SONETOS DO SOL E DA LUA
Por Joaquim A. Rocha
// continuação de 13/08/2022
CAMILO CASTELO BRANCO
(I - 135)
Como
Adão, nasceste de pai solteiro,
Sofreste
mil agruras na infância;
Foi
teu igual, apesar da distância,
Levaram
aos ombros o mundo inteiro.
Passaste
frio, bolsos sem dinheiro,
À
mor virtude, deste relevância;
Foste
humilde, sem qualquer jactância,
Viveste
com verdade amor primeiro.
Tuas
obras são hino às belas-letras,
Romances,
poesia, mil novelas;
Tudo
disseste com engenho e arte.
Teu
génio alargou todas as gretas,
Viajaste
por mares em lindas caravelas,
Teu
nome é grande aqui, em toda a parte!
3/9/2016
CAMILO CASTELO BRANCO
(II - 136)
Como
ele, nasceste d’homem solteiro,
Tal
Nero, nasceste de mãe galdéria;
Gente
que veio de longe, da Suméria,
Sem
pátria, sem fé, e sem dinheiro.
Viveste
um sonho, o derradeiro,
Entre
a fartura e a vil miséria;
Dormiste
com Júlia, com Pulquéria…
Geraste
filhos como um rafeiro.
Olhos
cegos, já cansado da vida,
Sentado
na poltrona de dura sola,
Gizas
a tua próxima partida…
Compras
ao armeiro uma pistola.
E
uma simples bala delambida
Com
tudo acaba, tudo estiola!
18/9/2016
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