SONETOS DO SOL E DA LUA
Por Joaquim A. Rocha
// continuação de 12/11/2022.
De Melgaço para o mundo
(137)
Saiu
um dia do velho Melgaço,
Numa
batela movida a remos,
O
menino Carlos Pereira Lemos,
Em
busca d’outra vida, de espaço.
Deixou
a mãe, irmãos, com um abraço,
Sonhando
ser um dia capitão Nemo;
Partiu
para o mundo, seu extremo,
Deixando
para trás asno e baraço.
Percorreu
aldeias, vilas, cidades,
Serras,
mares, e longos oceanos,
Oásis,
selvas, savanas, desertos…
Reviveu
dias, noites, mil saudades,
Ganhou
muitas invejas, desenganos,
Mas
também imensos amigos certos.
(138)
Naquela
rua vê-se senil mendigo,
Estendendo
a mão, pedindo esmola,
No
corpo, rota e curta camisola,
Exibindo
seu bizarro umbigo.
Dizem
que foi praga, duro castigo,
Por
ter renegado a nobre escola;
No
lombo carrega suja sacola,
Onde
mete rijo pão sem presigo.
Consta
que fora outrora emigrante,
Num
país longínquo, pouco falado;
Onde
arruinou saúde, sua vida.
Sem
cabeça, perdeu dinheiro, amante,
E
lá deixou um filho abandonado…
Uma
pequena empresa já falida.
// continua...
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