terça-feira, 15 de abril de 2025

GENTES DO CONCELHO DE MELGAÇO

Freguesia de Rouças

Por Joaquim A. Rocha





 

MARQUES

 

MARQUES, António. Filho de Bento Marques e de Rita Esteves, do lugar da Igreja. // Lavrador. // Casou na igreja de Rouças a 9/7/1843 com Maria Joana, filha de Manuel José da Costa e de Teresa Quitéria, do lugar do Telheiro. Testemunhas: António Caetano de Castro, do lugar da Igreja, Manuel António Alves, do Cerdedo, e Manuel Francisco Fernandes. // Morreu no lugar dos Carvalhos a 3/12/1866, com 63 anos de idade, com todos os sacramentos, casado, sem testamento, com filhos, e foi sepultado na igreja.  

 

MARQUES, António. Filho de José Joaquim Marques, lavrador, natural de Fiães, e de Maria Lourenço, lavradeira, natural de Rouças, moradores no lugar de Lobiô. Neto paterno de Manuel Marques e de Rosa Afonso; neto materno de António Joaquim Lourenço e de Maria Rita Vaz. Nasceu em Rouças a 14 de Dezembro de 1902 e foi batizado na igreja a 17 desse mês e ano. Padrinhos: os seus avós maternos, camponeses. // Morreu em Rouças a 10/4/1991.  

 

MARQUES, António. Filho de --------- Marques e de --------------------------------. Nasceu em -----------, a --/--/19--. // A 22/7/1933 fez exame do 2.º grau da instrução primária, ficando aprovado (NM 204, de 13/8/1933). // Residiu em Bilhões, Rouças. // Em 1996 fez parte, juntamente com Abílio Rodrigues, do lugar da Igreja, da Comissão de Festas da padroeira da freguesia, Santa Marinha. Dos 1.400 contos obtidos sobraram 400, que serviram para fazer os sanitários junto da igreja -> a Câmara ofereceu os materiais. Em A Voz de Melgaço n.º 1099, de 15/8/1998, alguém comentou: «… muito embelezou o espaço.» // No ano seguinte, 1997, teve como colega na Comissão, Ricardo ----.   

 

MARQUES, António Agostinho. Filho de Matilde Marques. Nasceu em Rouças a --/--/1913 (Correio de Melgaço n.º 63, de 24/8/1913).

 

MARQUES, Caetano Maria. Filho de António Marques e de Maria Joana da Costa, lavradores, roucenses. Nasceu por volta de 1840. // // Tinha 26 ou 27 anos de idade, era solteiro, camponês, morava no lugar de Carvalhos, quando casou na igreja de Rouças a 16/10/1868 com Ludovina Esteves, de 23 anos de idade, solteira, natural de Castro Laboreiro, moradora em Rouças, filha de Jerónimo Esteves e de Rosa Esteves, rurais, castrejos, residentes no lugar de Covilhós, Rouças. Testemunhas: António Caetano de Castro, solteiro, lavrador, e José da Costa, casado, lavrador, do lugar da Igreja. // Morreu a 13/11/1905, no lugar dos Carvalhos, com todos os sacramentos, com 65 anos de idade, no estado de casado com Ludovina Esteves, sem testamento, com filhos, e foi sepultado no cemitério da freguesia.   

 

MARQUES, Celeste Zilda. Filha de Emídio Augusto Marques e de Joaquina Rosa de Castro. Nasceu em Rouças a --/--/1929 (NM 22, de 21/7/1929).

 

MARQUES, Clara. Filha de António Marques e de Maria Joaquina da Costa, lavradores, roucenses. Nasceu em Rouças por volta de 1843. // Camponesa. // Faleceu a 8/5/1905, no lugar dos Carvalhos, com todos os sacramentos, com 62 anos de idade, no estado de solteira, sem testamento, sem filhos, e foi sepultada no cemitério da freguesia. 

 

MARQUES, Dionísia. Filha de Manuel Caetano Marques, lavrador, natural de São Paio, e de Ana Fernandes, lavradeira, natural de Rouças, moradores no lugar de Lobiô. Neta paterna de Manuel José Marques e de Maria José Marques; neta materna de Manuel António Fernandes e de Teresa Maria Meleiro. Nasceu em Rouças a 23/5/1902 e foi batizada na igreja a 25 desse mês e ano. Padrinhos: Manuel Fernandes, solteiro, camponês, e Ana Rosa Esteves, lavradeira, viúva, ambos do lugar da Igreja. // Casou na CRCM a 4/9/1928 com José Soares. // Ambos os cônjuges faleceram na freguesia de Rouças: o marido a 27/11/1972 e ela a 9/12/1979.

 

MARQUES, Elvira de Jesus. Filha de Manuel Caetano Marques, lavrador, natural de São Paio, e de Ana Fernandes, lavradeira, natural de Rouças, moradores no lugar de Lobiô. Neta paterna de Manuel José Marques e de Maria José Marques; neta materna de Manuel António Fernandes e de Teresa Maria Meleiro. Nasceu em Rouças a 21/6/1905 e no dia seguinte foi batizada na igreja. Padrinhos: Manuel José Gonçalves e sua mulher Ana Rosa Domingues, lavradores, do lugar de Lobiô, Rouças. // Faleceu em Lobiô a 4/5/1907. 

 

MARQUES, Emília. Filha de Caetano Maria Marques e de Ludovina Rosa Esteves, rurais, moradores em Carvalhos. Neta paterna de António Marques e de Maria Joaquina (ou Maria Joana) da Costa; neta materna de Jerónimo Esteves e de Rosa Esteves. Nasceu a 4/6/1875 e foi batizada a 6 desse mês e ano. Padrinhos: José Manuel Esteves, solteiro, e Maria Joaquina Durães, solteira, camponeses, roucenses. // Em 1914 morava no lugar de Carvalhos, Rouças; nesse ano a Câmara Municipal concedeu-lhe subsídio de lactação por quatro meses (Correio de Melgaço n.º 91, de 15/3/1914). // Faleceu na freguesia de Rouças a 28/3/194-.   

 

MARQUES, Fernanda da Conceição. Filha de -------- Marques e de -------------------------. Nasceu em ------------, a --/--/19--. // Em 1998 era solteira e maior; residia em Lobiô, Rouças. // Foi-lhe movida uma ação «para efeitos de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.» // (VM 1093). // Melgaço, 17/4/1998. O juíz de direito: Alexandra Viana Lopes. O escrivão adjunto: Vítor Roquinho. 

 

MARQUES, Isaura dos Prazeres. // Nasceu a --/--/1961. // Faleceu no lugar da Praça Nossa Senhora da Graça, freguesia de Rouças, a 9/12/2024, com 63 anos de idade (agência funerária Vilarinho).

 

MARQUES, Joana. Filha de Bento Marques e de Rita Esteves, lavradores, roucenses. Nasceu na freguesia de Rouças por volta de 1796. // Lavradeira. // Faleceu na sua freguesia de nascimento a 22/7/1887, repentinamente, com noventa e um (91) anos de idade, no estado de viúva de José da Costa, sem testamento, com três filhos, e foi sepultada no cemitério da freguesia.  

 

MARQUES, Joaquina da Conceição. Filha de José Joaquim Marques, natural de Fiães, e de Maria Lourenço, natural de Rouças, residentes no lugar de Lobiô. Neta paterna de Manuel Marques e de Rosa Afonso; neta materna de António Joaquim Lourenço e de Maria Rita Domingues. Nasceu em Rouças a 13/2/1905 e nesse dito dia foi batizada na igreja. Padrinhos: os seus avós maternos, rurais, do lugar de Lobiô. // Faleceu no concelho de Braga, na freguesia de São Vicente, a 1/10/1989. // Era tia do cónego Dr. José Marques, a viver em Braga.

 

MARQUES, Joaquina Rosa. Filha de Emília Marques, solteira, camponesa, roucense, moradora no lugar dos Carvalhos. Neta materna de Caetano Maria Marques e de Ludovina Esteves. Nasceu em Rouças a 15/7/1903 e foi batizada na igreja a 26 desse mês e ano. Padrinhos: José Marques e Maria Marques, tios maternos da batizanda, solteiros, camponeses, moradores no dito lugar. // Faleceu no concelho e Vila de Valença a 5/9/1986.   

 

MARQUES, José. Filho de Caetano Maria Marques e de Ludovina Rosa Esteves, rurais, moradores no lugar dos Carvalhos. N.p. de António Marques e de Maria Joana da Costa; n.m. de Jerónimo Esteves e de Rosa Esteves. Nasceu a 19/7/1869 e foi batizado a 21 desse mês e ano. Padrinhos: José António Esteves e Teresa de Jesus Domingues, casados, lavradores, roucenses. // Faleceu a 8/8/1870 e foi sepultado na igreja.  

 

MARQUES, José. Filho de Caetano Maria Marques e de Ludovina Rosa Esteves, lavradores, residentes no lugar de Carvalhos, Rouças. Neto paterno de António Marques e de Maria Joana da Costa; neto materno de Jerónimo Esteves e de Rosa Esteves. Nasceu em Rouças a 31/5/1882 e foi batizado na igreja a 4 de Junho desse dito ano. Padrinhos: José António Esteves, solteiro, e Ludovina Domingues, viúva, lavradores. // Rural. // Casou na igreja paroquial a 15/2/1904 com Maria Rosa de Carvalho, de vinte e dois anos de idade, solteira, camponesa, natural de Fiães, filha de Joaquim de Carvalho e de Clara Fernandes. // Fora sacristão no tempo do padre/arcipreste Manuel Bento Gomes. // Morreu na sua freguesia natal, no lugar dos Carvalhos, a 21/3/1947. // Com geração.

 

MARQUES, José (Padre). Filho de José Joaquim Marques, natural de Fiães, e de Maria Lourenço, natural de Rouças, lavradores, residentes no lugar de Lobiô. Neto paterno de Manuel Marques e de Rosa Afonso; neto materno de António Joaquim Lourenço e de Maria Rita Domingues. Nasceu em Rouças a 19/8/1907 e foi batizado na igreja paroquial a 21 desse mês e ano. Padrinhos: os seus avós maternos, rurais, do dito lugar de Lobiô. // Em 1929 «concluiu com brilho o sexto ano de preparatórios» (Notícias de Melgaço n.º 21, de 14/7/1929). // A 8/7/1934, na capela do Seminário Conciliar de Braga, o arcebispo primaz conferiu-lhe a ordem de diácono (NM 239, de 22/7/1934). // Ordenou-se sacerdote a 15/8/1934 e cantou missa nova no dia seguinte na igreja do Sameiro, Braga; assistiu como presbítero o padre Raimundo Prieto, pároco de São Paio (NM 244, de 9/9/1934). // Em Outubro de 1934 foi nomeado pároco encomendado para a freguesia de Cubalhão e anexa Lamas de Mouro (NM 248, de 14/10/1934). // Em 1935 era pároco de Cubalhão, Gave, e Lamas de Mouro. // Por volta de 1938 abriu uma lojita de produtos alimentares para os vender aos trabalhadores que andavam a construir a estrada para Castro Laboreiro; tinha como seu ajudante um rapazito de doze anos, chamado Carlos Pereira Lemos, nascido na vila em 1926. A partir de 8/8/1956 passou a ser pároco de São Paio de Melgaço. // Morreu na freguesia de São Paio de Melgaço a 21/1/1981.      

 

MARQUES, José. Filho de José Marques e de Maria Rosa de Carvalho. Nasceu em Rouças a --/--/1915 (Correio de Melgaço n.º 169, de 10/10/1915).

 

MARQUES, José. Filho de ----------- Marques e de -------------------------------. Nasceu em ------------, a --/--/19--. // Faleceu em Rouças a --/--/1998 (VM 1093).

 

MARQUES, José (Cónego e Prof. Dr.) Filho de Manuel António Marques e de Isalmira de Jesus Meleiro. Neto paterno de José Joaquim Marques, natural de Fiães, e de Maria Lourenço, natural de Rouças; neto materno de Manuel José Meleiro e de Angelina Vaz. Nasceu no lugar de Lobiô, freguesia de Rouças, a 12/8/1937. Depois da 4.ª classe, que fez em 1948, ou 1949, ingressou no Seminário de Braga, onde se manteve até Julho de 1961. // Ordenou-se sacerdote a 15/8/1961 (A Voz de Melgaço de 1/3/2020) e cantou missa nova na igreja da sua freguesia a 27/8/1961. // Em Setembro de 1961 foi nomeado prefeito do Seminário Conciliar de Braga, onde esteve até 1970, tendo lecionado História Universal, Ciências Naturais, e Religião, aos alunos do 5.º ano de Humanidades. // Em Outubro de 1969 matriculou-se no Curso de História da Faculdade de Letras do Porto, acabando o curso em 1974 com a classificação final de dezasseis (16) valores. // Em 1973, ainda como finalista, foi contratado como monitor do 4.º grupo da 2.ª Secção da Faculdade de Letras, coadjuvando o Prof. Doutor António Ferreira da Cruz na disciplina de Paleografia e Diplomática. // A 14/11/1974 foi contratado como assistente eventual, passando, nos prazos legais, para a situação de assistente. // Em 1975 e 1976 frequentou, e concluiu, o curso de Bibliotecário-Arquivista da Faculdade de Letras de Coimbra. // Na igreja católica ascendeu a cónego. // Doutorou-se em História Medieval em 1982. A sua tese de doutoramento foi publicada com o título “A Arquidiocese de Braga no século XV” e, como trabalho complementar “A Administração Municipal de Vila do Conde em 1466”, tendo ficado aprovado por unanimidade com distinção e louvor. // Em Julho de 1989 prestou provas de agregação, tendo apresentado como lição de síntese “A Assistência no Norte de Portugal nos Finais da Idade Média”. // Em Abril de 1990, na sequência de concurso nacional, foi provido como professor catedrático na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, tendo-se aposentado em Fevereiro de 2003. Dava aulas nas licenciaturas de História, Ciências Documentais, e Mestrados em História Medieval. // Ministrou cursos intensivos de Paleografia na Universidade de Niterói, Brasil, e também na Faculdade de Filosofia de Braga, e na Pontifícia Biblioteca Vaticana, de Roma, e dois cursos de Diplomática e um de Codicologia na Universidade dos Açores. // «Pertence a diversas associações científicas e culturais, portuguesas e estrangeiras, e participou em numerosos congressos, colóquios e outras reuniões científicas, em Portugal e no estrangeiro, nomeadamente em Espanha, França, Itália, Suíça, Inglaterra, Bélgica, Alemanha, Áustria, Hungria, antiga União Soviética, e Brasil. Como resultado da participação nestas reuniões científicas, da colaboração em revistas nacionais e estrangeiras, em obras coletivas, livros de homenagem, conferências, etc., o número de títulos publicados ascende, atualmente (*), a 209, sem incluir a colaboração de natureza histórica na imprensa diária e regional. Na sua investigação científica, apesar de ter abordado diversas áreas, privilegiou sobretudo a história eclesiástica e religiosa medieval da Arquidiocese de Braga.» // Tem vários livros editados, entre eles “O Mosteiro de Fiães” (1990), “Limites de Rouças e Fiães” (2005), e “A Origem da Capela de Alcobaça” (2010), e colaborou assiduamente no Boletim Cultural da Câmara Municipal de Melgaço entre 2002 e 2009. // No dia 30/4/2011, no decorrer da Feira do Alvarinho e do Fumeiro de Melgaço, foi entrevistado pelos jornalistas da RTP-1, que se encontravam presentes no local, a fim de cobrirem o evento. Em poucos minutos deu aos portugueses uma lição de história melgacense. // Em Dezembro de 2018 é publicado mais um livro da sua autoria: «Confirmações de Tui (1352-1382) Aspectos do episcopado de D. João de Castro.» // A 28/12/2018 foi internado no Hospital Particular de Braga, Rua do Raio, onde, a 2/1/2019, quarta-feira, foi operado a uma perna, devido a problemas com as veias. A 15/3/2019 ainda se encontrava internado nesse hospital; estava melhor da perna, mas ia ser operado à próstata, salvo erro. // Saiu do hospital em Maio de 2019 e passou a morar na residência dos sacerdotes católicos, na Rua de São Domingos, Braga, até se sentir com forças para voltar para o seu apartamento; a 4/6/2019 já andava na rua – muito magro, envelhecido, mas ainda com o cérebro lúcido. // Morou na capital do Minho desde jovem, na freguesia de São Vicente, no seu apartamento, onde faleceu na noite de 28 para 29/01/2021. // Certo dia, já há muitos anos, eu fui ao Arquivo de Braga a fim de contactar, de ver, o Cartulário do Mosteiro de Fiães. Sentei-me numa das cadeiras e um funcionário trouxe-me o manuscrito. Fiquei fascinado. Olhei para ele com carinho, folheei-o, mas não o consegui ler. O meu latim, quatro ou cinco anos, não me permitia a sua leitura. Logo que tive a oportunidade pedi ao meu amigo Prof. Dr. José Marques que o traduzisse para português do nosso tempo. Não me prometeu nada, pois na altura lecionava na Universidade do Porto, além de membro ativo da igreja católica. No entanto, em 2016 eis que surgem nas livrarias dois extraordinários volumes do Cartulário de Fiães. Quando ambos fomos tomar café à Brasileira, em Braga, agradeci-lhe. Melgaço, e o país, mereciam esta obra. Não traduziu o texto para português, como lhe pedira, mas o volume I, com a Introdução, Transcrição, Índices, ajudam-nos a compreender o conteúdo do Cartulário. A história de Melgaço, nos primeiros séculos, ficou enriquecida. O nosso concelho ficar-lhe-á eternamente reconhecido por este trabalho ciclópico, só possível a grandes investigadores. // Em 2017 oferece-nos outra obra monumental, editada pela Casa Museu de Monção/Universidade do Minho, com o título “ALTO-MINHO E GALIZA – ESTUDOS HISTÓRICOS. São cerca de novecentas páginas de erudição, onde se revela longa e profunda pesquisa, numa linguagem acessível e verdadeira. // Portugal acaba de perder um dos seus melhores filhos. Oxalá os melgacenses jamais esqueçam este seu conterrâneo, leiam os seus inúmeros escritos, aprendam as suas lições. /// (*) Estávamos em 2006.

     Depois da sua morte os amigos e admiradores publicaram em “A Voz de Melgaço” de Fevereiro, Março e Abril, de 2021, os seguintes artigos: «Tinha pensado, caso não fosse sonhado, no Cónego José Marques há ainda poucos dias. Nunca foi meu professor, mas ensinou-me coisas importantes; nunca fomos “próximos”, mas sempre o senti como um que me era da Casa; nunca trabalhamos juntos, mas sempre que nos víamos era uma “festa” e não poucas vezes nos deixávamos estar em plena rua dos Chãos na cidade dos arcebispos, a falar disto ou daquilo, de História, a disciplina do Cónego Marques, ou Filosofia, a minha. Era sempre um prazer, um enorme prazer, dar de caras com o Cónego José Marques, fosse na igreja dos Congregados ou na Rua dos Chãos, ou qualquer outro lugar nos arredores dos espaços onde vivíamos. A última vez que vi o Sr. Cónego Marques foi, talvez, no verão passado, só que desta vez não conversamos: ele caminhava em frente ao liceu Sá de Miranda e eu guiava o carro em que viajava. Caso contrário, teria ido ao seu encontro. Pois, já então, sentia saudades dos nossos esporádicos encontros. Hoje, para além da Saudade, fico com pena de o não ter saudado pessoalmente, pelo menos, uma vez mais. Uma vez só que fosse! Braga e a igreja que nela está fica agora mais pobre; na verdade, muito mais pobre! Conto que o Cónego José Marques me leve consigo neste seu definitivo Abraço com o Amor do Pai. Descanse em paz, caro Cónego Marques. E obrigado! Sim, muito obrigado por tudo o que, mesmo parecendo pouco, na realidade me deu, tanto mais que o que me deu foi a imagem de uma Igreja capaz de sorrir mesmo por entre tudo quanto, ora aqui ora acolá, sempre nos entristece! – João Vila Chã – S. J  

 

     «É com pesar que informamos o falecimento do Professor Doutor José Marques. Foi um dos mais ilustres investigadores da História e Cultura do Alto Minho. Ao longo da sua vida foi colaborando com iniciativas dos diversos municípios alto minhotos, quer através das bibliotecas, quer dos arquivos municipais. Nasceu na freguesia de Rouças, em Melgaço, a 12/08/1937, e foi deixando a sua marca um pouco por todo o país. Em 1994 foi agraciado com a Medalha de Mérito – Grau Ouro da Câmara Municipal de Braga; em 2003 recebeu a Medalha de Ouro da Faculdade de Letras da Universidade do Porto; e em 2004 a Medalha de Mérito – Grau de Ouro da Câmara Municipal do Porto. Também o Governo português o consagrou com a Medalha de Mérito Cultural, na Universidade do Minho, sob proposta da Casa Museu de Monção. Em Agosto de 2017 o município de Melgaço honrou-o com o título de Cidadão de Honra. Uma justa homenagem! Distinto estudioso e leitor (paleógrafo) de documentos antigos, com grande valia e crítica, José Marques, além de distinto investigador, foi um notável professor universitário, coordenador, nomeadamente de pós licenciaturas e doutoramentos. É autor do Cartulário do Mosteiro de Fiães “uma obra que vai dar a conhecer muito do que é a história de Melgaço nos seus primórdios”, dizia o professor aquando do lançamento e apresentação da obra, em 2016. Deixou-nos ainda um importante legado: o livro ALTO MINHO E GALIZA – ESTUDOS HISTÓRICOS, uma edição do Município de Melgaço e da Casa Museu de Monção, com textos que ao longo do tempo o professor José Marques escreveu, em uma coordenação de Viriato Capela, presidente da Casa Museu de Monção. Obrigado! Foi decretado o dia de amanhã, 30 de Janeiro, dia de luto municipal.» (Câmara Municipal de Melgaço).  

 

     «Quando entrei para a Faculdade de Letras da Universidade do Porto em 1976 estava longe de imaginar que um dia o desaparecimento do Doutor José Marques me levasse a escrever umas breves, mas sinceras linhas de reconhecimento. Tendo sido aluna dele em duas cadeiras – História de Portugal Medieval no 2.º ano e Paleografia e Diplomática, já depois do curso concluído; reconheço que este académico medievalista de referência e com extensa obra publicada foi um excelente professor de fino trato e amigo. Foi no meu 2.º ano do curso de História da Faculdade de Letras que, como sua aluna, o conheci. Logo no início, pela sua pronúncia, percebi que devia ser do Alto Minho, talvez de Melgaço, e como tal podia conhecer a minha família. Quando o questionei, disse-me logo: “conheci muito bem o teu avô Firmino Salgado, de Rouças, e temos parentela comum!” Ao lembrar-me dele evoco a dedicação e o saber despertar nos seus alunos o interesse pelo estudo da Idade Média e da consolidação da nacionalidade portuguesa. Nos últimos anos consultei-o algumas vezes para me aconselhar ou elucidar na leitura paleográfica de assentos paroquiais de Melgaço, na freguesia de Rouças; como tal, sempre que um assento me suscitava dúvidas telefonava-lhe avisando-o (Filomena Salgado) que lhe enviaria o documento por correio eletrónico para me ajudar na sua leitura. Tive sempre o apoio e a orientação necessária de forma espontânea e amistosa. Recordo a última vez que nos encontramos pessoalmente: a sessão da apresentação do livro Cartulário do Mosteiro de Fiães numa tarde aprazível de agosto, na alameda de acesso ao mosteiro de Fiães, à sombra de carvalhos e castanheiros centenários. Ali o reencontrei com professores e antigos colegas da Faculdade de Letras do Porto que calorosamente o ouviram. Há um ano, pouco depois de me ter telefonado para desejar um bom natal para toda a minha família, ligou-me novamente, mas agora para felicitar a coragem da minha mãe que, com os seus 93 anos de idade, tinha feito algo que ele me disse admirar profundamente e já não ter ânimo para o realizar: ir passear para a terra santa e lá passar o natal. A notícia tinha-lhe chegado por este jornal – A Voz de Melgaço. Como interessada que sou pela história local e concretamente pela do concelho de Melgaço, a obra do Professor Doutor José Marques será sempre uma referência fundamental para estes estudos. Fui, sou e serei sempre sua discípula. Porto, 29/2/2021. // Filomena Salgado        

 

     «Melgaço perdeu no dia 29 de Janeiro um farol com a morte do Professor Doutor José Marques, Cónego da Sé Catedral de Braga e figura notável da cultura e historiografia portuguesa, que se destacou no estudo e valorização dos fundos arquivísticos do Arquivo Distrital de Braga. José Marques nasceu a 12/08/1937 em Rouças, Melgaço. Fez a instrução primária na terra natal, seguindo os estudos no Seminário da Arquidiocese, em Braga, onde se ordena em 1961, sendo logo chamado a exercer no Seminário Conciliar (1961-1970) as tarefas de professor e prefeito. Entre 1969-1974 faz a licenciatura em História na Faculdade de Letras da Universidade do Porto e de imediato conclui o curso de bibliotecário-arquivista na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (1976) e especializa-se como bibliotecário arquivista. Realiza provas de doutoramento com o trabalho intitulado “A Arquidiocese de Braga no século XV”, em 1982, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, onde ascende a professor catedrático (depois das provas de agregação de 1989-1990) com a lição de síntese sobre a “Assistência aos peregrinos no norte de Portugal durante a Idade Média”, tendo-se aposentado em 2003. Colaborou com as universidades portuguesas de Coimbra, Açores, Universidade Católica de Braga (Faculdade de Filosofia e Teologia), com a Fluminense de Niteroi, Rio de Janeiro, Brasil, e com a Universidade de Louvain-la Neuve. Foi diretor da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (1982-1985) e coordenador, entre 1984 até 1998, da Revista da Faculdade de Letras, nas séries de História, Filosofia e Línguas e Literaturas Modernas. Membro do Centro de História da Faculdade de Letras do Porto (co-fundador em 1982 da Academia Portuguesa da História, do Instituto Galaico Minhoto (também co-fundador em 1982), da Real Academia de la Historia de Madrid (sócio correspondente), das Sociedades de Estudos Medievais, portuguesa (de que é sócio fundador, 1985, e espanhola, do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (sócio correspondente), da Comission Internationalle de Diplomatique (membro desde outubro de 1986, seu vice-presidente em 2008) e do Comité International de Paléographie Latine (desde 1989). Os seus estudos históricos fixam-se, no período da história medieval portuguesa, a montante e a jusante do século XV. Tem como quadro geográfico de principal concentração e referência a arquidiocese de Braga, que é o Minho e Trás-os-Montes, e que por ele, em estudos extensivos e comparativos se alarga a outros territórios diocesanos. Historiador medievalista, com créditos firmados, e internacionalmente reconhecidos, O Professor Doutor José Marques frequentou o antigo curso de bibliotecário arquivista (…), sediado na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e o único existente em Portugal até à criação e multiplicação dos CECD. Este detalhe biográfico permite, em certa medida, compreender a atenção que sempre manisfestou à formação BAD (de bibliotecários, de arquivistas e de documentalistas), o papel decisivo que teve na criação do CECD da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e a forma atenta e aberta como acompanhou o desenrolar desse curso. Em 2000-2001 manifestou uma extraordinária abertura e um ativo envolvimento na concepção e concretização da licenciatura em ciência da informação (LCI), resultante da parceria inédita e inovadora entre as Faculdades de Letras e de Engenharia da Universidade do Porto, com vista à preparação de um profissional capaz de integrar, de potenciar e de aplicar diversas valências complementares que ainda andam dispersas e erroneamente separadas. Ele não desapareceu, porque nos deixa dezenas de livros e centenas de artigos sobre a história da igreja e das suas instituições nos últimos dez séculos. Se Melgaço e Portugal perdem um farol, eu perdi um grande amigo. (Costa Guimarães)»

 

     Recebi neste dia de inverno um telefonema do padre Carlos Vaz comunicando o falecimento do Cónego, Doutor e Professor Catedrático, José Marques. Com sentida comoção, e recordando grandes memórias e uma amizade elevada no período do seminário conciliar de Braga, passando pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, transmitiu-nos sabedoria no âmbito da História e valores éticos. O professor catedrático e membro da Academia de História, para além de ser uma personalidade de grande saber e perito na investigação histórica, era exímio na paleografia, tendo dado cursos na Alemanha, no Vaticano, no Brasil e noutras partes do mundo. Os memoráveis congressos realizados em Portugal e em outras latitudes confirmam o reconhecimento de instituições académicas e universidades. A bibliografia das suas publicações é imensa, não esquecendo as suas raízes melgacenses, pois era natural da freguesia de Rouças. Como pequena referência, assinalo o trabalho “A Origem da Capela de Alcobaça” cordialmente oferecida em 2016. Aliás, devemos sublinhar que tinha o cuidado de nos remeter as separatas das edições. O Cónego, Doutor, Professor José Marques, era um vulto da cultura portuguesa e mereceu o reconhecimento do governo em cerimónia pública, realizada no Salão Nobre da Universidade do Minho, bem como a medalha de ouro da cidade do Porto. Recebia a amistosa gentileza da oferta dos dois volumes – “ O Cartulário do Mosteiro de Fiães”, em 2016, apresentado na alameda dos carvalhos centenários plantados pelos monges beneditinos. Só esta publicação era o bastante para imortalizar o nobre e profundo historiador que era o Professor José Marques. Tive ainda a enorme satisfação de receber das suas mãos a grande obra “Liber Fidei – Sanctae Bracarensis Ecclesia, em 2016, em dois volumes, em Sessão Solene realizada na Catedral de Braga, com a presença do cardeal Monteiro de Castro, testemunhando o apreço que o Vaticano nutria por tão notável historiador, que prestigiava a história da igreja católica. Mas o que cultivamos do Professor José Marques era a simplicidade, a amizade e o calor humano que manifestava nas suas relações. Era uma figura nobre, fidalga, carinhosa, e sempre disponível para ajudar os estudantes universitários e todos aqueles que a si se dirigiam, acompanhando diversas teses de doutoramento. Colaborou com imensas instituições, nomeadamente com o Município de Melgaço que a ele recorreu para vários trabalhos referentes à identidade melgacense. O cónego José Marques, sendo membro do Cabido Primaz de Braga, contribuiu para a dignificação da Arquidiocese de Braga, publicando a grande tese referente à Grande História do Tempo Longo. O ilustre académico e sacerdote era um amigo em todas as horas. A gratidão é memória do coração. Lembrar é fácil para quem tem memória. Esquecer é difícil para quem tem coração. Nós temos coração e sentimos o regresso do cónego Doutor José Marques à Casa do Pai. A luz que nos ilumina iluminará para sempre o historiador, sacerdote José Marques. Até sempre – BENEDICAMUS DOMINO por uma longa vida dedicada à igreja e à cultura.» (José Rodrigues Lima.)

 

     Filho de Manuel António Marques e de Isalmira de Jesus Meleiro. Neto paterno José Joaquim Marques, natural de Fiães, e de Maria Lourenço, natural de Rouças; neto materno Manuel José Meleiro e de Angelina Vaz. Nasceu no lugar de Lobiô, freguesia de Rouças, a 12/08/1937. Depois da 4.ª classe, que fez em 1948 ou 1949, ingressou no Seminário de Braga, onde se manteve até Julho de 1961. Ordenou-se sacerdote a 15/08/1961 (A Voz de Melgaço de 1/03/2020) e cantou missa nova na igreja da sua freguesia a 27/08/1961. // Em Setembro de 1961 foi nomeado prefeito do Seminário Conciliar de Braga, onde esteve até 1970, tendo lecionado, aos alunos do 5.º ano de Humanidades, História Universal, Ciências Naturais e Religião. Em Outubro de 1969 matriculou-se no Curso de História da Faculdade de Letras do Porto, acabando o curso em 1974 com a classificação final de dezasseis valores. Em 1973, ainda como finalista, foi contratado como monitor do 4.º grupo da 2.ª secção da Faculdade de Letras, coadjuvando o Professor Doutor António Ferreira da Cruz na disciplina de Paleografia e Diplomática. A 14/11/1974 foi contratado como assistente eventual, passando, nos prazos legais, para a situação de assistente. Em 1975 e 1976 frequentou, e concluiu, o curso de Bibliotecário Arquivista da Faculdade de Letras de Coimbra, Na igreja católica ascendeu a cónego. Doutorou-se em História Medieval em 1982. A sua tese de doutoramento foi publicada com o título “A Arquidiocese de Braga no século XV” e, como trabalho complementar, “A Administração Municipal de Vila do Conde em 1466”, tendo ficado aprovado por unanimidade com distinção e louvor. Em Julho de 1989 prestou provas de agregação, tendo apresentado como lição de síntese “A Assistência no Norte de Portugal nos Finais da Idade Média.» Em Abril de 1990, na sequência de concurso nacional, foi provido como professor catedrático na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, tendo-se aposentado em Fevereiro de 2003. Dava aulas nas licenciaturas de História, Ciências Documentais, e mestrados em História Medieval. Ministrou cursos intensivos de Paleografia na Universidade de Niteroi, Brasil, e também na Faculdade de Filosofia de Braga, e na Pontifícia Biblioteca Vaticana, de Roma, e dois cursos de Diplomática e um de Codicologia na Universidade dos Açores. “Pertenceu a diversas associações científicas e culturais portuguesas e estrangeiras e participou em numerosos congressos, colóquios e outras reuniões científicas, em Portugal e no estrangeiro, nomeadamente em Espanha, França, Itália, Suíça, Inglaterra, Bélgica, Alemanha, Áustria, Hungria, antiga União Soviética, e Brasil. Como resultado da participação nestas reuniões científicas, da colaboração em revistas nacionais e estrangeiras, em obras coletivas, livros de homenagem, conferências, etc., o número de títulos publicados ascende atualmente (2006), a 209, sem incluir a colaboração de natureza histórica na imprensa diária e regional. Na sua investigação científica, apesar de ter abordado diversas áreas, privilegiou sobretudo a história eclesiástica e religiosa medieval da Arquidiocese de Braga.” Tem vários livros editados, entre eles “O Mosteiro de Fiães” (2005) e “A Origem da Capela de Alcobaça” (2010), e colaborou assiduamente no Boletim Cultural da Câmara Municipal de Melgaço entre 2002 e 2009, e em A Voz de Melgaço, entre outras publicações, com artigos interessantíssimos. No dia 30/04/2011, no decorrer da Feira do Alvarinho e do Fumeiro de Melgaço, foi entrevistado pelos jornalistas da RTP-1, que se encontravam presentes no local a fim de cobrirem o evento. Nos poucos minutos que lhe concederam deu aos portugueses uma lição de história sobre a sua e nossa terra natal. Em Dezembro de 2018 é publicado mais um livro da sua autoria: “Confirmações de Tui (1352-1382) Aspectos do Episcopado de D. João de Castro.» // A 28/12/2018 foi internado no hospital particular de Braga, sito na Rua do Raio, onde a 2/01/2019, quarta-feira, foi operado a uma perna, devido a problemas com as veias. A 15/03/2019 ainda se encontrava internado nesse hospital; estava melhor da perna mas ia ser operado à próstata, salvo erro. Saiu do hospital em Maio de 2019 e passou a morar na residência dos sacerdotes católicos, na Rua de São Domingos, Braga, até se sentir com forças para voltar para o seu apartamento; a 4/06/2019 já andava na rua – muito magro, envelhecido, mas ainda com o cérebro lúcido. Morou na capital do Minho desde jovem, na freguesia de São Vicente, no seu apartamento, onde faleceu na noite de 28 para 29/01/2021. Certo dia, já há muitos anos, eu fui ao Arquivo de Braga a fim de contactar, de ver, o Cartulário do Mosteiro de Fiães. Sentei-me numa das cadeiras e um funcionário trouxe-me o manuscrito. Fiquei fascinado. Olhei para ele com carinho, folheei-o, mas não o consegui ler. O meu latim, quatro ou cinco anos, não me permitia a sua leitura. Logo que tive a oportunidade pedi ao meu amigo Professor Doutor José Marques que o traduzisse para português do nosso tempo. Não me prometeu nada, pois na altura lecionava na Universidade do Porto, além de ser membro ativo da igreja católica. No entanto, em 2016, eis que surgem nas livrarias dois extraordinários volumes do Cartulário de Fiães. Quando ambos fomos tomar café à Brasileira, em Braga, agradeci-lhe. Melgaço, e o país, mereciam esta obra. Não traduziu o texto para português, como lhe pedira, mas o volume I com a Introdução, Transcrição, Índices, ajudam-nos a compreender o conteúdo do Cartulário. A história de Melgaço, dos primeiros séculos, ficou enriquecida. O nosso concelho ficar-lhe-á eternamente reconhecido, grato, por este trabalho ciclópico, só possível a grandes investigadores. Em 2017 oferece-nos outra obra monumental, editada pela Casa Museu de Monção e Universidade do Minho, com o título “Alto Minho e Galiza – Estudos Históricos. São cerca de novecentas páginas de erudição, onde se revela longa e profunda pesquisa, numa linguagem acessível e verdadeira, e cuja leitura é agradável e didática. Portugal acaba de perder um dos seus melhores filhos; oxalá os melgacenses jamais esqueçam este seu conterrâneo, leiam os seus inúmeros escritos, aprendam as suas lições.» (Joaquim A. Rocha).  

 

     «Hoje, cerca do meio-dia, tive um telefonema do meu querido amigo Dr. Carlos Nuno Vaz participando-me, com a sua voz embargada de emoção, o falecimento de um outro grande amigo comum e conterrâneo, Cónego Professor Doutor José Marques, pedindo-me algumas palavras de testemunho. Quando assim é, aperta-se-nos a alma e não sabemos bem o que dizer, tanto mais que a pessoa em causa não era um amigo qualquer. Conhecemo-nos há muitos anos, era eu um moço de catorze, quinze anos, e estudava em Braga, em um tempo em que poucos eram os estudantes naquela cidade, sobretudo em família. Depois, dava-se o caso de que a Rua D. Pedro V, onde morava, ficava relativamente próxima do Seminário da Tamanca e, por isso, alguns seminaristas, em Outubro, antes de entrarem no Seminário faziam uma visita aos seus conterrâneos. O Prof. José Marques era uma dessas visitas. Mais tarde, como presidente da Câmara, em 1994, por ocasião da publicação do meu livro “A Praça Forte de Valença do Minho”, tive ocasião de convidá-lo para fazer a sua apresentação que gostosamente aceitou com um estudo aprofundado sobre a obra que era também a primeira de fôlego que eu publicava, o mesmo sucedendo em 2004 na 3.ª edição, reconhecendo que esta deixava a anterior “a quilómetros…” // Encontramo-nos em vários seminários em Pontevedra, Braga, Ponte de Lima, Santiago de Compostela, em convívios que eram sempre agradáveis, não apenas pela simpatia da sua presença, mas também pela simplicidade e pelo muito que sempre nos ensinava. Era um trabalhador incansável, aproveitando todos os momentos disponíveis para dedicar aos seus trabalhos, recordando-nos de em certa ocasião o vermos, em tempo de praia, em Vila Praia de Âncora, absorvido na elaboração dos seus trabalhos, pois nem mesmo em férias descansava. Dos mais de trezentos trabalhos que deixou publicados destacamos especialmente três que lhe eram extremamente caros: “A Arquidiocese de Braga no Século V” (tese de doutoramento), o “Cartulário do Mosteiro de Fiães” (dois volumes), apresentado com justíssima pompa no terreiro do mosteiro, e “Confirmações de Tui (1352-1382) / Aspetos do Episcopado de D. João de Castro”, todos eles de incalculável valor para o estudo da nossa região. Sou-lhe devedor da oferta de muitos dos seus trabalhos, sempre com dedicatórias muito gentis e incentivadoras e servem de motivo para, enquanto Deus quiser, continuar a merecer a sua amizade que será eterna, mas muito aquém da obra incomensurável que a todos nos deixou e às gerações futuras.» // Alberto Pereira de Castro.       

 

     «Perder um verdadeiro amigo custa mesmo muito. E assim de repente, ainda mais. Nesta edição do jornal que ele tanto apreciava e onde colaborava com verdadeiro gosto e sentido de missão, fazemos uma sentida homenagem com vários textos que refletem diferentes olhares, mas que convergem no essencial. Destacam a grandeza do Homem e do Sacerdote que, mais do que ser Professor Catedrático e Membro da Academia de História, propendia a estar realmente contente e feliz junto das suas raízes: familiares e de nascimento. Lobiô, Rouças; de formação académica e para o sacerdócio (Braga e Porto, sobretudo); de homem de fé sólida e esclarecida, imbuído de verdadeiro espírito evangélico. Isto traduzia-se na sua total disponibilidade para tudo o que lhe pediam, mesmo que isso alterasse os seus planos, como acontecia muitas vezes. // Companheiros no seminário, onde foi meu prefeito nos últimos anos de Teologia; nas férias, nas lides académicas e jornalísticas, o Doutor José Marques sabia valorizar o que aparentemente era secundário para outros. Sirva de exemplo a sua colaboração em “A Voz de Melgaço” e no “Diário do Minho”. Vi como nas suas provas universitárias de agregação, na Faculdade de Letras do Porto, estavam bem patentes alguns exemplares do humilde “A Voz de Melgaço”, onde tinha publicado textos, mormente de índole histórica. Estive na sua Missa Nova, como ele esteve na minha e de meu irmão, padre Júlio. Acompanhou-nos nos momentos de dor e luto: morte dos meus pais, de meus tios sacerdotes e de outros familiares. Fomos juntos a dezenas de funerais de colegas de sacerdócio. Soube encorajar, de palavra e com ações, as tomadas de posição que, como diretor do jornal, tinha de tomar, enviando uma palavra de incentivo e apreço. Apreciava sobremaneira o convívio dos sacerdotes naturais de Melgaço, de que guardava religiosamente as fotos dos mesmos. O último convívio foi em Vila Praia de Âncora, a 5/11/2019. De Braga fomos quatro no mesmo automóvel: ele, padre Lobato, padre Júlio e eu mesmo. Um dia memorável foi, sem dúvida, aquele 12/08/2016, na Alameda da Carvalheira de Fiães, para apresentação da obra “Cartulário de Fiães”, que tanto a peito tomou, e que conseguiu deixar-nos como testemunho indelével e fonte de conhecimentos e saber sobre a história do nosso concelho. Uma tarde muito quente, mas sumamente agradável de passar, à sombra daqueles carvalhos centenários, num bucolismo difícil de descrever, pois que só vendo, apreciando e sentindo, se pode atingir. Estive muitas vezes em Fiães, mas a magia daquela tarde foi muito, muito especial. Fazia ele 79 anos de idade. Que melhor prenda podia ter, rodeado de amigos, num local que tanto lhe dizia, e cuja beleza não se cansava de exaltar! Lá tinha frequentado a escola primária durante um ano. Depois veio para a de Rouças e alojou-se na residência paroquial, juntamente com o José Cândido Marques. // Outro momento marcante foi a apresentação da reedição crítica do “Liber Fidei” na capela de São Geraldo, da Sé de Braga. Desse facto e da obra do Doutor José Marques falou bem o Doutor Ernesto Português em texto que publicamos na edição de fevereiro de 2017. De outros momentos marcantes da vida profissional e académica falam outros amigos nas colunas deste jornal. Vou centrar-me um bocadinho na colaboração que enviou para o jornal nos últimos cinco anos. De 2016 realço a apresentação do livro “Cartulário de Fiães”, de que se fala na edição de setembro, páginas 1, 28 e 29, e os textos: “Primaz das Espanhas… e não de Braga”, em Julho, e “João Francisco Marques – Im Memoriam”, em Agosto… // Em 2017 há o relato de outra importantíssima apresentação, a do “Liber Fidei” na edição de fevereiro. Em maio é destacado o facto de ter sido agraciado com a medalha de mérito cultural do Ministério da Cultura, ao mesmo tempo que se apresentava no Salão Nobre da Reitoria da Universidade do Minho o livro “Alto Minho e Galiza – Estudos Históricos”, um volume de novecentas e uma páginas. Em julho há um texto dele: “Dois párocos de São Fagundo, na página treze. Em agosto: “Recordações de uma peregrinação beneditina”. Em novembro, a apresentação em Melgaço de “Alto Minho e Galiza”. // Em 2018 há um artigo sobre ele: “José Marques, nomeado académico correspondente da Academia Auriense e Mindoniense de San Rosendo”. Em Janeiro: “Dom Lourenço Vicente morreu há 620 anos”, páginas 28 e 29; em março há mais um texto seu: “De Rompecilla (Padrenda) para Rouças, página doze. Em junho: “Cubalhão em festa”, páginas 10 e 11. // Em 2019 “Capela de São Paio, depois Santa Rita, Rouças”; em maio “O arciprestado de Melgaço e Dom Frei Bartolomeu dos Mártires”, páginas 30 e 31. // Em 2020: “Inventário da extinção do mosteiro de Fiães”, em Janeiro; “Origem da capela de Barata na freguesia de São Paio, em fevereiro, páginas 32 e 33. “O Mosteiro de Fiães visto através do inventário de extinção”, em maio, páginas 6 e 7. “Senhora da Cabeça - programa iconográfico, Junho, página 27. “O forno de telha de Lamas de Mouro”, Julho, página 6. Este viria a ser o último texto por ele publicado neste jornal. // Sabendo das múltiplas solicitações que recebia de todo o lado e a que lhe custava muito dizer que não, pois se sentia sobrecarregado em excesso, não posso deixar de assinalar este especial amor à terra natal que estes textos entre muitos outros bem refletem. Vários alunos e amigos destacaram em publicações do facebook a sua humildade e simplicidade, que são apanágio e fazem grandes os grandes homens. E a sua devoção mariana fica excecionalmente bem refletida no nicho com a imagem da Virgem na sua casa de família, em Lobiô, diante da qual se juntam as pessoas no fim de tarde de maio para rezarem o terço. Com que enlevo me falava deste facto e de a sua gente mais próxima manter esta devoção a Nossa Senhora. Especialíssima também a devoção a Santa Rita, cuja visão da capela e obra o extasiava sempre que por lá passava a caminho da casa de família em Lobiô. E ainda a colaboração como membro da Mesa Administrativa de São Bento da Porta Aberta, lá se deslocando todos os meses e participando também na contagem das esmolas. A grandeza estava em servir, mesmo que a tarefa em si possa ser secundária para muitos. Durante quase 30 anos celebrou na Igreja dos Congregados, em Braga. Desse facto se mostraram reconhecidos e gratos os atuais reitores. Termino com uma prece adaptada da que consta no facebook do Seminário Maior de Braga: “Senhor, que fizeste da história um lugar de contínua salvação, dai suavidade à dor de quantos neste momento enchem os olhos de lágrimas e se cobrem de escurecido luto. Ao padre José Marques que por décadas de generosa partilha humana e sacerdotal, sobretudo na docência e nas publicações, foi luz lançada às vicissitudes e aos factos passados, para compreendermos o enraizamento do presente e projetarmos solidamente o futuro, abraçai-o estreitamente na abundância do vosso coração de Pai”. // Padre Carlos Nuno Vaz.»  

 

     «Obrigado, caríssimo cónego José Marques! (Vasco Gonçalves). Há homens que nascem do húmus e mantêm uma ligação telúrica não só à terra natal mas também com os outros e com o mundo, sendo universais. Vivem e crescem nessa condição e sobem os degraus da humildade porque cultivam a dimensão sagrada da sua vida interior. Assim foi este homem gigante e tão simples, por quem, ao longo dos anos, fui nutrindo estima e admiração profunda. Recordo os encontros em Melgaço, nos meus primeiros anos de sacerdócio. A cordialidade e o respeito que nos dedicava, a sua intensa forma de escutar, como quem acolhia o outro no seu coração, faziam dele um mestre da vida, um buscador de humanidade. Lembro também como o insigne Professor Catedrático me falou com entusiasmo do Santo Arcebispo e da ereção das paróquias de São Tomé de Cousso e de Santa Maria de Cubalhão e como, após quase duas décadas, me fez chegar, com o mesmo ardor interior, os seus escritos sobre São Bartolomeu dos Mártires. Tudo com a consideração e a amizade de que não me sinto merecedor. Dou graças ao Bom Deus! A nossa peregrinação terrena seria bem mais pobre sem a discreta presença de homens santos!»

 

   «São Vicente sugere nome do Cónego José Marques para topónimo de zona nobre da cidade. (Carla Esteves; Diário do Minho de 11/02/2021, quinta-feira). A Junta de Freguesia de São Vicente solicitou à Câmara Municipal de Braga o nome do cónego José Marques, ilustre historiador e ex-vice presidente do Comité Internacional de Paleografia Latina, da UNESCO, recentemente falecido, seja homenageado através da atribuição de topónimo em uma zona nobre da cidade. A autarquia do centro da cidade recorda que o Professor José Marques, apesar de nascido em Melgaço, no Alto Minho, fez de São Vicente a sua habitual residência ao longo de quarenta anos, tendo chegado muitas vezes a confidenciar ao seu grande amigo, o vogal da cultura da freguesia de São Vicente, Dr. Domingos Alves, que se sentia um “verdadeiro vicentino”. Domingos Alves disse ao Diário do Minho que é precisamente por este motivo e pela enorme admiração que todos os bracarenses e os vicentinos em particular dedicam a este ilustre nome da cidade que – “o ideal seria que esta homenagem pudesse acontecer precisamente no território da freguesia de São Vicente”. A Rua António Marinho, onde residia o cónego José Marques, naquela freguesia, poderia constituir uma possibilidade de escolha, mas a mudança de nomenclatura dificilmente seria viável, pelo que urge encontrar outro lugar condicente com a importância do homenageado. “Não temos bem presente qual seria o arruamente adequado, pelo que deixamos esta escolha para os especialistas nesta matéria de urbanismo da Câmara Municipal de Braga. Porém, ressalvamos apenas que o local escolhido terá de ser “digno” e condicente com a importância do cónego José Marques, que é reconhecida a nível nacional e internacional, sustentou o detentor da pasta da Cultura na freguesia. Recorde-se que o professor catedrático foi publicamente homenageado pela Junta de Freguesia de São Vicente no dia 6/12/2011, aquando da celebração do 78.º aniversário da criação da freguesia. Contudo, o executivo vicentino deseja agora que esta homenagem assuma maiores proporções, e vinca que com “a recente morte do cónego José Marques desapareceu, sem dúvida, uma das maiores figuras da intelectualidade bracarense dos últimos anos”. “Foi das figuras mais importantes para a cultura a nível nacional e internacional, pelo que tem de ser uma rua central”, afirmou Domingos Alves. Falecido no passado dia 29 de Janeiro, com 83 anos de idade, o cónego José Marques goza de enorme reputação, tanto nacional – na qualidade de ilustre professor catedrático, conceituado elemento de número da Academia Portuguesa de História (com múltiplas publicações, sobretudo no âmbito da investigação histórico/medieval) e emérito Elemento do Cabido Primacial de Braga. Destaca-se ainda o seu elevado prestígio como vice-presidente da Comissão de Paleografia de latim da UNESCO. O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, enviou uma nota de condolências à família do professor Dr. Cónego José Marques, que bem atesta a sua importância. “Com o desaparecimento do professor José Marques a historiografia portuguesa perde um dos seus mais distintos medievalistas, autor de uma vasta obra que tem por território de eleição a Arquidiocese de Braga e as regiões do Minho e de Trás-os Montes”, afirmou a nota do Presidente…»         

 

     «Conheci o padre José Marques (foi assim que se apresentou) em 1976, quando ele, já assistente da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, mas então aluno do Curso de Bibliotecário Arquivista da Faculdade de Letras de Coimbra, veio pedir ao incipiente bibliotecário da Biblioteca Pública de Braga que eu era (também antigo aluno daquele curso) ajuda para um trabalho que estava a fazer para uma disciplina curricular. E logo ali, talvez por ambos sermos do Alto Minho (ele de Melgaço e eu de Monção) criamos laços de amizade que se iriam fortalecer e prolongar pela vida toda. Acompanhei o seu percurso académico, como professor, reputado paleógrafo, e investigador da Faculdade de Letras do Porto (de que foi diretor), com enorme gosto, ao mesmo tempo que ia fruindo com a leitura dos seus trabalhos, nomeadamente sobre a arquidiocese de Braga e o Minho medieval. Encontrava-o frequentemente como leitor da BPB e sobretudo do Arquivo Distrital de Braga, de que era utilizador assíduo. Muitas vezes recorri aos seus conhecimentos e colaboração no exercício das minhas funções de bibliotecário (realização de conferências, apresentação de livros – como foi o caso de “Liturgia de Braga”, do cónego A. Luís Vaz em 1992 - ou publicação de artigos na revista Forum do CCUM que eu coordenava) mas também em relação à ASPA, da qual José Marques era sócio e apoiou em diversas ocasiões (deve-se-lhe por exemplo a condução esclarecidada de uma visita à Sé de Braga ou a publicação de um artigo na revista Mínia). Devo-lhe ainda o convite, que muito me honrou, para ser professor do Curso de Especilaização em Ciências Documentais que o Professor José Marques criou na FLUP. Já depois da sua aposentação pude apreciar o caminho que o Prof. José Marques continuou a trilhar como investigador, materializado num conjunto apreciável de livros, artigos e recolhas documentais que incansavelmente ia publicando. Recordo, comovido, a apresentação do Cartulário de Fiães, feita junto àquele mosteiro melgacense numa esplendorosa tarde minhota, em agosto de 2016, durante a qual José Marques recordou o amor de sua mãe, a dura infância que viveu e o tempo em que, já sacerdote, se ofereceu para ir para França dar apoio espiritual (e presumo que material) aos emigrantes portugueses que então viviam penosamente nos “bidonvilles”. // Com o seu grande amigo Prof. J. Viriato Capela (catedrático em História da Universidade do Minho), visitei-o no hospital e depois na residência sacerdotal, quando esteve gravemente enfermo, mas mostrando sempre grande ânimo, falando de projetos de publicação a concretizar (o que ainda conseguiu), tendo eu ficado extremamente surpreendido quando nos disse que recitava o breviário pelo telemóvel. Também o encontrava ocasionalmente em Vila Praia de Âncora onde, como alto minhoto, gozava, como eu sempre fiz, parte das suas férias, mas trazendo sempre algum estudo para ultimar. Assisti a conferências proferidas pelo Doutor José Marques, em Braga, Monção, Melgaço, Paredes de Coura, Porto e Lisboa, e à apresentação dos seus últimos trabalhos. Nomeadamente, acompanhei de perto a organização do livro “Alto Minho e Galiza – estudos dispersos”, um projeto bastante antigo, uma obra de grande importância, editada pela Casa Museu de Monção e Câmara Municipal de Melgaço, em 2017, que o deixou muito feliz. Em fevereiro de 2020 colaborei com o grande fotógrafo e editor Libório M. Silva, na organização da exposição “Rostos da Escrita em Braga”, apresentada na Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, para a qual o Doutor José Marques foi uma das dez personalidades selecionadas, tendo eu sugerido os cinco livros mais importantes da sua bibliografia para figurarem na exposição, com o que ele de imediato concordou. Fui regularmente privilegiado com a oferta dos seus livros e separatas, sempre enriquecidos com dedicatórias amigas. De entre eles recordo o seu Curriculum Vitae publicado em 2008, no qual são compiladas 338 referências bibliográficas relativas a monografias e outros artigos científicos, bem como 109 relativas à colaboração na imprensa local e regional (anoto que o seu primeiro artigo foi publicado neste jornal em 15/04/1976). Pois bem, na última mensagem que dele recebi, em 26/12/2020, dizia-me: “eu tinha de facto alguns projetos, que não desisto de os concretizar. Um deles é a reedição do meu curriculum académico, agora corrigido e aumentado, porque na 1.ª edição ficaram omissos muitos artigos e, após a aposentação, publiquei muito mais e queria reuni-los. Vamos lá ver o que é possível fazer”. Não tenho dúvidas que a sua produção se aproximaria dos seiscentos títulos. Seria bom tentar saber se esse trabalho ficou concluído pois, com a sua publicação, a comunidade académica (e não só) muito dele beneficiaria. Há um aspeto muito pessoal que me apraz aqui referir. Após o falecimento de minha mãe, a sua missa de sétimo dia foi surpreendentemente celebrada, sem que tal lhes fosse pedido, na igreja de São Lázaro, Braga, pelos senhores cónegos José Marques, Fernando Monteiro (que infelizmente também já nos deixou) e Carlos Nuno Vaz. Não sendo eu um homem de fé (mas a minha mãe era profundamente católica) tratou-se de um gesto de grande solidariedade e estima que a mim e meus irmãos tocou profundamente. Para além das suas qualidades como historiador, que todos reconhecem, e a sua vultuosa e qualificada bibliografia bem comprova, o que do Professor José Marques mais guardarei na memória e no coração será a sua amizade benevolente, a sua constante disponibilidade, a sua simplicidade, generosidade e afabilidade e, sobretudo, a sua tolerância.» Henrique Barreto Nunes (bibliotecário).

 

 

Ernesto Português: // «A notícia da morte do Cónego Doutor José Marques, que me chegou pela voz embargada do comum amigo Dr. Carlos Vaz, bateu-me à porta inesperadamente, deixando-me completamente bloqueado e incapaz de manifestar por escrito o que me ia na alma. A última edição deste jornal, bem em cima do acontecimento, em um notável trabalho jornalístico do seu diretor, reúne um conjunto de textos ditados pela amizade e dor profunda da perda, onde, em uma pluralidade de olhares e sentimentos, se exaltam os valores mais altos que ornaram o Homem, o Sacerdote, o Professor Universitário, e o Historiador que laboriosamente nos legou uma obra inigualável. Outras vozes e outros clamores se fizeram eco da vida e obra do Professor nos dias seguintes ao seu falecimento, nas páginas do Diário do Minho, onde não faltou o reconhecimento do país, através da mensagem do Senhor Presidente da República, depois de, no passado, esse mérito lhe ter sido já reconhecido pela Universidade do Porto (onde foi distinto Professor Catedrático), pelas cidades do Porto e Braga, pela Universidade do Minho, pelo Ministério da Cultura, e ainda, como não podia deixar de ser, pelo Município de Melgaço, a terra mãe que ele tanto amava. Depois de tudo isto, parece que nada mais haveria a dizer. Entendo, porém, que a grandeza do Cónego José Marques, nas suas mais diversas dimensões, está ainda muito para lá do que todos já disseram. Se ascultássemos cada um dos que com ele privaram, certamente que haveríamos de encontrar ainda muitas surpresas por desvendar. Dispensando-me de repetir o já dito e escrito, embora nunca seja de mais, não posso deixar de lhe manifestar a minha homenagem, não só pelo grande apreço que por ele tinha, mas também pela enorme dívida de gratidão que com ele contraí ao longo da vida. Há quem já lhe tenha assinalado a faceta muito peculiar da sua dedicação aos alunos e o facto de saber despertar neles o interesse pelo estudo da Idade Média e também, direi eu, pela investigação. Pois disso sou eu prova, como terei oportunidade de explicitar. Conheci o padre José Marques quando tinha 15 anos, na missa nova do padre João Porto Soares, e mais tarde como prefeito do Seminário de Teologia. Anos depois fui encontra-lo no curso de história da Faculdade de Letras da Universidade do Porto como professor de História Medieval de Portugal. Foi o princípio de uma nova era que deixou marcas profundas. E há gestos que jamais se esquecem. Quando, pela primeira vez, nos cruzamos nos corredores da Faculdade, logo me encaminhou para o seu gabinete, oferecendo-me, com dedicatória datada de 27/10/1976, uma separata da revista Bracara Augusta (1976), com o artigo intitulado “Subsídios para o estudo da Arquidiocese de Braga no século XV. Não esperava, naquela altura, um acolhimento daqueles. E só então percebi a grandeza do seu coração. Deixou-me completamente rendido. Terminada a licenciatura, agora em Braga, num encontro meramente casual, apresenta-me uma proposta de trabalho de investigação. Invertendo o seu percurso pedonal, conduziu-me ao Arquivo Distrital – onde se movimentava como em sua casa se encontrasse – e, sem mais, colocou-me nas mãos o volumoso manuscrito do Tombo da Comenda de São Tiago de Pias, de 1676, para eu o trabalhar. Razões de ordem pessoal obrigaram-me a uma interrupção forçada, mas passados 20 anos retomei o trabalho que foi a génese da Monografia de Pias, obra que ele próprio, por solicitação do padre Agostinho Caldas, apresentaria em sessão realizada em Monção, em 2008, na Casa do Curro. Mas antes disso, a meu pedido, havia já escrito o Prefácio para a Monografia de Cambeses e feito a respetiva apresentação, também em Monção. Posteriormente, nova solicitação para fazer a conferência inaugural das solenes comemorações do IV Centenário do Santuário da Senhora dos Milagres. E em 2011, depois de um prolongado encontro, onde com ele debati a estrutura da obra a editar sobre o Instituto Monsenhor Airosa, solicitei-lhe então um artigo introdutório sobre os conventos, a que prontamente anuiu. O texto “Os Conventos de Braga nos inícios do século XVII” integra a obra coletiva “Do Convento ao Instituto. Portas para a vida”, que coordenei e também escrevi. Nesta hora muito sofrida não posso esquecer o privilégio que foi o convívio com o Professor e os ensinamentos que dele recebi através da oferta de uma parte significativa dos seus trabalhos de investigação. Ao percorrer a minha base de dados deparei-me com um total de 41 publicações oferecidas com dedicatória. Mas fiquei a dever-lhe o apoio que sempre me dispensou em sua casa/biblioteca, em tantos e tantos momentos, sobretudo na leitura e interpretações de textos medievos que tive de trabalhar, e em prolongadas conversas sobre os seus mais diversos trabalhos de investigação e deambulações pelo mundo da cultura, razão pela qual me sinto eternamente grato. Como monçanense não posso esquecer nesta hora a presença amiga e o interesse que dedicou a Monção e às suas gentes. De facto, Monção muito lhe deve, ele que conhecia o seu passado histórico, talvez melhor do que ninguém. Além de ser local de passagem – de e para a sua casa de Lobiô, Rouças – muitas vezes aí se deslocou, expressamente, à Casa Museu de Monção/Universidade do Minho, para apresentar comunicações ou simplesmente participar em atos por ela promovidos. Era também uma presença assídua nas Jornadas Teotonianas, onde apresentou várias comunicações, e ainda em outras ocasiões que não poderemos olvidar. Da presença e interesse que o Professor José Marques dedicou a Monção contam-se os diversos estudos como prefácios e apresentação de livros, comunicações na Casa Museu de Monção (…) e nas Jornadas Teotonianas. Entre os estudos específicos contam-se: “A capela aberta de São Tiago de Barbeita”; “Dedicação da matriz de Monção”; “Segundo milénio cristão no Alto Minho”; “A Senhora dos Milagres de Cambeses no contexto mariano do século XVI”; “A capela de santa Vera Cruz de Mazedo”; “Padre Manuel António Bernardo Pintor: pastor e investigador da história local; Peste em Ceivães; São Teotónio e a cultura no século XII. São, ao todo, 14 trabalhos que estão, também, publicados e que muito enriquecem a historiografia monçanense. A minha presença em alguns atos mais significativos das homenagens que, em vida, lhe foram prestadas, foi a maneira de lhe manifestar a minha gratidão. Aqui e agora não poderei esquecer quatro momentos marcantes da sua carreira dos últimos tempos: os lançamentos do Cartulário do Mosteiro de Fiães e do Liber Fidei da Sé de Braga, a condecoração com a Medalha de Mérito Cultural do Ministério da Cultura, em 28/4/2017, e o lançamento da obra Alto Minho e Galiza – Estudos Históricos. Realço, a propósito, a significativa homenagem que a Casa Museu de Monção/Universidade do Minho lhe prestou, em 25/11/2017, no decorrer do Colóquio Internacional “Alto Minho nas origens e formação de Portugal”, com a publicação de Alto Minho e Galiza – Estudos Históricos. Trata-se de uma volumosa obra de 900 páginas, uma edição da Casa Museu de Monção/Universidade do Minho em parceria com o Município de Melgaço, onde estão compilados 40 estudos do Professor José Marques, dedicados ao Alto Minho, mas que estão longe de esgotar os trabalhos que publicou sobre estas nossas terras. É uma obra promovida pelo presidente da Casa Museu, Professor Doutor José Viriato Capela, onde se encontram 15 textos específicos sobre Melgaço e 4 sobre Monção. Esta obra, que muito querida lhe deve ter sido, abarca estudos muito abrangentes e que, como o título indica, debruça-se sobre as raízes ancestrais deste torrão minhoto e tenta mostrar os traços comuns e os laços umbilicais que unem o nosso Alto Minho à Galiza, que o poeta monçanense João Verde imortalizou: “vendo-os assim tão pertinho/a Galiza mail’o Minho/são como dois namorados/que o rio traz separados/quasi desde o nascimento”. O Cónego José Marques deixou marcas por onde passou e – também – nas instituições que serviu: na Igreja Bracarense e no Cabido Primacial de Braga, na Universidade do Porto, na Academia Portuguesa de História, e ainda nas mais diversas universidades onde lecionou e perante os mais diversos públicos a quem se dirigiu. Depois de tudo o que dele tem sido dito, para além do meu conhecimento pessoal, fico com a certeza de que a vida do Cónego José Marques foi um grande dom para a sociedade do seu tempo e a sua memória fica perpetuada na obra verdadeiramente referencial que deixou e à qual teremos de voltar sempre que queiramos enveredar pelas áreas em que ele foi Mestre. Mas fica também na memória de todos os seus alunos e discípulos que nele encontraram sempre palavras de incentivo e confiança e nele tiveram um guia seguro. A eterna gratidão de quem muito lhe deve.»

 

 

Padre Manuel Domingues. // «NOTA 2 – do bom amigo Cónego Doutor José Marques, recentemente falecido, guardo memórias que me prendem a ele em momentos bonitos da minha vida: a vida no Seminário de Braga; a minha ordenação presbiteral; o quarto dele no Seminário, onde guardei a pequena mala que levei aquando da minha mobilização para Angola e assim pude sair de casa mais discretamente sem despedidas; confidências em encontros; as celebrações em São Paio (o padre Esteves encarregava-se de prevenir) no aniversário do tio padre Marques; a pequena colaboração que prestei quando precisou de identificar topónimos nos documentos medievais; os telefonemas a perguntar e a dizer como ia a saúde, o último pouco antes do falecimento, lamentando que tinha suspendido a fisioterapia e não podia celebrar, etc. Tudo passa, o amor nunca acaba. Foi bom conhecer e conviver com o amigo Zé Marques!»

 

Alberto Pereira de Castro. «Muito se escreveu já, merecidamente, sobre esta grande figura melgacense, da Igreja e da Cultura portuguesa, de que todos nos orgulhamos. Falou-se do seu muito saber, da sua grande simplicidade, do seu interesse em auxiliar quem dele necessitasse. Eu próprio testemunhei, usufruindo do contacto muito próximo, muito do que foi dito. Múltiplas vezes nos encontramos: em conversas ocasionais, em encontros de convívio, normalmente culturais, e cheguei mesmo a fazer uma visita guiada em Valença a uma série de sacerdotes meus conterrâneos a que ele assistiu da forma mais simples e compreensiva. Em um opúsculo sobre outro sábio – o Cónego Professor Doutor Avelino de Jesus Costa, que ele havia de substituir na respetiva cátedra, conta que numa ida a Fátima iniciaram uma larga conversa depois de ambos rezarem o terço, o que revela o seu grande sentido de religiosidade e de piedade. Mas não era menos como Professor, amigo de ensinar e com um grande amor à verdade. // A sua extrema correção e gentileza deram azo a gestos magníficos e verdadeiramente tocantes: sabia falar (embora lhe fosse mais fácil escrever como por diversas vezes me confessou), mas ouvia sempre com muita atenção e nunca deixava de apontar erros sempre que os notava, posto que o fizesse sempre com extrema elegância, não isenta de firmeza se fosse caso disso. // Em pasta própria tenho diversas cartas da correspondência que com alguma regularidade trocávamos, algumas delas respondendo a interrogações que algumas vezes lhe punha, como foi por exemplo a razão de As Portas Afonsinas se chamarem de São Vicente, tendo até num nicho a imagem deste santo que depois passaria para as portas da Principal (Casa da Guarda, de onde partiam as sentinelas da Praça) e agora desconfio que se encontra entre os vários santos que se amontoam no sótão da igreja da Colegiada junto do velho órgão comprado em 1903. É junto a essa correspondência que vou encontrar dois artigos do Cónego Prof. José Marques publicados ambos, com diferença de um ano (2005/2006), na página “Cultura” do Diário do Minho: o 1º intitulado “São Teotónio não foi bispo” e o 2.º “Barcelos/Alvelos não teve mosteiro”. No 1.º caso, o que está em causa é a colocação de uma placa numa estátua de São Teotónio existente em Valença, na zona da Coroada, em frente da capela do Senhor do Bom Fim (antiga capela militar), que ele acabava de visitar, e na qual se diz, entre outras coisas, que “… foi bispo de Viseu” e foi também cruzado na Palestina, lutando contra os mouros! E comenta: “Em um texto tão pequeno – deixando de lado o pretenso gesto habitual de D. Fonso Henriques lhe pedir a bênção e beijar-lhe a mão de joelhos (si vera es fama) – aí estão dois graves erros históricos, que não honram São Teotónio, enganam os leitores – turistas ou não – que na grande maioria nem deles se apercebem, tornando-os candidamente como verdades, e desprestigiam o turismo cultural, de que tanto se fala”. São Teotónio também não foi cruzado nem andou lá a lutar contra os mouros. – E pergunta: “Como pode o autor desta publicação, destinada a um vastíssimo público, transformar São Teotónio de humilde e devoto peregrino em destemido cruzado, se ele realizou as duas mencionadas peregrinações, entre as duas primeiras cruzadas, mas em anos muito distantes de cada uma delas?!” E comenta: “o autor desta lamentável informação deveria saber que a 1.ª cruzada, digna deste nome (que recuperou os lugares santos), se iniciou em 1096 na sequência do papa Urbano II, feito no ano anterior em Clemond Ferrand, só vindo a ser conquistada a cidade de Jerusalém em 15/7/1099, e que a 2.ª se realizou de 1147 a 1149, tendo os seus efetivos, que passaram junto à costa portuguesa, sido estimulados e convencidos pelo arcebispo de Braga, D. João Peculiar, que no Porto lhes diriguiu a palavra, a ajudarem D. Afonso Henriques na projetada conquista de Lisboa, para lá seguindo a bordo com eles. O autor anónimo deste breve, mas desastroso texto, não leu a biografia de São Teotónio que se encontra no Portugalia Monumenta Historica Scriptores. Não era obrigado a saber latim mas, sem perder tempo com muita bibliografia, poderia socorrer-se de uma boa edição bilingue – latim/português – com tradução da Professora Doutora Maria Helena da Rocha Pereira”. E a placa referida acabou por ser retirada. Infelizmente erros destes ainda são vulgares, mesmo em Valença, cometidos tanto pela DGMN (caso da que se encontra à entrada da igreja de Santo Estêvão (construída em 1283 e que se diz ser românica, ou da “câmara frigorífica” da antiga praça de peixe de Valença que um arqueólogo diz ser do “açougue militar”. // O 2.º artigo tem a ver com a confusão gerada pelo antiquário Pinho Leal entre “Alvelos”, sita em Barcelos, com “Albeos”, povoação situada na Galiza, frente a Melgaço, onde existiu um convento de freiras – com uma igreja do século XIII – a igreja do convento de São Paio. // “A confusão de tão grave erro histórico está na confusão estabelecida na mente do informador de Pinho Leal entre a freguesia de São Lourenço de Alvelos – Barcelos – e a de São João de Albeos (Alvees), da diocese de Tui, situada na margem direita do rio Minho, em frente, em território português, ao compreendido entre a vila de Melgaço e as conhecidas termas do Peso numa extensão de 4 ou 5 quilómetros. A grafia que já a encontramos no século XIV, e certamente a respetiva fonética, foram transformadas pelo citado em “Alvelos”, tendo a falta de atenção aos oragos ajudado a situar em Barcelos a paróquia galega de Albeos, que sempre foi da diocese de Tui. Em São João de Albeos (Alvees) havia, aí sim, um mosteiro de religiosas, como se verifica pelo livro das Confirmações de Tui (1352-1356), conservado no Arquivo Distrital de Braga, Registo Geral, n.º 314. Segundo o qual (fl. 23) em 7/5/1352 o bispo de Tui Dom João confirmou, devoluto, Estêvão Fernandes, de Crescente (Crecente) como pároco desta freguesia, vaga pela transferência de Fernando Eanes para a freguesia de Santa Maria do Campo da vila e castelo de Melgaço (…) // Este mosteiro feminino, sito em São João de Albeos, diocese de Tui, é também referido no Cartulário de Fiães, manuscrito n.º 52 do Arquivo Distrital de Braga, a propósito da venda de uma propriedade, feita em 1242, isto é: vinte anos antes do documento acima referido – por Álvaro Martins e outros que neste momento não interessa especificar, ao mosteiro de Fiães, sabendo-se que estava situada na Galiza, entre a Minhoteira e “sul de Buiscos”. // Na sincronia dos elementos presentes na datação destes três documentos consta expressamente que em Portugal reinava D. Sancho II e que o prelado de Tui era o célebre bispo cronista, D. Lucas (…) // Recordo-me de que há anos fui lá acompanhado de um bom Amigo – curioso como eu de coisas antigas – por uma estrada horrível, quase toda em brita. Dentro da dita igreja havia várias capelas, estando uma delas vazia, que o cicerone dizia que ali estivera a imagem de uma N. S. da Conceição que os portugueses tinham trazido para Portugal. E era verdade… Essa capela estava sob a administração dos familiares do meu tio-avô Lopo Pereira de Castro que a herdara juntamente com a Casa em Alveos, Crescente, de sua bisavó materna. Trouxe a imagem (século XVIII) dentro de um feixe de palha para Portugal colocando-a na capela de Santo António. // Mas era assim o Cónego Professor Doutor José Marques, sempre atento às coisas da sua terra, especialmente, embora se interessasse por tudo quanto respeitava à Idade Média e à relação Minho/Galiza. E em nome da verdade histórica nada deixava passar em claro. Como, por exemplo, há bem pouco tempo, a propósito de um artigo que eu publicara em A Voz de Melgaço em que ele agradecia o destaque dado n’A Voz de Melgaço às minhas Confirmações de Tui 1352-1383, que também lhe terá faltado algum estímulo para ampliar o estudo sobre os Castros, família a que pertencia o bispo D. João de Castro, a quem devemos estas confirmações. “A publicação deste códice, sobre o qual fui trabalhando lentamente durante muitos anos, após o meu doutoramento defendido em 1982, poderá ser útil para a diocese de Tui, que o não conhecia, pois veio para Braga em 1514, quando o Entre Minho e Lima por proposta de D. Frei Henrique de Coimbra, bispo de Ceuta e primaz de África, foi integrado na arquidiocese de Braga, que lhe cedeu Olivença. Estas Confirmações permitirão conhecer diversos aspetos do episcopado de D. João de Castro que, inclusive, esteve na Orada em 1360 e 1363. // A minha estadia de mais de três meses e meio no hospital privado de Braga e, depois, na Casa Sacerdotal, não me permitiu acompanhar a distribuição do volume. Sei que pelo menos cem exemplares foram enviados para a diocese de Tui, que também contribuiu para a publicação da obra. Oxalá a saibam aproveitar. Digo isto porque não sei como as coisas correm em Tui, mas em Portugal – e até nas nossas dioceses de Braga e de Viana – a preparação em latim é muito pobre. O meu contributo aí fica. // Se me permite, peço licença para chamar a atenção para dois lapsos que encontrei. Em primeiro lugar observo que a peste de que se fala neste códice é quase catorze anos posterior à Peste Negra (outubro de 1348 – primeiros meses de 1349), pois é do segundo semestre de 1362. Depois anoto que o orago de Cristóval é São Martinho, como consta do n.º 108 das Confirmações (pp. 100-101). // (…) Caro amigo, Sr. Major, peço desculpa da chamada de atenção para estes dois pontos mas, quando possível, teremos de proceder às correções, às vezes em situações difíceis, como esta que vou referir. O artigo sobre a Peste de 1362, de que lhe envio um exemplar, apareceu no Boletim Cultural de Melgaço com erros nos nomes de duas freguesias de Arcos de Valdevez, de que dois amigos me advertiram… Como na região de Braga ninguém o conhecia, consegui reedita-lo, com as devidas correções, na Bracara Augusta. Na sessão de apresentação da Revista, o Sr. Diretor também se referiu ao artigo, dizendo repetidas vezes Peste Negra. Eu estava presente e, como imagina, não queria passar por “quem cala, consente”. Com a devida prudência, no momento próprio, chamei a atenção, publicamente, para o lapsus linguae e tudo ficou resolvido com o Sr. Diretor e com a assistência. Renovo o meu pedido de desculpa, mas nós andamos todos à procura da verdade”. // Como lhe expliquei, eu tocara de ouvido sem pensar muito na questão das datas em que fora induzido em erro, o que reconheci de imediato. Ele estava coberto de razão. Vai, sem dúvida, fazer-nos muita falta. Vou sentir a falta dos seus livros e das suas separatas, das questões que vez por outra me colocava. Deixou-nos, por outro lado, um património tão grande e tão completo, e tão ilustre, que alguém algum dia conseguirá, sequer, igualar.” // NOTA: A herança viera pelo casamento de Matias de Sousa e Castro e Menezes Sarmento na capela de Santo António em 20/01/1765 com D. Maria Sebastiana de Paços Balhesteras, filha de D. Rodrigo de Paços Balhesteras Sarmento e de sua mulher D. Francisca de Puga Quinhones e Araújo, ele do bispado de Tui e ele do de Ourense. Pela parte paterna era neta de D. Rodrigo Paços Balhesteras Sarmento e de D. Maria Gil Costa, da Fraga em Alveos junto a Crecente, na província galega de Pontevedra e, pela parte materna, era neta de D. Agostinho de Puga Quinhones de Araújo e mulher, D. Antónia Parada, galegos também, mas naturais da freguesia de S. Clódio, a meio caminho entre Ribadávia e Carvalhinho, no largo alfoz de Ourense (Augusto César Esteves, “O Meu Livro das Gerações Melgacenses”). Na vila de Melgaço vivia D. Matias da Silva Fajardo, casado com D. Catarina Maria de Puga, tia materna de D. Sebastiana, a quem em testamento público feito em 3/02/1778 instituiu universal herdeira dos bens sitos na Galiza, ficando herdeiro, com tudo, o sobrinho António, ou qualquer outro irmão que viesse a possuir o morgadio de Galvão. E assim vieram os bens parar às mãos de meu tio-avô, passadas tantas gerações, que (o qual) acabou por morrer pobre, socorrido pelo irmão, o meu avô Alberto.»    

Manuel Inácio Rocha. // «Foi com grande surpresa e profunda amargura que recebi a triste notícia da morte do meu querido amigo e antigo professor universitário, padre José Marques. Conhecia-o desde os tempos em que foi prefeito no Seminário, há muitos anos, mas foi com redobrada alegria que o recebi como meu mestre e professor na Faculdade de Letras da Universidade do Porto quando, na década de setenta, aí frequentei o curso de História de Portugal Medieval e, anos mais tarde, no curso de Mestrado em História Moderna na mesma Faculdade, como professor de Paleografia e Diplomática. Nos dois anos que com ele convivi como seu aluno, além de afirmarmos a nossa amizade, tive a oportunidade de reconhecer e disfrutar da sua enorme competência pedagógica e científica, sendo admirável a sua amabilidade e convívio que partilhava com os alunos e colegas docentes, com quem mantinha um fino trato e amizade, o que faziam dele uma agradável e exemplar presença da Igreja no meio estudantil universitário, ainda marcado pelas radicais transformações pós vinte e cinco de abril de 1974. // Sobre a sua vasta obra de investigador, professor universitário e historiador, cujas publicações muito enriquecem o património cultural da igreja bracarense e do Alto Minho, em Portugal e na Galiza, já muitos outros testemunhos foram registados neste jornal A Voz de Melgaço, por pessoas mais credenciadas do que eu e que muito admiro. No campo das publicações, porém, seja-me lícito referir um pequeno estudo que o Professor Doutor José Marques publicou na Revista da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, cuja separata in memoriam teve a amabilidade de me oferecer com dedicatória em 23/10/2001. Trata-se, como ele me confidenciou, de uma colaboração feita para a Revista da Universidade dedicada à memória do grande amigo e seu colega Professor Doutor Carlos Alberto Ferreira de Almeida, muito admirado professor da mesma Universidade, tragicamente falecido numa viagem ao Canadá. O título do trabalho a que me refiro é: “A Vila Rústica de Deão em 1284”, que o Professor José Marques estudou e publicou ao longo de doze páginas da referida revista, e que muito me estimulou para o desenvolvimento da história medieval da minha terra natal, a publicar na respetiva Monografia. Pelo muito que me ensinou, e amizade que me dedicou, aqui fica o meu reconhecimento e a minha singela, mas sentida Homenagem.»          

 

MARQUES, José António. // Nasceu por volta de 1954. // Morreu no lugar de Aldeia, Rouças, a --/--/2022, com 68 anos de idade (A Voz de Melgaço de 1/2/2022).

 

MARQUES, José Augusto. Filho de Teresa de Jesus Marques. Nasceu na freguesia de Rouças a --/--/1920 (Jornal de Melgaço n.º 1300, de 8/8/1920).

 

MARQUES, José Manuel. // Nasceu em Rouças a --/--/19--. // Casou com Ilda Augusta dos Santos, natural da freguesia de Moreira de Rei, concelho de Trancoso (consultar “A Voz de Melgaço” de 1 de Outubro de 2022). // Residiu nas Carvalhiças, SMP.

 

MARQUES, Luís. Filho de Manuel Caetano Marques, lavrador, natural de São Paio, e de Ana Fernandes, lavradeira, natural de Rouças, moradores no lugar de Lobiô. Neto paterno de Manuel José Marques e de Maria José Marques; neto materno de Manuel António Fernandes e de Teresa Maria Meleiro. Nasceu em Rouças a 21/6/1905 e no dia seguinte foi batizado na igreja. Padrinhos: Manuel Fernandes, solteiro, camponês, e Ana Rosa Esteves, viúva, camponesa, ambos do lugar da Igreja. // Morreu em Lobiô a 21/8/1905.   

 

MARQUES, Manuel. Filho de José Marques e de Maria Rosa de Carvalho, lavradores, residentes no lugar dos Carvalhos. Neto paterno de Caetano Maria Marques e de Ludovina Esteves; neto materno de Joaquim de Carvalho e de Clara Fernandes. Nasceu em Rouças a 5/3/1908 e foi batizado na igreja a 8 desse mesmo mês e ano. Padrinhos: Manuel Fernandes e sua mulher, Maria Cortes, rurais, do lugar da Carreira, Rouças. // Casou na CRCM a 27/3/1933 com Maria Joaquina Pinheiro, de 37 anos de idade, natural de São Paio, viúva de José Caetano Fernandes, e filha de Maria Teresa Pinheiro. // Morreu na sua freguesia natal a 21/6/1965. // Com geração.

 

MARQUES, Manuel. Filho de Manuel Caetano Marques, lavrador, natural de São Paio, e de Ana Fernandes, lavradeira, natural de Rouças, moradores no lugar de Lobiô. Neto paterno de Manuel José Marques e de Maria José Marques; neto materno de Manuel António Fernandes e de Teresa Maria Meleiro. Nasceu em Rouças a 6/6/1908 e foi batizado na igreja a 13 desse mês e ano. Padrinhos: Manuel José Gonçalves e sua mulher, Ana Rosa Domingues, rurais, do dito lugar de Lobiô. // Morreu a 16/10/1910.   

 

MARQUES, Manuel António. Filho de José Joaquim Marques, natural de Fiães, e de Maria Lourenço, natural de Rouças, residentes em Lobiô. N.p. de Manuel Marques e de Rosa Afonso, de Fiães; n.m. de António Joaquim Lourenço e de Maria Rita Domingues, de Rouças, todos lavradores. Nasceu a 29/10/1898 e foi batizado na igreja de Rouças a 1 de Novembro desse ano. Padrinhos: os seus avós maternos. // Casou a 3/5/1934 com Isalmira de Jesus, de 21 anos de idade, filha de Manuel José Meleiro e de Angelina Vaz, de Rouças. // Trabalhou como soqueiro em Espanha (*); em 1935 tornou-se regente escolar, e devia ser um bom mestre, pois em 1938 prestaram provas de passagem de classe os seus alunos do sexo masculino e foram todos aprovados (NM 399, de 5/6/1938); mais tarde – talvez cansado de lecionar, ou porque o ordenado fosse pequeno – ingressou na guarda-florestal. // Faleceu na freguesia de São Vicente, Braga, a 4/11/1988, em casa da filha Teresa da Piedade. Está sepultado no cemitério de Monte d’Arcos, Braga, na capela-jazigo n.º 4, secção 20. // A sua viúva finou-se na dita casa a 16/12/1994, com 82 anos de idade, e foi sepultada no dito jazigo no dia seguinte. O funeral teve dezenas de sacerdotes, tendo sido presidido pelo arcebispo D. Eurico. // É pai também do cónego Professor Doutor José Marques e de uma criança que morreu. /// (*) Acerca dessa profissão, lê-se no Notícias de Melgaço n.º 278, de 21/7/1935: «O nosso estimado e esclarecido correspondente em Fiães, senhor padre João Nepomuceno Vaz, na sua correspondência desta semana faz várias considerações sobre uma notícia publicada neste semanário, pela nomeação do senhor Manuel António Marques, tamanqueiro, para regente do posto de ensino de Lobiô, Rouças. Ao escrevermos aquela notícia não tivemos intenção de melindrar o senhor Marques, com quem mantemos as melhores relações de amizade. Sabemos que o senhor Manuel Marques é um tamanqueiro em Espanha, mas não lhe negamos as suas habilitações e a competência que pode ter para bem desempenhar o cargo de regente dum posto de ensino. (…) Como vê, senhor padre João, o amigo Manuel Marques andou com sorte… ou teve lâmpada acesa… em Meca.» O que dera azo a esta resposta fora a prosa do correspondente. Ei-la: «Lemos no Notícias de Melgaço ter sido nomeado regente do posto de ensino de Lobiô o senhor Manuel António Marques, tamanqueiro. Não sabemos a intenção do que tal notícia deu. Manuel António Marques não se despreza com ser tamanqueiro. Ganhou mais dinheiro nesse ofício, pois custeou as despesas de seu irmão padre José Marques, do que ganhará como regente do posto de ensino em Lobiô. É muito competente para desempenhar o lugar de regente. Afirma-o quem o começou a ensinar a ler, e quem sabe a sua cultura literária bastante mais que suficiente para ensinar a ler, escrever e contar» (NM 278, de 21/7/1935).     

 

MARQUES, Manuel Joaquim. Filho de -------- Marques e de ----------------------. Nasceu por volta de 1863. // Faleceu em Lobiô, Rouças, a --/--/1913, com 50 anos de idade (Correio de Melgaço n.º 56, de 6/7/1913).

   

MARQUES, Manuel José. Filho de Manuel Marques e de Maria Teresa Pinheiro. Nasceu em Rouças a --/--/1934 (NM 238, de 8/7/1934).

 

MARQUES, Maria. Filha de António Marques e de Maria Joana da Costa. Nasceu em Rouças por volta de 1836. // Camponesa. // Faleceu a 2/2/1896, no lugar dos Carvalhos, apenas com os sacramentos da penitência e da extrema-unção, com 60 anos de idade, no estado de solteira, sem testamento, sem filhos, e foi sepultada no cemitério da freguesia.

 

MARQUES, Maria. Filha de Caetano Maria Marques e de Ludovina Rosa Esteves, moradores no lugar de Carvalhos. N.p. de António Marques e de Maria Joana da Costa; n.m. de Jeróniomo Esteves e de Rosa Esteves, todos rurais. Nasceu a 22/7/1873 e foi batizada a 25 desse mês e ano. Padrinhos: José António Esteves, solteiro, lavrador, e Maria Durães, casada, lavradeira, roucenses. // Faleceu em Rouças a 19/11/1953. 

 

MARQUES, Maria. Filha de Emília Marques. Nasceu em Rouças a --/--/1913 (Correio de Melgaço n.º 59, de 27/7/1913). 

 

MARQUES, Maria Rosa. Filha de Rosa Marques. Nasceu em Rouças a --/--/1930 (Notícias de Melgaço n.º 65, de 15/6/1930).

 

MARQUES, Marinha. Filha de José Joaquim Marques, natural de Fiães, e de Maria Lourenço, natural de Rouças, lavradores, residentes em Lobiô. Neta paterna de Manuel Marques e de Rosa Afonso, rurais; neta materna de António Joaquim Lourenço e de Maria Rita Domingues, rurais. Nasceu em Rouças a 5/1/1901 e foi batizada na igreja a 9 desse mês e ano. Padrinhos: os seus avós maternos. // Irmã do padre José Marques e tia do cónego Dr. José Marques. // Casou na igreja de Cubalhão a 21/3/1956 com José Bento Domingues, nascido naquela freguesia em 1909. // O seu marido morreu na freguesia de São Paio a 4/11/1978. // Ela faleceu também em São Paio a 10/2/1993, com 92 anos de idade.

 

MARQUES, Matilde. Filha de Caetano Maria Marques e de Ludovina Esteves, moradores no lugar de Carvalhos. N.p. de António Marques e de Maria Joana da Costa; n.m. de Jerónimo Esteves e de Rosa Esteves, todos lavradores. Nasceu a 14/8/1884 e foi batizada a 20 desse mês e ano. Padrinhos: António Ferreira e mulher, Maria do Carmo, moradores na Vila. // Em 1913 morava em Carvalhos, Rouças; nesse ano a Câmara Municipal concedeu-lhe subsídio de lactação pelo período de seis meses (Correio de Melgaço n.º 64, de 31/8/1913). // Em 1914 voltou a receber o dito subsídio por mais quatro meses (Correio de Melgaço n.º 90, de 8/3/1914). // Faleceu na sua freguesia natal a 13/3/1953. // Com geração.  

 

MARQUES, Nuno Miguel. Filho de José António Marques e de Maria Helena Esteves Fernandes. Nasceu no lugar de Aldeia, Rouças, a --/--/198-. // Caiu ao rio Minho a 23/3/1997, domingo, quando passeava com uma amiga na Costa de Remoães – as águas subiram, devido à barragem, e eles não se aperceberam! Tinha apenas dezasseis anos de idade. O seu corpo seria encontrado dias depois pelos mergulhadores das Corporações dos bombeiros voluntários de Viana, Caminha e Âncora, com a colaboração dos BVM. A moça salvou-se, porque entretanto se tinha deslocado para um sítio mais elevado. // (ver VM 1070, de 15/4/1997).  

 

MARQUES, Pero. // Morou em Cavaleiros, Rouças. // Em 1608 era vereador mais velho e juiz pela ordenação. // (OJM, de ACE, p. 115). 

 

MARQUES, Preciosa da Luz. Filha de -------- Marques e de -----------------------. Nasceu a --/--/18--. // Casou a 4/7/1915 com Manuel Augusto (Correio de Melgaço n.º 156, de 11/7/1915, e Correio de Melgaço n.º 157, de 18/7/1915).

 

MARQUES, Rosa. Filha de José Joaquim Marques, natural de Fiães, e de Maria Lourenço, natural de Rouças, lavradores, residentes em Lobiô, Rouças. Neta paterna de Manuel Marques e de Rosa Afonso, lavradores, de Fiães; neta materna de António Joaquim Lourenço e de Maria Rita Domingues, lavradores, de Rouças. Nasceu em Rouças a 9/11/1896 e foi batizada na igreja desta freguesia a 11 desse mês e ano. Padrinhos: os seus avós maternos. // Faleceu em São Vicente, Braga, a 9/1/1987. 

 

MARQUES, Rosa. Filha de Emília Marques, solteira, jornaleira, do lugar de Carvalhos, Rouças. Neta materna de Caetano Maria Marques e de Ludovina Esteves. Nasceu a 6/8/1899 e foi batizada a 10 desse mês e ano. Padrinhos: José Marques e Maria Marques, solteiros, tios da batizanda. // Faleceu na sua freguesia natal a 8/12/1968.

 

MARQUES, Rufina Cândida. Filha de -------- Marques e de ------------------------. Nasceu em -----------------, a --/--/19--. // Faleceu em Rouças a --/--/1998 (VM 1088). 

 

MARQUES, Sara. Filha de Rosa Marques. Nasceu em Rouças a --/--/1932 (Notícias de Melgaço n.º 141, de 28/2/1932). // Faleceu no lugar de Carvalhos a --/--/1933, com apenas um ano de idade (NM 197, de 11/6/1933).

 

MARQUES, Secundina. Filha de António Marques e de Maria Joana (ou Maria Joaquina) da Costa, lavradores, roucenses. Nasceu no lugar de Carvalhos a 18/12/1836. // Camponesa. // Casou na igreja da sua terra a 10/1/1881, com António Joaquim Vaz, natural da freguesia de São Paio, lavrador, viúvo de Maria Rosa Gonçalves. // Faleceu a 3/3/1905, no lugar dos Carvalhos, com todos os sacramentos, no estado de casada, sem testamento, sem filhos, e foi sepultada no cemitério da freguesia.     

 

MARQUES, Teresa de Jesus. // Nasceu por volta de 1841. // Faleceu no lugar dos Carvalhos, Rouças, a --/--/1931, com noventa anos de idade (NM 95, de 25/1/1931).

 

MARQUES, Teresa da Piedade. Filha de Manuel António Marques e de Isalmira de Jesus Meleiro. Neta paterna de José Joaquim Marques e de Maria Lourenço; neta materna de Manuel José Meleiro e de Angelina Vaz. Nasceu em Lobiô, Rouças, a 15/10/1934. // Ainda nova, foi residir com seu tio padre José Marques na casa paroquial de Cubalhão. // Ali conheceu o namorado, António de Jesus Rodrigues, com quem casou a 27/12/1952. // O seu marido morreu em França de acidente de trabalho, a 19/8/1955. Tinham uma filha, nascida em Cubalhão (confirmar), casada com o Dr. Martins Alves, do Barral, Paderne. // No estado de viúva namorou (casaram na Espanha, segundo consta) com um polícia, Manuel Joaquim Fernandes, do lugar de Lourenços, São Paio, de quem teve três filhos: dois rapazes e uma rapariga, nascidos depois de 1960. // Em 2011 morava na Rua António Marinho, 13-5.º Direito – São Vicente – Braga.

// continua...