quarta-feira, 18 de junho de 2025

SONETOS DO SOL E DA LUA

Por Joaquim A. Rocha  








À DERIVA

(175)

 

Do destino, da sua mão esquerda,

Depende toda a minha tosca vida;

Ora na ribalta, ora esquecida,

Solar, ou chamuscada como a cerda.

 

Dinâmica, cansadamente lerda,

 Fugindo da igreja e da ermida,

Da noite fria, vil, embrutecida, 

Mais insignificante do que um gerda.

                                                                                                                                                                       Ai se eu não dependesse do maldito,

Pudesse percorrer o universo;

Solto como escravo libertado…

 

Sonhar, iludir o meu forte grito

Em fútil, fraco, carcomido verso,

Ler, nas estrelas, todo meu passado. 

 

 

UM RAMO DE FLORES

(176)

 

Neste buquê de cravos coloridos,

Cheios de beijos e canções d’Abril,

Mas valendo menos do que um ceitil,

Vivem imensos sonhos atrevidos.

 

Misturei rosas de espinhos sumidos

Àquele buquê tão novo e senil,

Flores vermelhas, brancas, cem ou mil,

Vento movendo folhas, tal vestidos!

 

Nesse buquê estava meu coração,

O desejo saudável de uma vida,

Tudo que tinha criado para ti…

 

Mas tu, cruel, mataste a ilusão,

Tornaste-te outro ser, mulher perdida…

       Eu, não suportando a dor… morri.

                                                              // continua...

Sem comentários:

Enviar um comentário