domingo, 25 de novembro de 2018

DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO DE MELGAÇO
 
Por Joaquim A. Rocha





CRIMES


(1903) - PASSOS, Emília. Filha de Manuel Ferreira de Passos, lavrador, natural de Penso, Melgaço, e de Marcelina Martins Peixoto, lavradeira, natural de Messegães (São Miguel), Monção, moradores no lugar de Paradela. Neta paterna de José Ferreira de Passos e de Mariana Esteves Cordeiro; neta materna de João Martins Peixoto e de Maria Luísa Fernandes. Nasceu em Penso a 26/5/1882 e foi batizada na igreja nesse dia. Padrinhos: José Esteves Cordeiro e Josefina Esteves Cordeiro, solteiros, rurais. // Lavradeira. // Casou na igreja católica a 15/7/1901 com o seu conterrâneo e parente António da Rocha, de 23 anos de idade, solteiro, camponês. // Faleceu a 8/6/1903, no lugar de Paradela, às três horas da manhã, «sendo assassinada», sem testamento, com geração, e foi sepultada no cemitério local. // Nota: foi abatida pelo marido; trata-se, por conseguinte, de um crime passional; alguém o informou de que ela o traía e ele um dia surge de repente, às tantas da madrugada, agride a mulher mortalmente, e a seguir suicida-se.

 

(1903) - ROCHA, António. Filho de Matias da Rocha e de Benta Joaquina Rodrigues, lavradores, residentes no lugar de Paradela. Neto paterno de António José da Rocha e de Maria Caetana de Lucena; neto materno de João Francisco Rodrigues e de Mariana de Araújo. Nasceu em Penso a 9/12/1876 e foi batizado na igreja no dia seguinte (*). Padrinhos: Manuel Luís Esteves e sua esposa, Maria José Afonso, rurais, de Paradela. // Casou na igreja a 15/7/1901 com a sua conterrânea e parente Emília Ferreira de Passos, de 18 anos de idade, solteira, camponesa, filha de Manuel Ferreira de Passos e de Marcelina Martins Peixoto. // A sua esposa foi assassinada por ele próprio às três horas da manhã do dia 8/6/1903, no lugar de Paradela. // Ele morreu a 8/6/1903, logo a seguir à morte da mulher, por suicídio. Viera de Lisboa, onde trabalhava como caixeiro, propositadamente para a matar, provavelmente por o terem avisado de que ela o traía. Não fizera testamento, e foi sepultado sem pompa alguma em um terreno reservado junto ao cemitério para esse efeito. Segundo a igreja católica, o suicida não tinha quaisquer direitos e ia diretamente para o inferno. // Com geração.  /// (*) Fora sopeado em casa pela sua madrinha. 

 

(1910) - Agostinho Esteves (o Corga). Filho de Manuel Luís Esteves e de Maria Rosa Rodrigues, lavradores, residentes no lugar da Lage. Neto paterno de Manuel Luís Esteves e de Maria Rosa Rodrigues, rurais, moradores no lugar de Eiriz; neto materno de Bento Manuel Rodrigues e de Luísa Rosa Domingues, camponeses, moradores no lugar da Lage. Nasceu na Gave, Melgaço, a 8/6/1886, e no dia seguinte foi batizado na igreja paroquial. Padrinhos: João António Esteves e Joaquina Domingues, casados, rurais, moradores no lugar da Lage. // Nota: é provável que seja a mesma pessoa que a 16/8/1912 seguiu para a penitenciária de Lisboa, numa leva de presos que se encontravam nas cadeias da Relação do Porto; fora condenado no tribunal de Melgaço na pena de cinco anos e quatro meses de prisão maior celular, seguidos de treze anos e quatro meses de degredo, ou na alternativa de dezoito anos e quatro meses, pelo crime de homicídio voluntário na pessoa de “José do Manco”, ou “Manco de Alijó”, natural de Riba de Mouro, Monção, ocorrido a 9/10/1910 (Correio de Melgaço n.º 11). // Em 1917 acabou de cumprir a pena de prisão maior celular e seguiu para Luanda a fim de cumprir os treze anos de degredo (ver Jornal de Melgaço n.º 1174, de 8/9/1917).   

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