sábado, 6 de janeiro de 2018

OS NOVOS LUSÍADAS
(tentativa de continuação de Os Lusíadas de Camões)
 
Por Joaquim A. Rocha







Prólogo
(continuação)

15

Que achais que o mundo de nós espera?

Apenas o que nós esperamos do mundo:

Em paz, e em progresso, sem fome fera

Ir caminhando – longo passo fundo;

Criando a Fase de Ouro, a nossa Era,

Deixando pra trás tudo que é imundo;

Negando a fabulosa identidade,

Pois o tempo já é, e também a idade. 

 
16


E eu, sem oráculo ou profeta ser,

Prevejo que o dia luso vai chegar;

As trevas vão na luz esmorecer,

As ciências da vida despontar;

Vampiros na noite vão perecer,

Os déspotas atirar-se-ão ao mar.

As iras e paixões serão banidas

Pra que os homens tenham melhores vidas.

 
17

 
Não se apague em nós a má memória

Dos reis guerreiros, pequenos Cipiões,

Uns buscando a terra e outros glória,

Afonsos, Sanchos, Pedros, Sebastiões.

Penetrando na senda assaz ilusória

De um mundo vazio, já sem sensações;

Dando à terra as costas, o mar olhando,

Miríade de frágeis naus o mar sulcando.

18

 
Não se esqueçam os Filipes espanhóis,

Que esta terra livre tornaram sua.

Vã presença, ruins recordações,

Tempo onde a dor pátria flutua;

Sonhos de liberdade, aspirações,

Horas em que o medroso não recua.

Fogo que arde no nobre templo erguido

Em honra de um país nunca esquecido.

 
19

 
É Camões que morre, é Portugal,

Sonho de alta glória que se esvai;

E do bem que havia surge o mal,

Das feridas abertas o sangue sai.

 A língua mãe cobre-se com cal,

E a vil desonra sobre ela cai;

Das entranhas do ser o medo nasce,

Pede-se a Zeus que o rebanho pasce.

 
     20

 
É a alma portuguesa que perece,

O esplendor das descobertas se apaga;

O mundo todo de nós já se esquece,

Não há mais para nós a nobre saga;

Os passados feitos já não merece,

A nobre prosa que a ação sagra.

E pra que dos vis não reze a História,

Farei dos traidores a suja escória.


// Continua...

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