MELGAÇO: PADRES, MONGES E FRADES
Por Joaquim A. Rocha.
MONTEIRO, Augusto César de Lima
(Padre). // Natural de Podame, Monção (ver NM 69, de 20/7/1930). // Lê-se no
Notícias de Melgaço n.º 24, de 4/8/1929: «Tomou
posse como pároco da freguesia de Parada do Monte, deste concelho, no dia 28 de
Julho findo, o reverendo Augusto César de Lima Monteiro, para onde foi
transferido da freguesia de Pinheiros, do concelho de Monção. Nesse mesmo dia o
empossado fez uma alocação aos seus fregueses, ficando todos muito agradados e
satisfeitos, e não nos admiramos pois que o novo pároco é um distinto orador. A
referida freguesia pode orgulhar-se do seu novo pároco por ser um sacerdote
exemplar. Por nossa parte enviamos muitas felicitações ao empossado e respetivo
povo.» // No dito jornal, página 8, cujo assunto era a festa de Santa Ana,
na freguesia de Paços, ainda se diz dele: «… e no
dia seguinte missa a grande instrumental e sermão pelo distinto orador, padre
ACLM, pároco da freguesia de Parada do Monte.»
Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 29, de 8/9/1929: «A missa, que principiou às 11 horas, foi cantada pelo reverendo pároco.
Revestiu-se de diácono o reverendo Augusto César de Lima Monteiro, pároco de
Parada do Monte, e de subdiácono o reverendo José Custódio Domingues, pároco de
Cousso. Foi cerimoniário o reverendo Manuel Martins, de Modélos-Tangil, e
turiferário o seminarista desta freguesia da Gave, José Augusto Alves. O sermão
da festa (*) esteve a cargo do distinto orador sagrado, reverendo António José
Rodrigues, de Riba de Mouro, que comoveu com as suas arrebatadoras palavras todo
o auditório, e o teve suspenso, como que em êxtase, por largo tempo.» // No
Notícias de Melgaço n.º 37, de 10/11/1929, diz-se que ele era o correspondente
em Parada do Monte deste jornal. // Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 39, de
24/11/1929: «Mês das almas. Tendo-se
realizado durante o mês a novena das almas na igreja matriz, desta Vila, vai
terminar com o aniversário das mesmas, constando no dia 30 de ofícios e missa
de requiem, e no dia 1 do próximo mês de Dezembro, pelas duas horas da tarde,
procissão ao cemitério, onde será feito o sermão alusivo ao ato pelo distinto
orador sagrado reverendo ACLM, muito digno pároco da freguesia de Parada do
Monte, deste concelho. Se o tempo o permitir, deve ser muito concorrida, e caso
o tempo não permita a realização da mesma procissão, o sermão será feito na
igreja matriz.»
Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 42, de 15/12/1929: «Conforme noticiamos realizou-se no dia 1.º
do corrente a procissão ao cemitério desta vila onde foi feito o sermão alusivo
ao ato pelo distinto orador sagrado reverendo Augusto César de Lima Monteiro,
que agradou a toda gente.»
Pode ler-se no Notícias de Melgaço n.º 65, de 15/6/1930: «A romaria de São Bento que, como é sabido,
terá lugar no dia 11 do próximo mês de Julho, leva a crer que resulte
brilhante, atento o entusiasmo que se nota nos seus mordomos, que este ano
coube ao lugar da Jugaria, os quais, estamos certos, hão de procurar não só
manter os créditos da festa mais popular do concelho, mas até ultrapassar, pois
conhecemos bem o seu bairrismo. Consta-nos que haverá duas músicas, bastante
fogo, estando encarregado do sermão o conhecido orador, reverendo Augusto César
de Lima Monteiro.»
Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 68, de 13/7/1930: «Realizou-se, como de costume, no dia 11 do corrente, no aprazível local
do mosteiro de Fiães, a tradicional festa de São Bento, que foi muito
concorrida, como sempre, constando de missa a grande instrumental e sermão
feito pelo distinto orador padre Augusto César de Lima Monteiro, pároco de
Parada do Monte, que num belo discurso fez o panegírico do santo e descreveu a
história do mosteiro, agradando imenso, e terminando por uma esplendorosa
procissão. De tarde constou das deliciosas merendas, tocando no frondoso largo
a filarmónica de Tangil.»
Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 69, de 20/7/1930: «Fiães, Convento, 18/7/1930. A tradicional romaria de São Bento que,
como de costume, teve lugar no passado dia 11, excedeu em brilho e concorrência
às dos seus anos de maior brilhantismo. Nada faltou, a começar pela solenidade
da missa, em cujo coro a excelente banda de Tangil manteve, ou até excedeu os
créditos o ano passado adquiridos. O sermão, feito pelo reverendo Augusto César
Lima Monteiro, agradou plenamente; lástima foi que ele, por incómodo de saúde,
só com sacrifício pudesse desempenhar-se de tão delicada missão…»
Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 77, de 14/9/1930: «CUBALHÃO, 14/9/1930.
Grande manifestação de fé. Por causa da peste que paira sobre nós,
dizimando-nos os animais, teve lugar nesta freguesia um cerco de penitência
após uma missa cantada pelo reverendo Augusto César de Lima Monteiro e ajudado
pelos seminaristas Manuel Vieites, de Parada, e José Augusto Alves, da Gave. Foi
uma manifestação deslumbrante do mais puro amor. Num humilde andor era
conduzido o glorioso mártir São Sebastião, talismã das sentidas preces dos
fiéis, para-raios poderosíssimo da justiça divina. Durante o percurso ressoaram
na atmosfera os cânticos litúrgicos em apoteose à majestade infinita de Deus. Os
cânticos repassados de sentimento e unção religiosa eram setas aguçadíssimas
que penetravam as nuvens e se despedaçavam ante o rutilante trono da divindade,
fazendo chover sobre nós as suas graças, místico récio que vem mimosear as
cândidas e aromáticas florinhas. A imponente cerimónia teve como epílogo um
magistral sermão de excitamento que declamou o exímio orador reverendo Augusto
César de Lima Monteiro, fazendo arrancar lágrimas de comoção com as suas
palavras repassadas dum ardente amor. Que esta imponente cerimónia seja trocada
pelas romarias cheias de mundanismo e que se repita nas limítrofes freguesias
são os nossos sinceros votos.» // Em 1935 ainda era pároco da freguesia de
Parada do Monte, «cujos créditos de
orador são bem conhecidos» (Notícias de Melgaço n.º 276, de 30/6/1935). /// (*) Trata-se da festa
realizada na freguesia da Gave a 25/8/1929, dedicada ao Coração de Jesus.
MONTEIRO, Jerónimo José Pereira
(Padre). Nasceu no século XVIII. // Foi pároco na freguesia de Alvaredo. // A
6/8/1819, na igreja de Alvaredo, batizou Vitorina, nascida no dia anterior,
filha de Domingos José Gonçalves e de Joana Mendes, moradores no lugar do
Maninho. // A 12/3/1823, na igreja de Alvaredo, batizou José Luís Vaz, nascido
dois dias antes. // A 24 de Abril de 1832, na igreja de Alvaredo, batizou José
Duro, nascido no dia anterior. // Morreu na freguesia de Alvaredo a --/--/1834,
sendo substituído pelo padre José de Sousa Afonso.
MONTEIRO, José António (Padre). Filho
de Agostinho José Monteiro e de Isabel Maria Domingues. Nasceu em Remoães por
volta de 1798. // A 11/2/1855, na
igreja de Remoães, foi padrinho de Joaquina Rosa, nascida dois dias antes,
filha de Manuel Bento Armada, natural de Arnoia, Ourense, e de Ana Joaquina
Almuinha, natural de Remoães, Melgaço. A madrinha, Luísa Teresa da Costa
Monteiro, do lugar da Costa, Remoães, era sobrinha do padrinho. // Faleceu a
19/2/1868, em sua casa do lugar da Costa, Remoães, com cerca de setenta anos de
idade, e foi sepultado na igreja. // Deixou testamento.
MONTEIRO, José de São João de Deus
(Frei). Filho de Manuel António Vaz Monteiro e de Joana Maria Alves. Nasceu em
Rouças a --/--/1806. // Professou na Ordem Franciscana. // Com a secularização
das ordens religiosas, a partir de 1834, tornou-se prior da freguesia do
Barral, Ponte de Lima. // Morreu a --/--/1870. // Irmão de frei António Joaquim
de Santa Isabel.
MONTEIRO, Luís Manuel do Souto (Padre).
Filho de Diogo Luís Gonçalves Chaves e de Maria Josefa do Souto, lavradores, de
Prado, residentes no lugar dos Leiros. Nasceu nessa freguesia de Melgaço por
volta de 1790. // Em Maio de 1855 exercia o seu múnus na igreja da Gave. // Em 1857 residia em Prado, no lugar de Leiros, mas era abade
de São Julião de Sarafão, Guimarães. // A 29/11/1857, na igreja de Prado,
batizou José Joaquim, nascido dois dias antes, filho de Maria Vicenta
Fernandes, solteira (é provável que tenha casado
posteriormente com o pai da criança),
galega, moradora no lugar dos Raposos, freguesia de Prado. // Em Maio de 1858 era
abade de São Paio. // A 25/3/1866, na igreja
de São Paio, batizou António Xavier Alves (Soqueiro da Bouça Nova). // A 4/4/1866, na igreja de São Paio, onde era pároco, foi
padrinho de Bento Vieites, nascido dois dias antes. // Em 1869 ainda era pároco
de São Paio. // A 7/10/1872, na igreja de Prado, foi padrinho de Rosa de Jesus,
nascida seis dias antes, filha de João José Lopes e de Angelina Perpétua
Esteves, residentes no lugar dos Bouços. Ele era abade colado na igreja de São
Paio de Melgaço. // A 12/1/1876, na igreja de Prado, foi padrinho de Germana
Rosa, nascida dias antes, filha de José Maria Ribeiro e de Maria Rita Pires,
moradores no lugar dos Raposos, Prado. // Morreu no referido lugar de Leiros, Prado,
com todos os sacramentos, com oitenta e oito anos de idade, a 11/5/1878. Fez
testamento e foi sepultado na igreja de São Paio.
MONTEIRO, Manuel (Padre). Filho de
António Monteiro e de Maria Gonçalves, moradores no lugar de Santo Amaro. //
Foi abade da freguesia de Fão, concelho de Esposende, onde respirou os ares
puros do oceano atlântico, tendo dado certamente alguns passeios na bela praia
de Ofir. // Morreu a 2/2/1780. // Tinha um irmão também sacerdote, de seu nome
António.
MONTEIRO, Pedro (Padre). // Foi colado
na freguesia da Gave pelo arcebispo Dom Rodrigo de Sousa a 2/4/1683.
MOREIRA, João Manuel Gonçalves (Padre).
// Em Agosto de 1855 era coadjutor do vigário de Parada do Monte. // Em
Dezembro de 1857 aparece-nos como cura da mesma freguesia. // Foi substituído a
1/1/1860 pelo padre José Maria Soares da Silva.
MOREIRA, Xavier Amado (Padre). Filho de
Manuel Esteves Moreira e de Maria de Jesus Fernandes, emigrantes em França.
Nasceu na freguesia da Gave a --/--/197-. // Em 1998, ainda seminarista, «foi instituído no Ministério de Leitor»
(VM 1099). // A 14 de
Novembro de 1999, domingo, foi ordenado diácono (*). // Seria ordenado
presbítero a 30/7/2000 na Sé de Viana. A missa nova estava prevista para um
domingo, 6/8/2000, na igreja da Gave, às quinze horas, o que de facto veio a
acontecer (ver “A Voz de Melgaço” n.º 1144). Após a missa houve
lugar a um convívio na Albergaria Boavista, sita no Peso. // Em Setembro de
2000 o bispo da diocese colocou-o nas freguesias de Mazedo, Luzio, e Anhões,
todas elas do concelho de Monção, onde permaneceu até Janeiro de 2008. A partir
dessa data foi colocado em Castelo de Neiva e Darque. /// (*) Ordem sagrada que
precede a de presbítero. // Telefone fixo: 258871672. Telemóvel: 967940655.
Lê-se em “A Voz de Melgaço” n.º
1433, de 1/11/2019: «Três sacerdotes de Melgaço em
destaque nas nomeações sacerdotais de Viana. Já não era sem tempo. O Notícias de Viana
de 24 de Outubro oficializou as nomeações da diocese, sendo de destacar que o
mais jovem dos sacerdotes melgacenses, o padre Rogério, a trabalhar em Ponte de
Lima como vigário paroquial do padre Jorge Manuel da Silva Ramos, nas paróquias
de Bárrio, Brandara, Calheiros, Cepões, Labruja, Labrujó, Rendufe e Vilar do
Monte, todas em Ponte de Lima, foi nomeado “pároco in solidum”, isto é, com a
mesma responsabilidade do outro pároco, para as oito paróquias que já lhe
estavam confiadas, sendo o padre Jorge o moderador. // Revolução maior
aconteceu com a nomeação dos nossos conterrâneos monsenhor José Caldas e padre
Xavier Amado que, juntamente com o padre José Domingos Leal Meira Rocha, este
vindo de Paredes de Coura, foram nomeados párocos “in solidum” das paróquias de
Castelo de Neiva, Darque (antes confiadas ao padre
Xavier Amado) e
ainda as paróquias de Mazarefes e Vila de Punhe, todas em Viana, do lado
esquerdo do rio Lima. O moderador será Fernando Caldas que deixou as paróquias
de Gandra, Taião, Sanfins, Gondomil e Boivão, no arciprestado de Valença. Isto
dá a entender que desta unidade pastoral virão a fazer parte, posteriormente,
outras paróquias vizinhas, cujos párocos serão dispensados de funções por
motivo de idade e doença. // Aos três conterrâneos desejamos que a sua ação
pastoral seja como o papa Francisco não se cansa de insistir que seja: pastoral
de proximidade, acolhimento, alegria, atenção às periferias, e com grande
espírito missionário.»
MOTA, Manuel Joaquim da Silva (Padre).
// Em Outubro de 1857 era abade de São Paio.
NEIVA, António Joaquim (Frei). // Morou
no lugar de Crastos, Rouças. // A 28/7/1885, na igreja de Rouças, foi padrinho
de Carlota de Jesus, nascida no dia anterior, filha de José Maria Fernandes e
de Maria Teresa de Neiva. // José António Barreto Nunes escreveu: «O último frade egresso de Melgaço (óbito em 9/7/1898).
Depois de me ter jubilado venho dedicando parte do tempo a ler jornais da minha
região – o Alto Minho -, nomeadamente os que marcam a passagem do século XIX
para o século XX, por serem aqueles onde chega a minha memória, por força do
convívio que fui tendo com familiares ao longo do sessenta e seis (66) anos que
já levo de vida. Foi nessas leituras que na edição número 634, de 17/07/1898,
do jornal de Monção “O Independente”, cujo diretor era o padre Simão de Abreu e
Melo, descobri uma notícia relacionada com Melgaço, cujo conhecimento me parece
interessante para os leitores deste jornal. Vem noticiado o seguinte: «Dizem de
Melgaço – Depois de prolongado sofrimento faleceu no dia nove do corrente
(leia-se mês de julho de 1898), pelas sete horas da manhã, na sua casa de
Crasto, freguesia de Rouças, deste concelho, o reverendo António Joaquim de
Neiva, último frade que existia por estes sítios.» Nascera a 14/07/1813,
contando, por isso, a bonita idade de oitenta e cinco anos. Principiou os seus
estudos no convento de Santo António, desta vila, passando como noviço da Ordem
para o convento de Caminha, onde mais tarde professou. Em 1834, sendo expulsos
os frades, dirigiu-se, este e outros, a Lisboa, tomando, perante o patriarca,
ordens de subdiácono e diácono, com missa em 1838. Pela vocação que tinha para
o canto chão e como pedinte, foi admitido na Ordem de Santo António e depois
que regressou à casa paterna deu-se à execução de música de capela, instruindo
com as suas lições muitos indivíduos do seu tempo. Teve sempre exemplar
comportamento, quer como padre, quer como frade, sendo, além disso, protetor
exímio de seus irmãos, sobrinhos, e demais parentes, a quem deu também
conselhos paternais. “E há vinte e tal anos que ele padecia, quase como mártir,
de uma chaga que se lhe abriu numa perna, a qual, fechando-se há meses,
originou pouco depois um insulto qualquer que lhe pôs termo à vida no dia já
indicado.” Em apenas sete parágrafos vêm relatados factos que marcaram uma época
de contornos até então inimagináveis para a igreja e para a cultura do nosso
país. Temos, pois, uma notícia do dealbar do século XIX, que recorda tempos
difíceis, que foram os que se seguiram às invasões francesas e às ideias liberais
que então proliferaram pela Europa, com muito de positivo e alguns resquícios
negativos.» Deparamos, então, com os estudos de um noviço de Rouças no convento
de Santo António. O seu posterior professar numa ordem religiosa, que o levou
ao concelho de Caminha, junto à foz do rio Minho. A expulsão dos frades e o seu
regresso como egresso à casa paterna. A sua readaptação ao quotidiano familiar
e, no caso, a subsequente martirização até ao finar dos seus dias, em uma vida
que durou 85 anos. Tenho dúvidas quanto à localização do referido convento de
Santo António. Será em Melgaço ou em Monção? A notícia, proveniente de Melgaço,
mas publicada num jornal de Monção, diz expressamente “convento de Santo
António, desta vila”. Em Melgaço desconheço a existência de um convento de
Santo António. Em Monção, o convento dos capuchos chama-se de São Francisco,
mas também é referido como de Santo António. Nunca me tinha interessado
particularmente pela vida dos egressos, até que algum tempo atrás fiquei a
saber que dois meus antepassados – os franciscanos frei Manuel e frei José –
tinham sido acolhidos na Casa e Quinta do mosteiro de São João de Longos Vales,
concelho de Monção, propriedade dos meus trisavôs maternos, advogado e juiz
substituto Dr. José António Pereira d’Antas Guerreiro e sua mulher D. Maria
Rita Monteiro, na sequência de uma convenção antenupcial por eles lavrada no
ano de 1852. Procurei informação sobre o fim das ordens religiosas, da qual
tinha vago conhecimento, e pude apurar o que passo a contar com todas as
insuficiências de que um leigo se pode fazer acompanhar. A extinção das ordens
religiosas em Portugal começou a ser praticada no reinado de D. José I e
governação do marquês de Pombal. Na sequência de um atentado de que foi alvo, o
rei, por alvará de 3/9/1759 decretou a expulsão dos jesuítas do país e mandou
confiscar os seus bens, que passaram a incorporar a Fazenda Nacional. Decorridos
alguns anos, essa decisão de expulsão da Companhia de Jesus foi confirmada pelo
príncipe regente D. João, por alvará de 1/4/1815. No contexto da guerra civil
portuguesa (1828-1834) liberais e absolutistas assumiram atitudes diferentes
quanto a essa questão religiosa, em função da instabilidade reinante e do
permanente conflito de forças. Em Portugal continental, D. Miguel I autorizou
no ano de 1829 o retorno dos religiosos da Companhia de Jesus, que foram
instalar-se no Colégio das Artes, em Coimbra, no ano de 1832. Nos Açores, D.
Pedro, 16.º duque de Bragança, aboliu as ordens religiosas no arquipélago por
decreto de 17/5/1832. Com o fim do conflito e a vitória dos liberais a partir
de 1834 foi confirmada a expulsão dos jesuítas e das demais ordens religiosas.
No contexto que se seguiu à assinatura da convenção de Évora o então ministro
da Justiça, Joaquim António de Aguiar, redigiu o texto do decreto de extinção
das ordens religiosas que assinado por Pedro IV de Portugal, embora apresente a
data de 28 de Maio, só veio a ser publicado a 30/5/1834. Por esse diploma foram
declarados extintos todos os conventos, mosteiros, colégios, hospícios, e
quaisquer outras casas das ordens religiosas regulares (artigo 1.º), sendo os
seus bens secularizados e incorporados na Fazenda Nacional (artigo 2.º), à
exceção dos vasos sagrados e paramentos que seriam entregues aos ordinários das
dioceses (artigo 3.º). O diploma afirma ainda que seria concedida uma pensão
anual aos religiosos que não obtivessem benefício ou emprego público (artigo
3.º), o que entretanto permaneceu letra morta. Esta lei valeu a Joaquim António
de Aguiar a alcunha de “Mata Frades”. Porém, este processo levou apenas à
extinção imediata das ordens religiosas masculinas. As ordens religiosas
femininas mantiveram-se, não podendo contudo admitir noviças. A extinção final
das ordens religiosas femininas só foi regulada em 1862, ficando então assente
que o convento ou mosteiro seria extinto por óbito da última religiosa, sendo
os bens da instituição incorporados na Fazenda Nacional. Foi assim que a maior
parte dos frades e freiras das ordens extintas regressaram às suas terras e
casas de família, ficando conhecidos por egressos. A título de exemplo e a
propósito da extinção das ordens religiosas femininas, junto a capa da revista
bracarense “Ilustração Católica” n.º 194, de 17/3/1917, que nos mostra “D. Rosa
de Jesus, última noviça das religiosas carmelitas do extinto convento das
Teresinhas, em cujo edifício ainda vive, o qual hoje é propriedade do Asilo de
São José”. Portanto, esta freira, que já devia ter uma avançada idade em 1917,
foi a última noviça que viveu no extinto convento das Teresinhas de Braga, que
ainda hoje continua a existir com o nome de Asilo de São José, funcionando como
lar da terceira idade.» // José António Barreto Nunes. Braga, 13/4/2015.
Publicado em “A Voz de Melgaço”, Maio de 2015.
NOVAIS, António José (Padre). Filho de
António Soares da Nóboa (ou Nóvoa), de Remoães, e de Margarida Gomes de Abreu, da Vila.
Nasceu a 21/8/1705. // Foi inscrito na Confraria das Almas a 16/9/1708. // Foi
presbítero secular. // Faleceu em Melgaço a 18/5/1757. // Deixou seu irmão
Caetano por herdeiro universal. // Assinava: Padre António José de Abreu Soares
Coelho!
NÓVOA, Luís Manuel Esteves (Padre). //
Foi vigário da freguesia de Cubalhão. // A 18/1/1826, na igreja de Remoães, foi
padrinho de Maria Claudina, nascida quatro dias antes, filha de Matias José
Monteiro e de Rosa Joaquina Marques Gonçalves, moradores no lugar da Costa,
freguesia de Remoães. // A 18 de Abril de 1836, na igreja de Cubalhão, batizou
Florência Marques, nascida no dia anterior. // A 19/9/1836, na igreja de
Cubalhão, foi substituído pelo padre António Nicodemos, por comissão, no
batismo de Maria Rosa Vaz, nascida nessa freguesia no dia anterior.
NUNES, Estêvão (Padre). A 13/11/1365
era pároco da igreja de Santa Maria do Campo (ver Padroado Medieval Melgacense,
de José Domingues, página 103, edição da CMM, 2004).
NUNES, Francisco José (Padre). // Em
1850 era pároco de Paços. // Em 1851 e 1852 era o reitor de Badim,
Valadares.
NUNES, Gonçalo (Padre). // Nasceu em
Melgaço no século XIV. // Dele, diz-nos o Prof. Dr. José Marques:
NUNES, Guilherme (Padre). // Lê-se em
“Melgaço Medieval”, de Manuel António Bernardo Pintor, página 49: «Em 1178 o padre Guilherme Nunes fez doação
da sua herdade em Gondufe (Chaviães) sob o monte da Aguieira de Cegos, ao correr
da Fonte de Donas até ao Rio Minho, metade para o mosteiro de Fiães e metade
para a sua servente Urraca Midis e filha, mas estas só com o usufruto,
revertendo depois para o mosteiro.» Em 1183 esta Urraca Midis e sua filha
Peironela doaram ao mosteiro de Fiães a propriedade que receberam do dito padre
Guilherme Nunes, sita no lugar de Gondufe.
ORADA, Bernardo de Nossa Senhora
(Frei). // A 15/12/1842, na igreja de Chaviães, foi padrinho de Carolina de
Jesus Pereira, nascida quatro dias antes.
OUTEIRO, Francisco António (Padre). //
Nasceu na freguesia de Paços. // A 8/2/1813, na igreja de Paços, serviu de
testemunha no casamento de Manuel José Alves com Maria Luísa Rodrigues,
moradores no lugar de Viladraque. // A 20/8/1823, também na igreja de Paços,
foi testemunha no casamento de Jerónimo José Pires com Maria Josefa Vaz.
OUTEIRO, José (Padre). Filho de Manuel
Joaquim do Outeiro e de Maria Joaquina Vaz, moradores em Sá. Neto paterno de
Manuel Francisco do Outeiro e de Maria Francisca Alves, da Pedreira; neto
materno de Manuel José Vaz e de Maria Luísa Domingues, de Sá. Nasceu em Paços a
20/11/1831 e foi batizado na igreja a 22 desse mês e ano. Padrinhos: António do
Outeiro, solteiro, do lugar da Pedreira, e Maria Luísa Domingues, viúva, do
lugar de Sá. // Teve uma casa na Calçada, Vila, mais tarde propriedade do
comerciante José Maria Pereira. // Morreu no lugar de Sá, Paços, a 31/10/1904,
com todos os sacramentos da igreja católica, com testamento, e foi sepultado no
adro da igreja. Era pároco encomendado da freguesia de Paços desde pelo menos
1867. // Tio do padre António Avelino Outeiro (ou
Douteiro), etc.
OUTEIRO, José Joaquim (Padre). Filho de
Francisco António do Outeiro e de Caetana da Ribeira, moradores no lugar do
Outeiro, freguesia de Paços. Neto paterno de Manuel Joaquim do Outeiro e de
Maria Joaquina Vaz, de Sá; neto materno de Caetano José da Ribeira e de Maria
Luísa Pires, do Outeiro. Nasceu em Paços a 2/3/1852 e foi batizado no dia
seguinte. Padrinhos: os seus avós maternos. // Foi abade da Vila de Melgaço de
19/8/1888 a 6/7/1893; teve de sair porque fora nomeado pároco de Santa Maria de
Galegos, Barcelos, a 3/2/1893. // Aposentaram-no em Outubro de 1891, talvez de
professor (decreto
regulamentar de 30/12/1890 e carta de lei de 14/9/1891). // Morreu em
Paços a 6/7/1929. Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 21, de 14/7/1929: «Faleceu no dia 6 do corrente em sua casa, no
lugar do Outeiro, da freguesia de Paços, o nosso amigo reverendo padre José
Douteiro, que já paroquiou esta Vila, onde a sua morte foi muito sentida e cujo
funeral se realizou no dia 8, sendo muito concorrido por pessoas de todas as
classes sociais. À família enlutada enviamos sentidos pêsames.»
PALHARES, Claudino Augusto de Sousa
(Padre). Filho de Lourenço Manuel de Sousa Palhares e de Maria Joaquina
Lourenço, moradores no lugar de Ferreiros, Prado. Neto paterno de João Manuel
Rodrigues Palhares e de Maria Josefa de Sousa Gama, do dito lugar; neto materno
de Domingos José Lourenço e de Maria de Freitas, do lugar de Santo Amaro.
Nasceu em Prado a 23/3/1843 (*) e foi batizado na igreja paroquial no dia
seguinte. Padrinhos: Luís de Sousa Gama e sua filha, Carolina Augusta Gama, da
Quinta da Serra. // A 11/1/1852 ingressou, como irmão, na Confraria das Almas
de Prado, à qual pertenceu oitenta e um anos. // A 15/12/1874, na igreja de
Prado, foi padrinho de Rosa Joaquina Fernandes, nascida seis dias antes. // A
3/10/1883, na igreja de Prado, foi padrinho de Albino da Glória, nascido a 28
de Setembro desse ano, filho de Caetano Maria Fernandes e de Maria Custódia de
Jesus, moradores no lugar de Ferreiros, Prado. A madrinha era Albina Rosa
Pereira de Castro Salgado, solteira, camponesa, do lugar do Rego. // A
6/9/1907, na igreja de Prado, foi padrinho (embora
tenha sido representado por seu irmão Luís António de Sousa Palhares) de seu sobrinho,
Claudino Augusto, nascido a 28 de Agosto do dito ano, filho de Luís Vicente
Rodrigues e de Claudina Rosa de Sousa Palhares. // A 12/11/1922, na igreja de
Prado, foi padrinho de Maria Hermínia, nascida na vila de Melgaço a 22 de
Agosto desse ano, filha de José Maria Pereira e de Rosa Hermínia Rodrigues,
comerciantes. // Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 20, de 7/7/1929: «No dia 30/6/1929 realizou-se a festividade
em honra de São Roque, cuja imagem se venera na capela sita no lugar de Golães,
sendo muito concorrida. Constou de missa solene a grande instrumental, sendo
celebrante o reverendo padre Claudino de Sousa Palhares e o panegírico do santo
feito pelo reverendo padre “Amigo”, pároco desta freguesia, saindo no fim uma
majestosa procissão que percorreu o itinerário do costume, terminando pelo
arraial de tarde. Abrilhantou esta festa a afamada banda dos BVM, que foi ouvida
com muita atenção.» O correspondente. // Morreu no lugar de Ferreiros,
freguesia de Prado, a 13/1/1933; o funeral realizou-se no dia seguinte, com a
assistência de nove padres (Notícias
de Melgaço n.º 180, de 22/1/1933). /// (*) Noutro lado diz-se que ele nasceu a 21/1/1843.
PASSOS, Aníbal
Bernardo (Padre). Filho do Dr. Francisco Luís Rodrigues Passos,
médico-cirúrgico, natural de Paços, e de Ludovina Rosa Monteiro de Vasconcelos
Mourão, natural de Viana do Castelo, moradores na Vila de Melgaço. Neto paterno
de Bento Isidoro Rodrigues e de Rosa Maria Salgado, de Paços; neto materno de
Vitorino Monteiro Vasconcelos Mourão, de Vila Real, e de Albina Clara de Abreu
Cunha Araújo, de Melgaço. Nasceu na Rua da Calçada, Vila, às sete horas da
manhã de 23/12/1866 (*) e foi batizado a 14/1/1867. Padrinhos: a sua avó
materna e o padre Bernardo António Rodrigues Passos, seu tio paterno, pároco
colado da freguesia de Arnoso, Famalicão, representado por seu procurador,
Gaspar Eduardo Lopes da Fonseca, contador do Juízo de Direito. // Ordenou-se em
1890, ficando adido à corte do bispo de Meliapor como secretário particular até
1892, ano em que cantou missa nova. // Lê-se em Melgaço, Sentinela do Alto
Minho, II parte, 2.º volume, página 124: «… Melgaço
não tinha então nenhum sócio desta notável Academia [Real de Ciências] e nunca
o teve se não em 1893, pois só neste ano, como foi concisa e oportunamente
noticiado no jornal O Melgacense, teve essa honra um jovem padre, nado e criado
na Vila de Melgaço, mas fora de muros, que bem conheci e cujas mãos de amigo
apertei nas minhas, brilhante figura do jornalismo português, insinuante nas
maneiras e nobre coração, o padre Aníbal de Vasconcelos Mourão Passos.» // Foi
redator de “O Melgacense”, propriedade de José Cândido Gomes de Abreu; de “O
Século”; e de “A Pátria”. // Colaborou nos jornais: “Jornal de Notícias”;
“Jornal de Viagens”; “Zé-Povinho”; “Revistas das Escolas”, etc. // Como
escritor sobressai a sua “Tragédia de Lisboa – A Política Portuguesa”, obra com
322 páginas, escrita logo após o regicídio de 1/2/1908 (JM 733). Cada brochura
custava 600 réis (se
fosse pelo correio 630 réis); encadernado, em capas especiais, vendia-se a 800 réis (pelo correio 850 réis). // Era também um
distinto orador sagrado, sendo notável o sermão “A Cruz”, por ele composto e
pregado em Matosinhos a 7/5/1899. // Reconhecendo o seu mérito, nomearam-no
sócio ordinário da Sociedade de Geografia de Lisboa. // Em 1915 era diretor do
Colégio da Beira Mar, em Leça de Palmeira, Matosinhos. // No governo de Sidónio
Pais foi chefe de gabinete ministerial do Dr. Alfredo de Magalhães. // Parece
que foi professor na Universidade de Lisboa. // Faleceu no Campo Grande,
Lisboa, a 8/1/1934; os seus restos mortais jazem no cemitério do Lumiar (NM 219, de 14/1/1934). // Nota: o padre Aníbal Bernardo teve, já sacerdote, uma aventura
amorosa com uma jovem, talvez Afra de Castro Louzada, solteira, nascida na
freguesia do Bonfim, Porto, por volta de 1873, surgindo dessa paixão um menino,
a quem deram o nome de António Aníbal (Toi), o qual usou o apelido Rodrigues Passos; o
moço estudou engenharia, concluindo o Curso. O Eng.º António Aníbal Rodrigues
Passos (Toi) finou-se em Luanda, Angola, em 1975 (salvo erro), com
cerca de 70 anos de idade. Fora criado por uma irmã do progenitor, talvez a
Ludovina Augusta. Era anti-salazarista, tendo sido perseguido pelo regime
corporativista. Trabalhou em Goa, Moçambique, em São Tomé e Príncipe, e
finalmente em Angola, onde morreu solteiro. Era amante da leitura, deixando por
sua morte uma riquíssima biblioteca. // (Estas
valiosas informações foram-me fornecidas por João Carlos Magno de Castro,
nascido na Vila de Melgaço em 1945, da Casa de Galvão, que conviveu com o dito
engenheiro em Angola). /// (*) O Dr. Augusto César Esteves diz-nos que ele nasceu a 23/12/1867 (Obras Completas,
volume I, tomo II, página 589).
PASSOS, António da
Silva (Padre). Nasceu em Viana do Castelo. // Em 1936 foi nomeado pároco da
Gave. // (Notícias de Melgaço n.º 322).
PASSOS, Bernardo António Rodrigues
(Padre). Filho de Bento Isidoro Rodrigues, boticário, e de Rosa Maria Domingues
Salgado, doméstica, moradores no lugar de Beleco. Neto paterno de Domingos José
Rodrigues e de Luísa Francisca Pires, da Vila de Melgaço; neto materno de
Manuel Joaquim Domingues Salgado e de Francisca Caetana Gomes, de Beleco,
Paços. Nasceu a 6/5/1829 e foi batizado a 10 desse mês e ano. Padrinhos: padre
Manuel António Domingues, cura da freguesia de Cristóval, e sua irmã, Antónia
Maria Domingues. // (Consta que na altura em que
ele era estudante no Seminário, aí por volta de 1849, namorou uma jovem fidalga
de Barcelos, cujo nome ignoro, a qual ficou grávida dele; a criança, do sexo
masculino, nascida em 1850, foi colocada na Roda de Ourense. O exposto, em
1870, com vinte anos de idade, veio viver para a Vila de Melgaço, onde abriu
uma oficina de alfaiate. É óbvio que tinha indícios de que o pai, ou a mãe,
seria de Melgaço – era de Melgaço certamente que lhe mandavam dinheiro, o que
lhe permitiu comprar uma máquina de costura, a primeira a surgir no concelho.)
// Ficou conhecido por padre Bernardo António Rodrigues Passos. O apelido
Passos teria sido usado por vaidade, ou talvez para homenagear a sua terra
natal. // Em Janeiro de 1867 era pároco colado na freguesia de Arnoso,
Famalicão. A 14 de Janeiro desse ano foi padrinho de seu sobrinho, futuro
sacerdote, Aníbal Bernardo, nascido na freguesia da Vila de Melgaço a
23/12/1866. // Logo depois veio transferido para a freguesia de Chaviães, onde
se manteve até à sua morte. Teve alguns problemas com a população por causa do
cemitério; os chavianenses não queriam que os seus defuntos fossem enterrados
fora da igreja, mas a lei assim obrigava, ele tinha de cumpri-la. // Em 1874
era presidente da Junta de Paróquia (OJM, de ACE, página 157). // Aposentou-se em Outubro de 1891 (decreto regulamentar de 30/12/1890 e
carta de lei de 14 de Setembro). // Morreu em Chaviães a 17/1/1901, às quatro horas da
manhã, na cama da residência paroquial, sem testamento, e foi sepultado no
cemitério daquela freguesia. // Sucedeu-lhe no múnus o presbítero Manuel
Ferreira, que transitara de Lamas de Mouro. // Irmão do médico Passos, que
residiu na Vila de Melgaço, entre outros. // Nota: no seu assento de óbito
diz-se que ele era natural da freguesia de Cristóval!
PEDRO JOÃO (Padre). A 23/11/1354 era
pároco da igreja de Santa Maria da Porta (ver Padroado Medieval Melgacense,
página 96, edição da CMM, 2004).
PEREIRA, Albertino
(Padre). Filho legítimo de Domingos do Nascimento Pereira e de Jesufina
Fernandes. Neto paterno de --------- Pereira e de ---------------------; neto
materno de António José Fernandes e de Delfina Pereira. Nasceu em Castro
Laboreiro por volta de 1928. // Ainda como estudante já era aguerrido. Após ter
lido um artigo jornalístico escrito por A. Freixinho, atira-se a ele: «Quando nos referimos a terra tão linda, e
tão hospitaleira, uma profunda emoção se apodera de nós, de tal modo que não toleramos
a mínima incorreção ou falsidade que acerca dela se diga ou escreva. É para
refutar um turista que agora viemos a campo. / Há tempos saiu no “Jornal de
Monção” uma diatribe de uma ingenuidade crassa que se referia à terra que nos
viu nascer. / Diz o Sr. Freixinho que Castro Laboreiro era o lugar onde se
refugiavam os criminosos. Mas note…: se cá se refugiavam é porque vinham de
outras terras. Viriam da sua…? Não haveria na sua terra os crimes nefandos?
Quem sabe se a sua povoação será oriunda de algum couto vizinho, local onde se
refugiavam os criminosos para estarem ao abrigo das perseguições da justiça? /
… E que diremos dos conhecimentos
etnográficos do meu antagonista? Em que Universidade os teria adquirido? Pois…
tem a coragem, ou a ignorância, para afirmar que os habitantes de Castro
Laboreiro pouco diferem no vestuário e língua dos habitantes da Galiza?! Das
duas, uma: ou nunca viu um castrejo, ou nunca viu um galego. E se já viu os
dois tipos, perdão! Mas não sabe fazer comparações. / Diz que as mulheres ao
dia de semana usam capa que as cobre até ao fundo da saia. Pois olhe, meu caro:
a capa não as cobre até ao fundo da saia, e além disso também a usam ao
domingo. / … / E como não estou resolvido a deixar passar nada, aproveito a
ocasião para lhe dizer que os cães de Castro Laboreiro se destinam a proteger
os rebanhos das alcateias de lobos.» (Castro
Laboreiro, 22/8/1945).
No Notícias de Melgaço n.º 765, de
10/2/1946, atira-se de novo ao senhor Freixinho: «Convidámo-lo a demonstrar – a) Que Afonso Henriques conquistou o
castelo de Castro Laboreiro aos mouros em 1136, ou em qualquer outra data, ou
mesmo que este castelo foi ocupado pelos mouros. – b) Que os Montes de
Laboreiro foram mandados povoar por D. Sancho I. – c) Que esta terra foi couto
de homiziados (Braga, 29/1/1946).
Albertino Pereira (*) agradece ao governo
em nome de todos os castrejos: [É sem dúvida estonteante o entusiasmo que envolve o povo
das regiões favorecidas pelas benéficas influências do Estado Novo… Em verdade,
quando os benefícios se acumulam e as dádivas do Estado bafejam até os mais
desprotegidos, é forçoso reconhecer os benefícios e, sem mais demoras, exprimir
a gratidão que envolve a alma dos contemplados. Mas quem não pode agradecer de
outra maneira, exprime a sua gratidão com o significativo termo: obrigado. / É isto o que
acontece com o bom e grato povo de Castro. Contemplado com uma magnífica
estrada, e consequentemente com os benefícios a ela anexos, o coração do povo
castrejo não só não pode, mas talvez não saiba agradecer de outro modo, e então
profundamente recolhido exclama: «obrigado». E nesta palavra vai expresso todo o sentimento de gratidão que
transborda em abundância da penosa alma deste povo. Por isso nós pretendemos
exprimir o sentimento de todos os nossos conterrâneos e com peito forte e voz
sonora exclamamos em uníssono «obrigado Salazar»]. (Castro,
7/7/1945. Publicado no Notícias de Melgaço n.º 740, de 8/7/1945).
Comentário:
o “Castrejo” disse-nos que a estrada se devia ao Governador e o jovem Albertino
diz-nos que ela se deve a Salazar. Penso que ela se deve ao trabalho dos
engenheiros, dos técnicos, dos trabalhadores em geral. O dinheiro, esse era do
contribuinte. Os castrejos já deviam ter essa estrada há séculos; foram
privados de vias de comunicação demasiado tempo, como se não pertencessem a
nenhum país! (*)
O padre Albertino Pereira, castrejo, ia dizer
missa nova na igreja matriz da Vila de Melgaço; como a gente era muita, tiveram
de ir para a igreja do Convento das Carvalhiças, enchendo-se (Notícias de Melgaço n.º 933, de
21/5/1950).
Em 1949 ainda estudava no seminário de
Braga; nesse ano tornou-se assinante do Notícias de Melgaço; trabalhava na
Secretaria Episcopal (Notícias de Melgaço n.º 915, de 30/10/1949). // Como atrás se
disse, cantou missa nova na igreja do convento das Carvalhiças, SMP, a
14/5/1950. Pelas dezassete horas realizou-se a cerimónia da coroação, que foi
precedida de uma alocução do padre frei Gil Alferes; a seguir uma procissão
percorreu as principais ruas da Vila, SMP. Lê-se no Notícias de Melgaço n.º
933, de 21/5/1950: «Missa Nova do
Reverendo Padre Albertino Pereira. Às onze horas estava marcada a missa solene
na igreja matriz, que seria ao mesmo tempo a Missa Nova do nosso querido amigo
e velho colaborador deste semanário reverendo padre Albertino Pereira, de
Castro Laboreiro, que escolheu a sede do seu concelho para a sua festa. A
afluência do povo, porém, foi tamanha que houve necessidade de recorrer à
igreja do convento, a qual, apesar do seu tamanho, se encheu completamente.
Serviram às primeiras lavandas os senhores Domingos Pereira e António Alves,
pai e cunhado do novo presbítero, e o seu amigo, senhor José Augusto Esteves
“Cabana”. Às segundas lavandas serviram os senhores Dr. Júlio Outeiro Esteves,
Dr. João Barros Durães, e Armando Solheiro. No fim da missa houve a
impressionante cerimónia do beija-mão.»
Lê-se no Notícias
de Melgaço n.º 945, de 3/9/1950: «Na capela dos
Antões realizou-se no passado dia 27 a festividade em honra de Nossa Senhora
dos Remédios, que esteve muito concorrida, constando de missa solene, sermão e
arraial. Foi orador o nosso conterrâneo reverendo padre Albertino Pereira, que
chamou a atenção de grande número de fiéis, que de longe o vieram ouvir e mais
uma vez mostrou a grande inteligência que Deus dotou aquele distinto orador que
– segundo nos consta – segue em breve para Roma, onde vai frequentar os altos
estudos do Clérigo, e a quem Notícias de Melgaço deseja feliz viagem e as mais
sinceras felicitações na carreira que vai prosseguir.»
Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 1026, de
1/6/1952, sobre a festa da Ascensão, que decorreu na capela da Orada: «Foi orador o reverendo padre Albertino Pereira que,
embora novo, promete em curto lapso de tempo atingir altas culminâncias na
oratória sacra. Felicitamo-lo por isso, assim como felicitamos o dedicado abade
da vila, não só pelo brilhantismo atingido pela festa, como por ter descoberto
aos olhos dos melgacenses quem promete honrar a sua terra pelo brilho da sua
oração.»
Foi pároco de ---------- Fria, de onde, a
22/9/1957, transitou para Chaviães, Melgaço. // Em Setembro de 1959 foi
colocado em Paderne, Melgaço. // Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 1452, de
11/11/1962: «Triste epílogo. De “O Primeiro de Janeiro”, publicado em 4 do corrente
mês de Novembro, transcrevemos, com a devida vénia, esta local da secção Diário
de Viana. - PELO TRIBUNAL. No tribunal desta comarca respondeu Albertino
Pereira, residente na freguesia de Chaviães, Melgaço, pelos crimes de abuso de
confiança e ofensas corporais. Foi condenado na pena de seis meses de prisão,
substituídos por multa, e ainda em quarenta e sete dias de multa, em 900$00 de
imposto de justiça, e 1.600$00 aos ofendidos. // Em Chaviães não existe hoje
qualquer Albertino Pereira, mas como os leitores demais conhecem o caso acima
referido, por haver sido muito comentado nos jornais do país, e até em “Os
Ridículos”, nada mais acrescentamos.»
A 17/4/1965, na capela do Hotel Ranhada,
casou Florinda Domingues Ranhada com José António Franco Urceira. Lê-se no
Notícias de Melgaço n.º 1553, de 2/5/1965: «… Foi celebrante o reverendo Albertino Pereira, pároco de Paderne, e ao
ato assistiram as famílias Ranhada e Urceira, e avultado número de convidados
de vários pontos do país, tendo o reverendo prior celebrante dirigido aos
noivos uma primorosa alocução sobre os seus deveres no futuro lar e
desejando-lhes as maiores felicidades.» // A 29/12/1965, no templo de Santa
Luzia, Viana do Castelo, celebrou o casamento de Olinda Esteves, sua sobrinha e
afilhada, professora em Troviscoso, Monção, com Artur José Rodrigues, natural
de Castro Laboreiro, a frequentar o 4.º ano do ensino superior, e nessa altura
a cumprir o serviço militar, com a patente de alferes (ver Notícias de
Melgaço n.º 1584, de 23/1/1966). // Morreu a 13 ou 15/3/1975, com apenas quarenta e sete
anos de idade. // Era sobrinho de Rosa Fernandes Pereira, que morou numa Quinta
das Carvalhiças, Vila de Melgaço. // Irmão de José Augusto Pereira, de Maria de
Jesus Pereira, etc. // A Associação Cultural de Paderne, pelas treze horas de
13/3/1995, descerrou uma lápide evocativa do vigésimo aniversário do seu
falecimento, e houve uma romagem à sua sepultura.
PEREIRA, João
António Brito (frei João de Nossa Senhora da Peneda). // Nasceu em Aboim das
Choças, Arcos de Valdevez, a 2/3/1785. // Foi guardião do convento das
Carvalhiças de 24/5/1815 a Outubro de 1816; e de 18/6/1821 a 14/10/1822, por
ter renunciado. // Morreu no Campo da Feira de Fora, SMP, a 1/8/1864. // Era
religioso presbítero professo da Ordem de Santo António. // Fizera testamento.
// Foi sepultado na igreja da Santa Casa da Misericórdia de Melgaço. // Na
altura era considerado quase um santo.
PEREIRA, João Luís.
// A 23/6/1850, na igreja do mosteiro de Paderne, batizou Maria Luísa Gomes,
nascida no dia anterior.
PEREIRA, Leonel
(Padre). // Foi pároco de SMP durante vários anos, talvez entre 1550-1595.
Lê-se em Obras Completas de Augusto César Esteves, volume I, tomo I, páginas
248/9: «Que no ano de 1550 já era pároco de SMP e filho de António de Abreu
Pereira, fidalgo, morador na Quinta do Rossio de Viana da Foz do Lima disse-o o
notário apostólico, Manuel da Rocha, quando o vianense lhe apresentou em papéis
“velhos e consumidos” o auto da
demarcação das igrejas de SMP e de Santa Maria do Campo, de que seus filhos Leonel
Pereira e António Pereira eram os abades, mais um tombo daquela para os
trasladar. Ora esse trasladado foi registado na Corte de Braga no Livro Tombo
n.º 169, a folhas 233 e seguintes, a 30/3/1746. De resto, é ainda apresentado
como abade da vila em 1592 e em 1599 num livro de contas e outros atos da
Misericórdia local. Deve ter resignado, embora ficasse sempre a usufruir o
antigo título, pois outra explicação não tem este velho documento do século
XVI: “Arrendamento que fizeram o senhor
Leonel Pereira e Francisco Soares, abades desta vila, ao senhor António de
Abreu...” Foi seu cura o padre Gonçalo da Costa, que em 1580 batizou André,
filho de Gaspar Gomes e mulher A. Ana Afonso.»
PEREIRA, Manuel
(Padre). Filho de ------------------ Pereira e de ------------- Abreu. // Foi
vigário de São Lourenço, Prado. // Faleceu na Vila de Melgaço a 23/1/1778.
PEREIRA, Manuel
António (Padre). // Natural de São Paio (confirmar). // A 10/2/1828, na igreja de São Paio, batizou Teresa
Caetana Durães, nascida no dia anterior.
PEREIRA, Manuel José
(Padre). Filho de João António Pereira (ou
João António Prieto Lamosa), natural de Lamosa, Tui, e de Maria Angélica Fernandes,
natural do Barral, Paderne, residentes no Barral, São Paio. Neto paterno de
Francisco Prieto Pereira Lamela e de Maria Joana Lamosa, naturais da freguesia
de Lamosa, bispado de Tui, residentes na Cela, Cousso; neto materno de Manuel
José Fernandes e de Mariana Rosa da Cunha, moradores no Barral, Paderne, todos
lavradores. Nasceu no Barral, São Paio, a 28/7/1888, e foi batizado nesse dito
dia. // Em 1913 era pároco da freguesia de Santo André, Montalegre; em Julho
desse ano esteve em São Paio de visita a seu pai, que morava no Barral (ver Correio de
Melgaço n.º 58, de 20/7/1913, e Correio de Melgaço n.º 83, de 18/1/1914). // Foi também
pároco de Monte Redondo, Arcos de Valdevez, saindo dali para Melgaço (ver Correio de
Melgaço n.º 191, de 19/3/1916, e CM 228, de 10/12/1916). // Lê-se no
Notícias de Melgaço n.º 7, de 7/4/1929: «Na forma dos mais anos, realizou-se a visita
pascal nesta freguesia [de Cristóval], que decorreu muito animada, para o que
muito contribuíram os lindos dias de sol (…) A cruz entrou em todos os
domicílios sem o menor incidente, porque o pároco, senhor padre Manuel José
Pereira, em tudo procura ser agradável aos seus paroquianos.» // Em 1930 mandou
consertar a igreja (Notícias de Melgaço n.º 84, de 2/11/1930). // Lê-se no
Notícias de Melgaço n.º 130, de 15/11/1931: «CRISTÓVAL, 4. Como nos anos
anteriores, na igreja e no cemitério desta freguesia, realizaram-se as
cerimónias próprias do dia de fiéis defuntos, que foram celebradas pelo
reverendo pároco, padre Manuel José Pereira.» // Em 1933 Manuel Carriço, de
Queirão, Paderne, roubou-lhe uma vaca, que foi vender a um talhante de Valença
por 680$00; o ladrão e o dono do talho tiveram azar, pois o roubo foi
descoberto e eles presos (Notícias de Melgaço n.º 201, de 16/7/1933). // Em Setembro de
1934, juntamente com o seu tio padre Raimundo Prieto, foi ao Porto ver a
Exposição Colonial. // Faleceu a 30/7/1953, em Cristóval, onde fora pároco
durante muitos anos, pois tomara posse em finais de 1916. // Tinha quatro
irmãs; uma delas, Áurea, casou com Mário Máximo Monteiro, comerciante em
Cevide, lugar da freguesia citada. // Era primo do Dr. Francisco Eusébio
Fernandes Prieto, Diretor-Geral do Ensino Liceal, e sobrinho do padre Raimundo
Prieto.
PEREIRA, Manuel Luís
(Padre). Filho de António Luís Pereira e de Maria Joaquina de Sousa Brito,
lavradores. Nasceu na freguesia de Bela, Monção, a --/--/1868. // Morreu na
residência paroquial, sita no lugar da Igreja, Penso, Melgaço, onde tinha sido
pároco, a 27/12/1909, apenas com a extrema-unção, somente com quarenta anos de
idade; o corpo foi conduzido para a sua freguesia natal, onde o sepultaram no
cemitério.
PEREIRA, Manuel
Vicente (Padre). Filho dos professores Francisco Manuel Pereira, natural de
Rouças, e de Joaquina Fernandes, natural de Fiães. Nasceu na freguesia de Fiães
por volta de 1830. // A 29/12/1853, na igreja de Fiães, foi padrinho de
Joaquina Afonso, nascida oito dias antes. // A 5/2/1855, na igreja de
Cristóval, foi padrinho de José Vicente, nascido a 29 de Janeiro desse ano,
filho de José Manuel Rodrigues e de Ramira Soeiro. // Em 1856 era pároco encomendado
de Castro Laboreiro; em 1865 continuava a paroquiar essa freguesia da montanha
como coadjutor. // A 10/5/1857, na igreja de Fiães, foi padrinho de Delfina,
nascida oito dias antes, filha de Manuel Afonso e de Clara Gonçalves, moradores
no lugar de Alcobaça, freguesia de Fiães. // A 1/4/1859, na igreja de Castro
Laboreiro, foi padrinho de Maria Rosa Afonso, nascida dois dias antes. // Lê-se
em Melgaço, Sentinela do Alto Minho, de Augusto César Esteves, II parte, 2.º
volume, página 163, uma sua carta dirigida ao arcipreste da comarca de Monção: «Levo ao
conhecimento de Vossa Senhoria que no dia de domingo, 14 do corrente, indo eu
para a igreja dizer missa, apareceram-me à minha porta uma força de gente e me
disseram que não me respeitavam como pároco, e ao depois fui dizer missa e
acabada a missa vou para fechar a sacristia e achei-me sem chaves, que mas
roubaram da porta da sacristia, e mandei chamar o regedor e à vista dele
numerei todos os cálices e benesses que a meu cargo estavam, e pegou o padre
Francisco tanto nas chaves da igreja como na do sacrário, que à força me
fizeram dar; agora quero que Vossa Senhoria me diga o que devo fazer – eu dei
parte ao senhor administrador nesta data. Deus guarde a Vossa Senhoria. Castro
Laboreiro, 14/10/1860.»
A 17/2/1862, na igreja de Castro
Laboreiro, foi padrinho de Emília, nascida dois dias antes, filha de António
Bento Gonçalves e de Maria Benedita Pereira, moradores na vila de Castro. // A
11/2/1864, na igreja de Castro Laboreiro, foi padrinho de Augusto José, nascido
no dia anterior, filho de António Bento Gonçalves e de Maria Benedita Pereira.
// Tomou posse de pároco encomendado de Parada do Monte em Junho de 1872. Em
Dezembro de 1874 foi substituído pelo padre José Augusto Ferreira, tio do
escritor melgacense Miguel Ângelo Barros Ferreira. // A 31/3/1874, na igreja de
Castro Laboreiro, foi padrinho de Angelina, nascida três dias antes, filha de
António Bento Gonçalves e de Maria Benedita Pereira. // Em 1875 era pároco (ou reitor) de Fiães, onde se
manteve até 1880. // A 2 de Março de 1877, na igreja de Castro Laboreiro, foi
padrinho da sua sobrinha Lucrécia, nascida a 28 de Fevereiro do dito ano, filha
de Joaquim Pereira e de Maria Pereira. // Em 1880 tomou posse da paróquia de
Cristóval, acumulando com a de Fiães enquanto não foi substituído, o que demorou
três meses. // A 20/3/1881, na igreja de Cristóval, foi padrinho de Miquelina,
nascida no dia anterior, filha de António José Fernandes e de Rosa Salgado,
lavradores, residentes no lugar do Sobreiro. // A 15/4/1882, na igreja de
Fiães, foi padrinho de Angelina, nascida quatro dias antes, filha de Manuel
Domingues e de Emília Afonso, lavradores. // A 15/9/1882, na igreja de Penso,
foi padrinho de Eugénia, nascida quatro dias antes, filha do professor Joaquim
Pereira e de Maria Rosa Martins Peixoto. A madrinha era Marcelina Martins
Peixoto. // A 10/2/1884, na igreja de Cristóval, foi padrinho de Alexandrina,
nascida no dia anterior, filha de António José Fernandes e de Rosa Salgado,
lavradores. // A partir de 1896 teve como cura, a fim de o apoiar, o padre Luís
Manuel Marques. // Morreu na freguesia de Cristóval a 27/1/1902, na residência
paroquial, onde morava, com todos os sacramentos da igreja católica, com
setenta e dois anos de idade, com testamento, e foi sepultado na capela da
Senhora das Lágrimas, sita no cemitério de Cristóval.
PERES, Domingos
(Padre). No reinado de D. Dinis foi apresentado, a 19/11/1306, como pároco de
SMP (Padroado
Medieval Melgacense, página 92, de José Domingues, edição da CMM, 2004).
PERES, Pero (padre).
Foi “clérigo do bispo de Évora”. No reinado de D. Dinis foi apresentado, a
16/12/1305, como pároco de SMP (ver Padroado Medieval Melgacense, página 92, de
José Domingues, edição da CMM, 2004).
PIAS, Afonso
(Padre). Lê-se algures: «o padre Afonso
Pias, pároco de Lamas de Mouro, mais o cura da Gavieira, padre António Afonso,
procederam, a 16/1/1565, à verificação dos limites da freguesia.» // Nota:
nesse ano, Lamas de Mouro ainda não pertencia ao concelho de Melgaço.
PINHEIRO, Adriano
(Padre). Filho de Manuel Rodrigues Pinheiro e de Maria Lina Lopes da Rocha,
lavradores, naturais dos Arcos de Valdevez. Nasceu na freguesia do Couto, desse
concelho, por volta de 1877. // Morreu na Rua da Calçada, Vila de Melgaço, onde
residia, a 10/10/1901, com apenas 24 anos de idade, com todos os sacramentos,
sem testamento, e foi sepultado no cemitério municipal de Melgaço.
PINHEIRO, Gonçalo
(Padre). // Irmão de Inácio Sampaio Pinheiro. // Pedro de Freitas casou com
Maria Pinheiro, irmã do padre Gonçalo Pinheiro, e moraram no lugar da Carpinteira,
São Paio. Uma filha do casal, Rosa Maria de Freitas, casou em Paderne a
26/8/1769 com Manuel José, filho de Bernardo Gomes e de Maria Rodrigues; a fim
de casar com certa dignidade, dotaram-na os tios, capitão Inácio Pinheiro com
50$000 réis, e o padre Gonçalo Pinheiro, da Casa de Santo André, com 10$000
réis (escritura de
5/6/1769). // O padre Gonçalo morreu em São Paio de Melgaço a
--/--/1779.
PINHEIRO, Helena
(Freira). Filha de Inês Pinheiro e de Sebastião Gonçalves. Nasceu a --/--/15--.
// Foi levada de Melgaço pelo alcaide-mor Pero de Castro e sua esposa, Ana da
Maia, filha de Jerónimo Dias da Maia, a fim de servir Catarina de Bragança; serviu
essa senhora durante vinte anos, depois ficou ao serviço de Serafina, irmã do
duque de Bragança, Teodósio, como sua dama de corte, quando casou com João
Fernando Pacheco, marquês de Vilhena e 5.º duque de Escalona. // Helena faleceu
como freira do convento da Senhora da Conceição, de Escalona, em 1600.
PINHEIRO, José Joaquim (Padre). Filho
de Manuel Joaquim Pinheiro, natural de Prado, negociante, e de Ana Joaquina
Pires Ramos, proprietários, residentes no lugar do Outeiro, Paços. Neto paterno
de João Luís Pinheiro e de Josefa Clara do Souto (ou dos Santos); neto materno de
José Joaquim Pires Ramos e de Maria Durães. Nasceu em Paços a 10/9/1864 e foi
batizado no dia seguinte pelo padre Francisco José da Ribeira. Padrinhos: os
seus avós maternos, proprietários. (Este
assento foi elaborado pelo padre António Esteves em 1880). // Foi pároco
encomendado na freguesia da Vila de 13/6/1899 a 25/6/1903. // No dia 14/3/1902
recusou a comunhão a Duarte Augusto de Magalhães pelo que este, em 1912 (!), o
processou, respondendo em tribunal a 12 de Novembro desse ano, sendo absolvido.
O seu advogado de defesa era o Dr. António Augusto Durães, que estava a começar
a sua carreira. // Também paroquiou uma freguesia de Monção. // A 24/10/1907,
na igreja de Cristóval, foi padrinho de Delfina Maria de Lurdes Pinheiro,
nascida no dia anterior. // Em 1917 foi nomeado pároco encomendado da freguesia
de Paços; aquando da sua chegada Armindo Bailão leu um escrito, saudando-o (Correio de Melgaço
n.º 246, de 22/4/1917, e Correio de Melgaço n.º 247, de 29/4/1917). // Em 1932 ainda
era pároco de Paços (ver NM 162, de 28/8/1932). // Morreu na sua residência do lugar
do Outeiro, freguesia de Paços, a 17/7/1933 (Notícias de Melgaço n.º 202, de 23/7/1933, e Notícias de Melgaço
n.º 205, de 20/8/1933). // Era irmão de Luís, farmacêutico em São Gregório, e de
António.
PINHEIRO, Manuel António (Padre). // Em
1761 era cura da freguesia de Rouças. Nesse ano, na igreja de SMP, foi padrinho
de Luísa Antónia, nascida na Vila de Melgaço a 3 de Abril daquele ano, filha de
Francisco Fernandes e de Maria Gomes. O batismo foi realizado três dias depois
do nascimento.
PINHEIRO, Manuel Caetano (Frei). Filho
de Manuel [Castro] Pinheiro, alferes de ordenanças, e de Isabel Salgado
Álvares. Nasceu a --/--/17--. // Sem mais notícias.
PINHEIRO, Manuel Joaquim. // Foi pároco
da freguesia de Paços no século XVIII (ver blogue de Walter Alves, de Maio de
2022).
PINHEIRO, Manuel
José Macedo (Padre). // Foi pároco de Paços (ver
Memórias Paroquiais de 1758, página 163). // Morreu na sua Quinta da Pigarra,
freguesia da Vila de Melgaço, a 7 ou 8/11/1784. // Nota: este sacerdote deve
ser irmão de Luís António Pinheiro de Macedo.
PINTO, João Manuel da Costa (Padre). //
A 25/10/1826, na igreja matriz da vila de Melgaço, foi padrinho de Luís Manuel,
nascido dez dias antes, filho de José Manuel Armada e de Ana Joaquina
Fernandes, moradores no bairro do Carvalho, SMP. A madrinha chamava-se Rita
Maria de Sousa, e estava solteira. Ele, padrinho, era nessa altura abade de
Gonça, São Miguel, Guimarães.
PIRES, Estêvão (Padre). A 24/3/1472 era
pároco da igreja de SMP; permaneceu nesse posto até 6/11/1484 (ver Padroado
Medieval Melgacense, de José Domingues, página 97, edição da CMM, 2004).
PIRES, Francisco Manuel (Padre). // A
13/7/1828, na igreja de Alvaredo, foi padrinho de Maria Rosa Duro, nascida no
dia anterior. // Nesse ano de 1828 morava no lugar de Fonte, freguesia de
Alvaredo. // Irmão de Rosa Pires, do mesmo lugar. // A 17/5/1830, na igreja de
Alvaredo, foi padrinho de Rosa Maria, nascida nesse dito dia, mês e ano, filha
de Manuel José Vaz e de Maria Joana de Castro, moradores no lugar do Maninho,
freguesia de Alvaredo. A madrinha era a sua irmã, Rosa Pires.
PIRES, José Joaquim
(Padre). // Nasceu em Paços no século XIX. // Em 1860 era encomendado da
freguesia de SMP; em Outubro de 1874 ainda o era. // A 26/5/1864, na igreja de
SMP, foi padrinho de Estefânia Emília Dias, nascida a 13 desse mês e ano. // A
13/5/1866, na igreja de SMP, foi padrinho de Cândida Laurinda, nascida no dia 6
desse mês e ano, filha de Diogo Manuel Pinto e de Mariana de Jesus Vasques. //
A 7/5/1876, na igreja de Paços, foi padrinho de Josefa Maria, nascida três dias
antes, filha de Júlio Cândido de Carvalho e de Ana Joaquina Pires. // A
27/4/1877, na igreja de SMP, batizou Corina Augusta Esteves, nascida no dia
anterior. // A 28/5/1882, na igreja de Chaviães, foi padrinho de José Joaquim,
nascido quatro dias antes, filho de António Joaquim Alves e de Modesta das
Dores de Magalhães. // A 2/81882, na igreja de Paços, foi padrinho de seu
sobrinho, José Joaquim, filho de Francisco António Pires e de Maria Joaquina
Pires, lavradores, residentes no lugar de Govendo.
PIRES, Miguel (Padre). Filho de João
Pires e de Maria Lourenço, da freguesia de Remoães. // Morreu a 15/2/1780.
PIRES, Soeiro (Padre). // Em 1244 era
pároco da freguesia de Rouças (ver “Melgaço Medieval”, de M.A. Bernardo Pintor, página 42).
PODERÉ, Francisco Manuel (Padre). Filho
de Miguel Caetano Álvares e de Antónia Maria de Araújo Azevedo Gomes (Poderé). Neto paterno de António Álvares e de
Maria Soares; neto materno de Manuel de Castro Gomes e de Mariana de Araújo
Simões. Nasceu em Chaviães em Maio de 1787. // Os seus pais fizeram-lhe
património, a fim de seguir a carreira eclesiástica, a 15/10/1808, quando já
recebera as ordens menores. // Ainda estudante de teologia, enamorou-se de
Maria Joaquina de Magalhães, solteira, natural da Vila de Melgaço, e ambos
geraram duas crianças: Maria Joaquina e Francisco Luís. // Ele quis casar, mas
a família não deixou, sobretudo seu tio paterno, padre
Diogo Manuel Álvares, levando-o para Braga, a fim de terminar o curso.
// Um dia resolve embarcar para África, para Angola, mas morre pelo caminho,
talvez atirando-se ao mar. // O Dr. Augusto César Esteves, em «O Meu Livro das
Gerações Melgacenses», volume I, página 588, escreveu: «O seu nome de moço anda ligado a uma aventura amorosa com uma das
senhoras da Casa dos Magalhães, de São Julião de Baixo (…); no entanto, o padre
Francisco Manuel, com ajudas e incentivos dos seus expatriou-se…» // Morreu
a 14/1/1820.
Conta-nos o dito Dr. Augusto César Esteves, na página citada: [e segundo constou na terra natal deu-se o
decesso «na viagem de Angola que afogou que andava
embarcadiço por capelão e se soube por cartas que de lá vieram; se lhe fez o seu funeral nesta igreja (e) ofícios na
forma do costume desta freguesia.»] // (ver os seus descendentes na Vila de
Melgaço, no apelido Magalhães).
POMBAL, Manuel
Batista Calçada (ex-Padre). Filho de Manuel Batista Afonso Pombal e de Maria
Alice Lourenço, naturais da freguesia de Venade, concelho de Caminha,
emigrantes no Brasil, onde moravam, na Rua Andaraí, Rio de Janeiro. Neto
paterno de Manuel Afonso Pombal e de Maria Albina Afonso do Pombal (!); neto
materno de Manuel Lourenço Calçada e de Avelina Rosa Afonso Pombal (!). Nasceu
no Rio de Janeiro, Brasil, a 23/7/1965. // Veio para Portugal com seus pais em
1979, com catorze anos de idade. // Em 1991 residia em Venade, Caminha (Alto Minho, Portugal). // Nesse ano
terminou a licenciatura em Teologia na Faculdade de Teologia de Braga. // Tomou
posse de pároco de Chaviães e de Paços a 21/9/1991; no dia seguinte assumiu
também a paróquia de Cristóval. Isto aconteceu devido ao padre Daniel Augusto
Gomes de Magalhães, natural de Barroselas, Viana, ter sido nomeado pároco de
Lanhelas e Vilar de Mouros. // Apaixonou-se por Luísa de Fátima Araújo Pinto, enfermeira,
natural de Chaviães, filha de Manuel Augusto Pinto e de Maria Alice de Araújo (confirmar), com quem viria a
casar na Conservatória do Registo Civil de Matosinhos a 15/1/1999 (catolicamente casaram a 19/8/2007), deixando o
sacerdócio. Anunciou a sua desistência da vida sacerdotal a um domingo,
26/4/1998. Disse ele então: «tomei outra
opção de vida.» // «… esteve ligado durante vários anos à área social no
distrito de Viana do Castelo. Foi responsável, no norte, de 2000 a 2009, pela
Associação Nacional de Direito ao Crédito e coordenador-geral do Gabinete de
Atendimento à Família… Em 2009 fundou o Banco Alimentar de Viana do Castelo» (Melgaço Hoje, n.º 1, de Janeiro/2013). // Em finais de
2009 foi eleito vereador da Câmara Municipal de Melgaço, integrado nas listas
do Partido Socialista, com o estatuto de vice-presidente; teve os pelouros da
solidariedade social, fundos comunitários, e proteção civil. // No dia 30/4/2011,
no decorrer da Feira do Fumeiro e do Alvarinho de Melgaço, foi entrevistado
pelos jornalistas da RTP-1, que se encontravam ali a cobrir o evento. // No
verão de 2012 apareceu também na RTP-1 para falar das Termas do Peso. // Em
virtude de Rui Solheiro não poder concorrer, devido à lei de limite de
mandatos, em Setembro de 2013 era ele o cabeça de lista para presidente da
Câmara, tendo ganho as eleições com 63% dos votos. // Divorciou-se da esposa no
dia 14/1/2013. // Casou a 30/8/2015, na freguesia de Vile, Caminha, com Altina
Manuela Pinto de Barros. // Do primeiro casamento nasceram duas meninas: Joana
(nasceu em Matosinhos
a 13/2/2001) e Carolina (nasceu
em Matosinhos a 23/11/2005). // Do segundo casamento nasceu em Melgaço João Barros
Calçada Pombal, a 23/7/2014. // Depois de ter terminado o primeiro mandato como
presidente da Câmara, concorreu a um segundo, tendo ganho também com maioria.
Os melgacenses em geral estão satisfeitos com a sua presidência. /// Entrevista ao Diário
do Minho (A Voz de Melgaço n.º 1414, de 1.3.2018).
PRETO, Aires (Padre). A 22/5/1434 era
pároco da igreja de Santa Maria do Campo (ver Padroado Medieval Melgacense, de
José Domingues, página 103, edição da CMM, 2004).
PRIETO, Raimundo (Padre). Filho de
Francisco Prieto (Pereira
Lamela)
e de Maria Joana Lamosa, naturais de São Bartolomeu de Lamosa, Galiza. Neto
paterno de José Prieto e de Benita Lamela; neto materno de José Pedro Lamosa e
de Maria Rosa Davila. Nasceu no lugar da Peneda, freguesia da Gavieira, Arcos
de Valdevez, às três horas da manhã de 9/8/1878 (*). Padrinhos: Romão Salgado,
lavrador, e Maria Campela. // Em 1899 os seus pais, mais os irmãos, já residiam
na freguesia de Cousso, concelho de Melgaço. // Depois da instrução primária
ingressou no Seminário de Braga, ordenando-se sacerdote em 1901. // A 23/5/1903
D. Manuel Batista da Cunha, arcebispo de Braga, esteve em Castro Laboreiro, em
visita pastoral. Ia montado em uma mula, pertencente ao padre Raimundo Prieto,
nessa altura pároco em Cousso. Antes estivera hospedado na Casa do Hospital,
propriedade do conde de Azevedo. De Castro Laboreiro partiu para a Peneda. // Paroquiou
a freguesia de Cousso durante muitos anos, primeiro como coadjutor; em 1912, já
no tempo da República, recebeu das autoridades uma intimação para no prazo de
cinco dias deixar a casa de residência paroquial. // A 17/8/1919 realizou-se na
igreja paroquial de Cristóval a festividade em honra do Santíssimo. O
correspondente do Jornal de Melgaço nessa freguesia escreveu: «ao evangelho subiu ao púlpito o nosso amigo
reverendo Raimundo Pereira, digno reitor da freguesia de Cousso. Poucas vezes
temos tido ocasião de assistir a sermões feitos por este nosso amigo, e nunca
assisti a sermão tão erudito e ao mesmo tempo ao alcance de todas as inteligências,
apesar do grande mistério de que nesse dia tratava... (Jornal de Melgaço
n.º 1259, de 24/8/1919). // Da freguesia de Cousso, a 9/8/1928, transitou para a
de São Paio de Melgaço, cuja igreja reconstruiu totalmente entre 1930 e 1931.
Essas obras foram muito criticadas, mas nas Obras Completas do Dr. Augusto
César Esteves, volume I, tomo II, página 424, lê-se: «Desta forma fica aliviada a responsabilidade do encomendado Raimundo
Prieto assumida quando em 1930 resolveu alargar e de facto alargou a igreja,
retirando-lhe os tais arcos.» // Lê-se no livro do padre M.A. Bernardo
Pintor, “Melgaço Medieval”, página 32: «A
igreja de São Paio tinha duas naves separadas por arcaria, cada uma com seu
altar-mor e sua porta principal. (…) Dizem-me que uma das naves era mais alta
do que a outra. Foi reformada cerca do ano 1930 pelo pároco Raimundo Prieto que
lhe conservou uma das portas principais de arquivoltas românicas e um velho
altar de estilo renascença.» // A 6/9/1930 foi padrinho de Luciano José
Barros de Almeida, nascido na vila de Melgaço a 21/3/1928, futuro agente da
PIDE. // Na madrugada do dia 2/11/1936, sendo ele
então abade de São Paio, e estando a celebrar a missa, uns ladrões assaltaram a
residência paroquial, na qual ele habitava, e roubaram-lhe um relógio de ouro,
duas libras, uma moeda de 10$00 (em ouro?), uma coleção de moedas de prata do
centenário, uma máquina de cortar cabelo, três garrafas de vinho fino, doces,
chocolates, e uns polvos que estavam a demolhar na cozinha, que os gatunos
abandonaram, espetados em um pau, perto da dita residência. Diversas alfaias de
prata, que se encontravam num armário, ficaram intactas; assim como outros
valores que os larápios não descobriram. // Ideologicamente estava
ligado ao regime corporativista, colaborando, assumindo mesmo a vice-presidência
da comissão concelhia da União Nacional. Não custa crer que apoiou a queda da I
República em 1926. // Apareceu morto a uma terça-feira, 5/12/1939, na já citada
residência paroquial de São Paio de Melgaço; o funeral realizou-se a sete
daquele mês, com dezassete sacerdotes a acompanhar o féretro até à sepultura.
Consta que morreu de desgosto, por ter sido preso pela PIDE, quando albergou em
sua casa um indivíduo que lutara na guerra civil de Espanha contra as forças do
Franco; fora denunciado pelo Dr. João Durães, dono de uma farmácia na Vila de
Melgaço. // Foi substituído pelo padre Marques, natural do lugar de Lobiô,
Rouças. // Deixou irmãos e sobrinhos; entres estes, o pároco de Cristóval,
padre Manuel José Pereira. // Nota: lê-se no Notícias de Melgaço n.º 847, de
25/1/1948, página 3, escrito por António Augusto Gonçalves Ribeiro, natural de
Prado, filho de um padre castrejo: «Logo
que cheguei à Cela recordei uma bela tarde passada na casa do senhor Evaristo,
na companhia do meu grande amigo e pároco, reverendo Raimundo Prieto, que Deus
tenha a sua alma em paz. Assentados em volta duma grande mesa, depois dum lauto
almoço, o padre Raimundo começou a contar histórias, ou a dizer coisas mais
vulgares e comezinhas deste vale de lágrimas. Nessas ocasiões, às vezes, querendo
refrear o sorriso, e mostrar-se sério, franzia os lábios, mas depois, vendo que
não podia ter mão em si, por ver tanta gente em volta, soltava uma forte
gargalhada que fazia tremer a sala. Assim, pelas feições, como pelo modo de
falar, tratar e rir, fazia-me lembrar sempre o meu bom professor bracarense,
padre Lopes. Até nos gestos, e dotes morais, se parecia com ele…» /// (*) Os seus pais, comerciantes galegos,
fabricantes de cera, foram fazer as festas da Senhora da Peneda, e aí nasceu a
criança.
QUEIROZ, Maximiano Custódio (Padre). //
Morou na freguesia de Penso. // A 5/7/1863, na igreja de Penso, juntamente com
o padre Inocêncio José da Gaia Torres, serviu de testemunha no casamento de
Manuel Maria Soares com Maria Teresa Pereira. // A 12/5/1864, na igreja de
Penso, foi padrinho de Helena, nascida no dia anterior, filha de Júlio Augusto,
jornaleiro, exposto, e de Angelina Barreira de Castro, tecedeira, moradores no
lugar de Crasto, Penso. A madrinha, Vitória da Costa, da Casa do Crasto, sita
na freguesia de Penso, era avó do padrinho.
QUINTELA, Manuel António (Padre). //
Morou no lugar da Corga, freguesia de Rouças. // A 13/6/1816, na igreja de
Rouças, serviu de testemunha no casamento de João Manuel de Castro com Antónia
Maria Meixeiro, do lugar de Bilhões.
QUINTELA, Manuel Joaquim (Padre). // A
6/8/1821, na igreja matriz de SMP, serviu de testemunha no casamento de Bento
José Dias e de Maria Josefa Monteiro Marques. Morava no lugar do Outeiro Alto.
// A 7/10/1824, na igreja de SMP, serviu de testemunha no casamento de Tomás
António Gomes de Abreu e de Mariana Gertrudes Gomes de Abreu Magalhães. // A
14/12/1828, na igreja de SMP, foi padrinho de Manuel Joaquim da Cunha, nascido
cinco dias antes. // A 24/1/1833, na igreja de SMP, batizou Teresa Joaquina,
nascida no dia anterior, filha de Francisco António Alves e de Joana Antónia
Sarmento, moradores na Rua Direita, vila de Melgaço. // A 4/2/1833 elaborou o
assento de óbito do melgacense liberal Tomaz José Gomes de Abreu, que acabou os
seus dias em Dezembro de 1832 nas cadeias do castelo de Lamego, por ter sido
preso pelos partidários de D. Miguel (defensor
do regime absolutista), e acusado de defender a constituição e D. Pedro IV.
RAMOS, Manuel José Pires (Padre). //
Morou no lugar do Outeiro, Paços. // A 27/9/1815, na igreja de Paços, foi
padrinho de Manuel José Salgado, nascido dois dias antes. // A 22/7/1816, na
igreja de Paços, foi padrinho de Manuel José, nascido no dia anterior, filho de
Manuel Francisco Domingues Salgado e de Rosa Maria do Souto.
RAMOS, Martinho Álvares (Padre). Filho
de João do Ramo, morador no lugar da Igreja, Rouças. // Com geração:
[RAMOS, João. Filho natural (mais
tarde legitimado) do padre Martinho Álvares Ramos
e de Joana Peres, solteira (casou mais tarde com João Gonçalves), galega, de
São João de Vilar, jurisdição de Crescente. Neto paterno de João Ramos (ainda
vivo em Janeiro de 1722). // Deve ter nascido em finais do século XVII ou
princípios do século XVIII. // Casou na igreja de Chaviães, a 22/7/1723, com
Francisca Vaz Torres, filha de Gregório Rodrigues Torres e de Domingas
Lourenço, natural de Paderne, e irmã do padre Pedro
Rodrigues Torres, abade colado em Chaviães, e do padre Sebastião Rodrigues Torres. // Foi pai de sete crianças,
todas nascidas em Chaviães: Manuel (batizado na igreja de Chaviães a
4/12/1723); João (nado-morto, 8/10/1725); Maria (batizada na igreja de Chaviães
a 29/5/1728); António (batizado na igreja de Chaviães a 16/6/1731 pelo padre
António da Encarnação, vigário do mosteiro de Paderne; teve por padrinhos seu
tio materno, António, e sua esposa); Diogo (batizado na igreja de Chaviães a
17/1/1737); e Manuel (batizado na igreja de Chaviães em Janeiro de
1741)...]
[TORRES, Francisca. Filha de Gregório Rodrigues, da Nogueira de Paderne,
e irmã do padre Pedro Rodrigues Torres, pároco de Chaviães. // Casou a
22/7/1723 com João Alves Ramos, filho do padre
Martinho Alves Ramos e de Joana Peres, natural de Vilar, Cresciente. //
Moraram nas Redondas. // Nota: Joana Peres casou, depois de ter o filho do
padre, com João Gonçalves; o seu filho João foi reconhecido pelo pai sacerdote
a 27/1/1722.]
REGO, Eduardo
Boaventura (Padre). // Nasceu em Esposende. // Tomou posse de pároco da Vila de
Melgaço a 24/2/1924.
REGUENGO, Custódio (Padre). Filho de
Manuel José Esteves Reguengo e de Rita Esteves Cordeiro. Nasceu em Penso por
volta de 1836. // Em 1872 era coadjutor da freguesia de Penso. // Colaborou com
o abade Luís Manuel Domingues Barreiros. // Em finais de 1882 foi para Fiães como pároco encomendado.
// Interrompeu a sua atividade na freguesia de Fiães no mês de Fevereiro de
1895, tendo sido substituído pelo padre José Joaquim Marques. // Morreu a 5/3/1897, no lugar do Coto, apenas com
o sacramento da penitência, com sessenta e um anos de idade, sem testamento, e
foi sepultado na igreja.
RIBAS, João Manuel (Padre). // Natural do
Suajo, Arcos de Valdevez. // Em 1900 era capelão na Senhora da Peneda. // A
4/11/1900, na igreja de Penso, Melgaço, foi padrinho de Maria das Dores,
nascida a 28/10/1900, filha de Lourenço Lopes Rodrigues, padeiro, natural da
freguesia de Oleiros, bispado de Tui, e de Maria Afonso, padeira, natural de
Penso, Melgaço.
RIBEIRA, Francisco José (Padre). // A
7/9/1860, na igreja de Paços, onde ele era reitor, foi padrinho de Luís
Clemente Douteiro, nascido dois dias antes; a criança fora batizada pelo padre
António Esteves. // Em 1862 ainda era o reitor de Paços (ver, nessa freguesia,
José Joaquim Esteves, nascido nesse ano no lugar da Corga).
RIBEIRA, Gregório
Gomes (Padre). // Faleceu na Vila de Melgaço a 10 de Março de 1749.
RIBEIRA, Manuel
(Padre). // Foi pároco da freguesia da Vila de Melgaço no século XVIII. Em 1728
assumia essa posição. // Em 1733 fez uma transação com frei Domingos Gomes de
Abreu no pleito que versava sobre quem devia administrar as esmolas ofertadas
na capela da Senhora da Pastoriza (ver
“Obras Completas” de Augusto César Esteves, volume I, tomo I, página 251, e
volume I, tomo II, páginas 450 e 451). // Também exerceu o cargo de
provedor da Santa Casa da Misericórdia de Melgaço em 1736. // Parece que tinha
em sua companhia a irmã, de seu nome Francisca. // Era admirador dos
franciscanos; foi um dos que subscreveu o pedido ao Ministro Provincial, Frei
João das Chagas, para eles se instalarem em Melgaço. // A 11/3/1755, na igreja
de SMP, foi padrinho de Caetana Maria, nascida dois dias antes, filha de Luís
António Lourenço e de Bernarda Esteves. // A 30/5/1756, na igreja da SMP, foi
padrinho de Maria Josefa Monteiro, a qual nascera cinco dias antes. // Morreu a
16/12/1756. // Sucedeu-lhe o padre Jácome Fernandes Lobo.
RIBEIRO, Francisco Inácio
(Padre). Filho do capitão Jerónimo Ribeiro, da Vila de Melgaço,
e de Guiomar Nunes de Figueiredo, de Moselos, Paredes de Coura. // Morou em
Cristóval. // A 12/11/1804 foi ele que administrou o sacramento da penitência
ao moribundo Manuel Francisco Veloso, morador no lugar dos Casais, freguesia de
Cristóval. // O padre Francisco Inácio morreu no lugar de São Gregório a
30/5/1820.
RIBEIRO, Jerónimo José (Padre). Filho do capitão Jerónimo Ribeiro, da Vila de Melgaço,
e de Guiomar Nunes de Figueiredo, de Moselos, Paredes de Coura, moradores em
Cristóval. Neto paterno de João Ribeiro e de Maria Monteiro; neto materno de
António Gonçalves de Figueiredo e de Maria Rodrigues. Nasceu a 31/1/1724. // Antes de se tornar sacerdote namorou com uma moça,
chamada Ventura Domingues, solteira, filha de Miguel Domingues, do lugar do
Sobreiro, Cristóval, em quem gerou dois filhos, cujos nomes não são mencionados
na escritura que os pais dele assinaram a 20/5/1745, na casa do juiz de fora,
Dr. João Evangelista de Morais Sarmento, na qual se concede à mãe das crianças
a quantia de 85$000 réis para ela se remeter ao silêncio, com a promessa de que
no futuro mais alguma coisa eles lhe dariam,
e criar as crianças até à idade de sete anos. // Dessa maneira, o rapaz pôde prosseguir em paz os
seus estudos, sem quaisquer problemas de consciência, ficando livre para novas
aventuras! // Em 1791 residia na Portela de Paderne.
RIBEIRO, José do Egipto
da Costa (Padre). // Nasceu em Viana do
Castelo. // Foi ordenado sacerdote em 1958. Nesse ano, a 28 de Setembro, tomou
posse da paróquia de Cristóval, em Melgaço. // Lê-se em “Padre Júlio Vaz
Apresenta Mário”, página 42: «Atualmente
– Setembro de 1961 – apascenta as ovelhas cristovalenses o reverendo José do
Egipto da Costa Ribeiro, de Viana do Castelo, para cujo múnus foi nomeado em 14
de Setembro de 1958 e empossado a 28 do dito mês e ano.»
RIBEIRO, José Joaquim Domingues (Padre).
Filho de Manuel Caetano Domingues [Ribeiro] e de Margarida José Esteves,
lavradores, residentes que foram no lugar da Carpinteira. // Em Novembro de
1847 era pároco encomendado de São Paio. // A
13/2/1848, na igreja de Prado, serviu de testemunha no casamento de Luís
Vicente Pinheiro com Alexandrina Augusta de Sousa Gama, da Casa e Quinta da
Serra. // A 19/2/1950, na igreja de São Paio, foi padrinho de Delfina da
Conceição Costa, nascida no dia anterior. // Tomou a iniciativa de mandar
construir umas alminhas no lugar da Carpinteira (Notícias de Melgaço
n.º 1038, de 24/8/1952). // A 14/8/1870, na igreja de São Paio, foi padrinho de
Joaquim Eusébio Domingues, que nascera no dia 10 desse mês e ano. // A
29/10/1873, na igreja de São Paio, foi padrinho de José Eusébio, nascido três
dias antes, filho de José Bernardino de Oliveira e de Maria Angélica Esteves.
// A 25/8/1876, na igreja de São Paio, foi padrinho de Joaquim Eusébio de
Oliveira, nascido nesse dito dia. // A 14/9/1879, na igreja da freguesia de São
Paio, foi padrinho de Cândido Augusto, nascido no dia anterior, filho de José
Bernardino de Oliveira e de Maria Angélica Esteves, moradores no lugar da
Carpinteira. // A 23/5/1880, na igreja de São Paio, foi padrinho de José
Joaquim, nascido dois dias antes, filho de José Eusébio Gonçalves Ribeiro e de
Teresa de Jesus Domingues da Costa, moradores no lugar da Carpinteira. // Morreu
no dito lugar da Carpinteira a 28/9/1880, com todos os sacramentos. Tinha 74
anos de idade e foi sepultado na igreja. // Fizera testamento. // Nota: lê-se
no livro do Dr. Augusto César Esteves, Organização Judicial de Melgaço, página
157, que ele era um dos quarenta maiores contribuintes do concelho de
Melgaço.
RIBEIRO, Manuel António
Alves (Padre). // A 2/5/1859, na igreja de Paderne, serviu de testemunha no
casamento de Francisca de Paula Ferreira, natural de Prado, com Luís Manuel
Alves, filho de Teresa de Jesus Lourenço, do lugar do Coto, Prado. Foi também testemunha
o padre João Luís Pereira de Castro Marinho.
RIBEIRO, Manuel Gomes
(Padre). Natural da Vila de Melgaço. // A 5/1/1755, na igreja de SMP, batizou
João Manuel da Cunha, nascido três dias antes. // A 28/4/1758, na igreja de
Prado, serviu de testemunha no casamento de Custódio Caldas com Maria Rosa
Gomes. // A 30/9/1759, na igreja de SMP, serviu de testemunha no batismo de
Josefa Benta Cardoso, nascida seis dias antes. // Em Março de 1761, na igreja
de SMP, batizou Domingos José Rodrigues. // A 8/5/1763, na igreja de SMP, foi
padrinho de Inácio Manuel Rodrigues, nascido quatro dias antes. // A
27/12/1766, na igreja de SMP, foi padrinho de Josefa Luísa Gomes, nascida
quatro dias antes. // A 18/8/1768, na igreja de SMP, serviu de testemunha,
juntamente com o padre Manuel Alves, no batismo de Jerónimo José, nascido
quatro dias antes, filho do capitão Manuel António Fernandes Codesso e de Ana
Maria de Figueiredo. // A 18 de Junho de 1770, na igreja de SMP, foi padrinho
de Manuel José, nascido sete dias antes, filho de Luís António de Sousa e de
Maria Manuela da Rosa. // A 20/7/1775, na igreja de SMP, batizou Maria
Joaquina, nascida a 12 desse mês e ano, filha de Silvestre Rodrigues e de Maria
Gertrudes Gomes de Araújo. // A 14/8/1779, na igreja de SMP, serviu de
testemunha no batismo de António Caetano de Carvalho, nascido antes cinco
dias.
ROCHA, Norberto (Frei).
// Dom abade do mosteiro de Fiães. // A 31/3/1811, na igreja matriz da vila de
Melgaço, foi padrinho (embora representado por Bento José Gomes) de
Norberto José, nascido três dias antes, filho de José Manuel Armada e de Ana
Joaquina Fernandes, moradores no bairro do Carvalho, SMP. A madrinha chamava-se
Maria Rita Ludovina, estava solteira, e foi representada por seu pai, Tomás
José Gomes de Abreu.
RODRIGUES, Aladino (Padre e Dr.) Filho
de ----------------- Rodrigues e de Preciosa ----------------. Nasceu no lugar
de Coriscadas, Castro Laboreiro, a --/--/19--. // Estudou no seminário de
Braga, concluindo o curso em 1969. // Lê-se em A Voz de Melgaço n.º 1429, de
1/7/2019: «Natural das Coriscadas, Castro
Laboreiro, faleceu em 12 de Junho, em Carreço, Viana do Castelo, este
particular amigo que connosco (eu e o meu irmão padre Júlio) frequentou os
seminários de Braga e foi ordenado sacerdote a 15/8/1969, exerceu como pároco
de Lindoso, Ponte da Barca, e professor da Telescola durante mais de 25 anos.
Depois seguiu outro caminho, completando o curso de Humanidades da Faculdade de
Filosofia da Universidade Católica, em Braga, e fazendo estágio de Humanidades,
ficando a lecionar na Escola Secundária de Monserrate, em Viana do Castelo.
Estava casado com a médica Ana Maria, do Hospital de Viana do Castelo. Tinha
duas irmãs, a Amabélia e a Fátima, e dois sobrinhos. Há mais de uma dezena de
anos, um cancro causou-lhe incómodos sem conta e obrigou-o a muitas idas e
operações no IPO do Porto. A tudo foi resistindo com estoicismo e um sadio
otimismo, tendo-se aposentado algo mais cedo, pois a doença o impedia de
utilizar o mais fundamental dos instrumentos de um professor: a fala. Os
últimos meses foram especialmente difíceis de suportar, mas foi lutando como
melhor podia e sabia. Tinha no meu irmão, padre Júlio, um amigo de eleição. E
em toda a nossa família um suporte amigo a quem recorria quando achava necessário,
porque se sentia acolhido e estimado. Era extremamente generoso e amigo de
conviver. Há memórias que jamais esqueceremos, como aquela caçada de 31 de
Dezembro de há cinquenta e dois anos, com um frio de rachar, onde as botas na
água ficavam mais quentes do que a caminhar sobre a neve. Mas aquele bacalhau e
arroz de frango à noite, em casa da mãe Preciosa, ficou-nos para sempre na
memória. Ou uma outra, ao javali, no Lindoso, em que experimentamos cá no norte
talvez o maior frio da vida. O Dr. Aladino era um bom amigo do jornal, cujos
conteúdos apreciava e de cujo apreço nos dava conta com alegria, pois sentia
que o jornal enaltecia a terra natal. O seu funeral foi na igreja de Carreço,
presidido pelo pároco e concelebrado por mais sete sacerdotes, quatro deles
condiscípulos: o Adelino, o Manuel Moreira, o João e o Júlio Vaz. Foi cantada a
hora de Laudes inserida na eucaristia, tendo o pároco, padre Manuel, feito uma
homilia apropriada e inspirada pela Palavra de Deus que nos mostra sempre o que
ele mais profundamente é para cada um de nós: Pai amoroso e rico em
misericórdia. Ficou sepultado no cemitério de Carreço. O atual pároco de
Lindoso associou-se ao funeral e anunciou uma missa de sétimo dia na paróquia
em que serviu nos anos em que exerceu o sacerdócio. Houve também missas de
sétimo dia em Carreço e na igreja da Senhora a Branca, em Braga. À sua esposa,
irmãs, sobrinhos e cunhados, apresentamos sinceras condolências e renovamos a
nossa estima e amizade.» Padre
Carlos Nuno Vaz.
RODRIGUES, Aníbal
(Padre). Filho de Manuel António Rodrigues e de Teresa Teodósia Rodrigues. Neto
paterno de Manuel José Rodrigues e de Maria Francisca Rodrigues; neto materno
de Manuel Francisco Rodrigues e de Maria Rosa Fernandes. Nasceu no lugar do
Mareco (inverneira) a 29/1/1919 e foi
batizado a 7 de Fevereiro desse ano na igreja de Lamas de Mouro, pelo padre
José António Alves. Padrinhos: Manuel Fernandes e Joaquina Rosa Alves.
Completou a 4.ª classe na escola de Várzea Travessa (ou Vido) a 21/7/1933, ficando distinto (NM 204, de 13/8/1933). A partir desse
ano ingressou no Seminário da Senhora da Conceição, Braga. // Em 1935 transitou
do 2.º para o 3.º ano (NM 277, de 14/7/1935). // Ordenou-se padre católico a
8/7/1945. Foi então nomeado pároco de Fiães, mas não chegou a exercer, porque
de Agosto de 1945 até 1948 desempenhou o cargo de coadjutor do pároco de Castro
Laboreiro, padre Manuel Joaquim Domingues, por troca com seu primo, padre
Manuel Lourenço. A 17/7/1948 (ano
em que a estrada chega a Castro) toma posse de pároco da sua freguesia e aí se manteve até
à sua aposentação. // Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 940, de 23/7/1950:
«Julho, 13 – No passado dia 11 realizou-se no lugar de Várzea Travessa a
festividade em honra de São Bento, que decorreu animadíssima, como era de
esperar. Constou de missa solene, sermão, procissão e arraial, abrilhantado
pela Banda dos Bombeiros Voluntários de Melgaço, que executou alguns trechos do
seu melhor reportório. Foi orador o reverendo padre Aníbal, pároco desta freguesia,
que mais uma vez nos sensibilizou com a sua eloquência de bom orador. Às 17
horas apresentaram-se de surpresa os irmãos “Toneca” e José Ferreira, de Prado,
que deixaram em todos os que os ouviram saudades de tornarem a apreciar estes
dois exímios acordeonistas, que neste meio eram desconhecidos.» // Foi um
curioso em algumas áreas do conhecimento. «Dedicou-se
ao estudo do Direito Canónico e Civil, Literatura, Física, Teologia, Filosofia
e, como autodidata, tirou um curso de História da Arte, da Pré-História e
História, Arqueologia e Etnografia.» Na área da cultura, colaborou
ativamente com a Câmara Municipal de Melgaço, quer nas festas de Agosto, quer
no lançamento do livro de culinária «Manjares da Nossa Terra», e «Pontes
Romanas e Românicas de Castro Laboreiro». A sua contribuição para o
desenvolvimento da freguesia é assaz relevante: restauro da igreja (1950) (*); relógio na torre (oferta do Ministério das Obras Públicas); cabina pública de
telefone (1954); carreira diária
de transportes públicos entre Castro Laboreiro e Vila de Melgaço (1954). // Lê-se no Notícias de Melgaço n.º
1101, de 31/1/1954: «neste ano
tornar-se-á realidade um dos melhoramentos pelo qual todos os castrejos há
muito ansiavam, ou seja, a eletrificação da vila, pelo qual ficamos gratos à
Junta de Freguesia que, não descurando o problema, conseguiu do Estado a
comparticipação para esta grandiosa obra, em especial ao padre Aníbal,
principal impulsionador desta e de tantas outras, que tem levado à mais alta
serrania do Minho um pouco de civilização e progresso.» // Lê-se no
Notícias de Melgaço n.º 1109, de 18/4/1954: «… os serviços florestais vão oferecer uma grande quantidade de trutas dos
seus viveiros ao padre Aníbal, para repovoamento do rio. Foi constituída uma
comissão para a sua vigilância, que terá por finalidade auxiliar o guarda-rios,
e sobretudo vigiar as corgas que desaguam para o mesmo, pois que no verão
bandos de malfeitores costumam envenenar essas águas com uma erva conhecida por
cálcimo, a qual é de terríveis efeitos…» // Com data de 25/4/1955, assinado
por A.M.J., surge no jornal de Notícias o seguinte poema:
I
Nas altas serras, onde a penedia
serve de abrigo à fera traiçoeira,
uma pequena aldeia então surgia,
entre cardos e urzes, prisioneira.
Do mundo separada, triste sorte,
ia-se lá a custo de canseiras;
pois nem caminhos tinha, e por
transporte
viam-se apenas as mulas recoveiras.
Chamavam-lhe o Eirado à pequenina praça
que tem o pelourinho, em frente da
matriz;
de bom, apenas tinha os belos cães de
raça…
Comércio não havia, o povo era infeliz!
II
Mas eis que surge um homem, que bem
alto
mostrou seu querer e suas decisões.
Dos maus caminhos fez estradas de
asfalto,
trocou as mulas por bons camiões.
Mandou reconstruir a velha igreja,
tornada agora símbolo nacional.
Fez construir jardins, onde viceja
agora o bem, onde antes era o mal.
Levou-lhe o telefone, correio e coisas
mais.
Modernos prédios e larga avenida,
tiraram o lugar aos grandes lamaçais
onde abundam micróbios que atentam
contra a vida.
Já se não colhe a água nos charcos do
caminho.
Tem água saneada e tem um chafariz,
escolas arejadas, acolhem com carinho
os filhos deste povo, que agora é já
feliz.
III
Ó Castro Laboreiro, depressa se
adivinha
que me refiro a ti, dizendo esta
verdade.
Esse teu filho Aníbal, que te ama e te
acarinha,
tem todos os poderes para te fazer
cidade.
É dos que vai pedir e não se humilha,
embora tenha de dobrar o joelho,
para que tu, enfim, que foste ilha,
sejas em breve a sede do concelho.
Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 1176, de 6/11/1955: «chega-nos a
notícia de estar para breve a criação de uma estação postal na vila de Castro.
Progressiva, como se tem demonstrado esta freguesia, cuja sede vem há muito a
ser alindada pelos esforços empregados pelo seu pároco, padre Aníbal, bem
merece este grande melhoramento… Disseram-nos também que há dias foi para
Lisboa o dito padre, a fim de – junto das repartições centrais – advogar a
referida criação e promover a sua instalação rapidamente…»
Também ajudou a levar para a freguesia uma estação dos CTT (1957) e distribuição de cartas ao
domicílio, com exceção de Ribeiro de Cima e de Baixo. // Em sua reunião de
26/4/1960 a direção do Sport Clube Melgacense deliberou por unanimidade
conceder-lhe o título de sócio honorário daquela coletividade desportiva, pelos
inúmeros e relevantes serviços por ele prestados ao clube (Notícias de Melgaço n.º 1359, de
1/5/1960).
Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 1364, de 26/6/1960: «de visita ao
padre Aníbal esteve há dias em Castro uma excursão proveniente do Porto;
regressaram encantados, não só pelas atenções de que foram alvo, mas ainda por
lhes ter sido dado admirar algumas das mais belas paisagens do Alto Minho.»
A 5/12/1964, na igreja do mosteiro de Santa Luzia, Viana do Castelo, casou
Sara Domingues com Almerindo Augusto Domingues, ambos castrejos. // Ajudou à
eletrificação da freguesia (1970), à exceção dos
dois lugares acima mencionados, Ribeiro de Cima e Ribeiro de Baixo, por falta
de acessos; assistência médica e medicamentosa (1970); 21 quilómetros de
estradas a ligar os diversos lugares da freguesia (1974); posto médico (1975); e (com
o auxílio da Câmara Municipal e da Junta de Freguesia de Castro), iniciou-se o
saneamento básico na vila de Castro, etc. // Para angariar dinheiro
deslocava-se a França, ou a outros países, a fim de contactar os seus
paroquianos emigrantes. // Além de sacerdote, foi oficial do Núcleo da Legião
Portuguesa no concelho de Melgaço. // «… Castro
já não é a povoação de hábitos comunitários que Leite de Vasconcelos nos
descreveu em “De Terra em Terra”. As poucas casas de colmo ou de giesta estão
abandonadas e a população já não migra tanto entre brandas e inverneiras. Os
teares de tecer o burel silenciaram-se…», isto pode ler-se no “Notícias
Magazine” n.º 16, de 13/9/1992. // No dito “Notícias Magazine” n.º 16 pode
ler-se ainda estas afirmações do padre Aníbal: «O castrejo exprime-se através da vida
comunitária, e eu já escrevi que o castrejo de há cinco ou dez mil anos é
apenas o celta que abandona o nomadismo. Fixa-se em um outeiro, faz casas
cerradas por três muralhas e transforma-se em exímio pastor e agricultor, que
inventa métodos de trabalho e de ação, que encontra o seu estilo e a sua
personalidade.»
O dito sacerdote diz-nos que os castrejos “puros”, isto é, os que
descendem dos primitivos habitantes da região, são racistas em relação aos
outros, sobretudo com os “Rabudos”, ou seja, rabinos, descendentes de judeus. «Há 50 anos atrás
constituía um labéu para uma família, um seu descendente casar com qualquer
dessas pessoas que não pertenciam à Comunidade Castreja…»
A 14/8/1995 os seus conterrâneos fizeram-lhe uma festa de homenagem
pelos seus cinquenta anos de exercício de pároco, com a presença do bispo da
diocese, D. Armindo. Teve direito a busto e deram a uma avenida de Castro o seu
nome. Nesse ano de 1995 publicou um livrinho, onde faz um balanço de tudo que
se conseguiu na freguesia e apresenta a sua autobiografia. // Entre 1950 a
31/5/1995, diz-nos ele, realizaram-se em Castro Laboreiro 1.298 batismos, 551
casamentos, 936 funerais. // A sua veia poética também brilhou em alguns poemas
comoventes. // Diz-nos ele, em 1995, acerca das mulheres castrejas: «são muito recatadas, não se gostam de ver a
elas mesmas – são alérgicas às fotografias.» E a seguir: «são simples, ótimas mães de família, sérias,
dedicam-se totalmente à família, à agricultura e ao seu trabalho.» // No
“Melgaço Hoje” n.º 4, de Março de 1995, o presidente da Junta de Freguesia,
Adelino Esteves, fala longamente de Castro, das antigas dificuldades e dos
melhoramentos de que tem vindo a beneficiar. Também se menciona a gastronomia,
o traje castrejo, o cão de Castro, com fotografias alusivas ao tema. No dito
número do jornal, o padre Aníbal escreve sobre a história da freguesia. // Os
castrejos não esqueceram o seu pároco. A 14/8/1995 fizeram-lhe uma grande
homenagem. O pretexto foram as comemorações das bodas de ouro sacerdotais.
Estiveram presentes: D. Armindo, bispo da diocese, que presidiu à missa, o
Governador Civil e deputados do Distrito, o presidente da Câmara Municipal de
Melgaço, entre outros. Inaugurou-se uma avenida em Castro em sua honra e
descerrou-se o seu busto. // Em 2001 esteve internado no Hospital de São
Marcos, Braga. // Morreu a 10/3/2003 (ver VM 1202, de 15/4/2003). // Foi sepultado a 11/3/2003.
Nascera em Mareco em 1919 (VM 1200, de 15/3/2003). Escreveu Abílio F. Conde: «Quando começou a paroquiar, Castro Laboreiro
era a freguesia mais esquecida de Melgaço. Faltava-lhe tudo. Com ele conheceu o
progresso e hoje tem orgulho de ser das freguesias do concelho com melhores
vias de comunicação, melhoras infraestruturas e melhor urbanização» (VM 1204, de
15/5/2003, p. 13). /// (*) Castro Laboreiro tinha a igreja encerrada, e os atos
religiosos interditos, pelo arcebispo de Braga, como castigo pelo comportamento
de um grupo de castrejos que expulsara, com violência, o padre Matias Vaz. // continua...
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