MELGAÇO: Padres, Monges e Frades.
Por Joaquim A. Rocha
desenho de Luís Filipe G. P. Rodrigues |
// continuação de 31/10/2021.
COSTA,
Aires (Padre). Veio substituir o padre Lopo de Castro. Lê-se no “Padroado
Medieval Melgacense”, página 93, de José Domingues, edição da Câmara Municipal
de Melgaço, de 2004): «Por renúncia de
Lopo de Castro feita a 13/12/1522 o arcebispo confirmou o seu capelão, Aires da
Costa, por documento de 5/2/1523, mas este viria a renunciar a 13/4/1523,
confirmando-se, passados dez dias, António de Castro.»
COSTA,
António Domingues (Padre). // Pároco encomendado de Cubalhão. // A 22/9/1873,
na igreja do mosteiro de Paderne, foi padrinho de Baltazar, nascido dias antes,
filho de José Maria Flores e de Maria Rosa (exposta), e batizado pelo padre
António José Rodrigues Monteiro; teve como madrinha Teresa de Jesus da Cunha
Araújo, do lugar de Crastos. // Nota:
nesse dia, e à mesma hora, foi padrinho de Teresa de Jesus, gémea de Baltazar
Flores.
COSTA,
António Soares (Padre e Bacharel). Filho de Manuel Fernandes e de Maria
Rodrigues de Sá, residentes na Portela de Paderne. Nasceu em Paderne no início
do século XVIII (confirmar).
// Foi procurador da Confraria Nova dos Clérigos. // Quando seu irmão padre
Manuel, deão da Baía, estava ausente, ele representava-o. // Morreu em Paderne
(ver O Meu Livro das Gerações Melgacenses, volume I, página
465).
COSTA,
Custódio José (Padre). // Foi pároco de Paços de 30/8/1953 a 5/9/1961. // Lê-se
no Notícias de Melgaço n.º 907, 7/8/1949, acerca da festa realizada no último
domingo de Julho de 1949: «Em São Paio –
na sua capelinha em Barata também se realizou no mesmo domingo a festividade em
honra do glorioso patriarca São Bento, que esteve muito concorrida, constando
de missa solene, sermão pelo distinto orador reverendo padre Custódio e uma
luzida procissão. Abrilhantou a festividade a banda dos Bombeiros Voluntários
de Melgaço.» // Sucedeu-lhe o padre Manuel Magalhães Fernandes.
COSTA, Feliciano
(Padre). Filho do padre João
Esteves,
pároco na freguesia de Paderne, morador no lugar de Paradela, e de
------------- (?). Nasceu no século XVII, no lugar de Alempassa, freguesia de
Penso. // Foi pároco em Penso e assistente em Merufe, Monção, desde 1694 (informações colhidas na
Internet).
COSTA,
Francisco Xavier (Padre Dr.) // Foi provedor da SCMM em 1771. // Faleceu a
9/2/1781.
COSTA,
João (Padre). // «Em 1540 fez-se um tombo
da freguesia de Rouças e nele interveio o padre João da Costa, cura de Santa
Maria do Campo, na qualidade de homem bom e como procurador do abade das
igrejas de Santa Maria da Porta e de São Lourenço de Prado, que estava ausente.»
(Melgaço Medieval, do Padre Manuel António Bernardo Pintor,
página 24).
COSTA, José Domingues (Padre). // Em Setembro
de 1805 morava no lugar de Bacelos, freguesia de Alvaredo. // A 9 de Setembro daquele
ano foi padrinho de Maria José Abendanho, filha de Francisco José de Abreu Lima
e Castro e de Maria Engrácia Araújo Lira Abendanho, nascida no lugar do
Maninho, Alvaredo, a 5/9/1805, descendente do padre Manuel de Araújo Caldas de
Azevedo.
COSTA,
Manuel (Padre). Filho de Manuel Esteves da Costa e de Isabel Magalhães Esteves.
Neto paterno de Gregório Esteves da Costa e de Constança Rodrigues; neto materno
de António Esteves e de Maria Gomes Pinheiro Abreu Magalhães. // Foi abade da
Vila de 1728 a Abril de 1775, por ter falecido a 14/4/1775; sucedeu-lhe o padre
Manuel Pedro Loné. // Também exerceu o cargo de provedor da SCMM em 1753. // Em
1769 ofereceu à SCMM uma lâmpada de prata, à romana, para alumiar ao Senhor da
Cruz. // Irmão de Andrea.
COSTA,
Manuel António Domingues (Padre). Filho de António Domingues da Costa e de
Joaquina Rosa Durães, rurais, moradores no lugar de Barata. Neto paterno de Felipe
Domingues e de Maria da Costa (ou Maria Costas), de Alveios, Tui; neto materno de António Luís Durães e de
Rosa Alves, de Barata. Nasceu em São Paio a 21/3/1838 e foi batizado a 23 desse
mês e ano. Padrinhos: padre Manuel José Durão, da Granja, e a avó materna da
criança. // Foi pároco de Chaviães, de Cubalhão (onde chegou a ser
presidente da Junta, em 1874), e capelão do
Convento das Carvalhiças. // Em 1865 era cura na freguesia de Paderne. // A
7/10/1865, na igreja de Prado, foi padrinho de Ismélia Cândida, nascida a 2
desse mês e ano, filha de Joaquim Maria Gonçalves e de Maria Delfina Martins,
moradores no lugar do Souto, Prado. A madrinha era Teresa de Jesus Ferreira,
solteira, da vila de Melgaço. // A 21/4/1866, na igreja de Paderne, batizou e foi
padrinho de Delfina da Conceição, nascida no dia anterior, filha de João
Francisco Esteves e de Joaquina Esteves. // A 25/1/1869, na igreja de Paderne,
foi padrinho de Jerónimo Figueiredo e Castro, nascido dois dias antes. // Em
1870 era encomendado da freguesia de Cubalhão; em 1874 presidente da Junta de
Cubalhão (ver “Organização Judicial de Melgaço”, de Augusto César
Esteves, página 158). // A 20 de Janeiro de 1871, na
igreja de São Paio, foi padrinho de Maria da Conceição Gonlaves, nascida dois
dias antes. // Em 1877 era encomendado na freguesia de Cubalhão. // A 9/8/1877,
na igreja do mosteiro de Paderne, casou Constantino Pires com Francisca Vaz. //
A 25/3/1878, na igreja de São Paio, foi padrinho de José Maria, nascido no dia
anterior, filho de António Joaquim Gomes e de Delfina da Conceição Domingues da
Costa. // A 2/2/1881, na igreja de São Paio, foi padrinho de António da
Purificação Gomes, nascido a 31 de Janeiro desse dito ano. // Em Agosto de 1883
era pároco encomendado da freguesia de São Paio. No dia 19 desse mês e ano, na
igreja de São Paio, foi padrinho de José Maria Gomes, nascido no dia anterior. //
Em 1888 exercia ainda o seu múnus em Cubalhão. // Foi pároco em Chaviães, como
encomendado, substituindo o padre Bernardo António Rodrigues Passos, que
morrera a 17/1/1901. // Morreu tuberculoso, na sua casa de Barata, São Paio, a
14/9/1902, com sessenta e quatro anos de idade, com todos os sacramentos, com
testamento, e foi sepultado no adro da igreja. // Irmão de Maria Luísa das
Dores, que o acompanhou durante a vida.
COSTA,
Manuel Fernandes Soares (Padre e Dr.). Filho de Manuel Fernandes e de Maria
Rodrigues de Sá, moradores no lugar da Portela de Paderne. Nasceu nessa
freguesia no início do século XVIII (confirmar). // Lê-se em “O Meu Livro das Gerações Melgacenses”,
volume I, páginas 465 e seguintes: «Seguiu
a carreira eclesiástica e em Portugal recebeu as ordens menores e maiores, mas
julgando o país pequeno demais para os seus sonhos de grandeza, emigrou para o
Brasil e na sé da cidade da Baía de Todos os Santos foi chantre, deão,
provisor, juiz dos resíduos e capelas, desembargador da Relação Eclesiástica e
Vigário Geral no espiritual e temporal do arcebispado. Em 1748, por seu
procurador, fez uma doação de dez mil cruzados à Confraria dos Clérigos do
Salvador de Paderne, com a obrigação da mesma gastar perpétua e anualmente a
soma de cem mil réis, a saber: cinquenta numa capela de missas; cinquenta em
dotes a moças casadoiras…» // Mais à frente, página 469, lê-se: «Foi este deão da sé da Baía quem comprou,
depois de 1755, e possivelmente à família de Eleutério Correia de Lacerda,
governador da praça de Melgaço, a quinta de Pontizelas, que à ilharga ou margem
do caminho de Crastos tinha uma pequena capela…» // Morreu em finais de
1768 ou inícios de 1769. Não tardou que seus herdeiros reivindicassem a choruda
herança.
COSTA,
Manuel Joaquim Fernandes (Padre). // A 5/2/1838, na igreja de Paços, foi
padrinho de Benta Gonçalves, nascida no lugar do Esporão a 29 de Janeiro desse
dito ano; a madrinha, Benta Joaquina, de Cristóval, era criada de servir do
sacerdote.
COSTA,
Manuel Nunes (Padre e Dr.) // Lê-se em Obras Completas de Augusto César
Esteves, volume I, tomo I, página 249: «Era
já abade da vila em 1621, ano em que recebeu a visita pastoral do Primaz Dom
Afonso Furtado de Mendonça e foi depois eleito provedor da Misericórdia em 2/7/1624.
Em Ana de Abreu, filha de António de Abreu Pereira
e de Isabel Rodrigues, da vila, gerou ele Manuel de Abreu Pereira, a quem sua
avó materna fez o património para se ordenar em 1655.» // No dia
15/10/1673 era abade, ou pároco, da igreja matriz de SMP; nesse dia recebeu a
visita do arcebispo primaz, D. Veríssimo de Lencastre, que vinha a Melgaço
ministrar o crisma.
COSTA,
Pedro Fernandes (Padre). Filho de Manuel Fernandes e de Maria Rodrigues de Sá,
moradores na Portela de Paderne. // Nasceu no início do século XVIII (confirmar). // Residiu nessa
freguesia, foi procurador da Confraria das Almas (a nova), dos Clérigos, e
morreu em Paderne (ver O Meu Livro das Gerações
Melgacense, volume I, página 465).
COUTINHO,
Francisco António Soares (Padre). // Natural de Monção. // Em 1836 já era
pároco (reitor)
da freguesia de Paderne. // Também foi provedor da Santa Casa da Misericórdia
de Melgaço. // A 10 de 1849, na igreja de Paderne, batizou e foi padrinho de
Manuel Francisco, nascido no dia anterior, filho de João Manuel Gonçalves e de
Rosa Maria Rodrigues. // Em Dezembro de 1850 ou em Janeiro de 1851, na igreja
de Paderne, foi padrinho de Manuel Francisco Rodrigues; a madrinha, Quitéria
Luísa das Dores Soares, era irmã do padrinho. // Em 1860 foi nomeado arcipreste
(de Monção, salvo erro). // A 24/4/1863, na igreja do mosteiro, foi padrinho de
Joaquim António Figueiredo e Castro, nascido no dia anterior. // A 26/2/1868,
na igreja do mosteiro de Paderne, foi padrinho de Margarida Araújo, nascida
dois dias antes. // A 11/2/1869, na igreja de Paderne, foi padrinho de Gervásio
(?) Sistelo, nascido no dia anterior. // A 1/3/1870, na igreja do mosteiro de
Paderne, foi padrinho de Francisco António, nascido a 28 de Fevereiro desse
dito ano, filho de Diogo Manuel de Sousa Araújo e de Teresa de Jesus Rodrigues.
// A 9/3/1871, também na igreja de Paderne, foi padrinho de Francisco António,
nascido nesse dito dia, filho de Camilo José Esteves e de Bárbara Albina
Lourenço.
COUTINHO,
João Manuel Osório (Padre). // Era vigário de Paços aquando das Invasões
Francesas (ver “Obras Completas” de Augusto César
Esteves, volume I, tomo I, página 306).
COUTINHO,
Joaquim Luís Barbosa (Padre). Filho de Manuel Carlos Barbosa Coutinho,
cirurgião, e de Rosa Teresa da Cunha, lavradeira. Nasceu em Ganfei, Valença,
por volta de 1818. // Em 1849 era pároco colado em Chaviães, Melgaço. Parece
que também o tinha sido na freguesia de Ganfei, Valença. // A 15/9/1849, na
igreja de Chaviães, batizou e foi padrinho de Joaquim Luís Alves, nascido dois
dias antes. // A 20/9/1850, na igreja de Chaviães, foi padrinho de Manuel
Joaquim, nascido nesse dito dia, mês e ano, filho de Joaquim José Esteves e de
Maria Rita de Sousa, moradores no lugar das Lages. A madrinha era Mariana
Antónia de Sousa, solteira, tia do neófito. // A 7/4/1855, na igreja de
Chaviães, foi padrinho de Maria Joaquina, nascida seis dias antes, filha de
Manuel José de Rende e de Antónia Maria Rodrigues. // A 22/5/1855, na igreja de
Chaviães, foi padrinho de Joaquim Luís Esteves, nascido dois dias antes. // A
5/10/1857, na igreja de Chaviães, foi padrinho de Ludovina Rosa Pereira,
nascida dois dias antes. // A 18/10/1859, na igreja de Chaviães, foi padrinho
de José Joaquim, nascido sete dias antes, filho de Maria Rosa Gomes, viúva,
moradora no lugar de Corveira. A madrinha era Teresa Joaquina Pires, solteira,
do lugar do Val. // A 12/8/1862, na igreja de Chaviães, batizou e foi padrinho
de José Joaquim Pinto, nascido no dia anterior. // A 13/8/1863, na igreja de
Chaviães, foi padrinho de Maria Joaquina, nascida a 21 de Julho desse dito ano,
filha de João Manuel Domingues Marques e de Plácida Antónia Alves, moradores no
lugar do Casal. A madrinha era Teresa Joaquina Alves, solteira, moradora no
lugar da Bouça. // A 26/2/1864 foram condenados no tribunal de Melgaço, Manuel
Esteves e Domingos Alves, mais as suas esposas, todos de Fiães, acusados pelos
párocos de Chaviães e Rouças, padres Joaquim Luís Barbosa Coutinho e Dinis
Ferraz de Araújo; o motivo foi «terem
abusivamente tirado a água das represas que regam aquelas freguesias»
(ver Padre Júlio Vaz Apresenta Mário, página 208, e Notícias de Melgaço n.º
849, de 17/2/1948). // A 13/3/1864, na igreja de
Chaviães, batizou Ladislau José, nascido quatro dias antes, filho de António
Joaquim Alves Ramos e de Ana Luísa Gomes. // A 23/5/1864, na igreja de
Chaviães, foi padrinho de Clementina dos Anjos Monteiro, nascida oito dias
antes; serviu de madrinha o padre Manuel António Domingues da Costa. // Morreu
a 14/11/1867, nas casas de residência de Chaviães, com apenas quarenta e nove anos
de idade. Não fizera qualquer testamento. Foi sepultado na igreja. // Segundo consta, gerou em Ana Joaquina Rodrigues,
solteira, do lugar do Outeiro, Chaviães, uma criança do sexo masculino, Manuel
Francisco, nascido a 31/3/1856 (ver O Meu Livro das Gerações Melgacenses, de Augusto César
Esteves, volume I, página 513).
COUTINHO,
Lopo de Castro de Azevedo Silva (Padre). // «Pero de Castro, já alcaide-mor do
castelo de Melgaço em 1500, teve um irmão chamado Lopo de Castro de Azevedo
Silva Coutinho, que foi o primeiro senhor da Casa e Quinta do Fecho, em Rouças.
Dizem-no abade simultâneo desta freguesia, da vila de Melgaço e de Lamas de
Mouro, e, na verdade, isto é possível por os impedimentos opostos pelos cânones
do Concílio Tridentino só serem recomendados por D. Sebastião em 1504. Não
obstante se não dizer qual das três freguesias da vila (SMP,
Santa Maria do Campo, São Fagundo) foi a
paroquiada por este padre, o seu nome aqui fica indicado» (Obras Completas de Augusto César Esteves, volume I, tomo I,
página 248).
COUTO,
João José (Padre). // Pode ler-se no Notícias de Melgaço n.º 849, de 17/2/1948,
páginas 3 e 4, um artigo com o título “ENTREVISTANDO OS MORTOS – Costumes de
outros tempos”, assinado por B. Ribeiro de Castro: «Na volta grande, estrada real de Valadares a Castro Laboreiro,
encontrei o meu velho colega Dr. João José do Couto, formado na Universidade de
Coimbra e pároco encomendado no igreja de Santa Maria de Cubalhão. Depois de
tomarmos conhecimento inquiri, curiosamente, do destino que levava e
informou-me que se dirigia a Lamas de Mouro, como juiz comissário de um tombo
que se ia lá organizar. Eu já tinha ouvido falar na igreja paroquial de Lamas, e
nos seus restos de construção romana. Resolvi-me a dar lá um salto e pedi
licença ao Dr. Couto para ir na sua companhia, ao que anuiu de bom grado. (…)
Em Lamas, o reverendo abade António da Cunha Alves tinha mandado matar um
cabrito para melhorar a refeição...» // Em 1797 era o cura da igreja de São
Paio; o abade era José Vaz de Carvalho. Depois do afastamento deste, ocupou ele
esse cargo. // A 20/2/1803, na igreja de São Paio, batizou Antónia Maria de
Castro, nascida três dias antes. // Morreu a 6/3/1806, com testamento escrito,
sendo sepultado na igreja, com ofício de corpo presente.
CRUZ,
José de São João (Frei). Nasceu na freguesia de Rouças. // A 4/2/1838, na
igreja de Chaviães, foi padrinho de José Joaquim, nascido a 27/1/1838, filho de
Maria Rita Gomes, residente no lugar de Quintas. A madrinha era Maria Joana
Rodrigues, natural de Chaviães.
CUNHA,
António Bernardo Gomes (Padre). Filho de António Bernardo Gomes [da Cunha],
tabelião do público, e de Isabel Ventura de Sousa, residentes na Vila. Neto paterno
de Jerónimo Gomes [de Abreu – confirmar], solteiro, e de Jerónima da Cunha, solteira; neto materno
de Francisco Coelho e de Maria de Sousa. Nasceu na Vila a 22/5/1768 e foi
batizado na igreja de SMP a 26 desse mês e ano. Padrinhos: António Xavier e
irmã, Lina Josefa, filhos de Belchior Rodrigues Torres e de Maria Gomes, da
Vila. // Foi sacristão da Santa Casa da Misericórdia de Melgaço de 1783 a 1792,
cargo que deixou por ter sido nomeado professor régio para lecionar em Fiães.
Estudou com os monges na escola do Mosteiro e foi ordenado sacerdote (*), indo
para pároco de Santa Tecla de Basto, Celorico de Basto, e mais tarde para São
Paio de Melgaço. // A 12/11/1801, na igreja de SMP, foi padrinho de Maria
Luísa, nascida no dia 8 do dito mês e ano, filha de Francisco Manuel Pereira
Novais e de Josefa Antónia Moreira. // Por alvará régio de 2/10/1818, foi
nomeado cavaleiro da Ordem de Cristo e, por carta de 27/3/1852, foi elevado a
comendador dessa Ordem. // Foi provedor da SCMM em 1822. // A 16/8/1824 já era
pároco de Santa Tecla de Basto; nesse ano trazia uma demanda contra Francisco
José Gonçalves e sua mulher, de São Gregório, Cristóval (OJM, de ACE, p. 105). // A
29/4/1837 tomou posse da Quinta de Frades (de Fiães), em Cavaleiros, Rouças, por a ter arrematado por um conto,
quatrocentos e um mil réis (1.401$000), em praça pública. // A 26/8/1837, por
2.101$000 réis, comprou a Quinta do Convento das Carvalhiças, que pagou a 20 de
Setembro desse ano. // A 2/3/1839, na igreja matriz de SMP, foi padrinho de
Cândida de Queirós Araújo Gaio, sendo madrinha a sua irmã Josefa Luísa. // A 27/4/1848,
na igreja de Prado, sendo pároco de São Paio, foi padrinho de António Arsénio, nascido
em Prado cinco dias antes, filho de Luís Vicente Gomes Pinheiro e de
Alexandrina Augusta de Sousa Gama. // Era ainda abade de São Paio quando
morreu, de repente, a 8/2/1857, sendo sepultado a 11 na igreja do convento das
Carvalhiças, com ofício de corpo presente. Recebera apenas o sacramento da
extrema-unção. Assistiram ao funeral mais de 33 clérigos. Não consta que
tivesse deixado testamento, nem os seus herdeiros apresentaram quaisquer
documentos (ver “Obras Completas” de ACE, volume I,
tomo II, página 649…). // Embora
fosse padre, gerou um filho, António, em Luísa Teixeira, o qual nasceu
em Santa Tecla de Basto; veio a casar, em 1854, com Teresa Rita de Jesus, filha
do Dr. José Bernardo Gonçalves Pinto da Cunha, juiz de Direito em Ponte de
Lima, e de Maria Martins Ferreira. O casal teve um filho, a quem deram o nome
do pai, António [José], mas morreu criança (ver VM
1017, de 1/11/1994, e VM 1020). // Devido a ter
comprado tantos bens, gerou-se uma lenda à sua volta. Consta que quando os
franceses invadiram Portugal alguns melgacenses entregaram as moedas de ouro
que possuíam aos frades das Carvalhiças, os quais as enterraram nas campas dos
defuntos. O tempo foi passando: uns morreram, outros tiveram de deixar Melgaço
por razões diversas, e esse ouro permaneceu ali anos e anos, à espera que o
padre António Bernardo o descobrisse. Verdade ou mentira, o certo é que ele
pagava a pronto! // Também se dizia que o seu espírito andava perdido, que se
arrastava durante a noite, preso a umas correntes de ferro! // Acerca dele falou
o Dr. Augusto César Esteves no seu artigo publicado no “Notícias de Melgaço” de
25/6/1961, e inserido no volume I, tomo II, p.p. 649 a 651, das suas Obras
Completas. /// (*) Em 1799 já era sacerdote; nesse ano, a 21 de Abril, foi
padrinho de António Manuel da Cunha.
[CUNHA,
António José (*). // Morreu intramuros, SMP, a 7/10/1857, e foi sepultado na
igreja do convento das Carvalhiças, com ofício de 21 padres, de caixão e música
em todo o percurso. /// (*) Deve ser o filho do padre António Bernardo Gomes da Cunha e de Luísa
Teixeira; a sua viúva, Teresa Rita de Jesus, voltou a casar, em 1859, desta vez
com o bacharel José Joaquim Gomes, e foi mãe de Joaquina Júlia...]
CUNHA,
António Manuel (Padre). // Nasceu em Ponte da Barca a 19/07/18--. // Foi pároco
em Melgaço a partir do ano de 1925. // Em 1927, a 28 de Dezembro, batizou na
igreja matriz de SMP Sidónio Eugénio de Almeida. // Em 1929, aquando da
inauguração dos BVM, de que era membro da Comissão Organizadora, ainda fazia
parte do arciprestado de Melgaço (ver
“Obras Completas de Augusto César Esteves, volume I, tomo I, página 64). // Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 1, de 17/2/1929: «Missas. No dia 1 do corrente foram mandadas
celebrar na igreja matriz desta Vila quatro missas, sufragando as almas de D.
Carlos e de D. Luís Filipe, às quais assistiram muitas pessoas, sendo
celebrantes os reverendos padres António Manuel da Cunha, abade desta Vila,
Manuel José Domingues, aspirante de finanças, Manuel Bento Gomes, abade da
freguesia de Rouças, e Claudino Palhares, da freguesia de Prado.» // Também
se lê no Notícias de Melgaço n.º 10, de 28/4/1929: «Sufragando a alma de Albina Ferreira, saudosa mãe dos senhores Gregório
Ferreira e José Augusto Ferreira, nossos estimados conterrâneos da praça do
Pará, Brasil, rezaram-se três missas no dia 20 do corrente, na igreja matriz
desta vila, sendo celebradas pelos reverendos padre Manuel Domingues, abade de
Chaviães, padre António Manuel da Cunha, pároco desta Vila de Melgaço, e padre
Manuel José Domingues, aspirante de Finanças, às quais assistiram muitas
pessoas das relações daqueles nossos amigos e avultado número de pobres, aos
quais foram distribuídas esmolas.» // Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 23,
de 28 de Julho de 1929: «Retirou de
Melgaço para Cabeceiras de Basto o reverendo António Manuel da Cunha, ex-pároco
desta Vila, deixando em muitos fregueses saudosas recordações.»
CUNHA,
Francisco António (Padre). // Nasceu em Prado no século XVIII. // A 10/5/1806,
na igreja de SMP, foi padrinho de Maria Joaquina, nascida na vila cinco dias
antes, filha de Inácio António da Cunha e de Domingas Maria Vaz, moradores na
vila de Melgaço. A madrinha, Maria Josefa Gomes, era irmã do padrinho. // A 26
de Novembro de 1812, na igreja de Remoães, serviu de testemunha no casamento de
João Manuel Lourenço com Escolástica Teresa Marques. // A 13/11/1817, na igreja
de SMP, foi padrinho de Maria Josefa Lopes, nascida dois dias antes.
CUNHA,
João da Rainha dos Anjos (Padre). // No ano de 1837 era sacerdote encomendado na
freguesia de Rouças. Nesse ano batizou José Manuel, filho de Domingos Domingues
e de Josefa Antónia Rodrigues.
CUNHA,
Manuel Bento (Padre). // Lê-se no livro de Augusto César Esteves, “Melgaço,
Sentinela do Alto Minho”, página 15: «… professor
régio de latim era o padre Manuel Bento da Cunha…» Isto em 1820. Segundo o
Dr. Augusto César Esteves este sacerdote aplaudiu a revolução de 1820.
CUNHA, Tomás Joaquim de Araújo (Padre). Filho de António Luís de Araújo Cunha e de Maria Rosa Rodrigues Couto, da Casa da Gaia, São Paio. Neto paterno do Padre Dr. João Luís da Cunha e Araújo e de Maria dos Passos Mosqueira, solteira, da vila de Melgaço; neto materno do Dr. Manuel Rodrigues Couto e de Ana Alves, do lugar de Sante, Paderne. Nasceu em São Paio a 30/6/1812 e foi batizado a 14 de Julho desse ano. Padrinhos: João António de Araújo Cunha, capitão-mor da vila e termo de Melgaço, e sua esposa, Maria Luísa dos Reis. // A 8 de Fevereiro de 1848, na igreja de São Paio, foi padrinho de Manuel António Vieites, nascido no dia anterior. // A 12/1/1854, na igreja de Paderne, foi padrinho de Manuel Inácio, nascido dois dias antes, filho de Domingos José Monteiro e de Maria Rosa Esteves. // A 7/7/1856, na igreja de Prado, foi padrinho de Tomás Joaquim, nascido três dias antes, filho de Luís Manuel Rodrigues e de Carlota Joaquina de Sousa, residentes no lugar de Ferreiros, Prado. A madrinha, Teresa Delfina Gomes Pinheiro, era sobrinha do padrinho. // A 17/9/1861, na igreja de São Paio, foi padrinho de Manuel Tomaz Vieites, nascido no dia anterior. // Morreu na vila de Monção a 29/10/1876.
DIAS,
Francisco José (Padre). Filho de Manuel Joaquim Dias, natural de Paderne, e de
Teresa de Jesus Ferreira, natural de Remoães. Neto paterno de Francisco José
Dias e de Maria Teresa Gonçalves; neto materno de Manuel José Ferreira e de
Maria Dias de Carvalho. Nasceu por volta de 1857. // Era sobrinho do padre
Manuel Dias. Foi membro do Partido Progressista, chefiado em Melgaço pelo Dr.
António Joaquim Durães. // A 23/8/1904, na igreja de Paderne, foi padrinho de
Arnaldo Pereira, nascido quatro dias antes. // A 18/5/1906, na igreja de
Paderne, foi padrinho da sua sobrinha Maria da Conceição Dias, vinda ao mundo cinco
dias antes. // A 6/9/1907, na igreja de Paderne, foi padrinho de Manuel
Francisco, nascido dois dias antes, filho de Justino Domingues e de Petronila
Ferreira, rurais, moradores no lugar de Saínde. A madrinha era Carolina Rosa
Dias, solteira. // Em 1908 foi vice-presidente da Câmara Municipal de Melgaço,
e no ano seguinte ascendeu à presidência da mesma. Eis as atas: «Sessão
ordinária de 9/12/1908. Aos nove dias do mês de Dezembro do ano de mil
novecentos e oito, nesta vila de Melgaço, nos Paços do concelho e sala das
sessões da Câmara Municipal, por onze horas da manhã, compareceram o meritíssimo
vice-presidente padre Francisco José Dias, secretariado por mim, António Xavier
Ribeiro de Figueiredo e Castro, estando também presentes os ilustríssimos
vereadores Francisco Pires, Domingos Ferreira de Araújo, e José Augusto Pires. Aberta
a sessão procedeu-se à leitura da ata da anterior [sessão] que por estar
conforme a aprovaram e assinaram. Tratando-se da presente, deu-se o seguinte:
Pelo vereador Domingos Ferreira de Araújo foi pedida a palavra. Concedida,
disse: que por motivos superiores não cumprida esta formalidade, organizaram
cada um dos vereadores a sua lista para a nomeação de presidente e lançados
numa urna procedeu-se depois ao apuramento obtendo o vereador José de Sá
Sotomaior quatro votos, sendo por isso proclamado por unanimidade. Pela mesma
forma se procedeu para a nomeação de vice-presidente, obtendo o vereador
Francisco Pires um voto e o vereador padre Francisco José Dias três votos sendo
por isso este proclamado. Assumiu portanto a presidência o meritíssimo presidente
José de Sá Sotomaior, novamente reeleito, e agradeceu à vereação a fineza que
lhe acabaram de dispensar, declarando que envidará todos os esforços ao seu
alcance para assim mostrar a confiança que nele depositam, contando para isso
com a cooperação de todos os seus colegas... // Sessão ordinária de 7/1/1909.
Aos sete dias do mês de Janeiro de mil novecentos e nove, nesta vila de
Melgaço, nos paços do concelho e sala das sessões da Câmara Municipal, por onze
horas da manhã, compareceu o meritíssimo presidente, José de Sá Sotomaior,
secretariado por mim, António Xavier Ribeiro de Figueiredo e Castro, estando
também presentes os ilustríssimos vereadores Francisco Pires, padre Francisco
José Dias, José Augusto Pires, e António Alberto do Outeiro Esteves. Fiscalizava
os autos da lei a autoridade administrativa Excelentíssimo Doutor António
Pereira de Sousa. Aberta a sessão procedeu-se à leitura da ata da anterior
[sessão] que por estar conforme a aprovaram e assinaram. Na presente, deu-se a
seguinte: Pelo meritíssimo presidente foi dito que segundo o disposto no artigo
dezoito do código administrativo tem de se proceder à eleição de presidente e
vice-presidente desta corporação que durante o corrente ano hão de exercer os
respetivos [cargos]; em vista do que cada um dos vereadores lançou na urna -
que sobre a mesa estava colocada - uma lista e, em seguida, procedeu-se à
contagem e verificou-se ser votado para presidente o padre Francisco José Dias
por maioria (três votos), obtendo os vereadores, Francisco Pires um voto, e
José de Sá Sotomaior também um voto. Em seguida procedeu-se à eleição de
vice-presidente, recaindo esta em Francisco Pires, com três votos, obtendo o
vereador padre Francisco José Dias dois votos. Tomando a presidência o meritíssimo
padre Francisco José Dias propôs que as sessões continuem às quartas-feiras de
cada semana, por onze horas da manhã, exceto sendo dias santificados ou de
grande gala que então passarão para o dia imediato. Aprovado por unanimidade…»
// Uma das suas propostas, que não se concretizou, era melhorar a estrada
Prado-Paderne e levá-la se possível, a partir de Paderne, até à estrada
nacional, na freguesia de Alvaredo (ver NM
908, de 14/8/1949, página 1, artigo escrito pelo professor António Pinho). // Depois da queda da monarquia, ocorrida a 5/10/1910, os
vereadores mudaram de camisola, dizendo-se republicanos. Ele, porém, manteve-se
sempre monárquico. // A 10/6/1910, na igreja de Paderne, foi padrinho de Bento
Manuel, nado cinco dias antes, filho de Justino Domingues e de Petronila
Ferreira. // Em 1912 o padre Dias era convidado para as festas religiosas como
orador. // Em 1917 concorreu às eleições para a Câmara Municipal, numa lista
liderada pelo padre Francisco Leandro Álvares de Magalhães, mas sem êxito. // A
20/7/1919, na festa de Santa Maria Madalena, realizada em Chaviães, foi ele o
encarregado do sermão (JM 1256, de 27/7/1919). // Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 20, de 7/7/1929: «No
dia 29/6/1929 realizou-se a festividade em honra de Nossa Senhora dos Milagres,
no lugar de Alcobaça, Fiães. Pregou e cantou a missa o reverendo Francisco José
Dias que, como sempre, teve o auditório suspenso dos seus lábios. Devido ao mau
tempo que há dias vem fustigando implacavelmente esta região, não teve a
festividade a costumada concorrência.» Correspondente. // Lemos no
Notícias de Melgaço n.º 29, de 8/9/1929: «No
dia 22 do corrente terá lugar na capela do Sagrado Coração de Jesus, no lugar
da Adedela, a festa do SCJ, que será precedida de um tríduo de práticas feitas
pelo conhecido orador sagrado padre Francisco Dias.» // Notícias de Melgaço
n.º 32, de 29/9/1929: «Começou hoje (26/9/1929) o tríduo de práticas, feitas pelo padre FJD como preparação da
festividade em honra do Santíssimo Sacramento e Sagrado Coração de Jesus, que
terá lugar no dia 29 do corrente. Haverá a costumada comunhão das crianças, que
para tal fim têm sido instruídas pelo reverendo abade desta freguesia e pelos
seminaristas.» // Notícias de Melgaço n.º 34, de
13/10/1929: «Fiães, Adedela, 1/10/1929.
Realizou-se, como se tinha anunciado, no dia 29 do próximo passado mês, a
festividade em honra do Sagrado Coração de Jesus, Santíssimo Sacramento e de
Santa Teresinha, que esteve muito concorrida tanto da parte da manhã, como da
tarde. Restos da atividade do padre Matias Vaz. A abrilhantá-la veio expresso
pela primeira vez uma música, sob a regência do senhor Bailão, que, apesar de
só ser avisado com poucos dias de antecipação, se apresentou muito bem.
Parabéns. Devem continuar, pois a afamada música dos BVM só serve para bolsas
grandes e os pobres têm de se contentar de a ouvir, pagando os ricos. A capela,
belamente enflorada e enfeitada, convidava a nela se celebrarem os atos
litúrgicos com a maior solenidade possível e com o maior recolhimento interno.
Às oito horas da manhã teve lugar a comunhão das crianças, dirigidas pelo
reverendo Francisco José Dias, muito mestre destas encantadoras e ternas
solenidades. Abeiraram-se da sagrada mesa bastantes crianças e adultos, em
número de cento e cinquenta. Deve estar de alegria o reverendo abade Manuel
José Rodrigues por ver coroado de um resultado tão satisfatório os seus
trabalhos pela catequese. No fim da comunhão das crianças foi-lhes servido
trigo e chocolate, que elas apetitosamente devoraram, e livros de orações. Às
doze horas começou a missa solene, com exposição do S. Sacramento, sendo missa
cantante o reverendo João Nepomuceno Vaz, (…) Francisco José Dias, turiferário
o seminarista José Marques. O coro feito pelos alunos do curso teológico
Carlos, António, Constantino e Abílio, pelo aluno da Escola Normal, Augusto de
Araújo, e pelo aluno do preparatório Júlio Vaz, acompanhado a órgão dedilhado
por António Luís Vaz, a rabeca por António Dâmaso Lopes, e a requinta por José
Bailão, esteve admirável, soberbo e encantador. É digno de louvor o regente da
Escola Cantorum Carlos Vaz, pelo gosto que deu à execução da missa de Santa
Cecília. Ao Lovado subiu ao púlpito o reverendo Francisco José Dias, que soube
cativar a atenção dos ouvintes, demonstrando à evidência o Amor do Coração de
Jesus. A capela estava repleta de fiéis. É assim que queríamos ver em todas as
missas solenes, mas acontece, e com tristeza o digo, que algumas vezes as
igrejas estão desertas, só aparecendo o povo para a festa do demónio. Houve
depois a procissão do S. Sacramento ao novo cruzeiro, feito dois dias antes.»
Correspondente
Araújo.
Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 36, de
4/11/1929: «Paderne, 31/10/1929. Depois de um tríduo que teve lugar no amplo
mosteiro desta freguesia, que constou de sermão e outros exercícios piedosos
nesses três dias, efetuou-se no pretérito domingo, 27, uma festividade em honra
do Cristo Rei (…) Houve também a tocante cerimónia da comunhão geral das
crianças, subindo ao púlpito por essa ocasião o reverendo Francisco José Dias
que, como de costume, pronunciou um discurso que comoveu em extremo todas as
pessoas presentes. Pelas 11 horas da manhã, mais ou menos, o nosso reverendo
pároco, António Domingues “Amigo”, acolitado pelos reverendos Francisco José
Dias, de Queirão, e Claudino de Sousa Palhares, de Prado, celebrou missa solene
acompanhado pela filarmónica dos BVM. Ao lavabo, o orador da festividade,
reverendo AAA, subiu ao púlpito e falou de uma forma tão brilhante que captou
por vezes a simpatia do vasto auditório que o ouvia e apreciava. Realmente nós
que conhecemos muito de perto os dotes oratórios do reverendo AAA não lhe
rogaremos o nosso apoio visto que sempre o consideramos como sendo um dos
melhores destes sítios. Ouvimo-lo e por isso mesmo podemos afirmar que o seu
discurso, adequado ao ato, foi magistral. // Foi mestre-de-cerimónias o
reverendo arcipreste deste concelho, Manuel Bento Gomes, que, com a sua
presença, deu um certo realce aos atos religiosos, não só pela forma porque
inteligentemente os dirigiu, mas também pela sua autoridade superior. O
reverendo pároco esforçou-se tanto quanto pôde para que a festa tivesse um
brilhantismo desusado, exteriormente, mas não pôde conseguir como desejava
devido ao dia se conservar bastante chuvoso, por vezes. Por fim, a procissão
recolheu ao mosteiro, terminando a festa… Assim terminou a festa, havendo à
noite baile no terreiro da Corredoura, mesmo às escuras, com as raparigas da
Portela, e pela filarmónica do Justino. Só de noite é que estas raparigas dançam,
procurando mais tarde as escadas da casa da Rosinda para ali se deitarem
promiscuamente com os rapazes! É simplesmente vergonhoso!»
Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 170, de 23/10/1932,
um interessante artigo do professor do ensino primário em Paderne, António
Joaquim Soares: «Ao Ex.mo Administrador
de Melgaço. Ex.mo Senhor: poderá V. Ex.ª censurar, ou condenar-me-á até, por
vir para as colunas deste semanário tornar público o assunto que me proponho
expor-lhe, podendo faze-lo em carta particular ou, então, muito intimamente,
visto que quase todos os dias nos vemos, cumprimentamos e falamos. É que
conheço bem o caráter nobre e preclaro de V. Ex.ª, como os seus sentimentos
liberais e benévolos, mas de uma integridade e retidão tal que o tornam
portentoso, querido e venerado por aqueles que o conhecem. Assim os maldizentes
e os críticos baratos não poderão dizer que V. Ex.ª procede por intriga,
despeito ou malsinação. Fez-se a revolução de 28 de Maio de 1926 para moralizar
as Repartições da Administração Pública e educar e moralizar, também, os
costumes do povo. Pois em Paderne ainda não chegaram os sãos princípios do
programa da Ditadura. O povo desta freguesia vive arrebanhado por um mau pastor
ou, como os indígenas dos sertões da Guiné, chefiados por régulo usuário e
explorador da inocência de uns e da ignorância de outros. Suplico-lhe,
excelentíssimo senhor, que me desculpe, pois não tenho intuitos de melindrá-lo,
quanto mais em ofendê-lo. Passo a expor: pedi, na qualidade de professor, ao
senhor presidente da C.A. da Junta desta freguesia um pequeno subsídio para a
assistência dos alunos pobres da minha escola. Como recebesse uma terminante
negativa, indaguei das razões. Soube então, pelo dito presidente, que desde a
separação da Igreja e Estado, as juntas de freguesia não tinham orçamento nem
rendimentos porque o pároco tudo absorvia e nenhuma satisfação dava aos
administradores dos bens comuns do povo desta freguesia. Perguntado por mim, o
mesmo presidente da junta disse que os dois vogais eram “cabeças de turco” do
senhor abade e que ele, sozinho, nada podia fazer, apesar de insistir com o
mesmo senhor [abade] a prestar-lhe contas dos rendimentos da igreja para
legalizar os atos da junta. Nada conseguindo, o senhor Evangelista Pereira
pediu a demissão. Ora, por muita pequena e pobre que seja uma freguesia, não
rende menos de 30$00 a 50$00 mensais. Em vinte anos dá uma média de doze contos
de réis (12.000$00). Desde o ano de 1919 a 1927 (tempo da ramboia, como diz o
povo) quanto não renderiam as chamadas caixas de esmolas? Talvez a quantia
bastante para a junta mandar construir uma boa casa de escola e os rendimentos
suficientes para a assistência das crianças pobres, e reparações de caminhos
que estão intransitáveis. Não será justo obrigar - o detentor de esses dinheiros
- a entrega-los à junta? // Temos mais um abuso, ou coisa semelhante, se não
for crime, do qual dou conhecimento a quem de direito. O reverendo pároco desta
freguesia, querendo conseguir um quintalzinho, de mui rendimentos, tirou um
peditório, ou subscrição, pelo povo da mesma, e comprou, registou em seu nome,
um terreno, que juntou ao cemitério; vendeu ilegalmente sepulturas e mandou
enterrar cadáveres sem dar satisfação às autoridades, querendo agora ser o seu
legítimo proprietário. Peço a V. Ex.ª providências urgentes para legalizar a
triste situação da junta desta freguesia. Termino por hoje e creio ter cumprido
o meu dever de funcionário público. Digne-se V.Ex.ª aceitar os meus protestos
de muita consideração e estima.» Paderne, 20/10/1932. // Morreu com setenta e sete anos de idade, a 28/2/1934, na
sua casa de morada, sita no lugar de Queirão, freguesia de Paderne (NM 224, de 4/3/1934).
DIAS,
Manuel (Padre). // Morreu no lugar da Cividade, freguesia de Paderne, a
5/10/1767.
DIAS,
Manuel (Padre). // Nasceu no lugar de Queirão, freguesia de Paderne, em 1790. //
Em 1829 serviu de testemunha no tribunal de Melgaço aquando do assassínio do
jovem seminarista João Vicente da Costa Codesso, do Campo da Feira, vila de
Melgaço, cometido na noite de 21 para 22 de Março daquele ano. Os acusados,
suspeitos do crime, eram Tomás das Quingostas e seus companheiros: António
Pitães, Caetano Paulo da Ponte, José Codesseira, Bento Ferraz, João Marques, e
José Coto. A sentença foi lida a 13/4/1829 pelo juiz de fora Dr. Manuel José de
Pinho Soares de Albergaria (Melgaço, Sentinela
do Alto Minho, de Augusto César Esteves, página 91). // A 26/9/1831, na igreja de Prado, foi padrinho de Diogo
Manuel Araújo, nascido quatro dias antes.
DIOGO DA
PURIFICAÇÃO (Frei). // Foi o 2.º guardião do convento das Carvalhiças, SMP. Fora
eleito em 1763 (Obras Completas do Dr. Augusto César
Esteves, volume I, tomo II, página 385).
DIOGO DA SOLEDADE (Frei). // Foi o 3.º guardião
do convento das Carvalhiças; tomara posse a 6/10/1764. Nesse ano, ou no
seguinte, recebeu da Baía, Brasil, duzentos mil réis enviados pelo Padre Dr.
Manuel Fernandes da Costa, Deão da Baía (Obras
Completas de ACE, volume I, tomo II, página 386). // continua...
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