terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO DE MELGAÇO
 
Por Joaquim A. Rocha
 
 
antiga Casa das Almeidinhas (vila de Melgaço)
 
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CASA DO POVO
 

(I) – No livro «Padre Júlio Vaz apresenta Mário», página 217, lê-se: «Em 17/12/1905, na Praça da República, então do Comércio, abriu ao público o estabelecimento comercial “A Pérola do Minho”, de Armindo de Lourdes Lourenço, que depois se chamou “Casa do Povo”. Este estabelecimento ficava naquele prédio que hoje pertence a Hilário Alves Gonçalves. Já agora acrescentarei que no século passado esteve ali instalada por muitos anos a “Casa do Rainho”, estabelecimento que aí por 1892 foi trespassado a Feliciano de Azevedo Barroso, proprietário da “Loja Nova do Cantinho”, ao pé da Matriz, ali onde hoje se acha a loja do “Careca”.  


     (II) – Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 335, de 13/12/1936: «As Casas do Povo (…) ocupam um lugar primacial na vida rural, tamanha é a sua esfera de acção e tão longe essas Instituições podem levar aos trabalhadores rurais a influência do seu benefício. Representam elas o primeiro passo para uma assistência material, moral e cultural, às populações rurais, sempre tão esquecidas, embora dignas – como nenhumas outras – de protecção, amparo e infatigável solicitude. / Só quem está em contacto com a gente do campo pode ver e sentir a sua miserável condição social. / Não basta apenas a assistência de momento, que as classes mais abastadas lhes prestam nas horas mais graves e mais agudas da sua miséria, é necessário que através das Casas do Povo se possa tornar efectiva e obrigatória a previdência social, para que ela possa abranger todos os trabalhadores rurais. / O objectivo das Casas do Povo, segundo o decreto-lei de 23/9/1933, tem por fins: - Em matéria de previdência e assistência – obras tendentes a assegurar aos sócios protecção e auxílio nos casos de doença, desemprego, inabilidade e velhice. – Em matéria de instrução – ensino aos adultos, às crianças, desportos, diversões e cinema educativo. / Sobre progressos locais – cooperação nas obras de utilidade comum, comunicações, águas, higiene pública. / Não podem tratar de actividade política e social contrária aos interesses da nação, mas podem promover a organização de sociedades cooperativas de produção e consumo… / Os fins de previdência podem ser realizados pela criação de mutualidades, para fins de assistência. / Entram na esfera de acção das Casas do Povo os dispensários, lactários-creche, e asilos para velhos e crianças. / Quanto a fins de instrução, temos a criação de pequenas bibliotecas, escolas ou postos de ensino, tendo em vista o aperfeiçoamento profissional e uma educação que permita a obtenção dum nível social mais elevado. / Para se obter os benefícios que as Casas do Povo podem oferecer aos trabalhadores rurais basta apenas que os mesmos se inscrevam e paguem a módica quantia de 1$00. / Os proprietários rurais são sócios protectores natos, com a quota mínima de 5$00. O próprio Estado, desde que as mesmas preencham certas condições, pode dotá-las com 5.000$00… (Do jornal “A Terra”).» // Em 1938 surge no Notícias de Melgaço um artigo do capitão Luís de Carvalho a debruçar-se sobre o assunto, dizendo que era muito importante a existência de uma Casa do Povo no concelho (ver NM 406, de 24/7/1938). // Em Melgaço nunca existiu, que eu saiba, antes de 25/4/1974. // Em 1963 devia estar prometida uma aos castrejos, pois Manuel Domingues, no Notícias de Melgaço n.º 1470, de 8/5/1963, pergunta: «senhores responsáveis, onde está a nossa Casa do Povo?» // O terreno para a construção desta obra (cerca de 3.000 m2), na sede do concelho, foi adquirido em 1988. O projeto previa «salas de aula para o ensino primário, secretaria para funcionamento da Casa do Povo e Centro Regional de Segurança Social, sala de convívio, bar, biblioteca e sala de reuniões.» Os responsáveis por estas Casas são os C.R.S.S. // Num anúncio, surgido em A Voz de Melgaço n.º 1006, de 1/5/1994, do Laboratório Dentário de Melgaço, diz-se que este laboratório está instalado «Na antiga Casa do Povo – Loja Nova.» // A Casa do Povo mudara para os lados do Centro de Saúde. Os vereadores do PSD perguntavam em 2000: «Saberá a população… que existe um edifício com este nome? É um imóvel novo, onde foram gastos alguns milhares de contos… Que serviço presta à população do concelho? Por quem será gerida?..» (VM 1144, de 1/9/2000). // Em 2006 tinha um núcleo de andebol: «... vem desenvolvendo uma actividade continuada de grande mérito, competindo em diversos escalões e (…) dando oportunidade a cerca de 50 jovens de praticarem a modalidade de que gostam» (Melgaço Hoje n.º 22, II série, de Setembro de 2006). 

 

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CASA RAIO DE SOL

 

     É tutelada pelo Centro Paroquial e Social de Chaviães, com o apoio da Segurança Social. Funciona na antiga Casa dos Magistrados, sita na vila. Tem capacidade para onze crianças/jovens do distrito. Em 2008 acolheu os primeiros utentes (Revista Municipal n.º 46, de Dez./2008). 

 

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CASA DO REGO

 

    Sita na freguesia de Alvaredo. No século XIX pertencia a António José de Sousa Lobato e a sua esposa, Ana Joaquina da Rocha. Foram pais de Aires João de Sousa Lobato, casado com Florinda Gonçalves (ver, em Penso, a sua descendência).

 

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CASA DO REGUENGO

 

Sita na freguesia de Paderne. // No século XVI a Quinta pertencia a Fernando de Castro, alcaide-mor de Melgaço, casado com Ana Meneses, que a vendeu – através de um seu representante em Lisboa – a 24/3/1606, por um milhão e cinquenta mil réis, a Inácio Velho de Araújo, mercador, com fortuna angariada em negócios vários, sobretudo na Índia. Este Inácio veio viver para esta Quinta, chegando a ter algum prestígio, graças ao seu dinheiro, pois foi provedor da Santa Casa da Misericórdia de Melgaço. Como não tinha herdeiros, deixou esses bens à dita Santa Casa. // Não tardou a ser vendida de novo: o capitão Agostinho Soares de Castro Vasconcelos, detentor do hábito de Cristo, provedor da SCMM em 1673 e 1685, filho do capitão Miguel Castro Soares e de Madalena Felgueiras, e neto paterno do abade Tristão de Castro, comprou-a, a 29/9/1675, à Misericórdia de Melgaço, por 520 mil réis e um foro de oito lampreias, e depois mandou construir ali o seu belo solar, que ainda hoje nos encanta. // Em 1759 residia ali Agostinho Soares de Castro e esposa, Benta Antónia da Silva Sotomaior. // Também pertenceu a José de Sá Sotomaior, antigo presidente da Câmara Municipal, o qual, a 14/2/1868, no estado de solteiro, foi padrinho de Guilhermina Martins, nascida em Paderne dois dias antes. // Nessa Quinta produz-se alvarinho de qualidade. // O Solar nos últimos anos tem servido de Hotel (quatro estrelas).     


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CASA DOS RETALHOS

      Abriu ao público na Rua Direita, Vila de Melgaço, em 1968, frente ao Solar do Alvarinho. Era sua proprietária Maria de Lurdes Ferreira Cardoso, casada com António Domingues (Batista). Negociava em retalhos de tecido (vendidos a peso) bem como louças e plásticos, tudo a preços baixos.



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