SONETOS DO SOL E DA LUA
Por Joaquim A. Rocha
À DERIVA
(175)
Do
destino, da sua mão esquerda,
Depende
toda a minha tosca vida;
Ora
na ribalta, ora esquecida,
Solar,
ou chamuscada como a cerda.
Dinâmica,
cansadamente lerda,
Fugindo da igreja e da ermida,
Da
noite fria, vil, embrutecida,
Mais
insignificante do que um gerda.
Ai se eu não dependesse do maldito,
Pudesse
percorrer o universo;
Solto
como escravo libertado…
Sonhar,
iludir o meu forte grito
Em
fútil, fraco, carcomido verso,
Ler,
nas estrelas, todo meu passado.
*
UM RAMO DE
FLORES
(176)
Neste
buquê de cravos coloridos,
Cheios
de beijos e canções d’Abril,
Mas
valendo menos do que um ceitil,
Vivem
imensos sonhos atrevidos.
Misturei
rosas de espinhos sumidos
Àquele
buquê tão novo e senil,
Flores
vermelhas, brancas, cem ou mil,
Vento
movendo folhas, tal vestidos!
Nesse
buquê estava meu coração,
O
desejo saudável de uma vida,
Tudo
que tinha criado para ti…
Mas
tu, cruel, mataste a ilusão,
Tornaste-te
outro ser, mulher perdida…
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