sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

POEMAS DO VENTO
 
Por Joaquim A. Rocha
 
 
 
POMBA

 

 

Encontrei na minha rua

Uma pomba muita mansa;

Era mais bela que a lua,

Usava o cabelo em trança.

 

Trepou para o meu cachaço,

Beijou-me o pescoço todo;

Chamou-me belo e madraço,

Sujou-me todo de lodo.

 

Apaixonou-se por mim,

Mostrou-me a todos em público;

Chamou-me anjo, serafim,

Julgando que eu era abúlico.

 

«Ouça lá, sua maluca,

Veja se tem algum juízo;

Você é pomba, não cuca,

Vá dar a outro seu riso 

 

A pobre pomba chorou,

Sentiu-se só, desprezada;

Mas ninguém a abandonou,

Nem era presa caçada.

 

«Siga mas é seu destino,

Deixe-me em paz e sossego,

Procure outro bambino,

Um com cara de patego

 

Afinal era princesa,

A pombinha bela e mansa;

Fora a feiticeira Reza

Que a embruxara em França.

Sem comentários:

Enviar um comentário