PROFESSOR DOUTOR JOSÉ MARQUES
// continuação...
«Obrigado, caríssimo cónego José
Marques! Há homens que nascem do húmus e mantêm uma ligação
telúrica não só à terra natal mas também com os outros e com o mundo, sendo
universais. Vivem e crescem nessa condição e sobem os degraus da humildade
porque cultivam a dimensão sagrada da sua vida interior. Assim foi este homem
gigante e tão simples, por quem, ao longo dos anos, fui nutrindo estima e
admiração profunda. Recordo os encontros em Melgaço, nos meus primeiros anos de
sacerdócio. A cordialidade e o respeito que nos dedicava, a sua intensa forma
de escutar, como quem acolhia o outro no seu coração, faziam dele um mestre da
vida, um buscador de humanidade. Lembro também como o insigne Professor
Catedrático me falou com entusiasmo do Santo Arcebispo e da ereção das
paróquias de São Tomé de Cousso e de Santa Maria de Cubalhão e como, após quase
duas décadas, me fez chegar, com o mesmo ardor interior, os seus escritos sobre
São Bartolomeu dos Mártires. Tudo com a consideração e a amizade de que não me
sinto merecedor. Dou graças ao Bom Deus! A nossa peregrinação terrena seria bem
mais pobre sem a discreta presença de homens santos!» Padre Vasco Gonçalves.
«São Vicente
sugere nome do Cónego José Marques para topónimo de zona nobre da cidade.
(Carla Esteves; Diário do Minho de 11/02/2021, quinta-feira). A Junta de
Freguesia de São Vicente solicitou à Câmara Municipal de Braga o nome do cónego
José Marques, ilustre historiador e ex-vice presidente do Comité Internacional
de Paleografia Latina, da UNESCO, recentemente falecido, seja homenageado
através da atribuição de topónimo em uma zona nobre da cidade. A autarquia do
centro da cidade recorda que o Professor José Marques, apesar de nascido em
Melgaço, no Alto Minho, fez de São Vicente a sua habitual residência ao longo
de quarenta anos, tendo chegado muitas vezes a confidenciar ao seu grande
amigo, o vogal da cultura da freguesia de São Vicente, Dr. Domingos Alves, que
se sentia um “verdadeiro vicentino”. Domingos Alves disse ao Diário do Minho
que é precisamente por este motivo e pela enorme admiração que todos os
bracarenses e os vicentinos em particular dedicam a este ilustre nome da cidade
que – “o ideal seria que esta homenagem pudesse acontecer precisamente no
território da freguesia de São Vicente”. A Rua António Marinho, onde residia o
cónego José Marques, naquela freguesia, poderia constituir uma possibilidade de
escolha, mas a mudança de nomenclatura dificilmente seria viável, pelo que urge
encontrar outro lugar condicente com a importância do homenageado. “Não temos
bem presente qual seria o arruamento adequado, pelo que deixamos esta escolha
para os especialistas nesta matéria de urbanismo da Câmara Municipal de Braga.
Porém, ressalvamos apenas que o local escolhido terá de ser “digno” e
condicente com a importância do cónego José Marques, que é reconhecida a nível
nacional e internacional, sustentou o detentor da pasta da Cultura na
freguesia. Recorde-se que o professor catedrático foi publicamente homenageado
pela Junta de Freguesia de São Vicente no dia 6/12/2011, aquando da celebração
do 78.º aniversário da criação da freguesia. Contudo, o executivo vicentino
deseja agora que esta homenagem assuma maiores proporções, e vinca que com “a
recente morte do cónego José Marques desapareceu, sem dúvida, uma das maiores
figuras da intelectualidade bracarense dos últimos anos”. “Foi das figuras mais
importantes para a cultura a nível nacional e internacional, pelo que tem de
ser uma rua central”, afirmou Domingos Alves. Falecido no passado dia 29 de
Janeiro, com 83 anos de idade, o cónego José Marques goza de enorme reputação,
tanto nacional – na qualidade de ilustre professor catedrático, conceituado
elemento de número da Academia Portuguesa de História (com múltiplas
publicações, sobretudo no âmbito da investigação histórico/medieval) e emérito
Elemento do Cabido Primacial de Braga. Destaca-se ainda o seu elevado prestígio
como vice-presidente da Comissão de Paleografia de latim da UNESCO. O
presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, enviou uma nota de
condolências à do professor Dr. Cónego José Marques, que bem atesta a
sua importância. “Com o desaparecimento do professor José Marques a historiografia
portuguesa perde um dos seus mais distintos medievalistas, autor de uma vasta
obra que tem por território de eleição a Arquidiocese de Braga e as regiões do
Minho e de Trás-os-Montes”, afirmou a nota do Presidente…» // continua...
Sem comentários:
Enviar um comentário