segunda-feira, 2 de março de 2015

Melgaço, terra lusitana

Tens nome de divindade,
habitas solo sagrado;
és terra fertilidade,
és paraíso encantado.

Tens dezoito freguesias,
entre si rivalizando;
Castro, lá nas serranias,
Remoães o chão beijando.

Fiães tem o seu convento,
 o seu presunto famoso;
tem a neve e tem o vento,
e tem seu povo orgulhoso.

Alvaredo, mãe das vinhas,
cachos de oiro a dizer:
«eis-nos aqui, madurinhas,
pró alvarinho nascer.»

Cristóval, mesmo à pontinha,
com Cevide lá no fundo,
em beleza é rainha,
das freguesias do mundo.

Paços evoca nobrezas,
palácios senhoriais;
condes, duques e princesas,
 trovadores e jograis.

Chaviães namora o rio,
faz olhinhos à Galiza;
e seja inverno ou estio
na sua barca desliza!

Lamas, na serra erguida,
com seu Parque deslumbrante,
é a “Terra Prometida”
do nosso veraneante.

Paderne, não sei que diga,
tão majestosa e imponente; 
para a ver, não há fadiga,
é pérola do ocidente.

Cousso, por não ter vaidade,
esconde a sua beleza;
mas é bela de verdade,
apesar da singeleza.

Cubalhão não tem história
(que lh’importa, se é bela);
recordando, de memória,
faz-nos lembrar Cinderela!

A Gave é jóia escondida
entre montanhas sem fim;
por granitos protegida,
é suave, de cetim!

Parada, com seus gaiteiros,
e um rancho, que dança bem,
é um povo de folgueiros,
quanta alegria eles têm!

Penso, é a porta aberta,
para quem do sul caminha;
é uma janela indiscreta,
mostra tudo, tão asinha!

Prado: campos, rio, monte,
santuário de beleza;
Oásis verde, alva fonte,
refúgio da natureza!

Rouças está sempre em festa,
duas santas lá festeja:
uma é rica, mas modesta,
a pobre não tem inveja!

São Paio observa a Vila,
com tanto contentamento;
também ela se perfila
nas terras em crescimento.

A Vila é já um jardim,
todo o ano engalanado;
tem o cheiro do jasmim,
um olhar enamorado.

Todo o concelho é beleza,
nele escolher é traição;
vence Suíça, ou Veneza,
em qualquer competição!

Tem serra, montes amigos,
os rios maravilhosos;
tem os castelos antigos
os monumentos briosos.

Tem isso tudo e o povo,
tem tradições e história;
tem o velho e tem o novo,
tem a fama e tem glória.

      Joaquim Rocha

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