitas à
honra da Câmara, pelo facto de endereçar o seu artigo ao correspondente de “A
Voz”. Pensei que o autor do escrito era um Carvalho qualquer. Tão enojado
andava, das suas perlengas, que até me deu vontade – Deus me perdoe – de o
mandar para o apelido. Afinal saiu um Carvalho categorizado, capitão do
exército, com uma brilhante folha de serviços no continente e colónias. Perante
tal revelação, estou arrependido, da parte que me toca, no emprego daquelas
palavras duras, que tantos engulhos lhe causaram. Mas…, valha-nos Deus, meu
capitão. V. Ex.ª não provando nada das acusações que fez à Câmara deixou em pé
esses vocábulos, a feri-lo como látegos contundentes. V. Ex.ª quer ser crítico
da Câmara? Ninguém lhe nega esse direito. Como quer, porém, que não o
consideremos um crítico de má-fé, sem aquela nota inerente à boa crítica, que é
a imparcialidade, se em toda a obra da Câmara só encontra motivos para censurar
e nada que lhe mereça louvor? Dê-nos, meu capitão, o consolo de um elogio saído
da sua pena consagrada e tudo acabará a bem. Esta já vai longe, por isso
termino, agradecendo-lhe os momentos de alegria que me proporcionou, porque –
nestes tempos de tanta tristeza – o riso é o melhor bem deste mundo. Abraça-o o
seu amigo e admirador.»
Artur d’Almeida.
Ainda em 1932, fazendo parte da Comissão
Administrativa da Câmara Municipal de Melgaço, presidida pelo farmacêutico Dr.
João Durães, reagiu mal, como acima se leu, à crítica do capitão Carvalho,
natural de São Paio de Melgaço, mas este respondeu-lhe à letra. Vejamos: «Carta
ao senhor Artur d’Almeida. Preclaro sacerdote – V. Reverendíssima, que não é
natural deste concelho, quando nos endereça a sua epístola não intercalou no
seu nome a “Ascensão” que realizou da sua terra natal para uma abadia deste
nosso torrão, como pastor d’almas, e que - como os seus fregueses o julgavam de
encomenda – V. R.ma os repreendeu por não lhe darem o título a que tinha
direito e, portanto, que o tratassem pelo seu nome, que era bonito. // Não é só
bonito, é catita, como catita é a sua carta, e pena foi, na ocasião em que a
ditou, estar amnésico, a respeito do latinório que o Médico à força empregou,
pois que gostávamos de o conhecer. // Na sua carta diz-nos que “ficamos” ferido
com látegos contundentes… Bem vemos que V. R.ma fez de nós Jesus Cristo.
Condenou-nos num tribunal onde V. R.ma ditou a sentença, escrita por um jovem e
incitada por um fariseu. O abraço já no-lo envia. Falta o ósculo, que nós
receberemos quando quiser. // Augusto Taveira, descrevendo a origem e vida de
Jesus Cristo, diz que quando o precioso corpo foi despregado do madeiro, e
entregue a Nicodemos, recebeu carinhosa assistência da “incomparável e divina
criatura que se chamou Maria Magdala”, ajudada piedosamente pelas suas jovens
companheiras que eram Maria Cleopbas e Maria Salomé (Renan,
Vie 353). Tinha razão a divina e encantadora Magdalena quando no
sepulcro ao senti-lo estremecer, como num despertar de agonia, banhada em
lágrimas, lhe murmurou ao ouvido: “Não valia a pena, não valia a pena.” // Nós,
que não queremos ser um segundo Jesus Cristo, diremos: “não vale a pena”
perdermos mais tempo. Por isso, exortámo-lo a que quando faça a sua Ascensão ao
púlpito V. R.ma no auge das suas perlengas oratórias não pratique a
irreverência de mandar os fiéis para o nosso apelido, conforme nos queria
mandar… Às ordens, o Cristo que se chama Luís Augusto de Carvalho, capitão.» // Notícias de Melgaço n.º 154, de 19/6/1932.
Alguém, cujo nome não
assinou, põe a nu algumas hipocrisias das festas católicas na ditadura militar
(1926-1933). Leia-se no Notícias de Melgaço n.º
162, de 28/8/1932, página 2: «Festividades e Arraiais. No dia 21 realizou-se
em Penso a festa de São Tomé, na sua capela, situada no monte do mesmo nome (…)
// Na mesma freguesia de Penso também se efetuou no dia 24 a festa ao São
Bartolomeu, que constou de missa solene e instrumental, em seguida procissão e
arraial, abrilhantado pelas duas bandas de Tangil. // Esta festividade
costumava ter grande concorrência, que este ano não teve, devido a não ser
mudada a feira deste dia, o que bastante a prejudicou. // Pela autoridade
eclesiástica não foi consentida a iluminação e arraial noturno da véspera e que
todos os anos revestia um grande brilhantismo, atraindo numerosa concorrência
de todos os lados e mormente dos povos servidos pela estrada nacional 1-1.ª //
Nesta festa observamos o maior contra senso que até hoje temos notado em
festividades sacras com os seus respetivos arraiais. // Não se deixou realizar
a iluminação e arraial noturno da véspera no largo terreiro da capela, que
sempre se fizeram a contento dos fregueses e dos seus concorrentes, mas
realizou-se a procissão, percorrendo uma grande extensão, contra o expresso
determinado na lei de separação da Igreja [e] do Estado. // Depois o arraial e,
pela tarde baixa, um homem com uma imagem no braço, a que chama a Senhora da Cabeça,
percorrendo o arraial a leiloá-la, a quem mais desse, para a meter dentro da capela,
dando origem a irreverências. // Passado algum tempo, essa imagem, conduzida
por uma criança, e outra imagem, que diziam ser o São Bartolomeu, às costas de
um rapaz, andaram a dar voltas à capela, seguidas de uma das bandas de música,
tocando um mesclado, onde envolvia o “vira”, parecendo tudo isto mais uma
fantochada de feira a anunciar os espetáculos do dia, em vez daquele recato que
devem ter as coisas sagradas. // E tudo isto se fez na presença e sob os olhos
do pároco da freguesia! // Estamos identificados. Parece que a verdadeira
palavra de Deus, dita em português, só se pronuncia nos templos protestantes.
// Excelentíssimo e Reverendíssimo Arcebispo de Braga: ordene a retirada de
todas as imagens dos templos católicos para museus. Esses mesmos templos
entregues a cristãos, e dentre eles os que melhor souberem fazer compreender e
interpretar as escrituras sagradas, ensinarão em português vernáculo a doutrina
cristã, sem as fantochadas e contra sensos que vimos observando. E note,
Reverendíssimo Senhor, que os pastores da doutrina cristã podem casar, dando,
portanto, o exemplo do que disse Cristo: crescei e multiplicai-vos, legalizando
a sua descendência, a quem podem deixar um nome honrado, o que não sucede com
os católicos.»
// Não assinou, mas parece-me ser o capitão
Carvalho, natural de São Paio, ou o professor de Paderne.
Lê-se em "A Voz de Melgaço" n.º 1428, de
1/6/2019, referindo-se aos anos trinta do século XX: «O padre Artur, de Penso, o mais
consagrado orador da região, inspiradíssimo, como sempre, arrebatou os fiéis em
prolongada dissertação; em dado momento exortou as crianças a pedirem perdão
aos pais. Foi uma tremenda confusão. As crianças procuravam o pai ou a mãe,
empurrando as pessoas. O Manel tinha visto o pai no coro, ia ser difícil passar
pelo meio das criaturas e subir lá, sorte que a mãe estava perto e ele não
vira, ela é que veio dar-lhe um abraço.»
Também
foi vogal da Mesa da Santa Casa da Misericórdia de Melgaço (Obras Completas de ACE, volume I, tomo
II, páginas 683 e 684).
// Foi presidente, em Penso, da Comissão Fabriqueira; o secretário era
Francisco Domingues Louriz. // Politicamente, esteve muito ligado ao regime
saído do golpe militar de 1926, e ao ditador Salazar. // Na festa de São
Bartolomeu, realizada em Penso a 24/8/1948, houve sermão, tendo sido ele o
orador.
Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 876, de
17/10/1948: «O reverendo padre Artur de Almeida, ilustrado pároco de Penso, falou em
seguida. Recordou a sua passagem pelas cadeiras da Câmara Municipal e disse
como teve a seu lado o atual Governador Civil (capitão José de Ornelas
Monteiro) nas pugnas oratórias dos primeiros anos do Estado
Novo…»
Pode ler-se no Notícias de Melgaço n.º
938, de 9/7/1950: «Estava a fazer, durante uma semana, retiro espiritual no mosteiro
beneditino de Singeverga, em Santo Tirso, o zeloso e distinto pároco desta
freguesia (Penso), reverendo Artur da
Ascensão Almeida.»
Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 945, de
3/9/1950: «De Penso – Agosto, 29. – No dia 24 passado, realizou-se nesta freguesia
a festividade em honra de São Bartolomeu, com o programa do costume: missa
solene, sermão pelo ainda eloquente reverendo Artur da Ascensão Almeida,
procissão e música de Riba de Mouro, exteriormente modesta, mas interiormente
brilhante, como todas as festas que nesta freguesia se realizam, porque a
pureza por dentro é sempre mais simpática do que o brilho que muitas coisas nos
oferecem à vista.»
Pode-se ler no Notícias de Melgaço nº 950,
de 8/10/1950: «São Gregório – Festa de Santa Bárbara – No domingo passado, dia 24,
realizou-se, como nos anos anteriores, a festividade em honra de Santa Bárbara,
única que se efetua neste pitoresco e encantador lugar. Apesar da pouca
propaganda que se fez, foi muito concorrida, e revestiu-se de um certo brilho.
Foi orador o reverendo padre Artur de Almeida, pároco da freguesia de Penso,
que – como sempre – proferiu brilhante sermão, bem demonstrativo das suas altas
qualidades de orador sagrado que lhe granjearam nome respeitado na arquidiocese.»
No Notícias de Melgaço n.º 954, de 5/11/1950,
lê-se o seguinte: «Tem estado com ligeiro ataque de gripe, o reverendo Artur da Ascensão
Almeida, muito digno pároco desta freguesia.»
Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 972, de
1/4/1951: «… A palavra ainda fluente do nosso ilustre e querido pároco não
desmereceu, apesar da sua provecta idade.» // Na festa da Senhora da
Cabeça, realizada em Penso a 15/4/1952, botou sermão o reverendo AAA «orador
sacro que toda a gente aprecia com
excecional fanatismo…» (Notícias de Melgaço n.º 1021, de 20/4/1952).
Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 1023, de
4/5/1952: «No passado dia vinte e sete realizou-se nesta freguesia [de Penso], por
iniciativa da Liga da Ação Católica, uma festa de homenagem ao reverendo AAA,
que há perto de quarenta anos aqui exerce a sua missão evangelizadora com muito
zelo e solicitude. Foi uma festa simples, mas que teve o brilho das grandes
festas pelo entusiasmo de que se revestiu. Quase todos os chefes de família,
acompanhados dos filhos, compareceram no local da reunião para manifestarem ao
seu bondoso pároco a estima que lhe tributavam e que ante os seus corações se
sentiam felizes por tê-lo ainda à frente dos destinos morais e religiosos da
sua terra. // A Excelentíssima Dr.ª Maria Manuel Pereira, em um bem elaborado
discurso, dissertou sobre o significado da festa, demonstrando, com a maior
clareza, o que é o pároco em uma freguesia, comparando-o aos verdadeiros
apóstolos. E num entusiasmo comovedor descreve a orientação dada ao seu
espírito pelo seu querido pároco, reverendo AAA, desde criancinha, enaltecendo
as suas virtudes e a sua inconfundível cultura. // O Excelentíssimo Dr. Carlos
Luís da Rocha, presidente da Câmara Municipal, em breves palavras, referiu-se
às sublimes qualidades do homenageado, tanto dentro como fora da igreja, pelo
que foi e é ainda hoje muito apreciado em todas as localidades e reuniões onde
a sua palavra eloquente se faz ouvir. // E o Sr. Carlos Manuel da Rocha,
professor aposentado, leu um pequeno discurso, no qual se referiu ao bom
entendimento que desde a vinda do reverendo AAA para Penso entre ambos sempre
existiu, para o fim que a igreja e a escola têm em vista – formação de almas
que serão amanhã as percursoras da nossa civilização tendo-se habituado a
apreciá-lo pela sua nobreza de caráter, pelas suas altas qualidades de
inteligência, e pela sua extrema generosidade para com os seus paroquianos. // Não
faltaram palmas e vivas ao nosso ilustre e querido pároco que, comovido,
agradeceu as referências elogiosas que lhe foram feitas. Uma menina, em nome
das filiadas na Ação Católica, ofereceu ao seu bondoso orientador espiritual um
ramo de flores, e um livro, como recordação deste dia festivo, recitando uma
linda dedicatória que muito sensibilizou a assistência. // Encerrou-se esta
comovente homenagem com a exibição de um filme da vida de Santa Teresinha do
Menino Jesus, fornecido pela excelentíssima e distinta professora D. Maria
Alberta, que possui um aparelho comprado a expensas suas para a educação das
suas discípulas.» O correspondente. // Morreu em Julho de 1956.
// continua...
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