OS NOVOS LUSÍADAS
(tentativa de continuação de OS LUSÍADAS, de Camões)
Por Joaquim A. Rocha
Palácio da Pena - Sintra |
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Manuel
recebe o embaixador,
Promove-o
a ministro da corte;
Chama-lhe
fidalgo, douto senhor,
Dá-lhe
nome para além da morte.
E
o povo, esse grande sofredor,
Inveja-lhe,
com razão, sua sorte.
Mas
num gesto puro, enigmático,
Considera
tudo isso vil, errático.
Mosteiro dos Jerónimos |
64
Rei
sofre da síndroma da vaidade,
Tudo
para ele é importante:
Aldeia,
vila, região ou cidade,
Tudo
é poderoso, alto, gigante,
Desde
que aceitem sua vontade,
O
seu poder, a mulher, triste amante.
E
para que a lei seja justiceira,
Of’rece
forais à nação inteira.
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Reforma
a antiga legislação,
Ditas
Ordenações Manuelinas;
Afirma
que a circum-navegação
É
apenas sombra, puras neblinas.
Foge
da mentira, da ilusão,
Ilusório
canto de matinas.
Torna-se
soberano poderoso,
E
seu povo chama-lhe o Venturoso.
66
Manda
construir os belos Jerónimos,
A
lindíssima Torre de Belém;
Artistas
conhecidos e anónimos
Trabalham
por cruzado e um vintém,
Tornando
os monumentos sinónimos
De
um Portugal rico, gente de bem.
*
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Os que se converteram a Jesus
Serão designados de cristãos novos;
Carregarão aos ombros outra cruz,
Ficam presos, tal galinhas nos covos.
Os seus olhos jamais verão a luz,
Tudo parecerá negro de corvos.
Esquecerão o Alá e Javé,
Agora têm outro credo ... e fé!
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