POEMAS DO VENTO
Por Joaquim A. Rocha
// continuação de 23/10/2023.
A VIDA
(II)
A vida é tristeza:
- não só!
É alegria:
- não só!
É dor,
é amor,
é ternura,
é angústia,
é lamento,
é tormento,
é paixão,
é ilusão,
é compaixão,
é luta,
é gruta,
é princípio,
é fim,
é tudo,
é nada,
é pensamento,
é deslumbramento,
é espera,
é procura,
é desespero,
é loucura,
é mágoa,
é visão,
é destruição,
é VIDA!
5/5/1975
50
CHE GUEVARA
Faz hoje muitos anos que morreste, caro Che!
Mas pela vida que levaste não mereces que
digamos que morreste:
tu viveste, tu vives, tu viverás eternamente. Dedicaste a tua vida à revolução,
entregaste-te de alma e coração
à luta pelos povos:
pela justiça, pela paz,
pela igualdade, pela libertação dos
oprimidos.
Por isso foste um guerrilheiro, foste um
ministro, foste um indomável lutador.
Em 8 de Outubro de 1967 o teu corpo caiu
sob as balas assassinas dos
fascistas bolivianos; o teu espírito
desprendeu-se do
corpo e guia as nações
no caminho da revolução.
O teu exemplo será seguido.
Saudamos-te, Che, e juramos
solenemente continuar contigo a luta.
8/10/1975
51
CAMINHANDO PARA A MORTE
Vivo num estranho mundo:
sem paixões, sem sonhos,
sem ambições!
Passo a passo sigo
esta longa ou curta
caminhada para a morte.
Sei que um dia virá
e então tudo acabará…
restando apenas uma
estranha recordação
naqueles que me chorarem
na hora da partida.
Mas até essa lembrança
se tornará em breve vaga,
e como fumo se evaporará
na atmosfera do tempo!
52
Acordai o mundo…
acordai as gentes;
ide mesmo ao túmulo
soltar as correntes.
Agitai as massas,
fazendo-as vibrar;
andam sufocadas,
precisam gritar.
Agitai as massas,
fazendo-as tremer;
seu sangue está frio,
precisa aquecer.
Agitai as massas,
não podem morrer;
de amor são sedentas,
dai-lhes de beber.
Acordai as massas,
desse sono eterno;
dizei-lhes: não existe
nem céu nem inferno!
Esse fatalismo,
essa crença fútil;
esse fanatismo,
tudo isso inútil!
Esse medo atroz,
que vexa e humilha,
há de ser o algoz
da luz que já brilha?
53
Um dia chegou a morte…
vinha cansada e triste,
maldizia a sua sorte,
maldizia sua existência.
Dizia-me ela, aborrecida:
«Por que será que
existe
entre os pobres mortais
um medo de mim tão grande?
Não sabem que sou sua amiga,
sou irmã, sou companheira?
Desencorajo a intriga,
imponho a reverência,
dou-lhes descanso eterno!
Dou imensas fortunas aos
herdeiros de gente rica,
dou fama imortal a artistas,
aos maus dou o inferno.
Eu sou a morte prazenteira!»
PERDIDA EM TEUS SONHOS
Aqui vieste um dia,
não sei se em romaria,
se perdida em teus sonhos;
em pesadelos medonhos
eu vivo o dia a dia.
Talvez seja fantasia…
talvez sejam sonhos meus;
mas se tiver de sofrer,
sofrerei nos braços teus
até ao dia em que morrer.
E se tiver de escolher,
escolherei livremente,
vá-se o passado, o presente,
venha o futuro infeliz:
sonho triste, a alma o diz!
// continua...
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