sábado, 18 de dezembro de 2021

 OS MEUS SONETOS E OS DO FRADE

Por Joaquim A. Rocha


// continuação de 18/09/2021.

FERNANDO PESSOA

Chamaram-te Fernando no batismo,

Nado na capital, bela Lisboa;

 De apelido, és apenas Pessoa,

Foste pomba da paz, bravio sismo.

 

Estiveste sempre à beira do abismo,

Cai, não cai, como no mar a canoa;

Deste à luz heterónimos à toa,

Ao mundo lições de ilusionismo.

 

Pudera eu dar-te um lindo poema,

A flor mais cheirosa do meu jardim,

Uma palavra virgem, cujo tema

 

Me magoasse fundo e só a mim.

Se gravasse na pele, tal emblema;

Fosse rijo e belo como marfim!

 

 

QUEDA


A velha árvore morreu na floresta,

Era tempo de cair, mui durou;

E quando pela manhã o sol raiou

Tudo em seu redor era luz e festa.

 

Nem o grosso mato, nem a giesta,

Ninguém, sua triste morte chorou;

Só pirilampo à noite iluminou

 A doce menina da deusa Vesta.

 

Com ela também tombou a vontade

Dos mil deuses do vetusto Olimpo,

Dos espíritos do nosso planeta.

 

Resta-nos somente voraz saudade

Daquelas épocas de jogo limpo…

Sem corrupção, maldade, tanta peta.

//continua...

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