SONETOS DO SOL E DA LUA
Por Joaquim A. Rocha
// continuação de 11/02/2024.
JÁ
A TARDE DORMENTE…
Já
a tarde dormente a face inclina,
Ouve-se
o toque da ave-maria,
Anunciando
a noite, fim do dia…
Numa
eternidade, longa rotina.
O
mineiro, dentro da funda mina,
Sem
o sol, nem cheirando maresia,
Até
a brisa da tarde esquecia,
Paisagem
que se avista da colina.
Assim
decorre a minha existência,
Sem
luz, na escuridão permanente,
Numa
brava luta sem resistência…
Caminhando
num planeta fervente,
Esgotando
a pouca fé, paciência,
Num
frémito soluço que se expende.
SE
NASCEMOS DO VERBO…
Se
nascemos do verbo, da palavra,
Quem
criou isso que nos deu o ser?
Quem
nos deu a morte, curto viver,
Quem
tornou nossa pobre alma escrava?
Nascemos
do barro, semente brava,
Não
foi fácil nosso corpo erguer;
E
logo a serpente nos faz sofrer,
Seu
olhar a felicidade trava.
Onde
mora o esquivo paraíso,
Se
tudo se transforma em ruínas?
Não
há entendimento, não há siso,
Não
há mais heróis, santos, heroínas.
Perdeu-se
tudo, até o alvo riso,
Deixa-se
a honra pelas vis esquinas.
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