DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO DE MELGAÇO
Por Joaquim A. Rocha
CRIMES
(1903)
- PASSOS, Emília. Filha de Manuel Ferreira de Passos, lavrador, natural de
Penso, Melgaço, e de Marcelina Martins Peixoto, lavradeira, natural de Messegães (São Miguel), Monção, moradores no lugar
de Paradela. Neta paterna de José Ferreira de Passos e de Mariana Esteves
Cordeiro; neta materna de João Martins Peixoto e de Maria Luísa Fernandes.
Nasceu em Penso a 26/5/1882 e foi batizada na igreja nesse dia. Padrinhos: José
Esteves Cordeiro e Josefina Esteves Cordeiro, solteiros, rurais. // Lavradeira.
// Casou na igreja católica a 15/7/1901 com o seu conterrâneo e parente António da
Rocha, de 23 anos de idade, solteiro, camponês. // Faleceu
a 8/6/1903, no lugar de Paradela, às três horas da manhã, «sendo assassinada»,
sem testamento, com geração, e foi sepultada no cemitério local. // Nota: foi abatida pelo marido;
trata-se, por conseguinte, de um crime passional; alguém o informou de que ela
o traía e ele um dia surge de repente, às tantas da madrugada, agride a mulher
mortalmente, e a seguir suicida-se.
(1903)
- ROCHA, António. Filho de Matias da Rocha e de Benta Joaquina Rodrigues,
lavradores, residentes no lugar de Paradela. Neto paterno de António José da
Rocha e de Maria Caetana de Lucena; neto materno de João Francisco Rodrigues e
de Mariana de Araújo. Nasceu em Penso a 9/12/1876 e foi batizado na igreja no
dia seguinte (*). Padrinhos: Manuel Luís Esteves e sua esposa, Maria José Afonso,
rurais, de Paradela. // Casou na igreja a 15/7/1901 com a sua conterrânea e parente Emília
Ferreira de Passos, de 18 anos de idade, solteira, camponesa, filha de Manuel
Ferreira de Passos e de Marcelina Martins Peixoto. // A sua esposa foi assassinada
por ele próprio às três horas da manhã do dia 8/6/1903, no lugar de Paradela.
// Ele morreu a 8/6/1903,
logo a seguir à morte da mulher, por suicídio. Viera de Lisboa, onde trabalhava
como caixeiro, propositadamente para a matar, provavelmente por o terem avisado
de que ela o traía. Não fizera testamento, e foi sepultado sem pompa alguma em um
terreno reservado junto ao cemitério para esse efeito. Segundo a igreja
católica, o suicida não tinha quaisquer direitos e ia diretamente para o
inferno. // Com geração. /// (*) Fora sopeado em casa pela sua madrinha.
(1910) - Agostinho
Esteves (o Corga). Filho de Manuel Luís Esteves e de Maria Rosa
Rodrigues, lavradores, residentes no lugar da Lage. Neto paterno de Manuel Luís
Esteves e de Maria Rosa Rodrigues, rurais, moradores no lugar de Eiriz; neto
materno de Bento Manuel Rodrigues e de Luísa Rosa Domingues, camponeses,
moradores no lugar da Lage. Nasceu na Gave, Melgaço, a 8/6/1886, e no dia seguinte foi
batizado na igreja paroquial. Padrinhos: João António Esteves e Joaquina
Domingues, casados, rurais, moradores no lugar da Lage. // Nota: é provável que seja a
mesma pessoa que a 16/8/1912 seguiu para a penitenciária de Lisboa, numa leva
de presos que se encontravam nas cadeias da Relação do Porto; fora condenado no
tribunal de Melgaço na pena de cinco anos e quatro meses de prisão maior
celular, seguidos de treze anos e quatro meses de degredo, ou na alternativa de
dezoito anos e quatro meses, pelo crime de homicídio voluntário na pessoa de
“José do Manco”, ou “Manco de Alijó”, natural de Riba de Mouro, Monção, ocorrido a 9/10/1910 (Correio de Melgaço n.º 11). // Em
1917 acabou de cumprir a pena de prisão maior celular e seguiu para Luanda a
fim de cumprir os treze anos de degredo (ver Jornal de Melgaço n.º 1174, de 8/9/1917).
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