quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO DE MELGAÇO
 
Por Joaquim A. Rocha





ZARAGATAS

 
 

     Ao longo dos séculos sempre foram surgindo zaragatas, zangas seguidas de porrada, ocasionadas algumas por razões de lana-caprina. As autoridades tentavam intervir, acalmar os ânimos, mas quantas vezes já era tarde, pois já havia uma cabeça rachada, uma perna partida, um osso do corpo fora do sítio. A violência em Portugal começou logo no século XII: o partido de Afonso Henriques luta contra o partido de sua mãe, D. Teresa. Quando Afonso se torna rei guerreia contra cristãos e mouros. Enfim, a história do nosso país é feita também de batalhas, de guerras civis, de revoluções. Todos os problemas se tentavam resolver através de uma simples disputa ou de uma guerra prolongada. Até parece que o diálogo, a compreensão, o civismo não fazem parte do nosso dia-a-dia. Os tribunais estão sempre cheios de processos cuja causa é a violência: seja doméstica ou de outra qualquer espécie. Eu devo ser dos poucos portugueses que até agora nunca entrou num tribunal ou em uma cadeia. No entanto, tive de participar, embora contrariado, na chamada guerra colonial. O governo de Salazar não quis negociar com os africanos que desejavam a autonomia, ou independência, das ex-colónias, e o resultado foi aquele que se viu: treze anos de guerra, morrendo, e ficando feridos milhares e milhares de jovens. Estes conflitos que seguem, comparados com as guerras, são de pequena monta, quase insignificantes, mas o meu objetivo é demonstrar que os portugueses em geral não são, ao contrário do que se afirma, cem por cento pacíficos. As rixas surgem aqui e ali, por dá cá aquela palha. O ser humano, quando é contrariado, enerva-se; a seguir vem a discussão, depois a briga. Devíamos tomar, por precaução, uns calmantes, a fim de se evitarem as questiúnculas, pelo menos as desnecessárias.     
 


 

    (1907) - Nos dias 24 e 25 de Agosto de 1907, e a fim de manter a ordem, esteve em Penso, na festa de São Bartolomeu, uma força de quinze praças, comandadas pelo alferes Machado, requisitada pela autoridade administrativa de Melgaço.

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(1912) - MONTEIRO, Dinis. Filho de -------- Monteiro e de -----------------------. Nasceu a --/--/18--. // A 12/8/1912 foi condenado em processo de polícia correcional, por ofensas corporais, a vinte dias de prisão e cinco dias de multa a 200 por dia (Correio de Melgaço n.º 11).


 

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(1912) - DOMINGUES, Casimiro. Filho de José Joaquim Domingues, lavrador, natural de Paderne, e de Maria Joana Fernandes, lavradeira, natural de Penso, moradores em Barreiros. Neto paterno de Manuel José Domingues e de Marcelina Fernandes; neto materno de António José Fernandes e de Maria Joaquina Gonçalves. Nasceu em Penso a 28/9/1885 e foi batizado nesse dia. Padrinhos: Francisco Luís Domingues e esposa, Maria Rosa Fernandes, rurais, de Felgueiras. // A 9/10/1912 agrediu com um varapau, na feira do gado, Eduardo de Barros, casado, natural de Paços, causando-lhe um ferimento na cabeça, tendo de ser tratado pelo médico Dr. Vitoriano de Castro; constava que Eduardo lhe vendera um touro e agora reclamava o seu pagamento; porém, o Casimiro recusava dar-lhe o dinheiro, dizendo que o touro escornava, por isso que o fosse buscar à sua corte, em Penso, o que o vendedor achava injusto pois tinha-lho vendido na feira. O agressor, para não ser preso, fugiu (ver Correio de Melgaço n.º 19, de 13/10/1912). // Casou na Conservatória do Registo Civil de Melgaço a 13/11/1916 com Constança Rodrigues Torres, de vinte e seis anos de idade, sua conterrânea, filha de Anastácio Rodrigues de Lima e de Maria José da Rocha. // Morreu na freguesia de Penso a 2/3/1948. // A sua viúva finou-se a 29/10/1965. // Pai de Alexandrina e de Maria, gémeas. 
 

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(1913) - RODRIGUES, Romão. // Era conhecido por “Cândido Rodrigues”, e morava no lugar da Nogueira, freguesia de Paderne. // Juntamente com José Fernandes, morador no lugar do Convento, na noite de uma terça-feira, bem avinhados, dirigiram-se a casa de Pedro da Nogueira à procura de um seu neto, com quem Romão tivera dias antes uma altercação; como não estivesse em casa, esperaram-no; quando chega, desatam à bordoada nele, tendo de gritar por socorro. Acodem os velhotes, que já estavam na cama, os quais também foram agredidos (Correio de Melgaço n.º 34, de 26/1/1913).    

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