sexta-feira, 2 de junho de 2017

DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO DE MELGAÇO
 
Por Joaquim A. Rocha




25.ª - «Senhor Redactor: não cessa a indignação produzida pelos atentados repetidos, feitos pela Guarda Fiscal deste posto e dos circunvizinhos, contra o povo – respectivamente nas festas de São Bento e Santa Isabel. Nós, que já dissemos da nossa, por mal contida, só, por esta vez nos limitamos, a fim de, pelos seus superiores, lhes serem apuradas responsabilidades, a indicar-lhes o seguinte caminho: - para onde estavam escalonados em serviço os … soldados naqueles dias? Talvez, assim, já o chefe desta secção, já os sindicantes (pois uma sindicância urge e é infalível) conhecerão bem, talvez, a duplicidade dos crimes. – Falta de cumprimento ao dever e o resto de que já tratamos. Note-se: há muitos guardas casados em Castro Laboreiro e muitos descendentes destes que ombreiam connosco nesta campanha, que não é de perseguição, pois teríamos a menos ser perseguidor de alguém, mas só de moralidade. Nem um átomo, nos arredamos da verdade; e citaremos nomes, para evidenciar o que afirmamos. – Ousemos lembrar às autoridades que superintendem na escola, a necessidade absoluta de, durante o período de férias, olharem por tudo o que lhes respeita: mobília, utensílios escolares, material de ensino… E que não esqueçam a criação de mais, porque este povo definha por instrução, e tem direito a que lhe sejam fornecidos os meios de adquiri-la. // Que belo é agora isto! Contemplar duma elevação a vida castreja neste tempo… Ao desaparecimento do loiro das searas, que a foicinha já ceifou, sucede o amarelo claro dos tojais que emolduram os cumes das montanhas, como as seves das azinhagas, como os prados dos vales. Tudo trabalha, desde os alcantis das serranias, onde se destacam as camisas brancas dos lenhadores, até aos recôncavos dos vales, onde se nos mostram os dois sexos em contínuo e comum labutar. Porque, convençam-se os poucos que nos lêem, que o castrejo é trabalhador e ordeiro, como é cioso dos seus direitos. // Para férias retirou-se o nosso considerado amigo Matias Sousa Lobato, digno professor oficial. Cremos que fosse buscar alívio para um grave ataque artrítico que há muito o aflige… // Lemos com satisfação que, em diversas freguesias ribeirinhas, se deu, agora, pelo contrabando de milho para a Espanha. Ainda bem que, conquanto tarde, as nossas afirmações… Quem vem, não tarda. / Castro Laboreiro, 4/8/1916.»      

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