SONETOS DO SOL E DA LUA
Por Joaquim A. Rocha
// continuação de 23/05/2024.
O tempo
(157)
Se
tu pudesses sequer deduzir
Quão
profundo é o meu querer,
Não
me deixarias assim sofrer,
Em
Ourique ou Alcácer-Quibir.
Luto
imenso, para te servir,
E
nem tua sombra eu posso ver;
Deixas
a redoma ao escurecer,
Chegas
sempre depois de eu partir.
Tu
és como a minha estranha sorte:
Anda,
sem rumo, à minha procura;
Se
vou para sul, vai para o norte,
N’um
ritual dançado, com loucura…
Em
busca dum sonho, do seu consorte,
Dum
tempo sem amor e sem ternura!
LAMPIÃO
(158)
Vislumbro
o temível Lampião,
Nas
extensas estepes brasileiras;
Passando
dias, as noites inteiras,
Percorrendo
as aldeias do sertão.
Dizem
que não tinha alma, coração,
Vivia
para os crimes, borracheiras;
Era
amante de putas, carpideiras,
Era
lobo, tigre, feroz leão.
Tudo
isso é, creiam, pura verdade,
Que
o diga o desgraçado Salinas,
Vítima
da sua vil crueldade…
Matou
homens, meninos e meninas,
Sem
qualquer laivo de piedade,
Com
suas vorazes fauces caninas.
*
(O sacana, embrulhado em boninas,
morreu sem deixar pena, ou saudade,
(ao som de mil balas e concertinas)
// continua...
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