quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO DE MELGAÇO
 
Por Joaquim A. Rocha







CINE PELICANO

 

 Sito na vila de Melgaço, na zona histórica. Hilário Alves Gonçalves (1898-1985), natural de Monção, comerciante em Melgaço, comprou o edifício em ruínas e reconstruiu-o, acrescentando-lhe um piso. Foi inaugurado na década de trinta do século XX. Em 1936 já ali houve bailes de carnaval; chamava-se nessa altura «Salão Pelicano». // No dia 10 de Outubro de 1937, domingo, «Os vinte amigos de Monção», grupo de amadores, exibiram ali alguns dos seus números de revista ligeira. Alguém escreveu no Notícias de Melgaço n.º 372, de 17/10/1937: «Não devemos esquecer o talento do (…) Vasco da Graça Almeida e do seu colega Gualdino, que souberam corresponder com bastante agrado às exigências do público.» // O Cine Pelicano, propriamente dito, foi inaugurado a 11/4/1948. // Na década de sessenta do século XX, com a ida de parte da população para o estrangeiro, e a chegada também da televisão, o cinema perdeu imensos clientes, o que levou ao seu encerramento. Em 1993 o edifício estava à venda; foi adquirido pelo fundador do Museu de Cinema de Melgaço, o francês Jean Loup Passek, e ofereceu-o ao dito Museu. Aguarda obras. // Todos os melgacenses nascidos na primeira metade do século XX foram, pelo menos uma vez, ao Cine Pelicano ver um filme, uma peça de teatro, assistir a um baile de carnaval. A música para os bailes, era da inteira responsabilidade - geralmente - dos irmãos Gonçalves Pereira (Gorro, Toneca, etc.), nascidos na freguesia de Prado, e seus filhos, todos eles excelentes artistas. Nos intervalos havia caldo verde, bebidas, não frescas, pois nessa altura ainda não havia frigoríficos em Melgaço! // A categoria dos filmes variava: por vezes viam-se bons filmes, outras vezes eram medíocres. Os filmes cómicos - Cantinflas, Charlot, Fernandel, Vasco Santana, António Silva, etc., faziam rir a gente até às lágrimas. Os dramas: Romeu e Julieta, Amor de Perdição, etc., faziam-nos chorar. Havia também o Joselito, a Marisol, entre outros, que nos encantavam com as suas maravilhosas vozes. // O teatro era prata da casa; o Vasco da Central escrevia as peças, arranjava uns quantos rapazes e raparigas do concelho, talentosos, ensaiava, e eis que surgia a obra! Algumas das peças chegaram a ser representadas noutros concelhos! // Pode ser que com o edifício recuperado o Cine Pelicano volte a ter o brilho de outrora. Quem sabe?      




 

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