SONETOS DO SOL E DA LUA
Por Joaquim A. Rocha
// continuação de 20/02/2022.
SAUDOSA TERRA
Por
onde anda minha saudosa terra,
Há
muitos séculos que não a vejo;
Fugiu
de mim, do meu carente beijo,
Para
sítio distante, agreste serra.
Toda
a minha história em si encerra,
Aquele
lugar que eu tanto desejo;
Tem
um rio mais belo do que o Tejo,
Por si a minha alma chora e berra.
Não
vou ficar sentado à espera
Que
ela venha até mim pela manhã;
Irei
percorrer todo o universo,
Transformado
em nave, azul esfera,
Em
estrela do céu, grande ou anã…
Trazê-la
de novo para seu berço.
Era príncipe, filho de Faraó,
O grande Moisés, surgido do rio;
Não sofria agruras do sol nem do frio,
Não sujava o corpo com reles pó.
Em penico de ouro fazia cocó,
Era bem mais famoso do que Io;
Tinha fêmeas belas para o cio,
Nas noites longas não estava só.
Mas eis que descobre a sua origem,
Descende, dizem, do povo judeu;
Seu senhor é o temível Jeová!
Cresce no seu cérebro a vertigem,
Sente-se despojado do que é seu,
Raivoso, rasga a roupa tafetá.
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