DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO DE MELGAÇO
Por Joaquim A. Rocha
Rio Minho - zona do Peso |
// continuação...
AFOGAMENTOS
(1956) - // PEREIRA, Fernando Augusto. Filho de Inocêncio Augusto Pereira, natural da Vila, e de Rosa Ferreira, natural de Fiães. Nasceu na Vila a --/--/1938 (NM 414,de 25/9/1938). // Morreu afogado no rio Minho, por ter caído da batela, com apenas dezoito anos de idade, na noite de 23/11/1956; andava no contrabando com o Armando Alves de Melo, mais conhecido por “Furão”. // O seu corpo apareceu a 1/1/1957, em Valadares, Monção, freguesia em cujo cemitério ficou sepultado. // Consta que a batela levava peso a mais. // Gémeo de Augusta Pereira.
(1959) - // RIBEIRO, António. Filho de ----------
Ribeiro e de ---------------------------------. Nasceu a 31/3/1942. // No
«Notícias de Melgaço» n.º 1323, de 5/7/1959, lê-se a triste notícia: «O Minho cobrou o
seu foro. No rio Minho e na área da freguesia de Alvaredo, pelas oito horas da
manhã de um para dois do corrente mês de Julho, seis rapazes resolveram fazer
uma viagem à vizinha Galiza e vá de se meterem todos juntos numa pequena e
frágil batela e de remar para a margem espanhola. Mas quer fosse pelo excesso
de carga, quer por esta se deslocar, a meio do rio a batela voltou-se e nas
poucas águas do rio desapareceram três dos improvisados marinheiros,
conseguindo salvar-se os outros três. Os infelizes afogados eram
todos daquela freguesia e solteiros, novos ainda e de vida prometedora na sua
frente. Chamavam-se os infelizes Carlos Manuel Ribeiro, de 24 anos de idade,
António Ribeiro, de 17 anos de idade, irmãos, e Luís Esteves, de 18 anos de
idade, lavradores. Os seus cadáveres ainda não apareceram….» // Os
seus corpos foram recuperados dias depois: o do Luís a 4 de Julho; os outros
dois no domingo seguinte. Estão sepultados no cemitério de Alvaredo, havendo
contudo um desfasamento entre a notícia do jornal e a placa, pois nesta consta
que faleceram a 29/6/1959! Por causa deste caso e de outros é que se pensou em
construir uma ponte. No Notícias de Melgaço n.º 1374, de 9/10/1960, lemos com
um certo assombro: - A ponte Peso-Arbo «… há
tanto tempo desejada…» O professor Rodrigues, então presidente da Câmara
Municipal de Melgaço, deslocou-se a Arbo a 23/9/1960 a fim de conversar sobre
esse assunto com os alcaides de Arbo e Creciente. Os três foram falar com o Dr.
Amândio Tavares, magnífico reitor da Universidade do Porto, que ali se
encontrava em gozo de férias. Agradeceram-lhe os esforços que tinha despendido
para que a construção dessa ponte fosse uma realidade e manifestarem-lhe o seu
apoio. O Dr. Amândio estava casado em Arbo, e apercebendo-se do perigo que era
atravessar o rio, iniciou uma luta, inglória, pois o dinheiro necessário para a
obra não chovia do céu (ainda não tínhamos aderido à União Europeia); por outro
lado, o governo português não estava interessado em “ligações” com o país
vizinho (amigos, amigos, ligações à parte). Em reunião da Câmara Municipal de
Melgaço de 20/10/1960 ainda foi lido um ofício da Direção de Urbanização de
Viana, fazendo várias perguntas com o fim de informar o ministro do Interior
sobre o pedido da construção de uma ponte internacional em São Marcos, Peso. A
partir daí julgo que nunca mais se falou no assunto. Como se sabe essa obra
concretizar-se-ia muito mais tarde, no novo regime político. Muitas vidas foram
poupadas desde então.
(1959) // RIBEIRO,
Carlos [Manuel]. Filho legítimo de ------- Ribeiro e de ---------------------.
Nasceu em -------------, a 9/9/1935. // Pereceu
afogado no rio Minho a 29/6/1959 (!). // Irmão de António Ribeiro.
(1962) // ARAÚJO,
Luís Amador. Filho de Florinda Rosa Araújo, solteira, do lugar dos Bouços, e
por bastardia de António José Ribeiro, do lugar do Outeirão. Neto materno de
Manuel Bernardino de Araújo e de Maria de Sousa Araújo. Nasceu em Prado a 18/6/1894
e foi batizado na igreja a 8 de Julho desse dito ano. // Fez exame do 1.º grau
na Escola Conde de Ferreira, Vila, a 15 de Julho de 1907, obtendo um ótimo. // Exerceu
a profissão de carpinteiro. // Casou na Conservatória do Registo Civil de Melgaço
a 28/1/1922 com Benezinda Alves, de dezanove anos de idade, filha de António
Xavier Alves e de Filomena Albina de Castro, de Bouça Nova, Prado. // Por
sentença de 7/2/1936 foi decretado o divórcio definitivo entre ele e a esposa.
O Ministério Público moveu-lhe um auto de execução por custas e selos (NM 313). // Tinham filhos menores. // Afogou-se entre os dias 10 e 12 de Junho de 1962.
(1965) – // CARDOSO,
Eduardo Miguel da Silva Lopes. // Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 1558, de
13/6/1965: «Afogado no rio Minho. No passado
dia 8, quando fugia à perseguição das autoridades espanholas, atirou-se ao rio
Minho com rumo a Portugal, um indivíduo de nome EMSLC, de vinte anos de idade,
natural de São Miguel, Açores, e residente, segundo a sua carta de condução, na
Alameda D. Afonso Henriques, em Lisboa. Passados poucos dias foi encontrado a
boiar no sítio do Conle, da freguesia de Chaviães, e retirado do rio por uma
patrulha da Guarda-Fiscal da Secção desta Vila, que ali se encontrava de
serviço, sendo-lhe encontrados diversos objetos de uso pessoal, como sejam:
três aneis de grande valia, um relógio de pulso, um isqueiro, uma carteira com
vários documentos e fotografias, um porta-moedas e ainda a quantia em dinheiro
de 22.063$00. // Depois de cumpridas as formalidades legais, foi conduzido ao
cemitério da freguesia de Chaviães, onde ficou sepultado. O seu funeral causou
a maior consternação, pois foi simplesmente embrulhado num lençol para a terra
de ninguém, sem ter pessoa alguma que providenciasse na compra de um caixão
para a sua derradeira viagem. // Não chegaria a importância que o mesmo consigo
trazia para a compra de uma simples urna? Não fazemos comentários, mas sempre é
bom lembrar que os mortos também precisam do carinho e respeito dos vivos.» // continua...
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