// continuação...
50
Manda
construir os belos Jerónimos,
A
lindíssima Torre de Belém;
Artistas
conhecidos e anónimos
Trabalham
por cruzado e um vintém,
Tornando
os monumentos sinónimos
De
um Portugal rico, gente de bem.
E
pra que dos cristãos receba louros
Expulsa
do país judeus e mouros.
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Os
que se converteram a Jesus
Serão
designados de cristãos novos;
Carregarão
nos ombros outra cruz,
Ficam
presos, tal galinhas nos covos.
Os
seus olhos jamais verão a luz,
Tudo
parecerá negro de corvos.
Esquecerão
o Alá e Javé,
Agora
têm novo credo e fé.
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Ai
que coisa esta das religiões
Que
transforma os humanos em reféns;
Ficam
cegos, entram em mil prisões,
Em busca de céus, de divinos bens;
Perdem-se
em miríades de ilusões,
Tornam-se
vis escravos, zés-ninguém!
Buscam
para os seus males uma cura,
Para
os tormentos dor menos dura.
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Seguem
- na senda do desconhecido -
Caminhando
além, de olhos vendados;
Buscando
milagres, algo parecido,
E
no fim todos se sentem frustrados…
Na
pia o menino é benzido,
Levado
pelos trilhos já traçados.
Prometem-lhe
a cura da sua alma
Lugar
no doce céu, com paz e calma!
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Grande
farsa, conversa de crianças,
Tudo
que há está dentro do universo;
Fora
existe nada, falsas esperanças,
Cabendo
tudo num vazio verso…
Os
deuses executam lindas danças
Mostrando,
da medalha, o anverso.
Humanos
devem crer na natureza,
Nossa
madre, que nos serve à mesa.
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Voltemos
a esses reis prepotentes,
Beis
do mundo, senhores absolutos,
Donos
de mil burgos, das suas gentes,
Ágeis,
cruéis, velhacos e astutos;
Sempre
irritadiços, descontentes,
Horríveis,
sanguinários, brutos.
Deram-lhes
bons cognomes os cronistas
A
fim de iludir o povo, suas vistas.
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Dom
João, inspirado, genial,
Olhando
as mil riquezas da terra,
Subido
tesouro, manancial,
Abandona
o mar, deixa a guerra,
Torna
o casto Brasil colossal,
Uma
fase da história encerra.
Divide
tudo em capitanias,
Tomé
Sousa foi David e Golias.
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Distribuiu
as terras por colonos,
Todos
eles de origem portuguesa,
Tornando-se
assim verdadeiros donos,
Descobrindo
ouro, criando riqueza;
Vendo
belos pássaros, feios monos,
Esquecendo
os mares da incerteza.
Ganhando
à terra terno amor,
Cultivando-a
com ganas e suor.
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Pagavam
à coroa certos direitos,
Dinheiro
que enchia cofres do Estado,
Fazendo
crescer os fortes peitos
De
fidalgos e do rei endeusado;
Erros
crassos e enganos desfeitos,
Tudo
pertencia agora ao passado.
Fundou-se
a cidade São Salvador
Em
honra do Santíssimo Senhor.
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O
Brasil cresceu como um gigante,
Transformando-se
quase continente;
E
se para o rei era inconstante,
Era querido de imensa gente.
Por
isso, de repente, num instante,
Criou
asas, tornou-se independente.
Pulmão
do mundo, mil rios, floresta,
Alimenta
todo um povo em festa.
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Vai
para Coimbra a Universidade,
Contrataram
distintos professores,
Pois
o saber não tem tempo, idade,
Apenas
curiosos e cultores...
Nascem
por mercê novas faculdades,
Estatutos
novos, muitos doutores.
Para
que nas urbes não surja inveja
Prometem-se
outras para Faro e Beja.
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Vêm
do estrangeiro sábios mestres,
Ensinar
aos lusos novas ciências;
Não
vêm doutro planeta, são terrestres,
Mas
no lauto saber são excelências,
E
no comportamento são pedestres,
As
vaidades neles são excrescências.
Ensinam
também novas técnicas e artes
Para
que aqui conste e noutras partes.
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E
pra que nada falte a este país
Vem
de Roma a Companhia de Jesus;
Trazem
na bagagem projetos de raiz,
O
ensino gratuito, muita cruz;
Pregam
na capela, igreja matriz,
Onde
haja pouca ou muita luz.
Destaca-se
São Francisco Xavier,
Divulga
o seu credo a quem quiser.
// continua...
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