segunda-feira, 19 de junho de 2017

POEMAS DO VENTO
 
Por Joaquim A. Rocha





Um poeta é um criador de reinos

imaginários, sem originalidade.

O poema é a sua casa.

Através das janelas do poema

ele avista o mundo – não o seu!

E o que vê não lhe agrada.

A sua matéria-prima são os

impulsos primários e prima

pela ausência da vontade imposta.

O reino que cria, verdadeira terra

de ninguém, embora povoada,

serve-lhe de abrigo e de desculpa.

O poeta é sempre um ser culpado!

Não o reconhecer – é doloroso.

E bate com as palavras contra as

paredes graníticas do silêncio

absoluto – esmaga-as sem piedade!

Depois chora, ri e pragueja – pieguice!

Não, o mundo não é bem o seu lugar:

o poema… sim.

O poeta tem a noção da sua timidez,

da sua falta de jeito para o quotidiano.

Ele é um fugitivo, nunca um perseguido!

 

 
14/6/1982

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