OS MEUS SONETOS E OS DO FRADE
Por Joaquim A. Rocha
// continuação de 18/09/2021.
FERNANDO PESSOA
Chamaram-te Fernando no batismo,
Nado
na capital, bela Lisboa;
De apelido, és apenas Pessoa,
Foste
pomba da paz, bravio sismo.
Estiveste
sempre à beira do abismo,
Cai,
não cai, como no mar a canoa;
Deste
à luz heterónimos à toa,
Ao
mundo lições de ilusionismo.
Pudera
eu dar-te um lindo poema,
A
flor mais cheirosa do meu jardim,
Uma
palavra virgem, cujo tema
Me
magoasse fundo e só a mim.
Se
gravasse na pele, tal emblema;
Fosse
rijo e belo como marfim!
QUEDA
A
velha árvore morreu na floresta,
Era
tempo de cair, mui durou;
E
quando pela manhã o sol raiou
Tudo
em seu redor era luz e festa.
Nem
o grosso mato, nem a giesta,
Ninguém,
sua triste morte chorou;
Só
pirilampo à noite iluminou
A doce menina da deusa Vesta.
Com
ela também tombou a vontade
Dos
mil deuses do vetusto Olimpo,
Dos
espíritos do nosso planeta.
Resta-nos
somente voraz saudade
Daquelas
épocas de jogo limpo…
Sem
corrupção, maldade, tanta peta.
//continua...
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