quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO DE MELGAÇO
 
Por Joaquim A. Rocha






ROUBOS


(1936) - Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 325, de 20/9/1936: «Há pouco tempo apareceu em Melgaço um indivíduo desconhecido que dava pelo nome de António e consertava relógios ao ar livre no Largo da Calçada. Um dia destes o tal indivíduo desapareceu desta vila levando todos os relógios que (…) lhe haviam confiado para consertar, pertencentes aos senhores António Joaquim Esteves, António Augusto Pires, Manuel da Garage, José Cerdeira, Manuel Pereira, Manuel Gonçalves, e a uma criada da antiga Pensão Vila Verde. O mesmo gatuno roubou uma toalha de felpo a Higina Cerdeira, em casa de quem esteve hospedado e a quem ficou a dever quarenta e cinco escudos de hospedagem. Este indivíduo, um dia antes de fugir, despachou na Central desta vila, com destino a Viana, uma mala com diversos objetos. Ignora-se o seu paradeiro 

 

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(1936) - Na noite de 8 para 9/10/1936, noite de tempestade, os gatunos penetraram pelo telhado e entraram na casa de habitação de Cândido Augusto Esteves, comerciante, com estabelecimento no lugar do Cruzeiro da Serra, Prado, descendo à loja, de onde roubaram chapéus, lenços, peúgas e ligas, tabaco, fósforos, papéis de fumar, queijo, marmelada, chouriços, bacalhau, e dinheiro que ali restava para trocos; calculou-se o valor do roubo em 600$00 (Notícias de Melgaço n.º 328).    

 

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(1936) - PRIETO, Raimundo (Padre). Filho de Francisco Prieto (Pereira Lamela) e de Maria Joana Lamosa, naturais de São Bartolomeu de Lamosa, Galiza. Neto paterno de José Prieto e de Benita Lamela; neto materno de José Pedro Lamosa e de Maria Rosa Davila. Nasceu no lugar da Peneda, freguesia da Gavieira, Arcos de Valdevez, às três horas da manhã de 9/8/1878 (*). Padrinhos: Romão Salgado, lavrador, e Maria Campela. // Em 1899 os seus pais, mais os irmãos, já residiam na freguesia de Cousso, concelho de Melgaço. // Depois da instrução primária ingressou no Seminário de Braga, ordenando-se sacerdote em 1901. // Paroquiou a freguesia de Cousso durante muitos anos, primeiro como coadjutor; em 1912, já no tempo da República, recebeu das autoridades uma intimação para no prazo de cinco dias deixar a casa de residência paroquial. // A 17/8/1919 realizou-se na igreja paroquial de Cristóval uma festividade em honra do Santíssimo. O correspondente do Jornal de Melgaço nessa freguesia escreveu: «ao evangelho subiu ao púlpito o nosso amigo reverendo Raimundo Pereira, digno reitor da freguesia de Cousso. Poucas vezes temos tido ocasião de assistir a sermões feitos por este nosso amigo, e nunca assisti a sermão tão erudito e ao mesmo tempo ao alcance de todas as inteligências, apesar do grande mistério de que nesse dia tratava... (Jornal de Melgaço n.º 1259, de 24/8/1919). // Da freguesia de Cousso, a 9/8/1928, transitou para a de São Paio de Melgaço, cuja igreja reconstruiu totalmente entre 1930 e 1931. Essas obras foram muito criticadas, mas nas Obras Completas do Dr. Augusto César Esteves, volume I, tomo II, página 424, lê-se: «Desta forma fica aliviada a responsabilidade do encomendado Raimundo Prieto assumida quando em 1930 resolveu alargar e de facto alargou a igreja, retirando-lhe os tais arcos.» // Na madrugada do dia 2/11/1936, sendo ele então abade de São Paio, e estando a celebrar a missa, uns ladrões assaltaram a residência paroquial, na qual ele habitava, e roubaram-lhe um relógio de ouro, duas libras, uma moeda de 10$00 (em ouro?), uma coleção de moedas de prata do centenário, uma máquina de cortar cabelo, três garrafas de vinho fino, doces, chocolates, e uns polvos que estavam a demolhar na cozinha, que os gatunos abandonaram, espetados num pau, perto da dita residência. Diversas alfaias de prata, que se encontravam num armário, ficaram intactas; assim como outros valores que os larápios não descobriram. // Ideologicamente estava ligado ao regime corporativista, colaborando, assumindo mesmo a vice-presidência da comissão concelhia da União Nacional. Não custa crer que apoiou a queda da I República em 1926. // Apareceu morto a uma terça-feira, 5/12/1939, na já citada residência paroquial de São Paio de Melgaço; o funeral realizou-se a sete daquele mês, com dezassete sacerdotes a acompanhar o féretro até à sepultura. Consta que morreu de desgosto, por ter sido preso pela PIDE, quando albergou em sua casa um indivíduo que lutara na guerra civil de Espanha contra as forças do Franco; fora denunciado pelo Dr. João Durães, dono de uma farmácia na Vila de Melgaço. // Foi substituído pelo padre Marques, natural do lugar de Lobiô, Rouças. // Deixou irmãos e sobrinhos; entres estes, o pároco de Cristóval, padre Manuel José Pereira. /// (*) Os seus pais, comerciantes galegos, fabricantes de cera, foram fazer as festas da Senhora da Peneda, e aí nasceu a criança.    

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