POEMAS DO VENTO
Por Joaquim A. Rocha
// continuação de 9/3/2021...
TECNOCRACIA
Roubaram, cruéis, meus sentimentos,
despojaram-me de todas as emoções;
fiquei calmo, frio, sem tormentos,
sem nervos, sem sonhos ou ilusões.
Transformaram-me em máquina, em robô.
Penso como computador: - friamente.
E agora, seco, desumanamente,
laboro como máquina de tricô.
Tudo que faço é genial, perfeito!
Sem erros, manchas, imperfeições.
Trabalho com o cérebro, sem paixões…
Só o belo, o grandioso, eu aceito.
Tenho o dom da medida exata…
Tenho o equilíbrio dentro de mim.
Dedos ágeis cordão umbilical desata,
separam coração e cérebro por fim!
18/5/1978
GLÓRIA AO “SÁBIO” MARQUES
Cale-se de dândi Gaudêncio
os espirros grandes que atroam;
cale-se de fungagá seus ventos
que nos ares seus cânticos entoam;
cale-se de mestre Laginha
os seus silêncios eternos;
cale-se do nosso louvaminha
o seu amor aos céus e ódio aos infernos.
Cale-se de Einstein, cale-se de Galileu,
as coisas grandes que fizeram;
que eu canto o “sábio” Marques,
maior do que Zeus,
a quem russos e americanos obedeceram.
Canto os seus loucos, fatais inventos,
o seu engenho, o seu génio, as suas artes;
canto a sua imaginação, os seus talentos,
que coisa igual jamais se viu por estas partes!
Cesse tudo o que a ciência antiga canta,
que outra nova era
para ela se alevanta!
18/5/1978
SER POETA
Ser poeta é ser nada
é ser ninguém!
É o preocupar-se com o alheio
é ter o coração cheio
de amor e ternura;
é ter algo de loucura
é ter na vida a sepultura
e na morte alguma paz!
É o se ser capaz
de denunciar a injustiça
para haver um mundo escorreito
é o ter a vontade firme
de modificar um regime
para criar outro perfeito!
// continua...
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