sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO DE MELGAÇO
 
Por Joaquim A. Rocha






CASA DA CULTURA

 
  A obra foi adjudicada pela Câmara Municipal de Melgaço, em 1993, à empresa «Empreiteiros Casais», de Braga, por 170 mil contos (verba suportada, creio, pelo Programa Operacional Para o Alto Minho – PROAM). Seria inaugurada a 10/6/1995. O edifício é o mesmo, restaurado, da ex-cadeia comarcã, perto da Escola Secundária. Tem Biblioteca, Cinema, Auditório… e ali se fazem exposições de pintura, fotografia, etc., tem salas de estudo e de reuniões, exibem-se filmes e peças de teatro. No dia da inauguração ali expôs o pintor monçanense Puskas, com motivos de Melgaço. // Nesse ano de 1995 já os vereadores do PSD escreviam: «… destacam-se os dois papões do orçamento municipal – a Casa da Cultura e as Piscinas Municipais.» E a seguir: «… cultura não são edifícios megalómanos que se apresentam às populações como fachadas que tentam suprir uma inépcia apavorante no sector» (ver VM 1022, de 1/2/1995; 1032, de 1/7/1995; 1033, de 15/7/1995). // Óscar Marinho (Nino), independente, escreveu: «Mercê da competência, zelo e dedicação da Directora da Casa da Cultura, Dr.ª Teresa Matos, esta tem-nos presenteado com uma série de exposições, saraus e concertos de bom nível» (VM 1202, de 15/4/2003). // Todos os anos apresenta eventos de grande interesse. // Em Junho de 1998 aqui estiveram a escritora Matilde Rosa Araújo e o político, artista e escritor, Dr. Álvaro Cunhal, antigo Secretário-Geral do Partido Comunista, que dissertou sobre a criação artística. // Melgaço merecia e precisava desta Casa. // Em 2000 punha-se em causa o seu papel, pois os filmes que passava eram indignos duma verdadeira Casa da Cultura, segundo o articulista. E perguntava-se: «… se há no 1.º andar espaços reservados para os estudantes, porque estudam alguns na biblioteca?» (VM 1135, de 1/4/2000). Mais uma crítica: «Uma Casa da Cultura, com palco para representações e reuniões diversas, só com um microfone é muitíssimo pouco.» (C.A. - VM 1138, de 15/5/2000). Ainda no mesmo ano uma notícia interessante: «A Casa da Cultura de Melgaço acolhe, no ano da comemoração dos 500 anos da descoberta do Brasil, diversas actividades, entre as quais duas exposições A Construção Territorial do Brasil e uma amostra bibliográfica sobre o Brasil, e ainda a peça teatral “Para Além da Terra”» (VM 1139, de 1/6/2000). // Entre 7 e 11/5/2001 decorreu ali um Curso Breve de História de Portugal, organizado pela Câmara Municipal de Melgaço e com apoio da Gulbenkian. A responsável pelo mesmo foi a Professora Doutora Paula Pinto Costa. // Escreveu Manuel Igrejas, emigrante no Brasil: «A Casa da Cultura foi outro destaque melgacense que tivemos o prazer de visitar. Mais aplausos à administração municipal pelo magnífico aproveitamento da antiga cadeia… Achamos que os habitantes de Melgaço ainda não se deram conta das regalias que lhes são destinadas. Fraca, quase nula, a frequência a este espaço cultural. Biblioteca, Salão de Exposições e demais sectores, inclusive o requintado bar, com pouca utilidade» (VM 1175, de 1/2/2002). // Nos dias 9 e 10/11/2004 decorreu, na Biblioteca da Casa da Cultura, ministrado pelo Dr. Jorge Morais Barbosa, um Curso de “Produção Literária em Língua Portuguesa” (VM 1235, de 1/11/2004). // Em 2006 esteve aqui o Professor Doutor Daniel Sampaio, onde falou das suas leituras. // A Casa da Cultura, quanto a mim, devia situar-se na Praça da República, ou ali perto. É certo que a cadeia encerrou e aquele edifício devia ser aproveitado. No entanto, a distância – embora não seja grande – afasta algumas pessoas, habituadas a permanecerem no centro da vila. O argumento forte é existirem ali perto do local as escolas públicas. Não sei se isso será motivo suficiente para justicar a permanência da Casa da Cultura nessa zona quase despovoada e sem tradições histórico-culturais. A pessoa, ou pessoas, que tiveram a ideia, não se debruçaram com certeza sobre a localização, devem ter pensado que em nossos dias o automóvel tudo resolve. Não é bem assim: o carro leva-nos depressa a qualquer lado, mas os espaços públicos têm de se situar em zonas urbanas, com história, e não em zonas rurais, como é o caso. A cultura é o alimento do espírito, e tem de estar perto, bem perto, daqueles que dela necessitam.             

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